“Mesmo com James a jogar na linha, é frequente vermos o colombiano a vir atrás recolher a bola, criando jogadas ofensivas através da rotação para o flanco oposto, por combinações com Lucho e/ou Moutinho, integrando-se na manobra imaginativa da equipa e transfigurando em grande parte o jogo que é por si movimentado e dinamizado.
Tudo muito bem. Mas, e há sempre um “mas”, o que vai acontecer quando as coisas correrem mal? Assim mal, mesmo mal? Quando não sair um passe em condições porque ficam muito curtos ou longos demais, ou quando o relvado fôr difícil de combater ou o adversário rijo demais para contornar ou ultrapassar? Quando passar um jogo inteiro a procurar espaços na armadura contrária sem os descobrir? Quando o ponta-de-lança disser alhos quando o prato do dia eram bugalhos?
James vai sofrer, garanto. Vai carregar aos ombros o peso que Deco, Hagi, Laudrup, Sócrates, Rui Costa, Zidane e tantos outros tiveram de carregar. A desventura de uma noite em que nada parece fazer o “click” certo para a exibição ser positiva. Aqueles jogos em que por muito talento que o rapaz tenha nos pés e na cabeça (e tem, é certo), por muito esforço que coloque em campo, nenhum pontapé vai ser produtivo, nenhum lance vai ter bom resultado, nenhuma tentativa vai ser bem sucedida. E sei, porque a experiência já mo mostrou muitas vezes em muitos jogos, nem sempre o artista encontra compreensão por parte do público que exige dele o que já viu um dia a fazer, noutro tempo ou noutro local.”
Recupero o texto deste post de Outubro de 2012 (podem ler na íntegra aqui) porque é tão actual que me incomoda. Escrevi sobre James na altura, mas podia aplicar a Lucho, Varela ou Danilo, porque eles e tantos outros já sofreram na pele o que é um jogo em que nada parece resultar, as ideias desaparecem, a mente inclina-se para o desespero, a ansiedade agarra as nossas emoções com grilhões de ferro e a moral cai no relvado.
Há que recuperar a equipa, fisica e moralmente. Faltam nove jogos, carago, nove jogos que se equivalerem a nove vitórias, o que está perfeitamente ao alcance daqueles rapazes, nos podem dar o campeonato.
Nove jogos, meus amigos. Nove jogos. Porra, NOVE jogos. Pouco mais de oitocentos minutos de futebol que tem de ser eficiente, prático, bom. Gasto mais tempo que isso no trânsito durante uma semana de trabalho e custa-me muito mais.