Para jogo de pré-época tinha sido um espectáculo agradável. Alguns jogadores que nunca jogaram juntos, uma defesa que até nem meteu muita água, um meio-campo com um jogador a jogar com um décimo de gás, outro invisível até marcar um golo (talvez seja uma estratégia…) e ainda outro que tentava tudo e raramente lhe corria bem. Ah, e um ataque que já venceu um troféu este ano. O ritmo foi baixo demais e houve jogadores que estiveram em Braga a passar tempo até o jogo grande de quarta-feira, que se torna cada vez maior quando comparado com o que resta desta temporada que tarda em terminar. E ainda houve tempo para Abdoulaye confirmar que está de saída do clube. Depois de tantos jogos em tudo iguais a este…não haverá outra forma de ver a carreira do senegalês. Notas, num formato um bocadinho diferente, abaixo:
(+) Quintero, pelo golo. Não tenho dúvida que tem talento. Oh se tem. Mas no golo que marcou foi evidente a capacidade de tirar três homens do caminho e fazer com que o guarda-redes não fizesse a mínima ideia para onde a bola iria ser colocada. Eduardo, naquele momento, só percebeu que a bola ia entrar, só não sabia por onde. Tem um toque de bola tão acima da média da equipa que devia ser obrigado a dar aulas práticas a Licá até que o guedelhas começasse a ter de comprar aqueles champôs com cheiro a morte para evitar a queda.
(+) Victor Garcia, pela estreia. Tenho-o visto todas as semanas pelos Bs e não me desiludiu no jogo de estreia pela equipa principal. Afoito na subida pelo flanco, prático a recuar, estável no controlo de bola e sem inventar como Danilo, que nesta altura acaba por ser um ponto positivo na estabilidade da exibição de uma equipa que treme quando perde a posse de bola. Ah, e finalmente alguém que sabe (ou tenta saber) como cruzar uma bola, porque ofereceu dois golos a Jackson e Carlos Eduardo direitinhos para as cabecinhas dos rapazes. Gostei, como tenho vindo a gostar desde o início do ano.
(+) Maicon, pela pachorra. Jogar ao lado de Abdoulaye é equivalente a pisar um campo minado na Bósnia em 1992: nunca se sabe o que vai acontecer quando se vai alegremente saltitando pelo relvado. Ainda assim, o capitão (sim, leram bem) esteve em bom plano, sem inventar bolas ridículas como noutros tempos e dando suficiente segurança à zona recuada, tirando ainda tempo para limpar algumas imbecilidades do colega do lado.
(+) Josué, pela entrega. É verdade que acerta um em cada oito passes para a frente (não fiz as contas, mas não deve fugir muito desse rácio), mas correu imenso e funcionou como um verdadeiro médio-volante, sempre a levar a bola para a frente e a fazer, mais uma vez, o que Carlos Eduardo ainda não entendeu que tem de fazer: criar espaços e ter a bola nos pés mais de meio minuto por jogo, ou em alternativa tentar fazer alguma coisa com ela.
(-) Abdoulaye, por quase tudo. Andou o jogo todo a fazer parvoíces mas a maior de todas foi mesmo a forma como facilitou pela enésima vez, com o guarda-redes na sua plena linha de visão, podendo atrasar a bola ao rapaz…mas decide fazer uma finta de corpo para o centro enquanto corria com o esférico controlado NA DIRECÇÃO DA BALIZA, perdendo a bola para Rafa que felizmente rematou fraco para Fabiano defender com facilidade…*sigh*…mas esta foi apenas um entre muitos outros lances em que um jogador da sua experiência já devia conseguir discernir pela melhor opção possível. E Abdoulaye não o faz, de uma forma consistente e enervante. Chegando ao final da época…é reunir com ele numa sala e dizer: “it’s not me. it’s really you.” E acabar a relação sem que nos tornemos a ver com a mesma camisola.
(-) Licá, pela técnica. Dizia-me um amigo por mensagem que este rapaz, bem como Josué, Carlos Eduardo e Abdoulaye podiam ficar já em Braga porque não tinham espaço no FC Porto. Não discordo de dois ou três nomes, mas eu até gosto do Licá. O rapaz esforça-se e podia funcionar bem em situações de contra-ataque e jogos em que temos de alinhar mais fechados atrás e com malta rápida na frente. Mas mandava-o ao médico primeiro. Há qualquer coisa de errado naqueles pés porque o rapaz é incapaz de controlar a mais banal das bolas que lhe são enviadas e perde tantas jogadas de ataque antes delas começarem que enerva qualquer pessoa. Para lá disso, até parece bom moço.
(-) Fernando, pelo ritmo. Há algumas coisas que detesto ver nos jogos do FC Porto desde aqui há uns anos: Helton a brincar com os avançados, Maicon a fazer passes longos a mais e Fernando a jogar sem interesse. É terrível para a equipa porque sente que o ritmo nunca vai poder ser o de um jogo normal mas é ainda pior para os adeptos, que vêem um rapaz que sabemos ter a fogosidade de doze Jayne Mansfields nos seus tempos mas que neste tipo de jogos…mais parece um Bolatti a Xanax.
Enfim, uma vitória e mais três pontos na luta pelo segundo lugar (amigos, até ser matematicamente possível…yadda yadda) que é na realidade o segurar do terceiro. Pensar que estamos a lutar por meia-dúzia de pontos contra o Estoril já é mau. Perceber que estamos em desvantagem no confronto directo ainda é pior.
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