Ouve lá ó Mister – Guimarães


Amigo Vítor,

No futebol português, neste enorme deserto que faz com que tenhamos uma extensa temporada de passeios na areia com os pés a esfolar e a moleirinha a assar, há três oásis que me dão um prazer imenso visitar. O Dragão, no pleno das suas faculdades arquitectónicas, está no cume, um zénite de beleza e perfeição. A Luz, onde vitórias atrás de vitórias me deram bebedeiras sem álcool mas com emoção para vender em feiras ao preço da chuva, tal a frequência com que aconteceram. E Guimarães, onde a fossa séptica do clube que hoje visitamos insiste em sobreviver mesmo depois de tanto portista lhe rogar pragas de dimensão bíblica.

Nenhum portista, por muito que se sinta digno pela discreta satisfação que os triunfos nos tem trazido, pode nutrir grande amor pelo Vitória. É um clube de gente vil, que nos admira em segredo mas que nos detesta em público, que faz juras de ódio eterno à nossa camisola e aos nossos valores. São fezes, a putrefazer no seio da sua própria imundície, a criar toda a espécie de bactérias que devoram a carne e poluem a mente. É escárnio, vilanagem, nojo, são os Simply Red de camisola branca. É merda, é merda, pim.

E é por isso mesmo que este jogo me enerva, pela possibilidade de poder perder pontos contra eles. Ainda por cima hoje, que vais a Guimarães com um exército depauperado, sem elementos tão importantes como James, Atsu ou agora Defour, que estava a jogar tão bem e te lixou a vida com uma trampa duma microrrotura com um timing pior que um notário em frente ao Vale e Azevedo. Mas conto contigo, conto com todos, para lançares os metafóricos gafanhotos sobre o estádio do tio Afonso e mostrares que quem manda somos nós e que o país mudou-se para Sul mas que continua a ser na Invicta que se joga à bola em condições.

Ganha, por mim, por todos os portistas. É uma questão de honra. E de três pontos, também.

Sou quem sabes,
Jorge

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