Ouve lá ó Mister – Braga

Estimado Professor,

Começo por dizer que já vi a lista de convocados para o jogo de hoje na pedreira e parece-me simpático. Tirou o Danilo, que anda a botar a língua de fora há alguns jogos e a cabeça não está a 100%, encostou o Quaresma para o rapaz deixar os nervosismos de lado e pensar que tem de continuar a trabalhar mas ajudar um pouco mais a equipa, mas afastou os dois mexicanos…não sei muito bem porquê, mas lá terá as suas razões. Mas por favor diga-me que é o Maicon que vai jogar e não o Abdoulaye. Por favor, diga-me que é assim que vamos jogar. Sim? Please, sir, please!

Já o resto da equipa, francamente não me preocupa muito, tal como o resultado deste jogo também não mexe muito comigo. Eu sei que perder mais uma partida no campeonato pode começar a ameaçar recordes, mas sou dos que concorda com as poupanças em alturas cruciais da temporada…e depois da monumental encavadela com que saímos da Andaluzia, que me deixou a andar à Jorge Couto desde quinta-feira, a verdade é que o jogo mais importante do ano passou para a próxima quarta-feira. E não creio que haja opiniões de muitos portistas que sejam dissonantes com a minha, por isso acho que posso dizer com algum grau de certeza que o meu caro amigo tem o apoio de todos nestas opções.

Por isso força aí em campo, alinhe com o onze que lhe dê garantias de conseguir vencer o Braga mas opte pelos gajos que têm mais fome de jogar e de mostrar o que valem para poderem continuar no plantel no próximo ano. Make no mistake about it, a maioria do povo já está a pensar no próximo ano…

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Académica

Estimado Professor,

Faça algumas contas aqui comigo. Vi agora que o Sporting ganhou ao Paços e está agora com onze pontos de vantagem à condição, como é evidente, o que vai fazer com que tenhamos de ganhar para lhes ganharmos mais oito pontos, o que implica que o Sporting tem de sofrer duas derrotas e um empate até à última jornada quando faltam agora quatro jogos. Ou seja, Gil Vicente e Estoril em Alvalade ou Belenenses e Nacional nos seus estádios têm de roubar os pontos que precisamos para chegar ao segundo lugar (se vencermos hoje, claro) e nós temos de vencer os jogos todos. Em Braga e Olhão, bem como no Dragão contra Rio Ave e Benfica. A conjugação de outros resultados também funciona mas dá mais trabalho, certo? Certo.

E é aqui que começo a hesitar quando vejo a convocatória. Olhar para cima é quase um exercício em futilidade e apesar de saber que o Estoril está perto, mas não me diga que só conseguiu mentalizar-se para descansar o Mangala e o Defour. Vão ser muito importantes na quinta-feira em Sevilha, não duvido, mas continuo a acreditar que o Danilo e o Alex Sandro não podem com a proverbial gata pela cauda e que podem estourar de vez na Andaluzia. É só uma opinião, caríssimo, como é evidente, mas não poderia experimentar o Victor Garcia ou o Quiño? Nem precisavam de ser os dois, bastava um. Percebo que queira levar os Bs a fechar a época em grande, mas preferia ver alguma rotação. Espere. Mas posso estar a falar sem conhecimento de causa e o meu amigo vai espetar com o Ricardo na lateral e o Kelvin na ala. Hmm. Até pode ser, mas acredito quando amanhã entrar no Dragão e vir os putos a aquecer.

Só mais uma coisinha: por favor diga ao Abdoulaye que está num piso mais escorregadio que um lago gelado. Ele que pense bem na vida.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 Áustria Viena

Vi os últimos vinte minutos do Zenit-Atlético e enchi-me de excitação porque podíamos depender só de nós. Uma simples vitória contra um adversário que faz o Rio Ave parecer o Real Madrid, e logo estaríamos a pensar na segunda fase da Champions. Cheguei ao Dragão, com o frio a fazer-se sentir na minha face, já que o resto do corpo estava bem isolado contra as forças da natureza…e caiu-me logo a moral. Continuamos a oferecer lances de golo aos adversários e há uma indolência que raramente vi numa equipa do FC Porto que parece invadir os jogadores e possuí-los de uma forma inacreditável, tornando-os lentos, torpes, sem imaginação, sem vontade de jogar e acima de tudo de ganhar. No final, o empate sabe a pouco mas é exactamente o que merecemos. Nada mais, nada menos. Hoje, apenas duas notas:

(+) A segunda parte. Não foi um portento de táctica, nem teve o fulgor de uma avalanche de ataque continuado e agressivo pela força das nossas estocadas. Mas foi…alguma coisa. Entrámos melhor, com (alguma) garra e apesar de termos marcado cedo, não desistimos na procura do segundo, apesar de na grande maioria das vezes o termos feito muito mais com vontade de ganhar que com a consciência do que era preciso para o fazer. Alex Sandro e Danilo subiram bem pelo flanco, Josué rendeu mais no centro e Varela saiu do banco para uma exibição lutadora (fez mais em cinco minutos do que tinha feito em setenta e cinco no sábado). Maicon, talvez o melhor jogador do FC Porto, limpava o que era preciso lá atrás e Fernando, finalmente só no meio-campo que é seu, rodava a bola com critério para as melhores zonas. Não chegou porque insistimos em demasia nos lances de criação individual, em incontáveis passe-e-corta na lateral e em cruzamentos para a área onde Jackson poucas vezes conseguiu espaço. Viu-se um brilho nos olhos dos adeptos, ainda inconsoláveis pela primeira parte miserável que tinham assistido, mas lentamente se foi esfumando a oportunidade de vencer o jogo em remates tortos, cruzamentos sem a força certa e inúmeros passes falhados. Não foi bom, mas foi o suficiente para ter dado mais que um golo. Não que o tivéssemos merecido por aí fora, graças à nota que podem ler abaixo.

(-) A primeira parte. Repetimos os mesmos erros que temos vindo a cometer desde há semanas: oferecemos metade do jogo ao adversário pela lentidão na troca de bola, pela invulgar incapacidade de romper pelos flancos, pela desorganização a meio-campo, pelas impossíveis falhas técnicas, pela ausência de racionalidade na posse de bola e pela inutilidade de vários jogadores. Para lá de mais uma imbecilidade defensiva que deu novamente origem ao golo do adversário (sim, Danilo, a culpa foi tua desta vez), foi deprimente ver o FC Porto, uma equipa que tem capacidade para lutar de olhos nos olhos com tantas equipas por esse mundo fora, a ser incapaz de criar mais do que dois lances de perigo durante quarenta e cinco minutos. Mais, porque a basear quase todos os lances ofensivos através da subida de um dos seus laterais que com o pouco apoio que recebe dos (falsos) extremos, raramente sucede na iniciativa e limita-se a cruzar bolas para a área na fugaz tentativa de buscar o único homem que lá aparece no meio. As trocas de bola são facilmente interceptadas por uma equipa que defenda com um mínimo de estrutura, porque a movimentação é quase nula e quando de facto aparece algum rapaz que se digne a sair de uma zona tapada, rapidamente a roda para trás tal é o medo de pegar nela e prosseguir caminho. E se nos arrastarmos penosamente da área táctica para a técnica, o panorama ainda é pior. Algo se passa de estranho quando jogadores de nível tão alto controlam uma bola como se fosse um ouriço e estivessem de pés descalços. No fundo, a táctica não está a funcionar, os jogadores estão exageradamente nervosos sem a bola e hesitantes com ela e nada parece produtivo quando estamos no ataque. Tudo sai a uma velocidade inexistente, com jogadores tristes, recuados e medrosos. Foi muito, muito mau.


E voltamos a esta triste sina de depender de terceiros. Sim, vencer em Madrid é complicado, especialmente porque o Atlético é jeitoso e nós, francamente, não parecemos mostrar capacidade mental para lá irmos sacar três pontos. E mesmo que o façamos, Hulk e cª estarão em Viena para nos fazer engolir em seco e baixar a cara de vergonha. Ou não. Já não percebo nada disto.

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Estado de alma

Conversa no passado dia 30 de Abril, no dia seguinte à vitória do Benfica na Madeira:

Portista nº 2: foi quase
Portista nº 1: foi por um autogolo
Jorge: estrelinha, meus amigos
Portista nº 2: sem duvida
Portista nº 3: pá, não vi
Portista nº 1: nem eu, mas vi o resultado
Portista nº 3: qual foi? nem isso ainda vi
Portista nº 1: 1-2
Jorge: só vi o segundo golo e o primeiro do maritimo, nem vi se foi penalty ou nao
Portista nº 2: diga-se que o 1º do slb é um penalty aos 2 minutos
Portista nº 1: que foram marcados pelo mesmo gajo
Portista nº 2: e é penalty !! limpinho
Portista nº 3: é a sério?
Portista nº 2: o defesa do maritimo, teve uma paragem
Portista nº 3: ok então, é ver a conta bancária desse gajo que deve ter aumentado
Jorge: nah, o auto-golo foi acidental
Portista nº 2: sim sim
Jorge: enfim, a minha esperança está no chão e receio que lhes entreguemos o campeonato na Madeira
Portista nº 1: I am surprised it lasted this far
Jorge: always does, dude
Portista nº 1: nah
Jorge: sempre pessimista, sempre esperançoso
Portista nº 1: vamos vencer os proximos 3 jogos e morrer na praia
Portista nº 2: a questão é, podemos não ser campeões, podemos não ter uma unica derrota e podemos ter mais pontos que no ano passado
Portista nº 3: Sim.
Jorge: sucks, don’t it
Portista nº 3: Acho que não se pode dizer que o FCP fez um mau campeonato. O SLB é que foi muito melhor que o normal…
Jorge: mais do que nunca, prova-se que o que lixa um clube é perder pontos contra equipas de caca…rios aves e olhanenses
Portista nº 2: exactamente
Jorge: e os desperdícios que um gajo na altura até pensa que são recuperáveis…aqueles jogos de brincadeira em que os jogadores acham que mais cedo ou mais tarde marcam…dá borrada
Portista nº 1: sobretudo quando este campeonato está muito fraco…
Jorge: de acordo. aquele empate em Vila do Conde ainda me está atravessado na goela
Portista nº 2: pior que isso, é o empate em casa contra a olhanense
Jorge: esse foi mais azar e o penalty falhado
Portista nº 2: era o que ia dizer
Jorge: o de Vila do Conde…foi a atitude, jogar à grande. somos os maiores e depois chega um ou outro bardamerdinhas e joga humilde, com garra, com empenho, muito mais que os nossos…e pum, está o caldo entornadíssimo
Portista nº 3: Lessons learnt
Jorge: o problema é mesmo esse! Lessons NOT learned! desperdiçam-se estes pontos fáceis há anos e conta-se que o “outro” está pior que nós e a gente safa-se nos clássicos e tal
Portista nº 2: é derrapam tb e tal
Jorge: exacto…e depois andamos a chorar pelos cantos e a rezar por missões impossíveis…”se eles empatarem em casa contra o Moreirense…isso é que era!”
Portista nº 2: no ultimo jogo
Jorge: exacto
Portista nº 2: era mto melão
Jorge: é uma questão de mentalidade e a nossa tornou-se facilitadora
Portista nº 2: fdx, eles nao saíam de casa
Jorge: ainda tenho esperança, mas…
Portista nº 2: eu não
Portista nº 1: SNAP THE FUCK OUT !!!
Jorge: nao consigo. até ao fim, até aos 98 minutos do ultimo jogo, quando marcarem o golo da vitoria em fora-de-jogo
Portista nº 3: Eu acho que este ano não vamos lá. Quando podíam ter perdido pontos, o arranjinho solucionou-lhes o problema. Tirando isso, estão muito fortes. Por isso, não estou a ver.
Jorge: oh foda-se lá para o arranjinho! até agora houve 27 jogos
Portista nº 3: Sim sim
Jorge: se nao temos 81 pontos, a culpa é nossa
Portista nº 3: Não estou a dizer que foi um jogo que fez a diferença. Estou só a falar dos útlimos tempos. Aquele jogo podia fazer a diferença para esta fase final. Com o SCP perdemos 2 pontos.
Jorge: mais um bom exemplo
Portista nº 3: Eles tb poderiam ter perdido. Mas não perderam.
Jorge: mas esse é um clássico, é mais difícil per se
Portista nº 3: Mas sim, o FCP só se pode queixar de si proprio sem dúvida
Jorge: that’s my point
Portista nº 3: E o VP, fica?
Portista nº 2: não
Jorge: nao creio, mas também não acreditava que ficasse mesmo sendo campeão. ele tem culpa nalgumas coisas, continuo a não achar que tenha culpa de tudo e é fácil atirar com sacos de merda à cara do treinador, mas a verdade é a que o Portista nº 2 disse, podemos acabar isto com mais pontos que ano passado e sem derrotas
Portista nº 3: Sim. E é assim, tivemos dois empates em que o avançado desperdiça duas grandes penalidades. E são esses 4 pontos que nos tiram da luta. O treinador não tem culpa desses falhanços.
Portista nº 1: e porque nao sao os do Rio Ave?
Portista nº 3: ?
Portista nº 1: e porque nao são os da merdosa arbitragem do Duarte Gomes na primeira jornada?
Portista nº 2: sabem o que mais me chateia nisto
Jorge: porque isso é tapar o sol com a peneira
Portista nº 2: é precisamente isto que o Portista nº1 acabou de dizer
Jorge: é sempre a mesma merda, atirar para o canto
Portista nº 2: a culpa é dos arbitros
Jorge: a culpa nunca é nossa
Portista nº 2: exactamente
Portista nº 1: ide todos para o c****inho, não era isso que eu estava a dizer
Portista nº 2: nós trabalhamos em software houses, nunca dizemos a culpa é do JAVA, é do C#
Portista nº 3: Eu não estava a falar dos árbitos
Portista nº 1: estava a dizer que estão a pôr o problema no avançado porque falhou 2 penaltis
Jorge: ?!
Portista nº 3: Não só mas também.
Jorge: tu nao leste a conversa. estou a culpar a atitude, nao os actos individuais.
Portista nº 3: Nos momentos de decisão, é preciso decidir.
Jorge: também, e eu partilho dessa opinião
Portista nº 1: foi a isto que eu retorqui
Jorge: e os outros pontos perdidos por parvoíce
Portista nº 3: Olha o Cardoso. Nos penlaties, mete-as lá dentro quer esteja 5-0 ou 0-0
Portista nº 1: ou falha 2 no mesmo jogo, também já aconteceu
Portista nº 3: Sim
Portista nº 1: acontece, fdx
Portista nº 3: O problema é o colectivo
Portista nº 1: o jackson tem 26 golos, falhou 2
Portista nº 3: Era isso que eu estava a dizer.
Portista nº 1: penaltis, uuuu
Portista nº 3: Quando o Jorge estava a falar do VP
Portista nº 1: o problema foi nao criarmos mais oportunidades de golo para que falhar um penalti fosse irrelevante
Portista nº 3: Eu apenas estava a dizer que a culpa não é toda dele e dei o exemplo do avançado. Mas posso arranjar mais exemplos de falhanços colectivos. Temos casos do Danilo, paragens cerebrais do Otamendi…e o VP tb tem culpa, sem dúvida.
Portista nº 1: VP tem culpa na atitude dos jogadores
Jorge: correct on both accounts, é isso que tenho vindo a dizer há meia-hora
Portista nº 3: Mas daí a ser só culpa dele, não me parece
Portista nº 2: tem, tb tem coisas boas, para mim tornou o Fernando num jogador ainda mais completo
Portista nº 3: O campeonato português está a ficar num nível em que os dois do costume vão ganhar tudo e o campeonato decide-se nos confrontos directos entre eles.
Portista nº 3: O resto é mato!
Portista nº 2: tipo escocês…já é assim há uns tempos
Portista nº 3: E agora com mais equipas mais mato vai ser
Portista nº 2: de vez em quando é que aparece o SCP
Jorge: tem sido assim no século XXI, quase exclusivamente
Portista nº 2: o Portista nº 1 agora diz !!!! então no sec XXI, tem sido só uma equipa!
Portista nº 3: @Portista nº 2: quando disseste SCP querias dizer SCB?
Jorge: esses estão na descendente…deixa-os vender mais um ou dois gajos e vão voltar a andar em 3º ou 4º
Portista nº 3: Sim, quando saiu o Lima
Jorge: ou achas que é com Rubens Micaeis e Nunos Andrés Coelhos que conseguem ser campeões?
Portista nº 2: esse Lima, foi daqueles que mto se falou que ia para o FCP, qdo ainda estava no belenenses
Jorge: yup
Portista nº 3: Não. Nem estava a falar em serem campeões. Era mais em dar mais um bocadito de luta. Porque para campeões, o clube é restrito e reduzido a 2 pelo menos nos próximos 10 anos.
Jorge: talvez 10 anos seja demais
Portista nº 3: Não vejo mais nenhum a ir lá, SCP ainda demora muito tempo para se levantar e o resto… é… MATO!

(…)

E é neste ponto que vamos andando…

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Baías e Baronis – SC Braga 1 vs 0 FC Porto

Uma final tem este tipo de características, que enervam toda a gente. Há duas equipas, uma de cada lado, ambas a tentar ganhar o jogo sem o perder antes de poderem sequer tentar. E quando se juntam duas equipas com capacidades ofensivas igualmente fracas, uma das quais (a nossa) com um permanente engasgar na criatividade e na criação de lances de ataque coerentes, a somar a erros defensivos que são tão evidentes que se tornam patéticos, é impossível afirmar que jogamos bem. Mas…e há um mas…não jogamos assim tão mal. A equipa pareceu motivada, com garra, com mentalidade de “final” como se exigia. Mas foi evidente que nunca conseguiu uma produtividade ofensiva que causasse medo ao adversário, esse sim com um jogo parecido com o que fez no Dragão, sem problemas em jogar lá atrás até se ver a jogar a mais…e mesmo assim mantendo-se a controlar sem bola. Foi frustrante ver o jogo, mas ainda mais frustrante ver que seria quase impossível, a jogar com dez jogadores, conseguir a claridividênvia necessária para lhe dar a volta. Vamos a notas:

(+) Fernando. A maior injustiça deste jogo é o facto de Fernando não o ter ganho. Pareceu sempre jogar a um nível substancialmente superior a todos os colegas, a recuperar bolas da defesa ao ataque, correndo muito mais do que a Fernanda Ribeiro em dias de treino intensivo. Apanhou pancada de tantos jogadores do Braga que não o censurava se fosse ao Sameiro urinar na entrada, mas tentou vingar-se em campo com a força que mostra, com a forma como tenta continuamente levar o jogo para a frente mesmo quando os colegas já não aguentam com as pernas. Está em grande forma física e só tenho pena que poucos o acompanhem. Porque em campo só ele, James e Moutinho se lembravam da última final contra o Braga. E garanto que Fernando não jogou tão bem dessa vez como fez nesta.

(+) Alex Sandro. É muito bom no ataque, este puto. É tão bom que acho que vai ser complicado agarrá-lo para a próxima temporada, mas atravessemos essa ponte quando lá chegarmos. Muito activo na tentativa de levar o jogo sempre para a frente, sempre pelo flanco, com excelente toque de bola e só a precisar de melhorar um pouco nos cruzamentos. Foi o do costume, com alguma brincadeira mas a conquistar os adeptos pela força e inteligência com que ataca. Uma pérola que temos aqui no plantel.

(+) Fabiano. Uma grande defesa aos oitenta e tal minutos depois de um balázio do Hugo Viana e uma saída incrível aos pés de João Pedro ainda mais tarde já seriam momentos altos, mas foi por todo o jogo de segurança (até com os pés, por implausível que pudesse parecer) que transmitiu aos defesas que não senti falta de Helton. Não foi por culpa dele que perdemos o jogo, que é mais do que se pode dizer acerca da última Taça da Liga, quando o actual treinador do Rio Ave enfiou um enorme perú e tramou o resto dos rapazes.

(-) Incapacidade de criar jogadas de perigo. Um Baroni chega para todo este jogo, até porque mantenho a minha opinião: para uma final, não jogamos assim tão mal. Mas a quantidade absurda de erros que cometemos durante uma partida é simplesmente incompreensível. Houve uma repetição de tantos e tantos erros que se vêem há tanto tempo nesta equipa do FC Porto que me questiono se de facto há treino conjunto e um mínimo de tentativa de melhorar os níveis técnicos dos jogadores ou se apenas se foca na troca de bola em peladinhas. Sim, é uma “queixa” antiga dos treinadores de bancada, mas depois de ver esta exibição com tanta falta de inteligência na troca de bola na frente, com o enorme número de passes falhados, más recepções e falta de entrosamento entre laterais e extremos, aliados a alguma imaturidade de vários jogadores, começo a pensar que os treinos se limitam à parte física e pouco mais. Este jogo em particular fez-me lembrar aquelas jogatinas na escola primária, em campos de cimento com balizas sem rede (sim, na minha escola eram assim), onde a malta zarpava em louca correria mal tocava a campaínha para intervalo, juntando-se todos ao molho no centro do campo para pegar na bola e andávamos como doidos a tentar acertar na bola. Não havia equipas, só havia grupos de pó como em bandas-desenhadas antigas, com agudíssimos gritos de pré-adolescentes que ainda não quebravam a voz. E ninguém controlava a bola, só a chutava se visse alguém próximo da baliza, quer estivesse de costas ou de frente para os postes. E quando entrava um golo, naqueles momentos de bênção divina que faziam com que a bola atravessasse a linha sem ninguém fazer nada por isso…ninguém sabia o que raio tinha acontecido. E às vezes penso que há jogos em que o FC Porto só consegue marcar um golo se fôr empurrado por um qualquer arcanjo. Este foi um deles.

(-) Vitor Pereira. Culpar o árbitro pela derrota é tão redutor como dizer que os Alemães caíram nas Ardenas porque havia um ou dois carvalhos a mais na floresta. O que Vitor devia ter dito era qualquer coisa como isto: “Não entendo como é que desde há alguns meses a esta parte treinamos semanas após semanas para chegar aos jogos e raramente conseguirmos criar situações de perigo decentes. Continuo a não perceber porque é que os adversários chegam quase sempre primeiro à bola que nós e trocam a bola ao primeiro toque e nós precisamos de qualquer tipo de influência divina para chegar a esse ponto. Gostava de falar com os rapazes que estão no balneário para saber se já viram aquele número 25 que joga com as mesmas cores que eles e se percebem porque é que ele é dos poucos que o pessoal aplaude. O árbitro? Não falo de arbitragens.” E não falava. Isso é que eu gostava de ver. Perdi a esperança.

(-) Mossoró. Um anão nojento que merece tudo de mal que lhe possa acontecer em campo. É a representação de tudo o que um jogador brasileiro traz consigo, desde o excelente na finta, no drible e na visão de jogo, somados à ridícula propensão para a simulação e para a fiteirice interminável. Gostava de o ver a ser bitch-slapped por algum central maldoso. Um Materazzi bêbado, por exemplo. Batia palmas de pé, palavra.


Perdemos, perdemos bem e perderemos sempre enquanto não conseguirmos impôr o nosso estilo. E esse estilo e o autor do estilo estão por um fio, especialmente depois deste jogo. É que a malta até tolera perder a Taça da Liga. Mas não na final. Muito menos contra o Braga. Lamento, mas a vida é mesmo assim, Vitor.

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