Baías e Baronis – Sevilha 4 vs 1 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Pum. Pum. Pum. Pum. Quando me levantei, logo a seguir ao apito final, havia algo que me incomodava, causando desconforto quase físico. Fechando os olhos, imaginei que quatro bacamartes sevilhanos se encontravam a expandir o meu esfíncter até ao ponto de ruptura, sem que me tivesse apercebido de como raio lá tinham chegado. E regressei a um tempo não muito distante, aqui há uns simples meses atrás, em que via o FC Porto a defender como se estivesse no recreio da escola, a correr atrás da bola sem um semblante mínimo de organização, temendo o pior e vendo-o a acontecer à sua frente, não conseguindo fazer nada para o evitar. Hoje, em Sevilha, fomos exactamente o que temos vindo a ser durante quase toda a época. Ineficazes no ataque, amadores na defesa. E caímos com estrondo e com a equipa caiu também o poucochinho resto da moral de uma temporada. A notas:

(+) Quaresma. Perdeu muitas bolas, falhou muitos cruzamentos e não conseguiu ser decisivo. Conseguiu fazer com que o atrasado do Coke fosse expulso e marcou um golo estupendo que já não serviu para absolutamente nada a não ser para entrar na compilação de golos do ano da segunda prova de clubes a nível europeu. Mas foi dos poucos que tentou, ao seu estilo, sempre a olhar para o que *ele* podia fazer, com pouco jogo de equipa e sem a velocidade de outros tempos mas sempre a tentar fazer pela vida com vontade de vencer. Não foi genial, longe disso, mas foi lutador.

(-) Os laterais. Já disse várias vezes que “este foi o pior jogo de Danilo/Alex Sandro”. Hoje é só mais um jogo que trouxe mais um saco cheio a somar à quantidade de imbecilidades que estes dois rapazes têm vindo a fazer este ano. E se Danilo tem estado menos mal durante a época (mal, mas não tão mal como no ano passado), Alex Sandro é o poster-child da idiotice competitiva, perdendo bolas absurdas em zonas proibidíssimas, causando problemas irresolúveis aos colegas, dificultando (sim, DIFICULTANDO) o trabalho do guarda-redes e fazendo uma exibição, mais uma vez, a roçar o absurdo. Danilo, com o permanente pessimismo que o afecta desde que cá chegou, nunca pareceu concentrado no jogo e abriu o jogo com um penalty depois de um carrinho exagerado em plena pequena área. São jogadores de top, dizem-me. Não se têm mostrado como tal.

(-) A fraquíssima mentalidade competitiva. Sevilha, essa cidade de tantas alegrias no passado, escorregou hoje do panteão para um terreno lamacento onde o nosso espírito hoje permanece, afundado depois de uma exibição que teve tanto de fraca como de, lamento dizê-lo, esperada. Dizer que a equipa que venceu o Nápoles é quase a mesma que hoje se apresentou na Andaluzia é uma idiotice como tantas outras, pelo simples facto destes rapazes não conseguirem manter um jogo coerente. Tremem, os pobres, com os infortúnios. Acham que conseguem fazer exibições sofríveis e continuar a brilhar no meio dos outros que outrora envergaram a mesma camisola e mostraram ao Mundo o que é que um clube de uma pequena região de um pequeno país consegue fazer se tiver mentalidade para isso. E hoje, ao ver a lentidão de Herrera na execução, a ausência quase total de Varela e Carlos Eduardo, a incapacidade de Defour em lidar com um meio-campo que nem estava assim tão densamente povoado (já não parecia tão mal ter jogado o Mikel, pois não?), o desânimo de Danilo ou a atitude estúpida e arrogante de Alex Sandro, ou até o desnorte de Mangala e de Reyes, o pouco sentido prático de Kelvin (não terás culpa de jogar tão pouco, mas por favor pára de fintar a bola. essa merda só enerva, acredita) ou o invulgar apagão de Ghilas, tive a perfeita sensação que a época acabou. Temo os jogos contra o Benfica porque a honra está aí para ser defendida mas não vejo nesta malta a força moral para o conseguir. Falha-se demais e lamenta-se demais. Corre-se menos que os outros, sempre menos que os outros, perdem-se lances de ataque consecutivos e baixam-se os braços. Alinhamos com meios-campos eternamente renovados e esperamos frutos de árvores que nem sequer raízes criaram. Este grupo, este penoso e infeliz grupo de jogadores que este ano apoiámos, incentivámos e tentámos elevar a mentalidade para que fossem de novo uma equipa de vencedores, nunca o será. E não o é por culpa própria, porque perdeu jogos demais contra equipas que estão abaixo deles, sem que os preocupasse em demasia. Acabam o jogo e perdemos, ó que raio de coisa, perdemos outro jogo. Os adeptos, da parte de fora, não compreendem. Eu não compreendo. Ninguém compreende.


E agora, meus amigos? Empacotamos o resto da temporada ou vamos tentar limpar a honra nas Taças que sobram? Se tirarmos o jogo de hoje como uma amostra do que se pode fazer, é certinho que o único highlight que vamos ter até ao Verão vai ser mesmo o campeonato do Mundo…

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Sevilha

foto retirada de desporto.sapo.pt

Vencemos, mas não soube a vitória. Soube a falhanço, por muito que o resultado traga uma agridoce satisfação de não termos sofrido golos, que nem estiveram sequer perto de acontecer. Mas soube a falhanço porque depois de uma primeira parte com muita bola e um golo veio um segundo tempo onde se notaram tantos dos problemas que têm vindo a marcar esta temporada, especialmente estes últimos jogos. Faltaram pernas e seguiu-se a falta de cabeça…ou terá sido ao contrário? Não sei, sinceramente, mas acredito que as duas ausências deixaram uma tremenda incapacidade de furar contra um adversário que nos é inferior mas que conseguiu um resultado simpático à custa das nossas lacunas, físicas, tácticas e especialmente mentais. Um desperdício, foi o que foi. Vamos a notas:

(+) Defour, enquanto teve pilhas. Correr por dois cansa a dobrar, ao que parece. Foi isso que Defour fez hoje, ajudando Fernando atrás mas cobrindo o terreno que Carlos Eduardo deveria percorrer, o espaço que o brasileiro nunca ocupou foi o belga que tratou de encher. E ainda teve tempo para ser dos primeiros a pressionar os centrais e Beto, sempre em esforço mas a empurrar a equipa para a frente. Excelente remate ao poste…mais um…

(+) Reyes e Mangala. Apesar do francês ter feito uma daquelas palermices que por vezes se lembra de fazer, tentando sair com a bola controlada de uma zona impossível, ambos estiveram bem. Bacca quase não cheirou a bola e o mexicano esteve muito bem na cobertura e no posicionamento, com noção perfeita de onde estava o seu colega, ajudando a cobrir bem as subidas de Danilo e incentivando a equipa nas bolas paradas. Mangala, pelo golo e pela forma como conseguiu impôr o físico e desequilibrar no meio-campo, foi importante especialmente na primeira parte.

(-) Quaresma. Teve dois lances estupendos, um remate de primeira depois de um balão que lhe foi enviado do lado esquerdo e que deixou Beto com as mãos a arder; outro, no final do jogo, depois de (mais) um livre por si cobrado, onde aproveitou o ressalto para atirar outra bola ao poste. Mas é no resto do tempo de jogo que Quaresma não conseguiu brilhar, em grande parte por culpa própria. É verdade que somos parciais na tolerância que damos a Quaresma (quando digo “nós” refiro-me aos adeptos de estádio) mas nunca se sabe quando é que vai sair um lance genial que nos faz esquecer o resto dos minutos passados com a bola tempo demais perto dos pés, as inúmeras fintas inconsequentes e as perdas de bola quando pode passar a bola para o colega do lado mas insiste em tentar fazer tudo sozinho. Quando Quaresma está numa noite destas, em que pensa demasiado nele e menos na equipa, todos perdem, a começar por ele.

(-) Carlos Eduardo. Fez seis jogos a titular com Luís Castro, foi substituído em cinco deles, sempre por volta dos 60 minutos e sempre por sub-rendimento. E continuo a não perceber como é que um homem que joga numa posição criativa consegue passar tanto tempo alheado do jogo, sem se desmarcar para ganhar posição ou criar linhas de passe para conseguir receber a bola. Foge do jogo, esconde-se no meio dos médios adversários e quando recebe a bola raramente passa mais de dois segundos com ela nos pés, passando de imediato e fugindo outra vez para uma zona onde não a pode receber. Actualmente temos um jogador a menos em campo quando Carlos Eduardo lá está.

(-) Façam treinos técnicos, por favor. Não consigo ser mais directo que isto: este é o pior FC Porto em nível técnico dos últimos dez anos. Lula, Jankauskas, Tomás Costa e Mariano González envergonhariam alguns dos executantes do nosso plantel actual a nível do passe ou do cruzamento. É altura de alguém conseguir explicar aqueles rapazes que se aprende toda a vida e que é inadmissível falhar tantos passes e cruzar tantas vezes para a bancada ou directamente para o primeiro cornaduro que aparece na frente.

(-) A expulsão de Fernando. Ao ritmo de uma mãe com o filho dobrado nas pernas, de rabo espetado para cima: “Não. Podes. Reclamar. Com. Os. Árbitros. Dessa. Maneira!”.

(-) E com as pernas foi a cabeça. O Sevilha é uma equipa banal. There, I said it. Qualquer equipa que tenha o Daniel Carriço como titular não nos pode meter medo, por isso fiquei tão desiludido quando vi que no início da segunda parte, quando pensei que o Sevilha viria com alguma força durante dez minutos para tentar marcar um golo e recuaria depois de acalmarmos o jogo e retomarmos o domínio da partida, o FC Porto entregou a bola voluntariamente aos moços. Numa altura em que era preciso pernas, não houve. E a cabeça foi atrás das gâmbias, porque já começava a ser complicado para Danilo e Alex Sandro aguentar constantes subidas pelos flancos (e descansar um deles? ou os dois? isso é que era!) e para Quaresma e Varela ajudar a defender as laterais. O meio-campo então desfez-se com a saída de Defour, porque Quintero entrou perdido e Herrera medroso. Foi penoso ver a equipa no final do jogo, sem força nem alma, exaustos depois de um jogo que não foi tão exigente como tantos outros que já disputámos…


Não foi um 1-0 como o resultado que conseguimos frente ao Nápoles aqui há umas semanas. Será suficiente? Vamos à Andaluzia sem Fernando e sem Jackson…com Defour a trinco e Ghilas na frente, talvez? Não faço ideia. Só sei que no Domingo prefiro ver meia equipa B no Dragão para ver se alguns rapazes descansam as pernas e a cabeça…

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