As adaptações e porque é que não gosto delas

Este ano temos visto uma batelada de adaptações, desde Licá e Ghilas nos flancos a Mangala ou Ricardo nas laterais. E em Sevilha vamos ter pelo menos mais uma adaptação que não o sendo, acaba por o ser. Explico.

Não sou o maior fã de Defour a 6, vou ser sincero. Gosto de um trinco “varredor”, que desliza pelo campo e controla a zona recuada de uma forma mais física, como temos há tantos anos, desde André até Fernando passando por Emerson, Doriva, Paredes, Costinha ou Paulo Assunção (entre outros com menos sucesso como Peixe ou Tiago). Defour funciona naquela posição e não faz maus jogos, mas daí a usá-lo sempre naquela zona vai uma longa caminhada de pés doridos, por muito que o faça habitualmente nos jogos que disputa pela selecção do seu país. Não me parece natural ver o belga a patrulhar a zona mais recuada, com o seu estilo mais pausado e inteligente de posse, nunca esquecendo o espírito de luta pela posse de bola e pelo posicionamento ideal para interceptar jogadas de ataque pelo centro. Estou habituado desde pucunino a ver um daqueles que citei no início do parágrafo em vez de um jogador à imagem de Defour. E talvez por isso nunca tenha visto homens como Madrid ou Bolatti a serem rivais para qualquer um desses jogadores mais raçudos e menos estruturantes.

O mesmo se passa com as alas. Pois, mas o Secretário também começou a extremo e recuou para ser sempre titular, até o Kenedy e o César Peixoto fizeram o mesmo! É certo, mas não quer dizer que fosse a melhor escolha, longe disso. O Benfica tem sido pródigo nesse tipo de adaptações, onde Miguel, Coentrão e Maxi sofreram todos do mesmo “mal” que agora parece cair em cima de Ricardo. Pode tapar buracos e até chegar a ser um jogador com grande futuro naquela posição, mas nunca me vai conseguir tirar a sensação de nervosismo quando sobe no flanco (“pronto, lá vai ficar um buraco enorme lá atrás!”) ou quando encara um adversário num 1×1 (“não dês espaço, não cedas à finta, não cubras a zona do central, pede ajuda, oh carago que lá vai ele!”).

Na frente acontece o mesmo. Ver Ghilas ou Licá a jogarem nas alas é o mesmo que pedirem a Herrera para ser avançado-centro. Nunca vai funcionar porque apesar de ninguém nascer para jogar numa dada posição, há características que são exigidas de algumas posturas específicas em campo que alguns jogadores nunca irão conseguir apresentar, por muito que tenham força de vontade para tal.

Sou um adepto de múltiplas opções, mas em número, não em versatilidade. Quando sai Fernando, prefiro ver lá um Mikel do que um Defour. Quando sai Varela, opto por um Kelvin em vez de um Licá. E quando Alex Sandro ou Danilo tiverem de ficar de fora, por favor chamem um Victor Garcia ou um Quiño. Mangala e Ricardo podem fazer os mesmos lugares, mas sabem sempre a pouco.

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