Why oh why do those fuckers beat us so many times?

Estes são os resultados em partidas oficiais do FC Porto em jogos disputados naquele país do sul das ilhas britânicas. É uma batelada de derrotas com dois empates sofridos que conseguimos arrancar em Old Trafford, com o primeiro a aparecer aos 90+”sei lá quantos minutos porque já estava cego a ver o Costinha a marcar aquilo e o Mourinho aos saltos” e o segundo que talvez tenha sido das melhores oportunidades de vencer por aquelas bandas e que Bruno Alves se injustiçou como bandido, com uma assistência para Rooney melhor que a do Secretário ao Acosta em Alvalade.

Quero-me focar para lá das opções tácticas, dos catastrofismos anti-tudo, desde Vitor Pereira ao roupeiro passando pela SAD e pela relva do City of Manchester e tentar perceber o porquê de mais um mau resultado num conjunto de resultados absurdamente maus. E a verdade é que este rácio não se verifica quando jogamos contra equipas de outros campeonatos. Pronto, nunca ganhamos na Finlândia, Hungria, Croácia, Eslováquia, Sérvia, País de Gales ou Irlanda contra formações locais, mas todos esses jogos juntos não chega a 70% do número de jogos disputados em Inglaterra. Que raio se passa com as nossas equipas, muito antes do demonizado Vítor Pereira ter aparecido, para que não consigamos sair de lá com uma vitória?! Avanço quatro hipóteses:

 

  • Estilo de jogo
É indesmentível que o nosso tipo de jogo é mais lento. É uma tradição, entranhada desde pequenos nas futeboladas entre a malta aos Domingos de manhã e incentivada pelos contentores de brasileiros que são importados e de qualidades tão diversas como a gaveta de cuecas da Lindsay Lohan. Confrontados com a velocidade de um tipo de jogo diferente do nosso, o habitual é ver os nossos jogadores a procurar trocar a bola ao ritmo deles, nunca o conseguindo. É verdade que lá de vez em quando conseguimos reunir um grupo de rapazes que têm a personalidade suficientemente forte para se manterem fiéis aos princípios de jogo que aplicam desde que ainda em cueiros começaram a chutar uma bola e conseguimos mandar no jogo, pausando-o, elevando o ritmo quando necessário e não caindo em esparrelas de grandes correrias. Mas é raro. E ainda por cima olhando para o quadro em cima podemos ver que as equipas que defrontamos nos últimos anos são uma espécie de miscelanização titânica do futebol inglês com o que de melhor há a nível continental, nada de “kick and rush” à 80s. Há futebol rápido mas com a componente técnica tão acima da média que se torna muito difícil contrariar em condições semelhantes. Como vimos na passada quarta-feira. Ou seja, é uma componente que joga contra nós.
  • Pressão do público
Não tenho nenhuma dúvida que é algo a analisar mas creio que não terá grande interferência no resultado. Tantos jogos já fizemos em estádios onde os estupores dos adeptos contrários passam 90 minutos mais descontos a gritar para o relvado, a atirar foguetes, mísseis, rolos de papel higiénico em chamas, tudo que têm à mão para amedrontar os adversários…e ganhámos na mesma. Já apanhamos de tudo na Turquia ou na Grécia, para não dizer na Luz e em Alvalade, com menos violência física mas não menos verbal e nunca houve problemas em irmos jogar a esses estádios para ganhar e tantas vezes o fizemos que já perdi a conta. E os árbitros, por muito que possamos dizer que estão “contra nós”, é uma falácia, como de costume. Já fomos beneficiados e prejudicados em diversas situações, diversos estádios e diferentes épocas. É uma hipótese teórica e miserabilista e por isso não conta.
  • Capacidade física
Somos mais pequenos, mais fracos, mais débeis? Somos. Fazemos por isso? Também. Vezes sem conta vejo jogadores do FC Porto a encolherem-se contra adversários mais fortes, viris, rijos, e caindo por terra entre clamores de faltas inexistentes acabamos por cair direitinho no jogo deles. As arbitragens não ajudam, tão sequiosas estão por manter o nome do futebol inglês como um jogo para homens e não para meninas, “levanta-te porque não marco faltinhas” e lá vai o Hulk para o chão. Ainda por cima há a tendência tão estúpida como infrutífera de nos tentarmos equiparar ao adversário e batê-los aos pontos…literalmente, porque se há algo que ainda não conseguimos fazer desde que comecei a ver futebol é usar o corpo de uma forma que as faltas sejam cometidas nos sítios certos e nas alturas adequadas. Talvez a equipa de Mourinho tenha sido a melhor nesse aspecto, ou Jesualdo em 2007/08, mas é muito difícil evitar os carrinhos parvos em vez das cargas de ombro, os braços permanentemente esticados nas disputas de bolas aéreas ou os puxões nas camisolas que são tão ostensivamente visíveis para os árbitros. Como mudar? Não se muda. Tenta-se dar a volta com personalidade, inteligência e astúcia, pondo o adversário a correr atrás da bola enquanto passamos de um lado para o outro e aproveitamos a nossa teórica superioridade técnica. Teórica, entenda-se. É importante, mas não vital.
  • Mentalidade

Aqui é que a suína transforma a protuberância traseira numa rosca. Os jogadores intimidam-se facilmente, perdem o fio de jogo, a teoria que deveria estar tão entranhada nas cabeças que não conseguiriam pensar em mais nada durante a partida. Temos de entrar em campo com lições bem estudadas porque estamos permanentemente a enfrentar equipas que podem não ter orçamentos pontuais de 100M€ para compra, venda e reinvestimento permanente, mas que aplicam esses níveis monetários todos os anos em jogadores que decidem jogos sem ter sequer de pensar no que estão a fazer. Não podemos nunca entrar em campo como fizemos em Londres contra o Arsenal em 2008 e 2010 ou em Old Trafford em 1997. O medo era visível nos olhos, o terror patente na atitude e o acabrunhamento era notório na incapacidade de jogar “à Porto”. Aquelas mesmas equipas que uma ou duas semanas antes tinham vencido adversários de nome feito e com boas formações…entram em campo para perder por poucos. É uma verdade que sinto na pele sempre que nos calha em sorte ir à ilha jogar à bola.

 

Mudança de hábitos e mentalidades exigem-se. Vitor Pereira é só mais um numa longa lista de técnicos que levaram no focinho como gente grande quando apareceram na terra dos bifes para disputar uma partida. Carlos Alberto Silva, António Oliveira, Fernando Santos, Victor Fernandez, Jesualdo Ferreira. Só um não foi campeão em Portugal. E todos eles saíram de Inglaterra com o rabo quente. Dá que pensar.

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Desta vez, o ponta-de-lança que é ponta-de-lança não parece ponta-de-lança

“A evolução na continuidade do colectivo montado por Vítor Pereira é um caso. A pouco mais de uma semana de terminar o “mercado” de Janeiro, ainda há gente que não só não percebeu que não vem um ponta-de-lança para o FC Porto porque não é urgentemente preciso e não há dinheiro para comprá-lo nem oportunidade para acertar na escolha, rejeitando-se e bem a situação de comprar por comprar. Resta ao treinador, cuja competência nesta situação não só complicada como limitada pelas opções tem sido evidente, trabalhar e exaltar o colectivo para obter resultados, enquanto muitos esperam brilhantismo como a única forma de chegar aos títulos que sobram.
Tenho marcado a este nível mais do que nunca a minha opinião, ao arrepio da quase totalidade da bluegosfera. Não por não achar que não é preciso um pdl, porque já desde a saída de Falcao que o vinquei e a inferioridade europeia do FC Porto ficou patente no comparativo negativo face às opções das outras equipas no grupo da Champions, inclusive o excelente Ailton do APOEL. Mas por perceber as condicionantes em que se movem os responsáveis portistas. Gostando ou não apoiando esta ou aquela opção, é dever de ofício, no caso para quem escreve, perceber porque se faz ou não uma operação. E não só resta pouco tempo, como o tempo que resta não chegará para ambientar um potencial novo reforço para uma área efectivamente carenciada.”

Zé Luís in Portistas de Bancada

“Kléber nunca deslumbrou, é verdade, mas já provou que é bem melhor do que tem mostrado nos últimos jogos. O jovem brasileiro tem capacidade, margem de progressão, mas nos últimos tempos parece que bloqueou. Quando se esperava evolução, tem havido regressão, parece que desaprendeu, que nem nas bolas mais fáceis acerta. Porquê? Porque e isso para mim é claro, a juntar à instabilidade da equipa – não ajuda ninguém, muito menos os mais inexperientes e que só agora chegaram -, a pressão e a carga que lhe colocaram sobre os ombros, tem sido demasiada. Kléber precisa de calma, tranquilidade, ter uma evolução natural e não a responsabilidade de ser o avançado que substitui Falcao, com tudo que isso implica, sabendo-se das virtudes e dos golos que o colombiano facturou com a camisola do F.C.Porto. O erro não está na contratação de Kléber, não, o erro está na não contratação de um substituto de Falcao, disse-o no primeiro dia após o fecho do mercado, Fechou o mercado. É hora de dizer alguma coisa. Mas como também disse nesse post, a partir do momento que não veio ninguém, não faz o meu género, sempre que um ou outro resultado não eram positivos, vir a terreiro dizer, “já sabia, já tinha avisado, foi um erro, se tivessemos um avançado, etc,” até porque era chover no molhado, não resolvia nada. Não tinhamos cão, tinhamos de caçar com gato.
Agora é diferente, o mercado está aberto e por isso é a hora de reclamar um avançado – já cá devia estar desde o início dos trabalhos, pós férias natalícias. E a vinda ou não de um avançado pode fazer toda a diferença no que seremos capazes de fazer até ao final da época, por todas as razões e também por Kléber.
Os tempos não estão fáceis, o pilim está caríssimo, mas seria para mim incompreensível, não seríamos Porto, se perante as notórias carências que temos na frente e depois do empréstimo de Walter, não contratássemos ninguém.”

Vila Pouca in Dragão até à Morte

A somar a estas duas opiniões temos a do José Correia no Reflexão Portista, que por ter escolhido usar uma resposta de Vitor Pereira não me deu material para citar mas deixou bem evidente a mensagem que percebeu ter sido enviada pelo treinador tanto aos seus patrões como aos sócios do FC Porto.

Acho sempre curiosa a forma quase antagónica de ver uma situação como a da contratação ou não de um ponta-de-lança para o nosso plantel, numa altura em que tal questão gera conversa atrás de conversa mais ou menos inflamada entre os adeptos portistas. E vejo-me, como tem sido hábito, a concordar um pouco com ambos.

É uma verdade que Kleber não é Falcao. Não o é agora e talvez nunca o venha a ser e também é verdade que o facto da aposta ter sido feita na colocação do brasileiro no lugar do colombiano não foi uma vitória no papel nem na relva. E estas duas opiniões de que me socorri em cima comprovam que olhando por que lado olhemos, poucos acreditam que a estratégia possa passar unica e exclusivamente por Kleber na frente de ataque. Seja com Hulk deambulando do centro para as alas, adaptando o tradicional esquema de 4-3-3 num harmónico com maior mobilidade entre os três avançados ou recuando um ala para o meio-campo e usando James como 10 “plus”, a convicção mantém-se: Kleber não chega.

No jogo do passado Domingo contra o Vitória foi evidente que o grupo está a procurar fazer com que o rapaz se enquadre, ele que pode perfeitamente ser o único titular que não fazia parte da equipa do passado a par de Defour. Logo após o golo de Moutinho todos os jogadores, incluindo o próprio João, juntaram-se à volta do autor da assistência (para quem não viu, foi mesmo Kleber com um excelente toque por cima da defesa contrária), Helton correu da baliza para abraçar o colega, numa demonstração que tem tanto de fraterna como de autêntica. Mas Kleber, mais uma vez, não é Falcao. E o modelo de jogo do ano passado dependia em grande parte de dois factores que se associavam na perfeição ao jogo de posse: eficácia na zona central da área e rupturas rápidas pelo flanco. À medida que Falcao ia facturando e Hulk ia rasgando, a equipa construiu-se em torno desses mesmos paradigmas e o jogo fluia naturalmente. A construção de jogo no meio-campo era essencial para trocar a bola até ao ponto em que pudesse ser enviada para Radamel ou Hulk e com Moutinho ao lado de Guarín ou Belluschi, a simplicidade de processos faziam com que a produtividade fosse elevada. Este ano, com menor eficácia no centro, Vitor Pereira optou por Hulk ao centro. Funciona, como já se viu, mas o modelo muda e as mesmas constantes não se podem aplicar.

Se somarmos a saída de Walter à equação, o panorama torna-se mais complexo. “Bigorna”, esse sim uma aposta redondamente falhada como alternativa tanto a Falcao como a Kleber, por tantos e tão variados motivos (válidos ou não) deixa uma vaga no plantel que será ou não tapada por um novo jogador. Mas seremos capazes de adquirir um jogador a um custo aceitável para a frente de ataque que nos garanta uma presença eficaz na área, entrosamento com o resto dos colegas…e acima de tudo golos? Mais que isso: valerá a pena? Uma coisa é certa: se vamos comprar só para equilibrar os números do plantel, não vale a pena. Mais vale promover o Vion.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Vitória Guimarães

Um Porto-Guimarães (ou Vitória, como eles insistem em ser chamados) é sempre um jogo motivador. Esqueçam as cabeçadas dos últimos anos, com o FC Porto “a pagar em todas as frentes” segundo vontade do Vitória aliado pontual do Benfica. Há muitos anos que vejo este jogo ao vivo e há sempre qualquer coisa de diferente. O Nuno Assis a ser insultado, o Dane a falhar golos, o Quim Berto a marcar livres ou o Neno a tentar pontapear o Jardel na cabeça. Sempre qualquer coisa de diferente, menos na relação entre adeptos, que se mantém constante e é curioso perceber que os da actual capital europeia da cultura sente e propaga a rivalidade entre os dois clubes, ao passo que os da cidade que já o foi há onze anos não sente essa rivalidade. Apenas um leve e singelo sentimento de desprezo. Com estes factores ao barulho, a vitória soube bem. Soube melhor ainda porque a equipa mostrou que começa a aprender a jogar sem Hulk, por muito que ainda trave nos processos de construção, com alguma trapalhice a meio-campo e uma dinâmica atabalhoada em frente à área, para não falar lá dentro, onde Kleber parece um elemento estranho. To the noutes:

 

(+) Fernando Juro que me apeteceu saltar para dentro do campo por duas vezes hoje à noite. A primeira foi quando Fernando recuperou (mais) uma bola a meio-campo, no chão, se levantou e procedeu a fazer passar o esférico por entre as pernas do adversário, fazendo-a rodar com um toque singelo com a sola da bota. Entrava para lhe dar um beijo na testa e dizer: “Moço…que lindo!”. A segunda foi quando um excelente carrinho que cortou uma jogada de ataque com um desarme LIMPINHO na bola, só para o árbitro marcar a falta inexistente de onde apareceu o golo do Vitória. Aí entrava só para lhe dizer: “Não se chateie, sr. Reges, eles não merecem que fiques de fora em Barcelos!”. Para lá do “bromance”, foi mais um jogo quase perfeito de Fernando que está a fazer uma época que o pode catapultar para um grande europeu no Verão. Só no Verão.

(+) Varela Esforçado, lutador, com alma, velocidade e empenho. Este Varela hoje não se limitou a passear pelo relvado como tinha feito durante toda a primeira volta do campeonato, mas sim um Varela que parece ter recuperado alguma alegria e a convicção que consegue voltar a fazer tudo o que já fez na Invicta. Sinto que a falta de uma presença forte na área, como Falcao era, limita um pouco a capacidade de Varela fazer a diferença porque é necessária uma boa “parede” para as tabelas que o Silvestre sabe fazer tão bem, para lá da referência visual para onde centrar a bola. Espero continuar a ver Varela no mínimo a neste nível.

(+) Rolando Estável, firme, sem inventar e a tentar jogar simples e prático. Parece estar mais concentrado do que aconteceu no início da temporada e está sem dúvida a melhorar do ponto de vista da comunicação com Otamendi. Os passes longos continuam a ser exagerados mas são cada vez menos e mais certeiros. Mas hoje não há como não falar do golo que marcou, com um domínio de bola perfeito antes de enfiar a bola de primeira no fundo da rede de Nilson. Excelente, meu caro. Excelente.

(+) O sentido prático de Maicon (defensivamente) É um daqueles gajos que muita gente chama “jogador de pontapé prá frente”. Não contesto. Mas por vezes é preciso haver um fulano desses na equipa, como Jorge Costa foi durante muitos anos, depois de João Pinto ter carregado essa bandeira muitos mais. Quando há alturas em que todos os elementos que povoam a zona mais perigosa para as nossas próprias redes parecem estar a brincar ao meiinho com o adversário e perdem a concentração necessária para sair com a bola controlada, lá aparece o tolo careca a mandar semelhante biqueirada na bola que se acertasse no focinho do Vale e Azevedo era capaz de o fazer esquecer das negociatas todas com a Euroárea. Não é bonito, não é construtivo, mas às vezes é necessário. Só precisa de aprender a não abusar.

 

(-) Kleber na área É surpreendente ver o único ponta-de-lança de raíz do plantel a mostrar tão pouco instinto de ponta-de-lança quando joga na área. Há uma jogada que me ficou na mente porque me incomodou de tal forma que não a vou esquecer tão cedo. Kleber é lançado em velocidade, já não me lembro por que colega, e tem uma posição que lhe permite o remate de pé esquerdo. Qualquer ponta-de-lança, quando colocado perante uma oportunidade daquele calibre, só pode ter uma imagem na cabeça: um pontapé que ponha a bola no fundo das redes. Kleber parece estar constantemente à espera da bola perfeita na posição perfeita e no momento perfeito. Nunca vai acontecer, rapaz, e os melhores cabeças-de-seta do Mundo são peritos em tocar poucas vezes na bola. Às vezes, basta um toque. E tu estás a dar toques a mais para o que produzes.

(-) Moutinho e James na primeira parte Fracas, bastante fracas as exibições de um e outro na primeira metade do jogo. Moutinho esteve lento, complicou o que não precisava de complicar e nunca conseguiu imprimir a dinâmica que o meio-campo precisava e onde Fernando era de longe o melhor elemento, seguido a alguma distância por Defour. Já o colombiano esteve ainda pior e cheguei a pensar que ia sair ao intervalo. Raramente causou perigo com a bola nos pés porque a perdeu vezes demais em grande parte pela lentidão com que jogava e invariavelmente fazia com que se deixasse antecipar por qualquer bestinha de branco que lhe apareceu por perto. Subiram de produção na segunda parte (principalmente Moutinho) mas o arranque foi medíocre. Se Moutinho tem direito de ter um dia menos bom, admito que espero mais consistência de James a esta altura da época.

(-) Os últimos dez minutos Compreendo que muitos jogadores não sejam o zénite da inteligência humana. É normal, há de tudo e no meio de todo o talento para a bola é natural que se percam três ou quatro milhões de neurónios. Mas creio que todos eles sabem que um jogo se disputa ao longo de noventa minutos regulamentares. Pronto, 90, para os que não perceberem o número escrito por extenso. E já não é a primeira vez (Beira-Mar, Estoril, Braga, para dar alguns exemplos) em que os jogadores do FC Porto, por gestão física ou mental, acabam por permitir muita posse de bola ao adversário no final dos encontros e se até agora as coisas têm corrido bem, um destes dias pode ser que tal não aconteça e venhamos a lamentar um empate ou pior. É preciso manter a atenção até a senhora gorda cantar, como dizem os americanos. No nosso caso, até o árbitro apitar.

 

Todos os jogos são essenciais enquanto estivermos noutro lugar que não o primeiro. Todas as exibições têm de ser fortes, rijas, com espírito de sacrifício e exige-se entrosamento e empenho em alta para conseguirmos continuar a pisar os tornozelos dos moços de vermelho lá de baixo. Para a próxima semana, o nível tem de ser pelo menos o mesmo mas há ainda muitas pequenos pormaiores a corrigir: a atenção defensiva no final dos jogos, a destreza na área, o sentido prático na finalização e acima de tudo as bolas paradas que raramente são perigosas. Este jogo foi jeitoso. Que venham mais destes.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Estoril

foto retirada de desporto.sapo.pt

Um pouco à imagem do que se passou no Sábado à noite nesta mesma cidade e neste mesmo estádio, o jogo de hoje será facilmente esquecido pelos adeptos e pelos próprios jogadores. Valeu pela vitória, numa noite fria onde pouco mais de quinze mil decidiram deslocar-se ao Dragão para ver um jogo que…e estou a entediar-me sozinho enquanto escrevo estas palavras, ainda mais do que aconteceu durante o jogo, onde passei noventa minutos a olhar para a televisão enquanto discutia a forma como os jovens jogadores de futebol são diferentes do que eram aqui há uns anos porque o mundo é diferente, as solicitações são diferentes e a forma de encarar a vida também parece ser…diferente. Ganhámos o segundo jogo e falta empatar em casa com o Setúbal para conseguir passar à próxima fase. Não é mau. Notas abaixo:

 

(+) Álvaro Pereira O que ele correu, minha gente. Para quem não viu o jogo, basta saber que Álvaro andou por todo o campo (até apareceu a extremo direito depois de uma diagonal “à Palito”…) e esteve mais vezes em destaque na área que Kleber. Não chega? Furou consecutivamente a defesa do Estoril, rematou à baliza, cruzou montes de vezes para os ineptos centro-avançados do FC Porto, tanto o autêntico como os improvisados, e foi o principal impulsionador das jogadas de ataque da equipa. Está em boa forma e volta a ser um dos jogadores essenciais do FC Porto nesta época.

(+) Varela Depois de uma primeira parte fraquin…ao seu nível para este ano, esteve muito bem na segunda parte e não só por ter marcado o golo da vitória. Andou muito mexido, sempre dinâmico e interventivo, vinha buscar bolas atrás, surgia no meio para as tabelas, aparecia no flanco a apoiar Álvaro e…preparem-se…correu! Sim, o Silvestre correu muito hoje! Não pode ser bom sinal salientar isto num jogador, mas a verdade é que este Varela que hoje vi a jogar era o Varela que devia ter aparecido desde o início da época em vez do trambolho com o 17 nas costas que se auto-excluía dos planos do treinador porque a produtividade era tão baixa que palavra que cheguei a pensar que tínhamos ido buscar o avô do N’tsunda para dar uma perninha. Ou quatro, porque o andarilho também conta. Enfim, o tempo dirá se temos o moço de volta…

(+) Maicon Fez o que pôde e nada mais lhe é pedido tendo em conta alguma pressão que estará a sofrer. Vendo a saída de Fucile, a consistente ausência de Sapunaru e a presença/não-presença de Danilo, Maicon continua a aguentar a posição de defesa-direito com as limitações que lhe são reconhecidas mas sempre a tentar o possível para fazer um pouco melhor do que todos estão à espera que consiga. Sobe no terreno, tenta o cruzamento, procura o remate quando está enquadrado, corta fácil e joga simples. Não lhe exijo mais porque sei que não sabe mais. Se alguém tem “culpa” do fraco rendimento do nosso flanco direito, é Vitor Pereira. Mas até agora não temos estado piores do que estávamos aqui há uns meses, por isso o treinador tem os números do seu lado…

 

(-) Kleber A culpa do fraco rendimento de Kleber divide-se em três vias: direcção, adeptos e ele próprio. A primeira porque apostou quase tudo num jogador que não mostra maturidade (ou qualidade prática, bem diferente da teórica) para ser opção natural numa equipa como o FC Porto; os adeptos, porque o pressionam e o deixam nervoso; ele, porque se deixa enervar. E hoje foi mais um exemplo da incapacidade de Kleber dar a volta a uma situação complicada para ele e ainda mais para a equipa (em último caso para o clube), que depende dele para fazer com que a estratégia de jogo funcione na sua forma mais eficiente. Kleber esteve quase sempre mal, com remates fracos, lentidão no arranque a ataque à bola, pouca intensidade no contacto e uma enervante falta de discernimento táctico que me pôs a pensar: “O que será que este rapaz conseguiu mostrar no início de época e que levou a que não houvesse qualquer avanço no mercado para evitar que ele fosse a nossa opção mais valiosa no centro do ataque?!”. Não sei, mas neste momento não tenho confiança em ver Kleber na frente sem ter um Hulk ao lado. E se houvesse dois Hulks ou até Hulk e meio…bem, aí haveria mesmo zero Klebers.

 

A competição é tão desprovida de interesse que a ânsia de a vencer parece ter, no meu caso, ficado nas outras calças. Não me consigo empolgar com esta prova e ainda me diz menos que a Taça de Portugal que já de si não serve minimamente como prémio de consolação para uma não-vitória no campeonato. Não sou gajo de gostos caros, mas depois da Liga ou de uma qualquer competição europeia (Champions primeiro, o resto depois) estas Taças lusas vêm bastante atrás. Só não vem atrás de um Real-Barça porque jogou o FC Porto. E isso é que ninguém me tira, porque os outros posso ver quando eu quiser. O FC Porto vejo quando me deixam e já acontece poucas vezes, por muito que joguem bem ou mal. Fica o meu sincero reconhecimento aos quinze mil que lá estiveram.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Rio Ave

 

Para quem esteve presente no Dragão hoje à noite e achou que o Chefão lá de cima estava tão aborrecido com o jogo e pensou que abrir as torneiras era a melhor forma de animar a partida…bem-vindos à Invicta. A chuva só trouxe dois golos mas o futebol foi interessante a espaços e atabalhoado durante uma grande parte deste encontro entre duas equipas em patamares claramente diferentes de talento. O FC Porto parece torto, desiquilibrado, com moral em baixo e ansiedade em alta, a misturar lances de bom entendimento com displicências estranhas, criando sentimentos antagónicos nos bravos adeptos que lá apareceram para aplaudir o regresso da chuva e das infantilidades de Rolando. Tão bem que ele tinha andado nos últimos tempos…enfim, cala-te boca. No final, o jogo resume-se a uma expressão inglesa: “utterly forgettable”, que é como quem diz: “ninguém se vai lembrar dele daqui a duas semanas ou depois de ver um episódio do Fringe”. Vamos a notas:

 

(+) Fernando Este é o mesmo Fernando que fez um jogo contra este mesmo Rio Ave na pré-época e na altura me enervou com a inépcia e falta de vontade. Este é o mesmo Fernando que terminou a época passada em ruptura com os adeptos que quase o insultavam pelas más performances. Este Fernando é exactamente o mesmo, mas joga com a vontade de quem chegou agora a um grande clube e parece saber perfeitamente o que fazer em qualquer momento do jogo. Transformou-se num trinco quase perfeito, com intercepções milimétricas, marcação intensa sobre o adversário directo e hoje ainda se lembrou de subir para a pressão alta sobre os centrais e até ao guarda-redes com o melhor nome de sempre (Huanderson, peço desculpa, mas ultrapassas qualquer Renivaldo ou Givanildo). Só não remata à baliza, vá-se lá saber porquê. Quem deve ter achado curioso foi Iturbe quando lhe endossa uma redondinha perfeita, para a ver a ser remetida para o fulano do lado. Porque Fernando raramente arrisca e na posição que joga, é uma mais-valia que agarro com as duas mãos e um cinto de couro.

(+) Otamendi Mais um jogo quase perfeito do argentino. Ao passo que pode ser um pouco injusto usar essa palavra, porque um defesa central pode ter um jogo “quase” perfeito…e fazer uma ou duas imbecilidades que custem golos, mas hoje não foi esse o caso com Nico, que parece estar a assentar a cabecinha, a cometer menos erros e a falhar menos passes. Joga prático, joga simples e não inventa nada, servindo como uma ligação directa para as arrancadas de Álvaro pelo flanco. Se continuar assim, está impecável.

(+) Os dois golos de James Não foi o melhor em campo, longe disso. Mas foi à custa dele que a vitória chegou com maior tranquilidade e em ambos os golos o colombiano mostrou a qualidade que tem e que deve continuar a mostrar. Com calma, inteligência e facilidade no controlo da bola e da situação, olhou bem para o que estava a fazer e colocou a bola no fundo da rede como se exigia naqueles dois momentos vitais para que a equipa descansasse mais um pouco. É curiosa a forma como me vejo a perdoar-lhe muito mais falhas quando joga ao centro do que faço quando o vejo na linha, o que diz muito sobre a forma como vejo o jogo e especialmente a utilização do jogador certo na posição certa. Porque é só no centro que ele pode render ao nível que todos queremos e Vitor Pereira já percebeu isso, como é evidente, e já insiste na utilização do 19 na criação de jogo ofensivo. E ainda bem.

(+) As recepções a Jorginho e Kelvin Foi bonito ver o estádio a aplaudir duas figuras que representam pontos extremos da nossa história: um brasileiro a caminho dos seus 35 anos que já foi bi-campeão pelo FC Porto (até nos deu um campeonato em Alvalade, vejam lá) e um puto com quase metade da sua idade e que começa agora a tentar a sua sorte no nosso clube, rodando fora para cá chegar. Ambos foram recebidos com o carinho que deve ser reservado aos jovens como incentivo e aos velhotes como louvor. Gostei.

 

(-) Os cruzamentos “pra lá” Começa a ser complicado perceber o porquê da maior parte dos cruzamentos que os nossos defesas/alas/extremos/apanha-bolas fazem para a área. As coisas aconteceram exactamente como em Alvalade, onde disse: “Não há um “bullet cross”, raramente a vantagem de termos um dos melhores alas do mundo consegue ser de facto uma vantagem porque não concretizamos situações de perigo dessa forma.”. Álvaro, Rodriguez, Belluschi, James, Maicon…todos eles cruzavam a área com as patadas que mandavam na bola, como se conseguisssem criar alguma situação de perigo com aqueles remates sem medir, sem olhar, sem pensar. Exige-se trabalho específico nesta área.

(-) Atrapalhação e anarquia táctica Várias vezes vi Álvaro Pereira a aparecer como interior direito, Cristian Rodriguez a surgir no centro do terreno à entrada da própria área e Rolando a aparecer na área pronto a finalizar um cruzamento de James. Compreendo que se queira versatilizar e agilizar a estrutura táctica da equipa, mas o que hoje vi foi mais anárquico que organizado. Ou terá sido uma anarquia calculada para enganar o adversário, arrastando-o para uma falsa sensação de insegurança planeada como um qualquer vilão num mau filme de acção? Não. Foi só desorganização, acreditem. E não pode acontecer contra equipas que nos ponham a correr atrás da bola porque pode ter resultados escandalosamente negativos.

(-) Rolando Perdoava a falha a um júnior. Porra, até lhe perdoava o gesto se fosse no decorrer de uma jogada em que um colega tivesse falhado e não houvesse outra opção senão a de rasteirar João Tomás para impedir que marcasse. Mas o alheamento do jogo e o excessivo relaxamento que Rolando insiste em exibir como um qualquer “poster-boy” a vender relógios de marca é que me enervam, porque independentemente de poder ou não queimar o jogo da Taça da Liga com este vermelho, é a imagem negativa que me fica depois de ver uma parvoíce daquela magnitude, especialmente com Otamendi a fazer tudo direitinho ao lado. Aqui há umas semanas era exactamente ao contrário…

 

A vitória pode não ter tido os números esmagadores mas é inegável que a produção ofensiva foi mais que suficiente para vencer por mais um ou dois golos. Algum nervosismo em excesso, especialmente em Iturbe, que entrou com ganas a mais e calma a menos, mostrando a todos o porquê de Vitor Pereira dizer que o miúdo ainda tem muito que aprender. É verdade que sim, mas também é verdade que é em campo que o vai fazendo e não haverá melhor oportunidade para entrar a titular contra o Estoril já na próxima quarta-feira. Mas isso é conversa para outro dia.

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