Um rápido olhar sobre a entrevista do NGP


Continuo a chamar-lhe NGP, independentemente do que diga ou pense e das atitudes que tome. A não ser que se lembre de começar a correr nu pelo relvado do Dragão com uma bandeira monárquica nos braços a gritar: “Talassas, apoiemos o Rei!” enquanto enfia pacotes atrás de pacotes de peta-zetas pelo nariz acima, continuará a ser uma figura que merece o nosso respeito e a nossa veneração. Com isto não digo que é impossível contestar o que diz ou pensa, pelo contrário, mas a crítica vil que merece de tantos sectores da imprensa e dos honrosos oponentes que foi criando ao longo dos mais de trinta anos à frente do nosso clube deve ser contraposta por uma análise fria às suas palavras e aos seus actos. Introdução feita, adiante.

Não gostei da entrevista. Ouvi-a depois de ler alguns excertos e continuei a não gostar. Ninguém estava à espera que Pinto da Costa viesse a público criticar o treinador e as suas opções, arrasar as falhas defensivas que nos fizeram perder pelo menos sete pontos desnecessários no campeonato e nos custou a eliminação da Champions, questionar a validade das tácticas ou o esforço dos jogadores. Não é assim que se gere um clube de futebol e quem estava a salivar por um desancamento público mais vale começar a pensar um bocadinho antes de falar. Era mais que óbvio que viria a público defender o treinador e atirar com a culpa para terceiros. Os árbitros, sempre os árbitros, esse bode tão fácil de expiar e tão usado por todos que vêem a sua tarefa dificultada por si ou pelos outros. Faltou-lhe a assunção de algumas falhas, a percepção da forma menos exuberante de alguns jogadores e algum mea culpa por negócios que talvez não terão sido os mais acertados. Nunca teríamos nada disso porque Pinto da Costa não falha, pelo menos em público. Em privado, muito provavelmente já terá chegado com a roupa ao pêlo do Fonseca e se não o despediu é porque, segundo um dos meus colegas de Porta, “quer ver se está mais perto que nunca de pôr um bidão a treinador e ser campeão na mesma”.

Metáforas hiperbólicas aparte, até acredito.

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Hindsight

Jorge: como sempre, quando as coisas correm mal há logo críticas a todos…treinador, jogadores, empresários, Antero, NGP…
Amigo do Jorge: fdx o que está mal até um leigo como eu viu logo
Amigo do Jorge: sem extremos de raiz
Jorge: hindsight is 20/20
Amigo do Jorge: estavam à espera de q? más decisões desportivas, falta saber em benefício de q?
Amigo do Jorge: não me digam que há falta de bons extremos por aí, dás um chuto numa pedra e aparecem 10
Jorge: nao houve interesse em contratá-los
Jorge: sabes se por culpa do treinador ou da direccao?
Amigo do Jorge: oh Jorge…da direcção, claro
Jorge: nao conseguiam meter dinheiro ao bolso? achas? nao faço ideia, nao opino sobre teorias
Amigo do Jorge: tá mal
Jorge: nao sei se está mal, mas só assim é que funciono
Amigo do Jorge: se vamos opinar sobre factos consumados, vais opinar sobre quê? sobre o leite derramado?
Amigo do Jorge: tudo que é empresa e demora a reagir às adversidades morre
Jorge: nao falo de reagir a adversidades, falo de decisões tomadas em determinadas alturas que por vezes correm melhor que outras
Jorge: nem sempre se acerta
Amigo do Jorge: sinceramente, há quantos anos não temos uma pre-época bem planeada?
Amigo do Jorge: vendemos o Moutinho e o James no fim de época, tivemos mais que tempo para encontrar soluções
Jorge: correcto
Amigo do Jorge: isto não é do treinador
Jorge: por isso é que te digo que se calhar as soluções nao passam só pela escolha de A ou B por parte da direccao
Amigo do Jorge: isto é da direcção
Jorge: nao sei a que nível o treinador está envolvido. presumo que pouco tendo em conta que acabou de chegar
Amigo do Jorge: depois do Ismaylov e Liedson em Janeiro, sabes bem que o treinador manda bolha
Jorge: o anterior sim, este nao faço ideia
Jorge: mas sim, dá ideia de alguma autocracia…talvez para se defenderem de Mourinhos
Amigo do Jorge: bollocks
Jorge: again, perhaps
Jorge: o nosso modelo é que pode estar em declínio, especialmente quando aparecem outros com o mesmo tipo de scouting que nos pincham os gajos mal a imprensa começa a perceber quem são os alvos e aí sim, podemos dizer que estamos a ser parvinhos mas também por isso tem havido um maior investimento nos putos
Amigo do Jorge: descreve investimento nos putos…
Jorge: o caballero, mais os belgas, o sérvio… alguns portugueses que vão sendo escolhidos com algum critério
Jorge: o modelo está a esgotar, temos de olhar para dentro e acho que eles já perceberam isso. com números, não conjecturas. e se a equipa principal nao está a corresponder, também corresponde a uma falha do treinador
Amigo do Jorge: desculpa, mas olhar para dentro é contratar sérvios, mexicanos e franceses?
Jorge: olhar para dentro quer dizer formação
Amigo do Jorge: tretas
Jorge: quero lá saber de que nacionalidade são
Amigo do Jorge: bull bull bull
Jorge: podem ser da antártida
Amigo do Jorge: mais parece que a equipa A serve a B do que ao contrário
Jorge: not quite, mas é disso que falo
Amigo do Jorge: quantos jogadores da B tiveram oportunidades na A?
Jorge: porra…mas é disso que falo!
Amigo do Jorge: a B serve para quem não joga na A ir rodando
Jorge: quem toma as decisoes acerca de quem joga ou nao?
Jorge: quem é que faz as convocatórias?
Jorge: vais culpar o Antero pelo Ghilas entrar aos 88 minutos? ou o Kelvin nao ser chamado?
Amigo do Jorge: não, claro que não
Jorge: a culpa das más exibições, não me fodam, é do treinador
Jorge: podíamos perder os jogos na mesma, mas via-se luta
Amigo do Jorge: mas quem é que contratou esta next best thing? analisaram a filosofia de jogo dele? viram se se adaptava ao modo como uma equipa grande tem de jogar?
Jorge: aí é outra coisa…a culpa é do primeiro-ministro quando um psp dá um tiro noutro gajo…
Jorge: talvez tenham pensado que se adaptava melhor…é como te digo, hindsight
Amigo do Jorge: não, há 2 ou 3 gajos que gostam é de putase as coisas correm bem
Jorge: estás a ser redutor
Amigo do Jorge: 4 ou 5?
Jorge: é mais um problema, é assumir sempre que esta merda se trata de um ou dois gajos que gostam de putas
Jorge: por muito que haja negociatas, dinheiro metido a bolsos estranhos…a verdade é que há decisões para tomar e nenhuma delas é tomada com leveza de espírito…pelo menos nao acredito nisso
Amigo do Jorge: fdx não há leveza de espírito há incompetência então
Amigo do Jorge: either way, they lose
Jorge: como é que há incompetência quando perdemos o segundo jogo para o campeonato em quatro anos?! não entendo isso. é mas é um bom padrão do nosso grau de exigência
Amigo do Jorge: dude…5 jogos sem ganhar
Jorge: perdemos um jogo para o campeonato, seguido de várias paupérrimas exibições
Jorge: nao questiono
Amigo do Jorge: esquece os 10 anos passados, o que interessa é o agora
Jorge: aham…
Jorge: yeah yeah
Amigo do Jorge: se não corriges agora poderás perder no futuro. tens de ser proactivo e não conhó.
Jorge: de acordo mas já começa a opinião de terra queimada a botar sal em tudo que vê
Amigo do Jorge: não…
Jorge: a começar pelos atrasados que vão atirar tochas ao autocarro, seguindo pelos cafés onde, como de costume: “este treinador nao percebe nada disto” e “a direcção é incompetente”
Amigo do Jorge: oh fdx, tá bem, eu estava lá e atirei três calhaus, infelizmente a minha pontaria não é grande coisa…o gajo do corsa é que não vai ficar muito contente ;)
Amigo do Jorge: somos portistas. somos exigentes. não é preciso ganhar sempre
Amigo do Jorge: mas caralho, é preciso tentar ganhar sempre
Jorge: é preciso luta e garra e força e agressividade
Jorge: e a falta delas é culpa…de quem?
Jorge: tell me…tell me now…shout it up to the sky!
Amigo do Jorge: um zombie no banco com uma equipa a cagar a posta em campo e uma direcção que dá palmadinhas nas costas ao treinador
Amigo do Jorge: uau
Jorge: dá-se palmadinhas até ao ponto em que se pára de dar
Amigo do Jorge: bem, whatevs
Jorge: ou achas que a gestão do FCP é o que é por demitir treinadores em dois meses? esta merda nao é o sporting!
Amigo do Jorge: vou mas é almoçar
Jorge: eu também

É pena que só nestas alturas se possam ter conversas mais aprofundadas sobre a bola. Mas ao menos fala-se, não se atiram pedras.

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