Como ganhar ao Barcelona? (I)

Há qualquer frase sobre o Rossio e um beco lá perto, que o povo usa para metaforizar uma grande dificuldade. Esta sexta-feira, contra o Barcelona, adequa-se qualquer tipo de comparação que espelhe a tarefa que está pela nossa frente. Depois de alguma pesquisa sobre os adversários que conseguiram vencer o Barça, somei a minha própria opinião e compilei um pequeno guia em duas partes para quem quiser ganhar aqueles gajos. Não é garantia de sucesso, mas pode ser uma ajuda. Aqui vai a parte I:

  • Criar uma estrutura compacta em campo

Tivemos de construir a nossa estrutura de uma forma curta e estreita para lhes dificultar a tarefa de encontrar jogadores entre as linhas.
Quique Flores, treinador do Atlético Madrid
Atlético Madrid 2-1 Barcelona, 14/Fevereiro/2010

A estratégia primária é a de fechar a equipa no terreno. A zona entre o meio-campo da área tem de ser compacta como uma centúria romana em formação de tartaruga, deslizando o suficiente para cortar as linhas de passe e impedir que a bola chegue aos pontos mais avançados do campo. “Float like a butterfly, sting like a bee”, dizia Cassius Clay. É isso que temos de fazer, com menos ênfase na metáfora entomológica e mais na tradução dessa frase para o relvado: quando estivermos a defender, não pode passar nada. A teoria é a mesma, por muito que nos custe a todos assumir o papel do underdog, que a grande maioria das equipas que aparecem no Dragão para sacar um pontinho. Duas linhas defensivas, uma mais próxima da área e a outra aí uns 15/20 metros mais à frente, que funcionam como um harmónico, subindo e descendo à medida que o jogo vai fluindo. E depois…é aguentar, com paciência, com MUITA paciência, basculando a formação à medida que vai sendo necessário, com a linha mais subida a procurar a bola e a pressionar o que a tem, ao passo que a mais recuada tem de estar muito atenta às movimentações de Villa e Pedro pelas alas.

  • Limitar subidas de Busquets ou Piqué

A nossa ideia principal foi a de pressionar os defesas deles e não permitir que trouxessem a bola de trás para a frente.
Manolo Jiménez, treinador do Sevilha
Barcelona 1-2 Sevilha, 5/Janeiro/2010

É uma das armas mais fortes que o Barcelona usa quando não sabe mais o que há-de fazer para furar uma defesa bem organizada. Piqué ou Busquets pegam na bola vindos de trás e zarpam por ali fora como uma carga de cavalaria mongol, destroçam os médios criativos e agitam os defensivos. Não se podem permitir esses avanços sob risco de fazer desmoronar a solidez da equipa. E levar uma carrada de amarelos.

  • Tentar remates de longe

Xavi e Iniesta, peças-chave na equipa, raramente descaem para perto da sua própria área. Este estilo de jogo no meio-campo abre espaços para remates de meia-distância.
Kurban Berdyev, treinador do Rubin Kazan
Rubin Kazan 2-1 Barcelona, 20/Outubro/2009

Não será propriamente a nossa maior arma de ataque, mas é inegável que temos (pelo menos) dois bons rematadores: Hulk e Guarín. Associados à capacidade recuperadora de Moutinho e que lhes pode colocar bolas em boas situações, ambos jogam em zonas que lhes permitirá aproveitar espaços perdidos, particularmente em contra-ataques, porque com a passada larga de Guarín e a velocidade de Hulk podemos criar uma ranhura onde pode sair um “prego” daqueles que de vez em quando correm bem…e a bola pode ir lá para dentro. Há que tentar, pelo menos.

  • Aproveitar espaço deixado pelas subidas dos laterais

Os laterais deles, Dani Alves e Eric Abidal, tendem a jogar subidos e ao longo da linha e deixam algum espaço no centro.
Kurban Berdyev, treinador do Rubin Kazan
Rubin Kazan 2-1 Barcelona, 20/Outubro/2009

Dani Alves e Abidal, ou qualquer um que jogue nas mesmas posições nas laterais, gostam mais de subir que um elevador bem-disposto. A tarefa mais difícil deste encontro, especialmente tendo em conta as características dos nossos rapazes que jogam directamente à frente deles (Hulk e Varela, previsivelmente), não são os melhores defesas do mundo. Até se podem esforçar, mas a maior parte das vezes não tapam a linha como deviam. O médio-defensivo não vai estar lá para os ajudar porque tem de se ver com Messi, Xavi e Iniesta, por isso os dois rapazes que estão em frente às setas das alas…tem de fazer o jogo da vida deles.

 

Amanhã segue a parte II, para não encherem muito a cabeça com tácticas e estratégias.

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