How my mighty have fallen

Desde há alguns anos a esta parte, sempre que quis ouvir algum relato na rádio, a escolha era automática. 105.3 éfeéme, na zona do Porto, era a frequência que sintonizava para seguir um jogo que queria ver e não estava a ser televisionado, ou quando ainda viajava de automóvel pelas sinuosas estradas do Grande Porto ou até do Não-tão-grande-por-comparação-com-outros-países Portugal. Foi e muito provavelmente continuará a ser a minha principal fonte de notícias e informação generalizada sobre o mundo que me rodeia e que recebo via telefonia. Sem fios, como eles.

Mas neste passado Domingo, desiludiu-me escutar a emissão da TSF enquanto ia saindo do belo tasco em Espinho onde assisti ao clássico. Se João Rosado não me merece desde há muito um grau de respeito que o faça digno de figurar num rol de figuras que creio terem lugar numa rádio de respeito (falei disso já aqui, por alturas do Sevilha vs Porto e onde Rosado falava, mas na SIC), João Ricardo Pateiro e Mário Fernando foram demasiado…como dizer…desculpadores das atitudes de João Ferreira e de Maxi, brincando um pouco com a situação à medida que Vitor Pereira se ia indignando na flash e na posterior conferência de imprensa transformada num rant pessoal. E sou totalmente insuspeito para falar destes dois homens, já os tendo elogiado no passado aqui no burgo (Mário Fernando aqui ou aqui, e João Ricardo aqui) e continuando a tê-los em boa linha de conta, o que ainda me deixou mais entristecido pelo sucedido.

Logo após o final do jogo, Rosado tentou por várias vezes retirar mérito ao discurso de Vitor Pereira e das queixas do FC Porto em relação à arbitragem deste jogo em particular através de uma obtusa busca por lances idênticos que contrariassem o tema em questão. Um dos exemplos que descobriu foi a cabeçada ao lado de Aimar, onde a bola já estava fora na altura em que o lance foi assinalado como fora-de-jogo, que pareceu inexistente. Os lances da primeira parte, os de Defour, Varela ou Alex Sandro, não mereceram análise. O lance de Matic foi analisado por todos como passível para segundo amarelo e consequente expulsão. Bem, como é consenso geral.

O pior, mais estranho e francamente suspeito, foi a revista do lance de Maxi. Nem João Ricardo nem Rosado acharam que o lance fosse merecedor para vermelho. Fair enough, são opiniões, não é por divergirem da minha que me vou chatear com eles, afinal nem são árbitros nem lhes pagam para o ser. Mas que São Pavão me perdoe se o Maxi não tem uma lista de todos os telhados de vidro que pairam na nossa sociedade e está pronto a colocar as novas todas cá fora para o mundo saber caso alguma vez seja prejudicado. Rosado e Ricardo rapidamente se apressaram a desculpar o árbitro pela não-expulsão não pelo critério no lance em si mas pela inexistência de cartões até aquela altura, referindo mesmo que vários jogadores do FC Porto também teriam tido direito a um tratamento idêntico na mesma situação, nas mesmas exactas circunstâncias. Nessa altura quase carreguei na buzina do carro em plena A29, tal foi o meu espanto. Ora se a arbitragem foi tão apaziguadora, tão disponível para manter cartões no bolso para que todos terminassem em abraço fraterno no centro do terreno como companheiros de armas com cores diferentes, nada mais digno e salomónico que não dar cartões a ninguém. Mais uma vez, critérios, aceitáveis como quaisquer outros. E arranca Rosado a enumerar lances de faltas de Lucho, Moutinho et al, todos eles ostensivas arrancadelas de relva que passaram impunes de cartão, como cavaleiros de um apocalipse iminente que só não foi o dos Maias porque não vestiam de azul-e-branco. E nem nesta altura de caça a improváveis bruxas se dignou Mário Fernando de introduzir a sua excelente voz radiofónica no meio deste desterro de desonestidade intelectual para pôr alguma ordem no galinheiro (uma dupla metáfora que era irresistível) e afirmar, como já o fez em diversas alturas, que os árbitros só são contestados para justificar derrotas, uma atitude digna mas de pouco conteúdo quando há um lado que ficou a perder com os factos. E todos, em coro angelical, proclamaram que João Ferreira devia ter tomado controlo do jogo mais cedo e atribuído mais cartões para segurar as emoções mais fortes. E ninguém se lembrou de dizer que caso o tivesse feito, Maxi não só estaria de banho tomado mas de fato vestido pelo final da partida.

Desiludiram-me, sinceramente. Não esperava que alegassem que Maxi é um touro e que só verá vermelho na vida dele quando olha para a camisola que veste ou quando mira um adversário que pretende tombar. Esperava sim que validassem as nossas razões, como adeptos imparciais que dizem ser. Não o foram. Tenho pena.

PS: Já agora, é uma nota rápida e simples de perceber. Sabem quando é que se consegue perceber que o Benfica foi beneficiado? Quando Jesus elogia a arbitragem e não entra em modo Xena-a-anfetaminas na conferência de imprensa a disparar a torto e a direito para tudo o que é alvo do perdigoto e da eloquência de taberna. Porque quem se exalta, realmente, parece que às vezes até tem razão. Por isso parabéns, Vitor, defendo a tua reacção. Não sei como é que não chamaste o Paulinho e lhe disseste: “ó caxineiro, queres dar uma perninha? dá uma fueirada ali no catorze. vai, querido, dá-lhe amor.”

Link:

Baías e Baronis – SL Benfica 2 vs 2 FC Porto

retirada de desporto.sapo.pt

Pensei em apelar ao sentido lírico e começar com metáforas parvas sobre os incidentes durante o jogo, a arbitragem, a idiotice de Artur, ou as inclementes entradas de Maxi. Mas deixo esse lado mais romantizado para as notas, mais abaixo. Por isso afirmo aqui já à partida: o empate é justo. Ambas as equipas tentaram ganhar, com mais ou menos inteligência emocional e táctica, com jogo mais directo ou mais trabalhado. Lutaram todos na busca de um resultado mais positivo que a partilha dos pontos e conseguiram aguentar as estúpidas emoções de um dos quartos-de-hora mais emocionantes de sempre num clássico. O FC Porto esteve bem, não perfeito, longe disso, mas nunca desistiu do jogo, nunca se desconcentrou tacticamente e conseguiu um empate que nos deixa com uma vantagem teórica mas acima de tudo moral. Notas abaixo:

(+) Mangala. Proponho mudarmos o nome do rapaz de uma vez por todas para Mangalho. Mangalhão, para os mais excitáveis. Ponham na camisola essa palavra para impôr o respeito que o moço faz por merecer quando entra em campo, de maneira a que os adversários possam olhar para ele e verem o nome antes de levarem com ele. Fez um jogo estupendo, com uma segurança impressionante no centro da defesa, ofuscando Otamendi mas acima de tudo quase fazendo desaparecer Cardozo do jogo…literalmente, depois de um choque mais que tardio. Esteve em grande, marcou um golo e foi um patrão impossível de controlar, levando a bola para a frente para ajudar o ataque, arrastando jogo pela relva e pelo ar e mostrando a todos que é um jogador pronto para ser titular a 100%. Maicon, rapaz, não sei que te faça: se o Mangalho continuar a este nível…tens de trabalhar muito para lhe roubar o lugar.

(+) Jackson. Não parou todo o jogo, a roubar bolas ao adversário mas acima de tudo a manter o esférico em posse na zona ofensiva enquanto esperava pelo apoio dos colegas que, devo dizer, apareceu mais frequentemente que noutras alturas. Marcou um golo numa daquelas oportunidades à ponta-de-lança e redimiu-se de um lance quase idêntico que em Zagreb deixou os adeptos loucos depois de o falhar. Continua a ser excelente a funcionar como pivot, a receber de costas e a recuar para rodar a bola para o sítio certo.

(+) Luta, empenho, garra. A moral, depois dos primeiros dezasseis minutos, deveria pender para o lado do Benfica, porque recuperar duas vezes de um resultado negativo é motivo suficiente para elevar o espírito do zombie mais incauto nestas coisas da bola. Mas o FC Porto nunca deixou de se manter controlado, seguro nas transições, capaz na gestão da bola a meio-campo e preocupado em abrir o jogo para os flancos quando era preciso e de controlar a zona central em alturas mais complicadas de pressão alta do Benfica, que apesar de intensa nem sempre foi bem executada. E admito que me surpreendeu o empenho dos jogadores em provar que o campeão está em forma nos grandes jogos, que a capacidade de luta está ali bem viva no coração dos jogadores e que me enganaram num ou noutro jogo em que pensei que a alma se tinha afastado para locais mais tranquilos. Gostei de ver e orgulho-me do trabalho que desempenharam.

(-) A hesitação no alívio em zona perigosa. Critiquei, como tantos outros, as hesitações de Danilo, Maicon, Fucile e tantos antes deles no alívio da bola em zona defensiva, particularmente quando o adversário pressiona sempre com vários elementos à entrada da área. E continuo a não acreditar em sortes e azares, especialmente naquelas estúpidas situações em que se vê a bola ali, tão perto da linha de golo, e o nosso jogador teima em tentar controlar o esférico e dominar as circunstâncias valendo-se apenas da sua valia individual. Mas é muito simples e é algo que se explica a todos os miúdos que começam a jogar e que não façam parte das escolas do Barcelona. Passo a citar as palavras de tantos treinadores de escalões de formação: “Em zona de perigo, manda a bola com as putas!”. Palavras sábias.

(-) O nosso banco e as não-opções. Tozé, Sebá, Kelvin e Izmaylov. Estas eram as opções ofensivas no banco do FC Porto para este jogo. Se as circunstâncias fossem diferentes, e era tão fácil que fossem diferentes tendo em conta a valia do adversário, era este o naipe de jogadores que estavam disponíveis para o treinador conseguir virar o jogo. Contra o Benfica. Na Luz. Não chega, e todos concordamos que não chega, por isso é sinal evidente que teremos que ir ao mercado buscar pelo menos mais um jogador de ataque, especialmente para um dos flancos. Tem de ser um fulano jeitoso, para impacto imediato. E baratinho. Pois.

(-) Maxi, o protegido depois de tantos outros. Não é a primeira vez que acontece e tenho a certeza que não será a última. Já no passado mês de Abril, enquanto assistia à derrota do Benfica em Stamford Bridge, vi Maxi a ser expulso e não resisti a escrever sobre o assunto e a ir remexer o brilhante passado do fulano no nosso campeonato. E continuo a não me surpreender com esta protecção que é estendida a este e tantos outros jogadores do Benfica aqui por terras lusas, com expoentes máximos em jogos contra o FC Porto. Desde as cabeçadas de Luisão às patadas de Javi, passando pelas calcadelas de César Peixoto, os pontapés de David Luíz ou as cotoveladas de Cardozo. É um rol interminável de lances que se sucedem nestes clássicos e que são levados sempre pela ramada, sem problemas, com os jogadores a manterem-se em campo durante o equivalente a centenas de minutos nos jogos em que nos defrontam. E a desonestidade intelectual de tudo que é imprensa, desvalorizando os lances em favor da “atitude”, da “luta intensa”, do “esforço” e do “empenho em todos os lances” que estes animais podem aplicar em campo, não é minimamente surpreendente. Entre os afortunados esteve Matic (que grande jogo fez este rapaz, muito melhor jogador do que pensei), que deveria ter levado o segundo amarelo, mas principalmente Maxi, que com uma entrada a varrer com as pernas à altura da coxa do adversário, acabou por levar um amarelo quando devia ter sido expulso, isto depois de um jogo em que tudo valeu, obstruções, empurrões e rasteiras a serem distribuídas tão facilmente como um pedófilo a atirar rebuçados para os putos à porta de uma escola primária. Maxi, com o sorriso bem cravado no rosto, safa-se. Como sempre. Como tantos outros que usam a mesma camisola. E não falo dos foras-de-jogo, porque são complicados de decidir, rápidos, difíceis sem repetições. Mas estes, os lances que dependem do critério dos Joões Ferreiras…esses tendem sempre para o lado certo.


Um empate é um empate e são dois pontos perdidos…a não ser contra o principal rival, especialmente no campo deles. Acima de tudo há que compreender os problemas que se colocaram perante Vitor Pereira e que lhe podem ser colocados apenas numa perspectiva de ter ou não no banco alternativas credíveis e com experiência necessária para este tipo de jogos que, digam o que disserem, não são iguais aos outros. Se as ausências de Atsu e Iturbe (meh) eram previstas, a falta de Maicon, James e Kleber fizeram com que as opções do treinador fossem bastante limitadas para o ataque e que a convocatória e utilização de Izmaylov não fosse sequer esperada nem suficiente. Um empate é um empate. E um empate a dois na Luz é um bom empate.

Link:

Revendo as decisões de início de época

Vamos quase a meio da época e ainda me lembro das decisões que fiz no início da temporada. Um pequeno balanço para ver como é que me tenho safado:

  1. Chegar aos jogos com tempo suficiente para uma urinadela e/ou um café; Ainda não falhei um. Até cheguei mais cedo uma ou duas vezes, deu para comer umas castanhas assadas e até para ver o treino por completo.
  2. Ostentar sempre uma peça de vestuário com as cores do clube. Preferencialmente camisola e/ou cachecol; Na mouche. Camisola nos dias mais quentes, cachecol para as noites frescas. Cem por cento.
  3. Procurar perceber as opções tácticas do treinador antes de começar a criticar as mesmas; Mais um bom resultado para a minha capacidade de análise. Seja em substituições, estruturas defensivas ou trocas no ataque, há sempre algum fundo de teoria antes da prática e procuro entender qual foi a racionalização de Vitor Pereira, corra bem ou mal.
  4. Não tentar encontrar o “novo Mariano” em qualquer jogador que controle mal uma bola; Ora…mal, muito mal. Não resisto e deixo que os maus passes do Varela me lixem a vida, as intercepções falhadas do Danilo me chateem e o alheamento do Kleber me enerve imenso. Talvez melhore na segunda parte da época, mas duvido que aconteça.
  5. Em caso de resultado negativo, acreditar que a reviravolta é sempre possível e eles conseguem se quiserem, carago; Sou um fraco, admito. Até agora no jogo contra o Estoril, estava mesmo a pensar que íamos perder o jogo. E no Dragão, contra o Dínamo Kiev, tinha a certeza que não íamos conseguir marcar o terceiro, sinceramente. Por isso é um belo dum falhanço neste ponto, como de costume.
  6. Abster-me de proferir a seguinte frase: “Tenho frio. Tenho fome. Foda-se.”; Estive quase a fazê-lo no jogo contra o Moreirense. Mas contive-me.
  7. Aplaudir o lateral quando sobe ao ataque, avisá-lo quando deixa o sector sem cobertura; A segunda é certinha, a primeira já falha de vez em quando porque nem sempre a subida é feita com grande critério.
  8. Criticar o que é criticável e elogiar o elogiável, sem arranjar desculpas; Só o fiz por uma vez e foi por causa do relvado, na altura que estava digno para toupeiras. Se excluir essa parte, tenho andado do lado da verdade.
  9. Perceber melhor o que o adversário vale e como o podemos parar; Nem sempre há tempo para perceber o que os gajos valem e ainda menos tempo consigo para ver os jogos do adversário antes de jogar contra eles, especialmente se são equipas de nível inferior. Durante o jogo deixo-me apanhar pela emotividade da partida e acabo consistentemente por criticar os outros rapazes sem perceber se de facto jogam à bola em condições. Mea culpa.
  10. Por último, manter a postura: NUNCA assobiar a equipa!; Vinte valores. Nunca o fiz e não prevejo alguma vez o vir a fazer.

Sete em dez. Não é mau, mas é sinal que nem sempre consigo ser coerente quando comparo as minhas vontades com os resultados. Um pouco como o Mariano quando dominava uma bola de primeira. Estão a ver? Lá estou eu outra vez.

Link:

Baías e Baronis – Estoril-Praia 2 vs 2 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Foi um jogo estranho. Cheguei a casa mesmo em cima das seis e um quarto e quando vi Kelvin no onze achei estranho mas alinhei com a peça. E o FC Porto foi lutador, empenhado e sempre com vontade de conseguir atingir um nível suficiente para vencer o jogo. Mas não conseguiu, longe disso. O jogo foi trapalhão, com muitos passes falhados, muita atrapalhação, demasiadas más-intenções e uma tamanha desorganização táctica que me trouxe à cabeça imagens do FC Porto de Vitor Pereira aqui por esta altura há um ano. A grande diferença é que vi ali vontade, apesar das falhas. Vi audácia, apesar das inúmeras parvoíces que fizemos em campo. E vi que podíamos ter vencido com mais alguma sorte e acima de tudo com mais e melhores opções no plantel, que neste momento parece estar a abanar com algumas falhas em posições importantes. Vamos lá às últimas notas de 2012:

(+) Moutinho Foi dos poucos que sabia o que fazer em condições. Alguns passes falhados mas bastante mais calmo e inteligente na criação de lances ofensivos e na orientação da equipa em campo. Marcou um excelente golo num remate sem defesa para o nabo do guarda-redes do Estoril e esteve acima do nível da maior parte dos seus colegas.

(+) Alex Sandro Teve a habitual atitude de agressividade positiva mesmo sem subir muito no terreno. É notável na recuperação quando lhe aparece um adversário forte fisicamente e com força suficiente para o ultrapassar, e é nessas alturas que mais brilha na defesa, porque consegue desarmar o oponente com inteligência e posicionamento defensivo de grande nível. Subiu sempre com critério e segurança.

(+) Never give up, never surrender Foi uma das únicas facetas positivas do jogo e que pensei que poderia estar um pouco mais atenuada nos últimos tempos. Não tendo visto o jogo da Choupana e depois do não-jogo de Setúbal, a última exibição que tinha visto foi em casa contra o Moreirense e na altura pareceu-me ver que o “fogo” do Dragão podia estar a fraquejar. Ao que parece, estava enganado, porque mesmo numa competição que por muito que tentemos dizer que estamos a lutar para ganhar, na verdade não passa de um recinto de treinos em formato de torneio amigável. E só se chegarmos à final e calharmos de jogar contra o Benfica é que vamos levar isto a sério, por isso não me impressionaria que os jogadores não ligassem pevide a isto. Mas ligaram e ainda bem.

(-) Estáticos, demasiadamente estáticos Já no jogo contra o Moreirense se tinha visto que não havia movimentação suficiente no meio-campo para justificar a organização dos três rapazes que jogam pelo centro mas acima de tudo pelo único alvo central na área. E se retirarmos dessa bela equação a presença de um ponta-de-lança, esse mesmo alvo central como Jackson é ou Kleber gostava de ser…é fácil perceber que raramente se consegue uma jogada em condições desenvolvida quer pelos flancos ou pelo meio. Há passividade em excesso nalguns lances e nalgumas partidas, em especial naquelas jogadas em que uma intervenção pode levar a que fiquem com um dói-dói nas perninhas e já percebi que os nossos rapazes do meio-campo para a frente só se engalfinham na luta quando estão num de três estados: nervosos, desesperadamente nervosos ou se se chamarem Fernando Reges. Para lá disso vejo muita falta de fibra nas disputas individuais e custa-me dizê-lo mas estamos a perder claramente em relação aos nossos rivais nesse aspecto. Se a bola se mantiver na nossa posse, tudo bem. Mas passando-a para o lado do inimigo e lá andamos nós sem a recuperar e permitindo cruzamentos e remates como se os nossos adversários a isso tivessem direito. Falta arrogância ali no meio. Da boa.

(-) Passes curtos horríveis O relvado não ajudava, é verdade. Mas continuo a ver uma enormidade de passes falhados, de decisões erradas, com muita bola pelo ar, com força a mais, com força a menos, na direcção contrária, para cima quando devia ser para baixo, para o lado quando devia ser para a frente. Há alturas em que me questiono o que raio é que alguns destes rapazes estão a pensar quando passam a bola da maneira que o fazem, porque se me convencem pela energia, o posicionamento táctico e o brilho nas exibições de garra e de querer…noutras ocasiões fico a pensar que os gajos do Estoril passam melhor a bola entre eles que os nossos. Devo ser eu que estou a ver as coisas com óculos pessimistas.


Acabar o ano a empatar é chato. É um bocado como se estivesse à espera do Natal para comer rabanadas e quando chegasse o dia fosse a ver que estavam secas e com pouca calda. Uma tristeza, porque dá sempre para comer um bocado e lambuzar a beiçoça, mas sabe a pouco. Mas nada está perdido, mesmo percebendo que a competição se transformou de uma oportunidade de rodar as segundas escolhas em mais uma nova forma de manter o ritmo competitivo das…primeiras. Enfim.

Link:

Baías e Baronis – Paris Saint-Germain 2 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Começo a ficar chateado com o que se tem vindo a passar com a equipa do FC Porto. Dois jogos, duas derrotas e duas enormes doses de azar em cada uma delas. Saímos de Paris com a cabeça enfiada numa camisola de gola alta, com a vergonha de uma derrota que surge depois de um lance que ninguém pode evitar a não ser o principal actor na tragicómica actuação que deu o segundo golo dos novos-ricos. Mas o FC Porto, com alguns problemas que foram pontuais e que de uma forma curiosa funcionaram como um espelho do jogo da primeira mão no Dragão, esteve no jogo para o vencer e não (sempre) para aguentar o empate. A não ser naqueles primeiros 15/20 minutos da segunda parte, quando se acomodaram tempo suficiente para permitir que a sorte sorrisse aos gajos lá do burgo. Não gosto de perder e custa-me ainda mais perder quando não é totalmente merecido. Mas neste tipo de competição contra uma equipa que está aproximadamente ao nosso nível…acontece. Segundo lugar, venham os primeiros! Notas abaixo:

 

(+) A dupla de centrais Estiveram ao mesmo nível que no jogo do Dragão, com a pequena nuance que Maicon deu o lugar a Mangala mas a qualidade da exibição não foi afectada. Otamendi esteve mais uma vez em grande, intercepções perfeitas, posicionamentos certíssimos, agressividade correcta, cortes milimétricos de carrinho e acima de tudo uma vontade inabalável de fazer explodir tudo o que fosse francês ou que lá pagasse impostos. Mangala esteve também muito acima da média contra a “sua” equipa, agressivo no contacto, forte no choque e agressivo no transporte da bola para a frente. Com estes centrais, Maicon e Abdoulaye na margem, não tenho problemas no centro.

(+) Alex Sandro Excelente na luta contra Lavezzi, é forte e resiste ao choque de uma forma firme, forte, com intensidade, com garra. Gosto de o ver nas diagonais para o centro com a bola controlada no pé direito, sempre com os olhos paralelos à relva, a ver Moutinho ou Lucho para funcionar na triangulação, Gosto de o ver a subir mas essa já é a parte conhecida. O que estou mesmo a gostar é o de ver a defender, com critério na intercepção, inteligência no posicionamento e cada vez menos displicência na saída com a bola. Esteve muito bem.

 

(-) Os melhores no Dragão foram os piores em Paris Fernando e Varela estiveram em baixo hoje no Parc des Princes. O médio complicou em demasia a posição que deve ser das mais práticas e simples em campo. Bola chega, bola sai. Rasteira na construção, rápida na recuperação. Não tem muito que saber se o jogador é bom (e como neste caso estou a falar de Fernando, não tenho dúvida quanto à valia do rapaz) mas hoje tudo pareceu sair com excessivas brincadeiras e pouco sentido prático. O homem tentou fazer TRÊS “cuecas” sem o conseguir. TRÊS! E Varela esteve ao nível de 2011, sem brilho, a escorregar nos momentos mais certos para os contra-ataques do PSG e sem qualquer produtividade visível no ataque da equipa. Ambos saíram de campo tarde demais.

(-) O frango de Helton Foda-se. É isso, só isso. Acontece aos melhores. Foda-se.

(-) As bolas paradas Mais um golo sofrido de bola parada e é impossível deixar de correlacionar o tipo de lances do género com os golos sofridos pelo FC Porto. Não consigo perceber como é que um dos melhores jogadores do adversário em termos de bolas impactadas com a cornadura se deixa andar solto, com uma marcação à zona tão fraca. Somos uma equipa pequena? É verdade. Ganhemos na antecipação, no choque, na luta, na movimentação na área. Estou farto de tremer quando a bola é flutuada para a nossa área.

(-) Esperar pelo infortúnio dá…em infortúnio O nosso primeiro golo depois do primeiro golo deles foi excelente. A reacção a quente, forte, com impacto, a empurrar o adversário durante meros quatro ou cinco minutos de uma forma tão insistente que bastou o lateral direito subir um pouco pelo flanco e cruzar para a área que o ponta-de-lança tratou do assunto num instante. Ponto. E no início da segunda parte, numa altura em que podíamos (e devíamos, porra!) ter imposto um ritmo de jogo com a bola por nós controlada, ao invés de ficar atrás da linha de acção à espera do que é que o adversário pudesse fazer, foi exactamente isso que fizemos. Esperamos, porque jogamos para o empate durante vinte minutos. Uma fraqueza que durou tempo demais, em que nos deixámos embalar pelo jogo mais pousado do PSG e cedemos a um recuo das linhas, a uma organização mais atrás do que deveria ser forçado a acontecer numa equipa como a nossa. Não tendo nada a temer do PSG, mostrámos em campo que não os temíamos. E eles, com alguma sorte, fizeram-nos engolir a arrogância. Que nos sirva de lição.

(-) TVI Tenho algum respeito por Fernando Correia, muito mais do que tenho pelo Manha. Mas ou o homem está a perder as suas faculdades mais depressa que a direcção de Desporto da TVI quer admitir, ou está a perder o contacto com o futebol moderno e/ou com o seu oftalmologista. Foram dezenas as vezes que se enganou durante o jogo, com Manha a ser incapaz de o corrigir de uma forma adequada todas as vezes, se bem que acredito que o próprio Manha estava a achar curioso que o colega estivesse a ver o jogo de uma forma tão consistemente errada. Para lá das falhas nos nomes, nos lances, nas direcções do vento e na previsão metereológica, o relato é mau. É muito mau. É fraquíssimo, gramatical e semanticamente. É como se Ray Charles relatasse lacrosse na Mongólia. Às vezes, e não me levem a mal, acho que eles bebem vinho em directo. Muito vinho.


Sempre disse que não me preocupa nada ficar em primeiro ou segundo na fase de grupos da Champions. O que me interessa mesmo é passar à próxima fase e quem vier a caminho, que venha. E se me chamarem “menino” e “pessimista”, so be it. Não sou um optimista, nunca o fui, e continuo a achar que o FC Porto é um clube que deve tentar sempre estar presente nos dezasseis melhores da Europa. Para ultrapassar essa fase, o que me preocupa é mesmo a qualidade do plantel e acho que temos o suficiente para enfrentar qualquer adversário com os olhos firmes nos olhos deles. Seja o Barça, o Unaite ou o Baierne. Fuck’em. Venham eles.

Link: