A festa da Taça, yadda yadda yadda. O resultado não foi nada que não se estivesse à espera mas como já por várias vezes tivemos amarguíssimos de boca com equipas deste nível, não sabia se o FC Porto, regressado depois de um absurdo intervalo de duas semanas e apresentando uma equipa com dois habituais titulares, poderia tornar o jogo fácil como era a sua obrigação. O ritmo foi baixo e alguns rapazes insistem em brincar demais com as situações simples (ouviste, Souza?), mas até isso era admissível para o nível da ameaça colocada pelo adversário. Fica na memória a quase impossibilidade estatística: todos os oito golos marcados por jogadores com apenas seis letras no nome. Damn it, estou a ver desporto americano a mais. Vamos a notas:
(+) Walter Quatro golos são quatro golos, seja contra o Pêro Pinheiro ou contra o Barcelona. Se bem que quatro golos contra o Barcelona é hercúleo, por isso esqueçam a expressão, foi infeliz. De qualquer forma, Walter mostrou que para lá do peso e da lentidão com que executa a grande maioria dos lances, surge pronto para marcar nos sítios certos e descai muito bem para a lateral quando precisa de apoiar a equipa no início dos lances de ataque. Walter parece genuinamente melhor, com mais força, mais empenho e acima de tudo uma melhor integração no jogo da equipa. Com Kléber a regressar na quarta-feira (we hope, we hope), felizmente teremos outro avançado para servir como alternativa nas competições internas, já que na Champions…só numa eventual segunda fase. Ainda assim gostei e fico à espera de mais, porque me lembro dos golos que Farías marcou contra o Sertanense…e nunca o achei opção válida para titular no ataque…
(+) Belluschi Para lá da genial jogada do segundo golo (qualquer defesa tinha muito provavelmente caído naquela finta, fosse na terceira divisão portuguesa ou na primeira italiana), o nosso capitão esteve excelente na criação de jogadas ofensivas e na rotação de bola no meio-campo. Merecia ter marcado um golo, mas como hoje era evidente que só poderiam marcar golos jogadores que tivessem seis letras no nome, a bola nunca poderia entrar na baliza. Na segunda parte baixou um pouco a produção mas nunca parou de jogar de uma forma inteligente e de rodar a bola para os pontos certos, muito à imagem de Defour, que falhou alguns passes a mais do que é habitual.
(+) Mangala Os jogadores do Pêro Pinheiro não eram propriamente vedetas de classe mundial, mas o francês conseguiu mostrar que é soluçao para primeira alternativa aos titulares (Rolando e Otamendi continuarão a ser os dois melhores centrais do plantel), bem à frente de Maicon. Certo, rijo, sem inventar, sem facilitar, a passar a bola simples e directa e a dar garantias de segurança lá atrás. Gostei do facto de não sentir necessidade de impôr o lado físico para ganhar bolas mas sabendo-o usar só quando não tem outra hipótese.
(+) Varela Talvez pela pouca qualidade do adversário, Varela destoou do que tinha vindo a fazer esta temporada até hoje e esteve bem. Inteligente, a jogar de forma pausada mas sempre com o olhar levantado e a observar a movimentação dos colegas para lhes colocar a bola jogável. Gostei, especialmente porque não estava à espera tendo em conta o passado recente.
(-) Maicon Não comecem a dizer que eu tenho qualquer coisa contra o rapaz, ele é que me provoca. Insiste em arrancar com a bola nos pés e enfiar-se nos buracos mais complicados e onde há mais jogadores adversários, para depois ter de fazer passes para a linha (literalmente, em que o colega só consegue dominar a bola se estiver a pisar a divisória) e dificultar a vida aos companheiros. Em alternativa, o passe longo, quase sempre para o corte fácil de qualquer jogador com camisolas diferentes da dele. Ah, depois lembra-se também de escorregar em situações difíceis. Começo a perder a paciência contigo, rapaz.
(-) Alex Sandro É verdade que o puto é novo e ainda se está a habituar a isto. Mas enquanto via o rapaz a jogar, só me lembrava de dois outros defesas esquerdos que passaram pelo FC Porto nos últimos anos: Benitez e Ezequias. O primeiro porque era viril em demasia quando não era necessário. O segundo porque chegava persistentemente tarde às bolas. Não querendo estender a comparação porque me parece exagerado abusar deste tipo de lembranças, Alex Sandro é um rapaz que parece ter bom toque de bola mas que precisa de ter mais calma e entender que temos cá muitos árbitros que gostam mais de amarelo que o gajo que desenhou os equipamentos do Estoril.
(-) Luís Freitas O animal do jogador do Pêro Pinheiro teve uma atitude absurdamente provocatória quando cortou uma bola ostensivamente com um pontapé forte direitinho ao banco do FC Porto. Teve os seus 15 segundos de glória quando a câmara da SportTV apontou para o rapaz e se viu o ar gozão de quem pensava: “Embrulhainde!”. Precisava de passar outros quinze segundos de glória…mas numa sala fechado com um escorpião mutante carregado de anfetaminas.
Foram oito mas podiam ter sido dezasseis. O jogo foi fácil, sem grandes chatices, com os jogadores a tirarem o pé a muitas jogadas divididas, algo perfeitamente compreensível tendo em conta a quantidade de jogos que por aí vêm, bem mais importantes que este. Acima de tudo foi uma vitória, que em jogos a eliminar é a única coisa que interessa. Felizmente deu para perceber que há alternativas disponíveis no plantel, mas terão de confirmar esse estatuto com uma equipa de nível superior a estes simpáticos rapazes (menos o outro que mandou a bola contra o banco do FC Porto, que merecia um pontapé na traqueia). A Champions vem já aí na Quarta-feira e esse jogo vai ser bem mais complicado…