Ouve lá ó Mister – Nápoles

Estimado Professor,

Aqui há pouco mais de um ano, estava Vitor Pereira semi-firme no comando da ponte de controlo do Dragão, recebemos o Málaga nos oitavos de final da Champions. Fizemos um jogo muito bom, com excelente futebol, oportunidades a rodos mas alguma dificuldade em furar a defesa bem estruturada dos espanhóis. Vencemos por um magro 1-0, que nos deixou a temer o que poderia vir a acontecer na segunda mão, num estádio adverso com o apoio do público local a cascar nos lombos dos nossos muy nobres rapazes e todos receávamos que se não aguentássemos a primeira parte da partida, estaríamos a caminhar para um tenebroso túnel onde a única luz seria a de um combóio que certamente nos esfrangalharia as hipóteses de passagem à próxima eliminatória. Na altura foi Defour que deitou tudo a perder, com uma expulsão que teve tanto de parva como de inútil e que deixou a malta cabisbaixa a olhar para o resto das equipas que seguiram em frente com uma sensação de dever não-cumprido. Na altura escrevi como antevisão ao jogo: “um jogo que vai ser difícil, contra um adversário matreiro e dinâmico, que nos vai tentar fechar todas as possibilidades de avançarmos em frente na competição. (…) Temos de ser fortes, Vitor, temos de ter as lanças afiadas, as soqueiras bem carregadas e as biqueiras de aço firmes na ponta das botas. E vamos mostrar que não há Málaga que nos meta medo, porra!“.

Há muitas semelhanças entre este jogo e esse de Fevereiro de 2013 e se mudares o nome do clube naquela última frase, o sentimento é exactamente o mesmo. A diferença, este ano, é que não temos mesmo nada a perder, porque o campeonato já parece uma longínqua miragem e o resto das competições pouco mais trazem que algum prestígio em caso de vitória mas um grande nada se formos eliminados das duas Taças que ainda nos faltam disputar, ainda por cima contra o Benfica. Por isso, sem querer pressionar o grupo que o meu caro amigo agora lidera, a verdade é que as fichas estão empilhadas em cima do quadradinho que hoje tem o San Paolo em fundo e Nápoles como destino. Tem de ser um jogo de bom nível, bem acima do que fizemos em Alvalade, mas acima de tudo terá de ser um jogo em que ninguém pode inventar. Nem os avançados, nem os médios e muito menos os defesas, porque estes gajos já mostraram que com um bocadinho mais de sorte podem-nos começar a tramar a vida antes sequer de entrarmos no jogo a sério. Mandem as bolas para a bancada, rematem de longe, acertem-lhes nas pernas, mas impeçam que cheguem perto da nossa área com a força de homens que todos queremos acreditar que são. E vamos passar esta treta à frente para podermos sorrir mais um bocadinho. E estamos todos a precisar de sorrir, não acha? Eu acho que sim.

Vamos lá, malta!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Nápoles

Estimado Professor,

Está a ser uma quinzena que estou certo tao cedo não irá esquecer. A promoção, ainda que temporária, a técnico principal da primeira equipa do “seu” clube, a estreia num jogo em casa com uma vitória por quatro batatas viçosas contra um tubérculo mijão e agora vai poder debutar as suas chuteiras europeias contra uma das equipas mais fashion do velho continente. É o cabelo do Hamsik, a velocidade do Callejón, o jogo de área do Higuaín, a inteligência do Mertens, a matreirice do Pandev, a sorrateirice do Insigne e a força do Inler. É só nomes, só malta conhecida e que nos vai tentar lixar a vida ao máximo. E nós, com a sua ajuda, cá estamos para lhes fazer frente.

Já reparei que não convocou Josué nem Kelvin. Não posso dizer que esteja surpreendido, afinal quer-me parecer que a equipa-base vai ser a mesma que jogou contra o Arouca, com Mangala a voltar à raíz e Alex Sandro pela esquerda. E aprovo, mas é preciso mais. Temos sido tenrinhos nos jogos europeus e qualquer meia-equipa parece que nos encara com alguma facilidade apesar do nome que arrastamos. É que os nomes, meu caro, já não chegam para ganhar jogos, e se em campo não colocarmos o nosso melhor futebol, tenho a certeza absoluta que vamos sair do Dragão com o rabinho firme entre as perninhas e a cabeça prostrada sob o jugo de mais uma pequena grande derrota. Só lhe peço uma coisa, para lá da motivação que vai sem dúvida transmitir aos seus jogadores: não sofram golos. Por favor não sofram golos, mesmo que marquem poucos ou, que diabos, nem que não consigam marcar nenhum! Nestas andanças um zero-zero vale muito mais que um dois-dois e como já viu, este ano a equipa parece que está cheia de tremeliques quando a bola passa a linha que está atrás do Helton. Nem que seja preciso mandar a bola para a bancada de cada vez que lá chegue perto, esqueça o bonito e o estético e opte pelo prático.

Vou lá estar, como de costume, e conto consigo. Não deixe os rapazes ir abaixo da mona e convença-os que sabem muito mais do que têm mostrado. Vamos equipa!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 1 Arouca

Ninguém esperaria uma exibição fabulosa, um hino ao futebol ou uma total recuperação psico-motora do que tem vindo a ser o FC Porto versão Paulo Fonseca. A vitória é justíssima mas diria que os quatro golos podem ser exagerados pela qualidade do futebol que mostrámos desde o golo do Arouca até ao petardo do Quaresma, porque se excluirmos a inteligência e talento de Quintero, as boas corridas de Danilo e a capacidade de esforço de Defour, vi muita parvoíce, muito medo da bola e mais uma vez tremendas desconcentrações defensivas que me fazem temer pelo jogo de quinta-feira contra o Nápoles. Como dizia o Dragão Crónico enquanto saíamos do Dragão: “Saímos daqui depois de ganhar quatro a um…e não ficamos satisfeitos.” Nunca estamos satisfeitos, meu caro, e ainda bem. Vamos a notas:

(+) Defour. Merecia ter marcado um golo este louco deste belga que esteve hoje numa forma soberba, cheio de vontade de levar a equipa para a frente e de aproveitar a oportunidade que lhe foi dada. Dá uma vivacidade completamente diferente ao meio-campo quando comparado com Herrera e a forma prática com que recebe bem a bola e a endossa (normalmente) com critério na direcção do colega em melhor posição para a receber. Funciona muito bem como médio volante e continuo a preferir vê-lo nesta posição, que depende em grande parte dos seus colegas do meio-campo, porque um Fernando atrás de si dá-lhe a calma suficiente para fornecer mais bolas para os flancos ou para o médio mais criativo. Acho que teria muito a ganhar com um jogador como Quintero a titular e creio que se poderiam complementar muito bem sem haver sobreposição de movimentos, algo que acontece muitas vezes com Carlos Eduardo (mais 8 que 10). Quero vê-lo a titular em Alvalade.

(+) Quintero. Um dos meus colegas de Porta perguntava incessantemente: “Mas expliquem-me porque é que este gajo não joga?!”. E dou-lhe razão, especialmente se estiver com o sentido prático e inteligente que mostrou hoje. Revolucionou completamente o jogo e mostrou em meia-dúzia de segundos o que Carlos Eduardo falhou redondamente em quase todo o tempo que esteve em campo, com passes finos e medidos na perfeição, a jogar como um 10 puro, recuando apenas para se recolocar e para avançar pelo melhor caminho. Esteve brilhante a espaços e claramente acima da média no resto do tempo, só resta saber se conseguirá manter este ritmo quando (não “se”, mas “quando”) for chamado à titularidade.

(+) O jogo simples dos primeiros trinta minutos. Uma metáfora do majestoso reino dos computadores serve para este tópico. Sabem aquelas alturas em que um computador se começa a arrastar, seja por falta de espaço em disco ou porque se começaram a instalar tudo que é programinhas e programecos, que fazem tudo desde renomear ficheiros com gestos da córnea até rastrear o fluxo de tráfego na auto-estrada mais central de Kuala Lumpur? Nessa altura, o que é preciso na grande maioria das vezes, é apagar tudo e reinstalar o sistema. Foi o que Luís Castro fez, regressando a um meio-campo com um trinco, um volante e um criativo (à imagem do que implementou no FC Porto B), usando o lateral subido para dar apoio ao centro quando necessário, procurando também o overlap com os extremos de uma forma prática e sem inventar. Acima de tudo…sem inventar. E funcionou, pelo menos durante os primeiros trinta minutos, altura em que o FC Porto jogou simples, sem embelezar as jogadas, prático na rotação da bola, com Fernando a servir como primeiro organizador de jogo, Defour a correr para abrir espaços e conduzir a bola, Varela a trocar bem com Danilo e Jackson na área para receber. Depois do golo do Arouca nada voltou a ser como dantes, pelo menos até Quintero entrar…mas aí o jogo estava bem diferente.

(-) A dupla de centrais. Em todos os anos que vejo futebol, não me lembro de ver uma dupla de centrais tão nervosa, tão propensa a erros e tão completamente descoordenada como esta que hoje jogou. Podia ir buscar emparelhamentos antigos, imaginando Lula e Díaz nos tempos de Oliveira ou Ricardo Silva e João Manuel Pinto com Fernando Santos, talvez até Stepanov e João Paulo com Jesualdo. Mas quaisquer umas dessas duplas empalideceriam ao ver a quantidade de idiotices que Maicon e Abdoulaye hoje cometeram (não fizeram, cometeram, para soar mais criminoso) num jogo contra uma das equipas mais fracas da Liga. Passes falhados em dose industrial e uma tremenda incapacidade de jogarem com um mínimo de calma e concentração necessárias, exagerando nos lances de controlo de bola em zona recuada e com a inevitabilidade das desgraças, a começar a pontapear o esférico como loucos quando o cagaço se começou a instalar nas suas cabeçorras depois de várias ocasiões em que falharam e quase permitiram o empate ao Arouca. E se Abdoulaye já nos habituou a uma dose regular de imbecilidades, esperadas de um homem que creio não vir a ser mais que um “fringe player” na equipa, já o facto de Maicon insistir em deixar que a sua própria insegurança se faça sentir em jogo (especialmente depois das últimas duas épocas em que andou a tentar subir a pulso na estima do povo e procura ser titular absoluto na equipa), faz dele cada vez mais uma opção de risco. Já agora, o Reyes vai ficar eternamente a adaptar-se ao nosso futebol?…

(-) Carlos Eduardo. Jogo muito fraquinho do brasileiro, apesar do bom golo que marcou, com uma execução estupenda em plena área do Arouca. O golo não é tudo, como é evidente, especialmente no jogo de estreia do treinador que já o conhecia e o “trabalhou” na equipa B no início da temporada, e Carlos Eduardo não fez quase nada que melhorasse a sua imagem que está a definhar jogo após jogo perante os adeptos. Má movimentação em campo, pobres decisões no passe e excessivo alheamento nos lances ofensivos da equipa, acaba por ser quase o contrário de Ricardo Quaresma, sempre com vontade de ter a bola, esteja ou não em boas condições para a receber e para conseguir fazer alguma coisa de jeito com ela. Está a “pedir” para perder o lugar para Quintero.


O vírus Fonseca, que parece ter afectado uma grande parte dos jogadores, ainda está por aí e parece complicado virmos a fazer uma recuperação milagrosa em tempo recorde. Houve bons momentos, mas ainda há muito trabalho e a malta que aí vem na quinta-feira não é um Arouca. É um bocadinho melhor.

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O caos na entrada para o jogo contra o Eintracht, narrado na primeira pessoa

Para memória futura e como forma de tentar perceber o actual estado de desorganização e desagregação do clube com os seus adeptos que vai um bom bocado para lá da forma da sua equipa principal de futebol, fica o relato do que se passou ontem comigo na chegada ao Dragão, uma hora antes do início da partida contra o Eintracht. Narrado na primeira pessoa porque nada disto foi ouvido, contado no café ou exposto noutros blogs/sites/whatever. Aconteceu comigo.

Estacionei o carro relativamente cedo e fui tomar o café da praxe. Passavam poucos minutos das 18h30 e o estômago começava a agitar-se com a excitação do jogo (sim, eu ainda fico com nervoso miudinho antes dos jogos, seja o Eintracht Frankfurt ou o Pinheirense) e decidi parar para comer qualquer coisa a caminho. Nada de especial, rapidinho, só para enganar o bucho e tentar fugir da acumulação de um distinto escurecimento nos céus da Invicta. Espera, não são nuvens…são alemães. Vejo um casal na minha frente no McDonald’s em Fernão de Magalhães e deixo-os passar. Tinham uma altura combinada, sem exageros que eu não sou dessas coisas, aí de uns 8, 9 metros. Simpáticos, os dois, agradeceram-me em alemão enquanto entravam, vestidos da nuca aos pés em vermelho e negro e tentavam, creio, perceber quanto custava comprar dois de cada item do menu e se havia desconto para ogres bem lavadinhos. Com o papo cheio (dentro das possibilidades fastfoodianas), segui alameda abaixo em direcção à minha Porta, não percebendo o motivo dos carros parados rua abaixo, talvez para esperar o autocarro dos jogadores que se teria atrasado. Fui escutando polícias a conversar e percebi que eram os adeptos do Eintracht que pelo número fizeram com que a VCI tivesse sido fechada e o tráfego bloqueado. Estranhei mas continuei no meu caminho. Passando o “cogumelo”, prossegui pela zona norte do estádio de mãos nos bolsos e cachecol bem apertado à volta do pescoço para minimizar essas correntes de ar ali naquela zona aberta por detrás da bancada…e aparecem quatro ou cinco agentes da PSP que começam a formar um cordão e a impedir a passagem. Pergunto: “Oh chefe, é ali para a 19, já tenho de ir à volta?” e recebo a resposta: “Tem de ser, por aqui já não passa ninguém.”. OK, o que não tem remédio remediado está, como diz o pobo. Meia-volta e siga pelas portas como o sol enquanto anoitece, passando por baixo da poente (e alemães a chegar aos pares, aos grupos, às dezenas, bem dispostos, sorridentes) e seguindo pelo caminho fora enquanto ia absorvendo o ambiente de jogo europeu que me é tão querido e infelizmente tão raro.

À medida que me ia rodeando o estádio e olhava para dentro, via que a maioria das cadeiras estava vazia. Eram então 19h10 e pensei que o trânsito estaria um caos e que a malta ia demorar tempo até chegar ao seu lugar. Chegado à entrada da porta 12, sou parado mais uma vez pela polícia. Não passava ninguém. É normal, afinal há uma escadaria mesmo entre as portas 13 e 14 e como já sou veterano destas andanças, parei e esperei, pensando que a organização devia rever este processo para evitar que o pessoal ficasse impedido de circular livremente quando o número (e teor) de adeptos contrários fosse mais elevado que o normal. Passavam alemães por mim, sem saber muito bem o que se passava, parando perto de mim. Informei ainda dois ou três que podiam passar graças ao misto de nacionalidade e afeição clubística, que lhes deve ter soado como algo que seria natural para quem vai passear até um estádio diferente num país estrangeiro. Ou não, nunca saberei. A verdade é que os portistas esperavam e os frankfurtianos passavam. Tudo bem, continuei à espera que o grosso dos adeptos fossem dirigidos às centenas de cada vez para a(s) sua(s) entrada(s) enquanto consultava calmamente os resultados dos jogos que ainda decorriam, ia lendo uma ou outra notícia no telemóvel e ouvindo o helicóptero que zumbia bem alto por cima de mim. Entretanto passa o primeiro grupo de alemães a subir a escadaria…passa o segundo grupo…ainda um terceiro grupo, e não havia maneira da polícia abrir o cordão. O povo, que em cada vez maior número se ia acumulando ao meu redor, começava a ficar exaltado. Entre inúmeras piadas à troika, insultos à Ângela, críticas directas à polícia e ao clube e à cidade e à forte gente que é feita fraca pelos fracos reis, o tempo ia passando. 19h50, sensivelmente, e centenas esperavam como eu, uns mais nervosos, outros mais calmos, mal aguentando para romper o cordão formado por sete ou oito polícias. Manda quem pode, obedece quem deve, dizia o agente com a autoridade que lhe deram mas que raramente conseguirá usar sem ter de recorrer a este tipo de discurso ou pior, à força. As palavras foram ficando mais ásperas, os insultos mais intensos e os ânimos bem mais exaltados e eu, no meu recanto, ia pensando que o nosso provincianismo tinha chegado ao ponto mais fundo, em que a simpatia e a arte de bem receber o clã de forasteiros que nestes dias por cá passeava tinha chegado a um ponto tal que me começava a identificar com a indignação do povo, mais no conteúdo que na forma, é certo, mas não conseguia compreender como é que se podia prejudicar tanto os adeptos do clube da casa em virtude da presença pontualíssima de um grupo (grande) de não-portistas.

Eis senão quando o cordão abre. Montanhas de pessoas desatam em correria a meu lado, empurrando e comprimindo-se para chegar mais perto da frente e da sua entrada. Trinta metros à frente, a polícia fecha outra vez a passagem. Inclemência! Que raio de ideia era esta, a de dar a provar um gosto de liberdade para a retirar novamente tão pouco tempo depois? Sádicos, comecei a pensar. E, escutando as conversas ao lado, começo a perceber que há portas fechadas. Uma delas, claro, a 19. Não querendo acreditar no rumor, furei pela multidão enquanto reparava que um grande número começava a andar no sentido inverso, e chegando perto do primeiro polícia que encontrei, perguntei-lhe se era verdade. Sim, amigo, a 19 está fechada e não entra ninguém por lá. Mas…então vou entrar por onde?! Olhe, tente ali na 11, vai dar tudo ao mesmo sítio. Obrigado, meu caro. Mais meia-volta e toco a furar como nos bons tempos da Queima no Palácio, chego perto da porta 11 já com largas dezenas de portistas a fazer o mesmo que eu, tento mostrar o cartão mas o torniquete não roda. Questiono o segurança que me diz que posso entrar mas tem de me reter o bilhete. Quero lá saber do papelote, amigo, fique lá com isso e deixe-me ir ver a bola! E lá fui, escadas acima, ainda a vários sectores de distância do meu, para me deparar com a imagem dantesca de ver diversas grades de ferro (suportadas em blocos de cimento, o que me leva a concluir que não foi uma decisão de última hora) a bloquear a passagem da “minha” porta, para me conseguir finalmente sentar no meu lugar no momento em que as equipas já estavam alinhadas em frente à bancada poente.

Tudo isto se passou e não precisava de se ter passado. É um sinal, mais um sinal que o FC Porto se está a desligar dos seus adeptos e que a forma como nós, os tolinhos que lá vão ver os jogos regularmente, estamos a ser desprezados pela malta que gere o clube a nível intermédio. Os operacionais, os que tomam as decisões do momento, longe das salas de conferências e gabinetes da presidência ou direcção. E os adeptos ocasionais, os que de vez em quando tomam a decisão de ir à bola porque até gostam de futebol e do FC Porto, quando encontram um panorama destes não duvido que da próxima vez vão pensar duas vezes antes de comprar bilhete.

Tudo isto se passou e tudo podia ter sido facilmente evitado. Uma nota no site oficial, uma notícia no Porto Canal, raios, uma merda de um cartaz em cada entrada do estádio a dizer: “Meus caros, as Portas ABC estão fechadas e não vão poder ser usadas por motivos de BLÁBLÁ. Os detentores de bilhete para essas entradas deverão usar em alternativa as Portas XYZ. Agradecemos a vossa compreensão. Força Porto!”. Mas não houve nada.

Não houve, numa palavra, respeito.

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