Afinal o Real Madrid tem dois canais de televisão

Quem viu o grande jogaço de hoje pela SportTV deve ter ficado surpreendido. Eu também estive nessa onda durante alguns minutos porque pensei sinceramente que o Real Madrid tinha vencido não só a partida como também a eliminatória, tal era a euforia que a dupla Lobo/Prates partilhava com os espectadores.

O Real Madrid está convertido na primeira equipa estrangeira a ser mais apoiada por toda a imprensa portuguesa que uma das maiores equipas de Portugal.

Nem quero imaginar a histeria se forem campeões.

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A média dos media é uma merda

Gosto de pensar que ainda sou de um tempo em que a diversidade é cultivada e estimulada. Em que um fotógrafo pode andar de pijama todo o dia ao lado de um músico com um fato de veludo ou um bombeiro de t-shirt.

Expresso – Barcelona vence e marca encontro com Real Madrid nos ‘quartos’ da Taça do Rei

RTP – FC Barcelona marca encontro com Real Madrid nas “meias”

Sapo – FC Barcelona marca encontro com Real Madrid nas “meias”

E ao ler estas três versões da mesma notícia, vejo toda essa utopia sociológica a cair a pique. A fonte (Lusa) é a mesma. Repare-se nos textos que são publicados sensivelmente à mesma hora pelo que se presume sejam três pessoas diferentes, sendo que o mais provável é ser o mesmo programa de computador que recebe o newsfeed da Lusa e formata a notícia segundo padrões pré-determinados para se adaptar ao critério estetico-jornalístico da companhia que o está a executar e publica a mesma notícia com um cheiro ligeiramente diferente. De salientar também o enorme faux-pas da RTP e do Sapo que colocam El Clásico…nas meias, onde o Expresso já corrige para os “quartos”.

Ainda assim, questiono-me sobre a utilidade de ler três fontes diferentes de notícias quando a informação está triplicada sem um mínimo cunho pessoal, replicada por entre páginas anonimizadas, pseudo-jornalistas desportivos em instituições de informação generalista e falhas sem justificação para um profissional. Ao menos deixem o desporto para quem vive o desporto.

Já não há jornalistas, gente, há autómatos.

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Porque estes momentos merecem uma homenagem

Esta camisola foi usada pelos jogadores do Real Madrid antes do início do jogo frente ao Osasuna este Domingo, como homenagem a Cassano, ex-jogador do clube, que está agora a recuperar de uma intervenção cirúrgica ao coração.

Quem me conhece sabe que não sou fã do Real Madrid, por vários motivos. O autismo do modus vivendi do clube, o enjoativo estrelato, o chamamento centralista do passado feito presente e a excessiva atenção dada pelos media portugueses a uma equipa estrangeira recheada de malta que podendo defecar nos interesses nacionais, assim o faria (portugueses aparte, talvez), todos estes são motivos para me fazer desgostar do clube e da sua identidade. Ainda assim, quando uma simples ideia pode ser tão forte e tão apelativa ao sentimento cru da compaixão entre seres humanos a atravessar fases difíceis, há que louvar a atitude. Parabéns, moços. Para a semana voltamos às hostilidades.

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Literature Manager

A extraordinária notícia sobre o facto do treinador do Bétis ser romancista nas horas vagas deixou-me a pensar. Apesar de não estar ao alcance de todos os treinadores que já passaram pelo FC Porto, seja por deficitário domínio do Português falado e escrito ou simplesmente por falta de interesse, fica uma sugestão de alguns livros que podiam perfeitamente ter saído da pena de muito técnico e ex-técnico portista, baseados nas suas próprias experiências:

 

José Maria Pedroto
Foundation (Isaac Asimov)
Hari Seldon é um visionário que consegue prever o futuro tendo em conta padrões de comportamento do passado do ser humano. O sábio Seldon é um homem que aparece numa altura decadente e consegue lançar a Humanidade num caminho vitorioso para evitar o fracasso que levaria à extinção após quinhentos anos, arrastando consigo uma legião de seguidores e de futuros líderes da raça humana, deixando-lhes ensinamentos que os irá guiar na demanda da melhoria constante dos métodos através dos quais o Homem pode ser verdadeiramente resiliente. Seldon, exilado quando os poderes vigentes percebem o seu génio e imenso talento, consegue transformar a forma das pessoas pensarem e viverem depois do degredo forçado e do glorioso regresso.

Sir Bobby Robson
Dune (Frank Herbert)
O Duque Leto Atreides transmite os seus ensinamentos ao filho Paul, para que ele um dia num futuro próximo seja digno de controlar os destinos da sua nobre Casa. A nobreza do Duque, aliada aos anos de conhecimento adquirido, sabedoria empírica e grandes conquistas, leva a que seja venerado e adorado entre os seus pares e temido pelos seus inimigos. É conhecida a capacidade de impôr a ordem pela justiça e pelo julgamento correcto e punição adequada daqueles que não seguem as normas estabelecidas pelo regente e todas estas lições são passadas para o seu jovem rebento que avidamente aprende com o pai para lhe suceder com dignidade e firmeza.

José Mourinho
Dune Messiah (Frank Herbert)
Após a subida de Paul Atreides ao poder, a arrogância provocada pela sua quase omnisciência transforma o reinado num império teocrático e acaba por tomar controlo da sua personalidade, levando-o a assumir-se como líder incontestável perante os seus pares, apesar de perder contacto com a realidade do povo que governa com mão de aço. Acaba com Paul, o Messias dos Fremen, a ser contestado pelo próprio povo que salvou e alvo de diversas conspirações para o retirar do poder recorrendo a várias tentativas de assassinato tanto a ele como aos seus filhos, uma das quais acaba por cegá-lo e fazê-lo fugir da sua tribo numa caminhada solitária para a morte no deserto profundo (algo que desejo aconteça ao Real Madrid – preferencialmente sem ele ao leme, entenda-se).

Luigi Del Neri
O Poço e o Pêndulo (Edgar Allan Poe)
Um homem vê-se amarrado numa tábua depois de ser julgado pela Inquisição Espanhola e enquanto está de barriga para cima a olhar para o tecto da sua cela, é exposto a um pêndulo em forma de foice com uma enorme lâmina que vai gradualmente baixando até chegar perto do homem, que percebe estar a ser torturado e eventualmente assassinado. O terror causado pela visualização da viagem lateral do pêndulo associada à incapacidade do homem se conseguir soltar leva a que o homem conceba a vida e a morte de uma forma diferente do que até aí tinha vindo a fazer.

Co Adriaanse
Storm of Steel (Ernst Jünger)
Uma história narrada na primeira pessoa pelo comandante das companhias de soldados alemães na Primeira Guerra Mundial, revelando a fibra e a agressividade ofensiva das tropas do Kaiser no calor da batalha nas trincheiras. Jünger, o líder das então recém-formadas “Stoßtruppführers” (tropas de choque), relata as histórias do seu batalhão em ondas de ataque constante, na tentativa persistente de ganhar terreno ao inimigo, infligindo o maior número de vítimas e destruição generalizada, muitas vezes com completa insensibilidade para com a própria vida, quebrando as linhas inimigas e fazendo do ataque a melhor defesa.

André Villas-Boas
Children of Dune (Frank Herbert)
No final da primeira série de três livros da obra de Frank Herbert surge Leto Atreides II, filho de Paul e neto de Leto, para conquistar definitivamente a galáxia através da guerra contra os infiéis e da assunção de um regime de devoção, quebrado por sua própria vontade numa altura em que poucos poderiam prever que tal pudesse acontecer. O povo, que o adorava quando surgiu no seu horizonte desolado pela queda do anterior líder, acaba por se virar contra ele aquando da sua morte e a imagem de Leto é banida das mentes da turba e é colocado no panteão reservado para os grandes traidores da Humanidade (a única incongruência é que Villas-Boas durou um ano no FC Porto, ao passo que Leto…quatro mil, no livro. Pouca coisa.).

 

Mais algumas ideias? Ajudem-me, oh letrados!

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Como ganhar ao Barcelona? (II)


Segunda parte do manual táctico para conseguir ganhar ao Barcelona. Acaba aqui porque a terceira parte vai ser dada por Vítor Pereira na 6ª feira à noite, em pleno Estádio Louis II no Mónaco. Foi aqui que leram pela primeira vez, lembrem-se disso!

  • Esquecer marcações individuais e só pressionar a zona

Marcar Messi homem-a-génio não é fácil, para não dizer possível. Com aqueles passos rápidos e pequeninos, correrias loucas, drible curto e controlo de bola perfeito, ou se traz de volta o Paulinho Santos com um jarro de esteróides ou a tarefa está ao nível de um bom cruzamento do Folha: não é impossível, mas é incrivelmente difícil. Ainda por cima não vejo nenhum jogador no nosso plantel com as características para marcar Messi em cima (o Castro era capaz de o fazer, tinha pulmão para isso…mas talvez fosse rapidamente expulso, é melhor não arriscar). O mesmo funciona com as marcações a Xavi ou Iniesta, pelo que temos de esquecer qualquer tipo de marcação ao homem. A zona criada tem de ser pressionante ao ponto de os obrigar a recuar com a bola para os centrais e impedir o overlap dos laterais.

  • Dar o litro

Fomos muito compactos e lutámos por cada metro, demos tudo. Fomos aquilo que tínhamos combinado antes do jogo.
Wesley Sneijder
Vitória pelo Inter na Champions’ League em duas mãos, Abril de 2010

Pois é, custa. Ainda por cima em início de época, quando os joelhos ainda rangem, os gémeos puxam e o pulmão ainda não aguenta tudo. Mas é a única hipótese. Relaxar frente a uma equipa como o Barcelona é a morte do proverbial artista, porque se há um grupo de jogadores peritos em encontrar espaços nas paliçadas adversárias, são estes que vamos encontrar na sexta-feira à noite. E é um estupor duma vergonha perder o jogo porque não estavam com vontade de jogar à bola. Se perdermos, que seja pela diferença de talento que é inegável, mas nunca por falta de empenho. Mas não vamos perder, pois não? Não!

  • Controlar o ritmo de jogo

É conhecida a capacidade fantástica do Barcelona para controlar a dinâmica do jogo através da posse de bola. Basta olhar para as estatísticas e observar os passes laterais e os já famosos triângulos a meio-campo e perceber que essa estratégia faz com que os jogadores adversários passem o jogo todo atrás da bola quase sem a ver ao perto, o que enerva qualquer equipa. É natural que a bola terá de ser mantida durante tanto tempo quanto possível por forma a impedir que o Barcelona fique com ela, porque a partir daí torna-se muito mais complicado gerir o jogo. Enquanto tiverem a bola, é muito difícil jogar porque a atitude se torna reactiva e raramente criativa.

  • Segurar as emoções

Os catalães não têm problema nenhum em exagerar na reacção ao contacto físico e a jogar como putos com o pai a ver. Fazem muita fita, provocam o adversário, agem como se uma entrada banalíssima fosse um ataque com ICBMs e pressionam mais o árbitro que o Fernando Couto fez ao José Pratas. Jogadores como Dani Alves e Villa são peritos nesta arte e conhecendo os nossos meninos, já sei que é muito provável que se deixem cair na esparrela e isso não pode acontecer.

  • Rezar ao Deus da Latrina para dar uma enorme diarreia aos jogadores do Barcelona na sexta-feira de manhã

Já tentaram? Eu ainda não por isso não sei se funciona. Dava muito jeito e tenho fé no fulano.

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