Ainda o Braga vs Porto

Voltando à passada sexta-feira e revisitando os eventos que se foram sucedendo no último jogo do FC Porto na Taça de Portugal “Inserir-actual-patrocinador-aqui” 2012/2013, há alguns comentários extra que gostava de deixar por escrito para memória futura. Até porque sou um gajo que é reconhecido pela sua esquecitude…esquecificidade…por ser esquecido, pronto. Uma garrafa de vinho ao jantar também ajuda a que algumas coisas fiquem sem dizer e o próprio formato dos B&Bs também me limita no tamanho do artigo para que não fique com tão extenso que ninguém o queira ler. Não sou louco, apesar de às vezes poder soar a tal. Assim sendo, ficam então alguns tópicos para conversa de café:

  1. Miguel Lopes fez um jogo mau. Muito mau. Saiu depois de Olegário lhe ter poupado o segundo amarelo em mais uma das entradas fora de tempo e de oportunidade. Demasiada deambulação pela zona central sem cobertura do flanco, um pouco como Danilo mas sem a capacidade de recuperação do brasileiro e, ainda pior, com Abdoulaye a jogar daquele lado que não parecia conseguir evitar que Mossoró e Ismaily por lá aparecessem sem problemas para furar pelo flanco direito da nossa defesa. É este tipo de jogos que me fazem pensar que Danilo, apesar de ainda não me ter convencido naquela posição, continua a ser a principal opção. Miguel Lopes não me dá confiança.
  2. É muito bonito ver James a jogar pelo centro. Muito bonito sim senhor, porque o rapaz percebe da poda e dá gosto vê-lo a controlar o espaço, a jogar de olhos levantados a processar linhas de passe na sua cabeça como o Terminator atrás da Sarah Connor. E é muito o que James pode fazer quando tem cobertura adequada para evitar contra-ataques, habitualmente dada por Moutinho e Lucho com Fernando mais atrás, com um meio-campo bem oleado e que funciona na perfeição…mas quando o centro do terreno está ocupado por homens menos habituados às movimentações de James, seja pela frente dele com Kleber movimentando-se sempre na direcção errada, Castro a ser obrigado a tapar as subidas de Miguel Lopes e Defour a ter de ir a todo o lado para apoiar Atsu que não conseguia atacar e Mangala que não sabe atacar, aí James não rende o que pode e deve render e o resultado é óbvio: perde-se harmonia, perde-se estrutura e perde-se James.
  3. Há apenas uma decisão de Vitor Pereira que pode ser questionada: a opção pela rotação do plantel neste jogo tendo em perspectiva o jogo de Paris. As outras alarvidades de que se vai falando por esse planeta fora não passam do tradicional jogo da piñata azul-e-branca com o treinador a funcionar como o burro que leva com a vareta na cornadura. E vou fazer papel de advogado…do dragão.
    1. “Porque não meteu logo Moutinho mal Castro foi expulso?” Castro foi expulso aos 72 minutos e a equipa ficou, obviamente, com dez jogadores. Sabendo que havia ainda cerca de vinte minutos para jogar e apenas restava uma substituição, também eu teria esperado um bocadinho para tentar perceber se a equipa aguentava. E se Danilo não tivesse tido aquela paragem cerebral e o mais provável é que tinha mesmo aguentado. Quando VP tomou a decisão de o fazer entrar, o Braga marcou o segundo. Moutinho já estava à espera para receber ordem de entrada pelo quarto árbitro…
    2. “Como é que o Kleber ainda joga?” Muito provavelmente porque ainda há alguma esperança que o rapaz consiga ter um mínimo de rendimento que justifique o investimento, o litígio, as declarações, o mal-estar institucional e a chuva de facas (pouco faltou) que decorreram do facto de termos Kleber actualmente no plantel. E o rapaz lá vai marcando um golo de vez em quando e deve correr muito nos treinos…e vai iludindo treinadores e adeptos que ainda lhe depositam confiança. Se continuar assim, acho que este jogo terá sido um dos últimos que Kleber jogou pelo FC Porto, francamente.
    3. “Se fez esta rotação, não espero menos que uma vitória em Paris!” Esta é que me deixa de queixos caídos. Ora então o facto de apresentarmos a melhor equipa possível contra o Paris Saint-Germain, uma equipa que vencemos com um golo aos oitenta e muitos minutos depois de um jogo bem disputado e equilibrado, é factor necessário e suficiente para vencer o jogo contra a mesma equipa no campo deles? Há coisas que nunca vou conseguir perceber na lógica de muita gente que encara o futebol com uma espécie de linearidade absoluta, onde A implica B e Y nunca pode ser resultado de X quando K for igual a oito. É ridículo pensar assim e se quiserem exigir alguma coisa, façam-no no sentido certo: os jogadores têm de mostrar vontade de ganhar ou, no mínimo, de terminar em primeiro no grupo, que passa por um empate. Se querem mais que isso peguem no FIFA ou no PES e baixem o nível de dificuldade para “Jogar como se fosse americano”. Aí talvez vejam uma razão causa-efeito mais evidente.
  4. A primeira equipa do Braga jogou contra uma equipa do FC Porto mais remendada que um telhado de umas águas-furtadas berlinenses em Maio de 1945. E só conseguiu criar meia-dúzia de lances de perigo depois de ficarmos a jogar com dez e alguma desorganização se ter instalado na nossa estrutura. E quase que ganhávamos o jogo. Só espero que se Vitor Pereira tirar alguma conclusão do jogo de hoje, que seja esta: podemos alterar algumas peças na equipa sem perder coesão. Mas quase todas ao mesmo tempo…as segundas-linhas não dão garantias para aguentar noventa minutos contra uma equipa jeitosa.
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