Serão quatro posts consecutivos sobre o que pode ter levado à queda de produção do FC Porto desde Fevereiro. O primeiro lida com a parte física.
É triste ver o FC Porto em Março de 2013. Quando comparamos este mesmo FC Porto com o que enfrentou o PSG no Dragão em Outubro, o Marítimo (sim, este último que nos roubou dois pontos) no Dragão em Novembro, o Benfica na Luz em Janeiro ou foi a Guimarães em Fevereiro, as diferenças são tantas que é um exercício quase doloroso tentar analisar. Temos jogadores em clara baixa de forma física, com lesões a enfiarem-se pelo meio, como é normal em cada época. É? Talvez seja, talvez não, a verdade é que há jogadores que estão com dificuldades em manter níveis físicos que possibilitem que dêem o contributo em pleno à equipa.
Alguma quota das lesões que foram ocorrendo podem-se dever a razões de exagero físico. Não sou médico nem tenho grandes conhecimentos de anatomia e do sistema muscular, limito-me a dizer “ai” quando me magoo, sei que tenho uma ruptura no menisco e para lá disso não vou, nem quero. Mas se formos atrás, a Agosto de 2012, e constatarmos que o plantel foi construído com princípios de rotatividade e de multi-funcionalidade de alguns jogadores, percebemos que há algumas lacunas devido a apostas exageradas num ou noutro jogador que acabam por desgastar A e sub-utilizar B. Exemplos mais evidentes destas duas apostas: Moutinho e Kelvin, respectivamente A e B no exemplo anterior. Moutinho foi utilizado non-stop em jogos consecutivos, intercalados com viagens pela selecção onde nunca antes tinha jogado tanto, com partidas em que está em campo noventa atrás de noventa minutos, com poucas paragens. A movimentação que o lugar dele obriga a introduzir no meio-campo e em toda a dinâmica ofensiva da equipa é tão evidente que todos notam quando não está presente. Cansou, estourou, a equipa rebentou. O outro rapaz é um dos exemplos de apostas em elementos de rotação que caíram ao lado. Kelvin, tanto como Iturbe e Kleber, foram apostas que nunca conseguiram vingar numa equipa onde chegaram a entrar por diversas vezes mas que por não conseguirem mostrar o serviço necessário, foram baixando na ordem de selecção, desaparecendo para um limbo difícil de contrariar e ainda mais difícil de habitar. Saíram da equipa (e alguns do plantel), obrigando outros a esforço mais intenso.
A profundidade do plantel não é grande. Nunca foi e a aposta seria nisso mesmo. Nem o mercado de inverno, que poderia servir para colmatar falhas no planeamento ou lesões prolongadas, nem a equipa B, que fornece um ou outro jogadores de uma forma excessivamente pontual para o plantel principal, serviram como consolo às falhas dos titulares. Danilo continua sem alternativa directa, bem como Alex Sandro, obrigando a adaptar um central em caso de emergência. Defour foi obrigado a jogar como trinco, médio-volante, médio-ponta e até como extremo nalguns jogos, para tapar ausências importantes. Castro joga a espaços e dez minutos de cada vez. Jackson continua a fazer todos os minutos porque a alternativa que está no banco para o render não parece colher o entusiasmo do treinador. Liedson já jogou pelo FC Porto? Meia-dúzia de minutos. (Kleber jogou mais, fez menos, saiu e não voltará tão cedo…) Entretanto, como o plantel é curto, aparecem as lesões. James, Moutinho, Atsu, Varela. Ah, e Maicon, Alex Sandro, Fernando e Mangala. São lesões a mais, na maioria musculares, que minam as escolhas do treinador e o obrigam a inventar soluções no meio de jogadores cansados, sem capacidade para se esticarem mais do que conseguem durante um jogo, sem pensar no próximo que vão ter de fazer entretanto. Não conseguimos aguentar o ritmo, o corpo ressente-se e os resultados são o que se vê. Uma equipa presa por arames tão finos como teias de aranha-bébé, sem força para piques, sem intensidade para duelos contra formações agressivas, de defesa subida, com pernas e força e garra superior à nossa.
O tanque esvaziou-se cedo demais por culpa de um planeamento arriscado, apostas que saíram ao lado e azares consecutivos que nunca poderiam ser debelados porque se estimou que Murphy não apareceria na pior altura para fazer o maior estrago.
Amanha: a parte técnica.
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