Baías e Baronis – Belenenses 1 vs 1 FC Porto

foto retirada de MaisFutebol.pt

Percebi, como muitos portistas também perceberam, que uma vitória neste jogo só podia aparecer de bola parada ou com uma qualquer jogada individual que fizesse com que a equipa trouxesse três pontos para casa. O jogo foi mau e não teve ajuda nenhuma do relvado que mais parecia uma espécie de duna plana ao longo de um rectângulo de 100 por 50 metros, onde a areia saltava tanto que cheguei a pensar que as ondas na Nazaré (agora diariamente nas notícias, trazendo-me todo o entusiasmo de um cão a defecar na floresta) foram tão altas e intensas que empurraram a praia até Lisboa. Talvez tenhamos merecido o empate (talvez, mas não garanto), mas pouco fizemos sequer para sair de lá com um mínimo de amor-próprio e dedicação ao clube, à equipa e ao objectivo principal, o de ser campeão. Vamos a notas:

(+) Danilo. Subiu bem pelo flanco e aproveitou a presença de Ricardo e da sua velocidade para ficar em zona mais recuada e mais interior o que lhe permitiu algumas incursões até perto da área. Tentou alguns remates que nem sempre lhe calharam bem, mas foi dos poucos jogadores com vontade e espírito de sacrifício.

(+) Fernando. Não fazendo um jogo ao nível do que fez contra o Sporting e especialmente contra o Zenit, foi prático e simples no centro do terreno, dos poucos que fez com que a bola rolasse para os flancos em condições. Não marcou a diferença num meio-campo que pareceu “vazio” de ideias, com pouca construção de jogo consistente e a dar espaço demais ao adversário, mas foi dos poucos jogadores com vontade e espírito de sacrifício.

(+) Helton. Várias defesas de bom nível, mas acima de tudo uma depois da cabeçada do Diawara, de grande dificuldade e que fez com estilo e eficácia. Salvou o FC Porto, disse o comentador da SportTV, e disse muito bem.

(-) Mangala. Nada posso dizer que faça com que Mangala não se deixe estar no fundo de um belo de um fosso neste momento, coberto de estrume e merda de esquilo até aos dentes. Só digo o seguinte: hoje devia ter levado um belo par de tabefes…e se conseguirem alguém na nossa estrutura que o consiga fazer sem medo de represálias, avisem-me que eu entro em contacto com ele. No “meu” tempo, os centrais serviam para cortar bolas para longe da zona de perigo. Parece que os de hoje já não servem para isso. É pena. Tínhamos ganho o jogo se as coisas ainda fossem assim.

(-) A qualidade do FC Porto neste tal como na grande maioria dos jogos. Não consigo entender a forma de jogar da equipa e já não é de hoje. Repararam que terminei os Baías que dei aos jogadores de campo sempre da mesma forma? Não foi concidência nem copy/paste, garanto, é mesmo a forma como olhei para a televisão hoje ao final da tarde e vi o que o FC Porto tem vindo a fazer consecutivamente quase desde o início do campeonato mas que se tem vindo a agravar nos últimos jogos. Há uma notável falta de alegria na manobra da equipa, uma quase total ausência de audácia, vivacidade, felicidade no desenrolar do jogo, esteja em que fase estiver da partida. Os jogadores parecem cansados mal entram em campo, vergados à força de um qualquer Deus do Mau Futebol que lhes vergasta as costas e quebra a moral mesmo antes do apito do árbitro. Há pouco empenho, pouca garra e muito pouco discernimento, como se tivessem desistido antes sequer de tentar. Vejo Lucho muito parado, com tabelinhas a mais e progressão a menos; olho para Varela e depois de dois bons jogos regressou às exibições ausentes, sem velocidade nem aceleração, sem improviso, sem alma. Alex Sandro, um jogo ridículo de mau, com inúmeras perdas de bola, displicências atrozes e falhas no passe que não se perdoa a amadores. Fico doente a ver Otamendi e Herrera, que passam a bola como poucos. Muito poucos. Se tirarmos uma amostra do jogo de hoje, há jogadores profissionais de Boccia que nunca chegaram aos Olímpicos e que passam melhor a bola que estes dois rapazes. Jackson, sempre sozinho; e podia continuar por aqui fora com tantos outros que perdem bolas antes de as conseguirem controlar, pela lentidão dos seus movimentos e inépcia na decisão e construção mental. Falta alma a estes gajos, falta força, vontade, brio. Falta orgulho e desejo de continuar a serem os melhores. Se eu estivesse no lugar deles, garanto que faria melhor. Pelo menos tentava mais.


E lá vão quatro pontos perdidos, todos no distrito de Lisboa. Sabia que os impostos tinham aumentado e que andavam a cortar a torto e a direito em cima da prole, mas fazerem isso a uma dúzia e pico de burgueses que apareceram do Norte já me parece exagerado. Mas lá que foi merecido, lá isso…

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 1 Zenit

Cheguei a casa destruído. Saí do estádio com a cabeça virada para o pavimento, os olhos firmes no solo à minha frente e uma sensação de quem acabou de receber um remate do Hulk direitinho no estômago depois de comer uma enorme malga de sarrabulho. Foi uma noite tensa, de futebol europeu que por muito que possam dizer que é só mais uma competição, tem qualquer coisa que me transforma, que consegue elevar a alma ou demolir a moral num espaço de cinco minutos. Não merecíamos perder este jogo, esta batalha que travámos com todas as forças que temos e que foi perdida num único lance em que o russo se antecipou à nossa defesa e fez a bola entrar na baliza de Helton. Foi muito duro mas foi também uma prova que neste tipo de competições é preciso conseguir jogar de olhos nos olhos com o adversário. Hoje, fruto das circunstâncias, não foi possível e acabámos por perder numa luta desigual contra uma equipa matreira que nos bateu com algum mérito mas muita, muita sorte. Há jogos assim, passemos a notas:

(+) Espírito de sacrifício. As contrariedades foram muitas e variadas, desde a expulsão quando havia ainda gente a entrar para o estádio, passando por bolas ao ferro (sim, plural) e várias decisões enervantes e inexplicáveis da arbitragem. A equipa manteve a calma, reorganizou-se e retomou a partida sempre com uma capacidade de luta que ainda não tinha visto este ano. As bolas que se perdiam eram rapidamente procuradas para evitar progressões em loucas correrias de Hulk ou no trote canino de Danny. Lucho corria na frente de um lado, Jackson do outro, já atrás deles Josué ia ao chão como Otamendi e Fernando varria o que era necessário, bola ou pernas ou ambos. Mangala tinha cortes perfeitos, Helton saía dos postes sempre que necessário (ah, sim, mais uma “mancha” quando Otamendi teve o habitual soluço mental e deixou Hulk num 1v1 com o compatriota). Danilo e Alex Sandro subiam a medo mas recuavam em sprints doidos e todos pareciam funcionar como um grupo, como um todo, como uma unidade homogénea em vez da amálgama de nomes e camisolas que vimos recentemente. Mais para o fim, quando as pernas fraquejavam e os espíritos se arrastavam pela lama, foram para a frente, Helton inclusive, na tentativa de pelo menos salvar um ponto dos três que estavam em disputa e que passaram oitenta e muitos minutos a procurar. Fizeram-nos acreditar, deixaram tudo em campo e os adeptos, sempre do lado deles, perceberam isso. É verdade que perdemos o jogo…mas podemos ter ganho uma equipa.

(+) Fernando. Escolho Fernando como poderia escolher Lucho ou Mangala, mas o “polvo” esteve em grande hoje à noite e brilhou a um nível cósmico não só pela capacidade táctica de adivinhar o desenrolar das jogadas adversárias mas também pela garra que colocou em cada lance que disputou. Foi uma parede para tantos jogadores do Zenit que aposto que alguns milionários russos que viram o jogo devem ter apostado em comprá-lo só por este único jogo. Enorme, enorme, senhores!

(+) O público do Dragão. Esteve unido hoje o povo portista, e ao contrário do que se passou em jogos recentes, apoiou a equipa de início a fim. Gostei particularmente do enfoque dado a Danny, mais um dos muitos que amamos odiar e que se transforma num elemento agregador de todos os adeptos portistas que o vêem a jogar, o que faz com que o povo se junte em uníssono nos insultos à bestinha e transforma esse coro em apoio para os nossos. É bom e muito útil por vezes ter um gajo em quem todos podem despejar as injúrias, ajuda a unir e a criar massa crítica entre os até aí heterogéneos em fé e confiança, e apesar dos tradicionais imbecis que reclamavam com Paulo Fonseca porque…sim, a vastíssima maioria foi grande no carinho a toda a equipa e prova disso foi o aplauso de pé de um Dragão exausto e com a moral em cacos.

(+) Hulk, no regresso. É uma estrela mundial, o nosso Givanildo. E portou-se como tal, com dignidade, respeito para com os seus eternos fãs e prestou a homenagem que todos esperávamos a um público que tanto o aplaudiu durante vários anos. Ovacionado no início e no fim, nem a assistência para golo lhe tira a marca positiva do regresso a uma casa que o acarinhou e continua a acarinhar. Continuas a ser dos nossos, rapaz.

(-) O cabrão do árbitro. (modo óculos azuis-e-brancos ligado) Este filho de pai incerto parece que vinha com a lição estudada. O primeiro amarelo ao Herrera compreende-se, mas o segundo parece encomendado. Foda-se, meu cabrão violador de ovelhas mancas, tu sabes perfeitamente que se fizesses essa merda num qualquer Sampdoria vs Cagliari saías do estádio a correr e tinhas sorte se não levasses uma pedrada nos cornos, seu engolidor de esperma de boi cobridor! Deves lamber placas de petri com cultura de células de sífilis, deves, até porque estou sempre a ouvir que os árbitros devem ser pedagógicos e outras berlaitadas new-age do género mas não sei qual é a puta da pedagogia que aplicas aos teus filhos ou aos filhos das doze mães que tu perfilhaste, meu pila murcha. Se quando um deles disser que não quer comer os espargos lhe espetas um murro nas têmporas, quero ver se um dia destes, sem as costas quentes pela UEFA que só pune um árbitro quando o caralho do cometa Halley passar pelo drive-in de um McDonald’s, vais fazer uma piadinha destas lá onde tu apitas. Era quem te enfiasse um guarda-sol aberto no rabo, palavra. (modo óculos azuis-e-brancos desligado). Estragou o jogo, mesmo tendo direito e prerrogativa para o fazer. É evidente que se tivesse sido ao contrário provavelmente estaria a sorrir de contente e a aplaudir a assertividade do árbitro e isto quando é para expulsar não há nada a fazer e tenham juízo mazé…só que a verdade é que qualquer estratégia montada para a partida foi destruída nos primeiros três minutos. Grazie mille.


Se é verdade que nada está perdido, os factos apontam para que não consigamos atingir os nossos objectivos de passar à próxima fase a não ser que consigamos um pequeno milagre. Perdidos os dois jogos mais importantes em nossa casa, ainda dependemos apenas de nós para conseguirmos passar a fase de grupos. Basta vencer na Rússia. Basta isso. E depois ganhar os outros dois. Novamente, basta isso.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Trofense

Foi um jogo demasiadamente simples para ser interessante, mas ainda assim teve vários pontos que mereceram atenção, especialmente pela utilização de vários jogadores novos, que puderam começar a experimentar o que é usar aquela camisola. A malta gosta é de futebol a sério e de jogar ao ataque e de força e subidas pelos flancos e remates e outros apontamentos de ataque permanente, mas até compreendo que não tenha havido grande incisividade do ataque durante quase todo o jogo. Malta nova, algo nervosa, com pouco ritmo e menos rotinas. Enfim, podia ter sido melhor mas não me preocupa que não o tenha sido. Notas, rápidas, seguem abaixo:

(+) A fácil integração dos novos. Victor Garcia foi o único jogador dos Bs, mas a quantidade de vezes que Carlos Eduardo, Ricardo, Kelvin e Reyes têm vindo a jogar pela segunda equipa fizeram com que o onze fosse descaracterizado em relação ao normal. E apesar disso não se notou em grande escala a diferença, o que diz muito da forma como os As jogam por estes dias mas também revela que temos alternativas a considerar com alguma importância. Carlos Eduardo pareceu rijo e disposto a mostrar que serve para esta posição diferente do habitual; Victor Garcia e Ricardo estiveram bem, como podem ler abaixo; Reyes mostrou-se seguro e com uma técnica individual acima da média; Ghilas não esteve mal e Quintero, apesar de exageradamente individualista, mostra que consegue encontrar espaço onde não cabe um feijão. Terão todos novas oportunidades no futuro.

(+) O flanco direito. O venezuelano pareceu sempre muito confortável na lateral e apareceu muitas vezes na frente de ataque ao lado de Ricardo, com bons overlaps e acima de tudo com uma facilidade notável de recuperação física e de pique rápido. Ricardo continua a ser uma boa surpresa. É rápido, prático, inventa pouco mas faz tudo a uma velocidade alta demais para muitos dos nossos adversários e pode ser extremamente útil para desatar nós górdios em tantos jogos que por aí vêm.

(-) Olhar pouco para a baliza. Foi o que mais chateou a malta e até acabo por compreender. Aliás, tem sido uma das lanças apontadas à equipa nos últimos tempos e aí compreendo mesmo. Parece haver alguma renitência na altura de criação de lances ofensivos e especialmente há uma estranha incapacidade de rasgar defesas adversárias com os entendimentos a serem feitos em zonas demasiado recuadas para causarem perigo, o que acaba por transformar a grande maioria dos ataques em organizações andebolescas. Compreendo que enfrentemos defesas fechadas em demasia, com gente colocada excessivamente perto da baliza, mas esta é uma realidade que já nos habituámos a ver desde há muitos anos a esta parte e este ano parecemos lentos demais, mais ainda que na criação sonolenta do jogo de Vitor Pereira em 80% dos jogos. Vejo vezes demais Alex Sandro a romper para o centro, para recuar a bola até Fernando que segue para Defour, que sem espaço para subir joga para um qualquer central…que joga de novo para Danilo e tudo se trava, tudo se desfaz e vamos começar de novo ao mesmo ritmo. Esta é a marca de uma equipa sem ideias, mais preocupada com a estrutura do que com a finalização. São jogos disputados com esta intensidade que estão a fazer com que o pessoal fique irrequieto no assento e que se aborreçam de ver a equipa a jogar…e criticam à primeira oportunidade. Há que ser mais, há que ser melhor, há que produzir mais. Nem que a merda da bola vá por cima, ao lado, ao poste ou direita ao guarda-redes, mas precisamos de chegar mais vezes à baliza.


Não há muito a dizer porque o jogo não foi muito exigente. Foi fácil demais, tanto que a equipa pareceu mais interessada em criar rotinas entre jogadores menos utilizados em vez de aumentar a vantagem. Na terça-feira, contra o Zenit, o nível é diferente e a equipa também vai ser. Ai dela.

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Baías e Baronis – Arouca 1 vs 3 FC Porto

É uma vitória de que ninguém se vai lembrar daqui a um ou dois anos, mais uma destas vitórias que não trazem grande alegria a não ser a conquista de três pontos. O Arouca fez o que o FC Porto o deixou fazer (e que foi muito mais do que devia) e vimos mais um episódio da actual subalternização do FC Porto, a baixar o ritmo de tal maneira que se torna difícil terminar o jogo sem um bocejo. Custou-me ainda mais ver o jogo porque estive de cinco em cinco minutos a saltar do sofá sempre que via uma falta marcada contra nós imediatamente depois de ver uma ou outra imagem idêntica a passar em claro do lado contrário. E continuo a achar que o Bruno Amaro é útil para este tipo de equipas, mas merecia que um segurança de um qualquer bar lhe partisse os dentes ao murro. Vamos a notas:

(+) Jackson. Dois golos à ponta-de-lança, que é o que se exige do moço. Mas para lá dos golos (parabéns a Alex Sandro pela jogada no primeiro…alguma sorte, mas tentou e ainda bem que o fez) foi no recuo e no domínio de bola mais perto das linhas do meio-campo, a criar linhas para os colegas e a tentar movimentar a equipa e a abrir os espaços que eram necessários. Mais mexido, mais desperto…mais Jackson 2012/2013, com os mesmos golos. É o que precisamos.

(+) Herrera. Foi o primeiro jogo que vi do rapaz como titular (e a tempo inteiro) e gostei do que vi. Apesar de ocupar a mesma posição táctica, pareceu-me diferente de Defour, apesar de por vezes dar a ideia que não sabe muito bem o que fazer com a bola. Mas sabe retê-la quando é preciso e mostrou sentido prático com vários passes simples e especialmente pelo passe que colocou Otamendi pronto para assistir Jackson para o segundo. Fiquei curioso com a forma como subia pelo lado esquerdo com a bola controlada mas quase sempre com noção de espaço e da movimentação dos colegas. Quero vê-lo a jogar mais vezes.

(+) O golo de Quintero. Clap! Clap! Clap!

(-) A lei do menor esforço Percebo, como já disse há uns tempos, que a equipa ainda não está bem. Há atrapalhação na defesa, desorganização no meio-campo e indefinição no ataque. O que menos me faltava neste momento era que se apoderasse dos jogadores a inércia que pautou grande parte da era Vitor Pereira e que levou a que tantos adeptos se fartassem das exibições cinzentas, das fraquezas competitivas e da incapacidade de produzir melhores espectáculos tanto para os seus como para públicos alheios. E hoje, apesar do adversário ser dos mais fracos que a equipa vai encontrar este ano (colocado ao lado do Arouca, o Áustria Viena é a Holanda de Michels), a verdade é que a equipa voltou a ter uma inércia tremenda, alguma indefinição na construção de lances ofensivos e acima de tudo alguma incapacidade de manter a bola em sua posse. Jogou-se malzinho e a maior parte do tempo entregou-se o jogo ao Arouca. Ao Arouca. AO AROUCA! Não preciso de dizer mais nada, pois não?

(-) A agressividade do Arouca. Fartei-me de ver tudo que andava de amarelo a usar os braços e a empurrar, acotovelar, puxar, pontapear, rasteirar tudo que lhes apareceu à frente. Bruno Amaro e amigos conseguiram desancar em Josué, Herrera, Danilo, Lucho, Jackson…e até Mangala, só para perceberem a forma como podiam fazer o que queriam sem medo de consequências. Bruno Amaro é o actor principal deste filme de pancada, porque desde que o via no Setúbal que passa noventa após noventa minutos com aquela postura nojenta de bater e alhear-se da bola e do lance, ao mesmo tempo que quando recebe um toque mínimo se arremessa para o chão como se tivesse levado um tiro. Era baterem-lhe a sério, palavra.


Paramos outra vez com o campeonato e o próximo jogo do FC Porto é no Dragão contra o Zenit, numa competição que já percebemos ser bem mais complicada do que esta pobre Liga, que tem tantos Aroucas que lentamente me vai aumentando a arrogância e a exigência em relação a uma equipa que pode fazer muito mais do que tem vindo a fazer. Daqui a semana e meia vamos ver se continuamos a este nível…ou se vamos conseguir ganhar aos russos.

EDIT: aparentemente ainda jogaremos no Dragão contra o Trofense antes de apanharmos os russos…mas o destino será o mesmo…ganhar para voltar a ganhar…

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Proactividade vs Reactividade

É sempre complicado perder um jogo. E um jogo da Champions, por muito que a competição seja (muito) mais exigente que o nosso campeonato, custa ainda mais. Dói cá dentro, corrói a alma e desanima o corpo, faz-me atravessar sempre um deserto de ideias e uma invulgar incapacidade de olhar para o mundo de uma forma racional que pauta o meu dia-a-dia. É mais doloroso porque me bate a fria percepção que o nosso planeta encolheu para o tamanho de uma uva mirrada, que o nosso destino não passa do provincianismo de ganhar cá dentro, aos rivais de sempre e aos sacos de pancada que compõem a nossa triste Liga. É nestes jogos que o nervosismo bate mais forte, onde o coração pula a cada remate e a emoção está sempre na pontinha da língua que treme qual úvula pendurada de um qualquer palato. Escreve-se a quente, sequioso de vingança e preparado para arremessar lanças em direcção de todos e esperar que o próximo jogo seja sempre melhor, temendo o pior. É esta a vida de um pessimista que gosta de futebol.

Olho para o banco e espero não ver nem um grama (um? uma? nunca sei ao certo, com ou sem acordo) desta ferrugem mental que me rasga a alma e me polui os sentidos. E tenho-me visto lá também, no treinador que tem uma barba bem mais decente que a minha, um corpo mais bem cuidado e uma profissão a que todos que amam o desporto aspiram. Vejo-o a tentar mudar, sem o conseguir. A procurar impôr o seu estilo, as suas ideias, os seus princípios, aplicando-os a um grupo que parece estranhar a mudança e que demora tempo demais a entranhá-la. Vejo proactividade cedo demais e reactividade muito tarde. É este o binómio que assola a mente de tantos adeptos, especialmente nestes jogos grandes. Tira este, põe aquele, troca para ali, desce daqui, abre para o lado, corre para o meio. E enquanto nada parece funcionar a tempo inteiro, vamos passando por pequenos calvários em que olhamos para homens que já vimos fazer melhor e ponderamos se estarão bem, se vivem o mesmo e sentem igual. E tiramos o crédito que tantas vezes lhes foi dado para que a adaptação seja menos rápida e exigimos mais, porque é esse o nosso papel. É essa a nossa missão naquele estádio e em todos os outros estádios que pontualmente se vestem de azul-e-branco. Festejamos com eles, sofremos com eles, vivemos e morremos com eles. E tornamo-nos inconsistentes nas nossas ideias e atitudes (a quantidade de gente que vi no ano passado a insultar Vitor Pereira como se fosse um demónio infernal…estavam na terça-feira a clamar pelo seu regresso…), para só mais tarde parar para pensar.

Foi pior do que esperava. Foi mau. O próximo será melhor.

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