Ouve lá ó Mister – Moreirense


Amigo Vítor,

O FC Porto não vence um jogo desde 25 de Novembro de 2012. Já quase não nos lembramos dessa longínqua data, meu amigo, e o mundo mudou tanto desde essa altura. Os ingleses não tinham um parto a esperar em Junho de 2013, o Vale e Azevedo ainda não queria entrar na indústria da organização de eventos, o Sporting ainda não tinha uma vitória na Europa e ninguém falhava de “falhas individuais que afinal não existem porque quando um falha, falham todos”. Era um mundo mais puro, pacato, tranquilo, onde olhávamos para o horizonte com sorrisos abertos enquanto o céu estava azul e o sol brilhava numa alegre manhã de Outono. E hoje, ao que parece, há um cenário pós-apocalíptico surge ao longe em platinado cinzento, feio, feio, Vitor, tão feio. E cabe-te inverter a maré das evoluções dos vómitos anti-portistas e trazer de novo o facho para o nosso lado. Hoje é o dia para o fazeres.

Gostei que tivesses convocado o Kelvin e o Iturbe. É verdade que lhes tens dado poucas oportunidades mas também é verdade que concordo que ainda estão verdinhos. Mas tendo em conta que o Varela teve um mau jogo em Paris e que o Atsu tem tido jogos abaixo do nível dele, que tal experimentares o Juanito a titular? Não sei se concordas, mas parece-me uma partida adequada para o rapaz ir ganhando terreno. Ainda tens os jogos todos da Taça da Liga e quer-me parecer que o vais usar aí, mas fica a minha ideia. De resto, aposta nos onze mais fortes. O povo que vai estar no Dragão quer ver bom futebol, golos e pouca emoção no resultado a não ser tentar calcular quando é que vem o próximo na baliza deles.

Não esperamos nada mais que isto: onze gajos de azul-e-branco que olhem para o adversário a preto-e-branco. São gajos a jogar de xadrez. É para destruir, como se fosse um derby.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

E lá voltamos nós ao mesmo sítio que na semana passada nos fez saltar de alegria a dois minutos do fim com aquele golo do James e uns minutos mais tarde nos fez comprimir mais uma vez o ar à nossa volta com um fist-pump aéreo depois do petardo do Jackson. Sim, Vitor, é mais uma edição do “here we go again!”, com circunstâncias diferentes mas no mesmo palco.

E já reparei que não mudaste quase nada na convocatória. Gosto disso. Afinal de contas não é um jogo em que possas rodar muita malta porque os rapazes do outro lado também fizeram o mesmo e quer-me parecer que vão avançar com os mesmos fulanos. E desta vez estão com mais fome, aposto, porque o campeonato ficou mais longe e a Taça pode ser uma boa aposta para quem acabou de trazer o rabo dorido da Europa. Já eu, aqui deste lado e gordo de contentamento com os últimos resultados, não me está a causar grande entusiasmo este segundo round, sou-te sincero. A Taça é sempre um motivo de orgulho, é verdade, e até dá um certo gosto chegar à final e ganhar mais um caneco daqueles, mas não é a mesma coisa. Já te disse isto várias vezes e repito com a mesma força: prefiro ganhar os pontos no campeonato e aproximar-me mais um jogo da reconquista do título nacional, até prefiro ganhar um jogo na Champions ao Dínamo Zagreb do que ganhar a Taça de Portugal. É uma competição menor, pá, daquelas que um gajo só pode fazer uma festa do caraças quando não se ganhou mais nada. Ainda assim, e apesar de saber que sabes como me sinto quanto a isto…enquanto lá estivermos é para ganhar. Ah e tal e depois vamos a Paris e é preciso descansar um ou outro para não ficarem muito cansados e estourarem-se todos para poderem ganhar aos ricaços lá da cidade da Torre mais conhecida do Mundo a seguir à dos Clérigos…mas é para ganhar na mesma.

Por isso avança com a mesma equipa. Não ouças os elogios parolos do Peseiro, esquece o jogo da próxima terça-feira e foca-te exclusivamente neste. Lembra-te que o James ou o Jackson podem não conseguir marcar um golo aos 89 minutos e desta vez não vai tudo na mesma para o balneário se o jogo acabar a zeros. É para decidir aqui e hoje, por isso toca lá a mandares os rapazes marchar para dentro de campo com olhar malicioso e inteligente e vamos ganhar isto. Mai nada.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

Vai ser um jogo fodido. Tu sabes disso, eu sei disso, toda a gente sabe que vai ser um jogo fodido. O Braga pode ter perdido o jogo com o Cluj e até pode ter sido enrolado como massa de pizza e atirado para um forno de lenha de Alvalade…e antes de te rires, pensa que perderam lá o jogo, onde tantos outros clubezecos foram sacar pontos. Mas estes cabrõezinhos, para lá do Benfica, são os únicos que me metem algum medo neste campeonato. Não muito, mas o suficiente para ter um cuidado extra quando lá vamos jogar, e continuo a afirmar que este é um dos jogos mais difíceis do ano. Por isso vamos lá ter cuidado com estes rapazes e passar à acção quando fôr preciso.

Há dois ou três pontos que acho que tens de salvaguardar para podermos ganhar o jogo e já sabes que podes ouvir o que te digo ou não. Mas aconselho que o faças porque eu até sei o que digo, ou pelo menos é o que as vozes na minha cabeça me dizem, sempre com aquele ar angelical que parecem jovens belgas a cantar em coros de igreja todos vestidos de branco. Ou desfiles da Victoria’s Secret com as putas das asinhas cheias de pena. Pena não tinha eu delas, cambada de galdérias. Estávamos a falar de quê? Ah, sim, o Braga. Dois ou três pontos. Três, vá, para ficar redondo e poderes fazer aquela subida de tom no “dois”. Ora então vamos a isso.

Primeiro: O titular do lado esquerdo da defesa deve continuar a ser o Mangala. O Mangalho. O Mangalhão. E para além de lhe chamares isso, deves mandá-lo dar uma ou duas charutadas no Alan logo no início do jogo para o Predator saber quem é que manda nesta merda. Mangalha-o.

Segundo: Do meio-campo para a frente, sou sincero contigo e por muito que goste do Defour, por mim entrava o Fernando. É um jogo em que vamos precisar de mais força no meio-campo e com cretinos como o Custódio e o Ruben Amorim (para lá do Ruben Micael, que se levar dois encostos vai parar ao Sameiro), o Moutinho vai precisar de ter as costas quentes e o Lucho de ter uma sombra ali perto. Quero o Polvo em campo.

Terceiro: Convence os jogadores que o jogo vai ser difícil, que não se deixem iludir pelo “mau trajecto recente” ou pelas piadas do anormal do cabelo louro lá de baixo e passem a acreditar na sorte. Porque a sorte, como disseste, constrói-se com suor e trabalho. E é isso que tens de lhes espetar nas cabecinhas.

Ganha, Vitor. Make me happy, dude.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Benfica vs FCP




(foto retirada do MaisFutebol)


Se formos a analisar a performance do FC Porto durante toda a partida, acabamos por embarrar na mesma parede mental na qual temos vindo a constantemente cabecear durante toda a temporada: somos fracos. Mentalmente, tecnicamente, tacticamente, em todos os aspectos estamos abaixo do nível ao qual estávamos habituados desde que Jesualdo Ferreira tomou o leme. O jogo de hoje mostrou um FC Porto quezilento, com pouca capacidade de rotação da bola e de controlo da partida, sempre mais lento que o adversário, a perder duelos constantemente e a não conseguir de forma nenhuma contrariar a dinâmica muito mais agressiva (no bom sentido) e audaz da equipa que hoje enfrentamos, aquela que será muito provavelmente sagrada campeã nacional daqui a umas semanas. Vamos a notas:

BAÍAS
(+) Rodríguez. O rapaz não parou todo o jogo. Pode não ter sido muito eficaz (onde diz “muito”, leia-se “nada”), mas lutou, esforçou-se e foi dos poucos que tentou arrastar a equipa para a frente, no meio do marasmo que se via no resto da equipa. Faltou-lhe apoio, claramente, mas mesmo sem o ter, Cebola tentou sempre forçar jogadas ofensivas, tentando entender-se com Álvaro Pereira, jogando ao lado de Falcao e descaindo para as alas sempre que possível. Merecia um golo.
(+) Falcao. Mais uma vez, um dos mais esforçados, numa luta inglória entre os centrais, tentando dominar a bola (o que nem sempre lhe saiu bem) e esperar pelo apoio, que apareceu no máximo duas vezes durante o jogo.
(+) Fernando. Qualquer portista que acompanhe minimamente os jogos da equipa tem-se apercebido da falta que o brasileiro faz no meio-campo defensivo. Nem Tomás Costa nem o pobre Nuno André Coelho, atirado às feras no Emirates Stadium, conseguiram fazer esquecer a forma como Fernando domina a sua zona quando está em forma. Hoje, ainda que não tenha conseguido impedir a derrocada no resultado, tentou lutar com as forças que tinha contra a melhor organização do meio-campo benfiquista. Fica o bom esforço.
(+) Benfica. Quando se ganha dá gosto atirar uma ou duas boquinhas ao adversário, só para rejubilar no prazer de uma vitória. No entanto, quando se perde, há que saber perder com dignidade e humildade, particularmente quando o adversário prova ser melhor que nós em campo. Foi isso que aconteceu hoje no Algarve, onde o Benfica, a jogar a passo, chegou e sobrou para nos vencer por três a zero. Limpo. Parabéns, Ruben Amorim (melhor em campo) e Jorge Jesus, que me surpreendeu na flash interview, comovido e a dedicar a vitória ao pai. Espero que para o ano cá estejam para nos dar os parabéns a nós. Se merecermos, claro!
BARONIS
(-) Bruno Alves. No jogo contra a Académica, escrevi o seguinte: “Bruno Alves reclama com árbitros com uma atitude quase intimidatória e excessivamente agressiva; age impulsivamente e sempre com nervos em franja perante os adversários, arriscando inúmeros cartões vermelhos com pequenas quezílias que um dia destes, quando os árbitros perderem o medo, lhe vão mostrar; está a facilitar em demasia em zonas defensivas, raramente pressionando o avançado que lhe aparece na frente (lembram-se do Bruno Alves a fazer um carrinho em algum jogo este ano?) e acabando por fazer faltas em áreas recuadas que levam perigo para a própria baliza. Bruno parece instável e nervoso, e essas são qualidades que num capitão de equipa se acabam por transmitir para o resto dos jogadores.“. O jogo de hoje foi tirado a papel químico do jogo de semana passada. Analisarei o momento de Bruno Alves num post nos próximos dias, mas fica uma pequena frase que espelha a minha opinião sobre o que se passa com o nosso capitão: há que saber perder. Sobre o jogo e o comportamento de hoje não há muito mais a dizer, apenas o seguinte: um capitão de equipa, líder de homens e alguém que se quer que seja um modelo a seguir, não pode ter reacções absurdamente violentas e agressivas como as de hoje.
(-) Intranquilidade. A incapacidade técnica, juntamente com as lesões, os casos extra-relvado e a falta de motivação acabaram por transformar este final de época num pesadelo, o que se reflecte dentro de campo. Os jogadores reclamam uns com os outros, sem capacidade para fazer mais e melhor. Ninguém me convence que os rapazes de azul-e-branco são tão maus quanto o que mostram em campo.

(-) Claques. Desta vez não pode haver atenuantes. O clube tem de reagir perante as atitudes animalescas que se viram a caminho do Algarve. Sim, incluo tudo no mesmo lote, aquela malta tem atitudes de gado e tem de ser tratado como gado. Quanto às bastonadas da Polícia que deixaram alguns hematomas pelo caminho, é simples perceber que quem vai misturado com gado tem de se aperceber que arrisca ser tratado como gado. E já tendo trabalhado num matadouro, sei bem como se deve tratar gado.



E cá vai mais uma frase que já me começa a cansar ter de proferir no final dos jogos: perdemos bem. É triste admiti-lo mas estamos num mau momento do qual este ano creio ser muito pouco provável conseguirmos sair. O campeonato ainda não acabou e ainda temos a Taça de Portugal para tentar vencer, mas ainda que o consigamos, servirá de pouco consolo às fraquíssimas exibições e à falta de garra e organização que consecutivamente mostramos em campo. Mas levantemos a cabeça, am
igos! Temos de saber perder, dar os parabéns ao adversário por uma vitória limpinha, por merecer e por fazer por merecer. E venha a próxima manhã, que há treino…
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