Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Shakhtar Donetsk

 

Quem só costuma ir ao Dragão para ver jogos do campeonato fica a perder. Estou convencido que uma única partida da Champions’ League paga sem problema quatro ou cinco jogos do nosso torneio doméstico, a vários níveis. A qualidade dos adversários, o ritmo de jogo imposto, a emotividade dos lances, a tensão no estádio e todo o ambiente à volta. É, numa palavra, diferente. E exactamente por ser tão diferente dos joguinhos de canteiro a que estamos infelizmente habituados, a forma de encarar estes encontros tem forçosamente de ser díspar da que usamos para despachar muitos dos clubes cá do sítio. Este Shakhtar deu-nos água p’la barba mas conseguimos mostrar que esta equipa aguenta bem a pressão e começa a surgir a um nível superior e mais estabilizada para confrontos contra equipas matreiras, rápidas e bem organizadas como os ucranianos hoje se apresentaram no Dragão. Antigamente jogava-se muito bem e perdia-se. Hoje em dia é preciso pensar mais, jogar mais certo e com menos improviso, mas sempre com os pés bem assentes na relva, porque a vitória é o que mais interessa. Vamos a notas:

 

(+) James Convenceste-me, homem. Sim, chamo-te homem porque o que vi hoje no Dragão foi um homem com a bola e sem ela, ao deambulares por entre os adultos que apanhaste pela frente. Tens vinte anos de vida mas já pareces um maduro homem de meia-idade, com a experiência de uma vida bem vivida mas sempre com aqueles lampejos de genialidade que pareces querer mostrar vez após vez após saborosa vez. Aquela jogada para o segundo golo, meu menino…perdão, meu caro senhor, é uma beleza. Aquele que sentaste é um homem com experiência como poucos e o facto de apenas ter uma vogal para quatro letras no nome só te deu para rir. Riste-te quando o viste a passar para o lado, não foi? Eu sei que foi. E viste o Kleber, lá ao fundo, prontinho a encostar a redondinha para a rede e soube-te bem quando ele a encostou lá dentro. É disto que vives, James, e nós agradecemos que vivas muito e vivas bem. Com jogadores como este a criar jogadas de perigo…quem é que precisa de um ponta-de-lança de classe mundial?!

(+) Defour Estou a gostar muito deste rapaz. Dá uma profundidade ao jogo de passe curto do meio-campo que Guarín nunca pôde nem nunca dará, porque simplesmente não sabe. É um “all-rounder”, porque tanto pode jogar numa posição recuada ao lado de Moutinho como se viu quando Vitor Pereira colocou “James e os Três Anões” (JTA) no terreno, mas surpreende pela facilidade de passe simples e fácil de controlar como este jogo mais rendilhado exige. Com ele temos um centro do terreno mais versátil e mais prático, mais curto mas ao mesmo tempo mais simples para rodar a bola. Não será sempre titular porque em determinado tipo de jogos é preciso alguém exactamente como Guarín ou Belluschi que arraste jogo para a frente com a bola colada aos pés, mas a partir do momento em que a táctica passa para o JTA, o lugar é dele.

(+) Hulk Falhou um penalty. Sofreu outro que não foi marcado. Marcou um golo num tiro que o guarda-redes defendeu para dentro. Fez mais meia-dúzia de arranques pelo flanco. Factos. Mas foi a capacidade de limpar a mente das falhas e começar de novo. É muito difícil para um rapaz temperamental (como ele é e sempre foi) esquecer-se de momentos marcantes como a falha do penalty e aguentar um árbitro que o mandava levantar quando era empurrado ao mesmo tempo que marcava todos os mergulhos dos compatriotas de laranja e preto para continuar a jogar a alto nível como fez hoje. Saiu esgotado e levou as palmas que mereceu.

(+) Inteligência na posse de bola É verdade, dir-me-ão, que podíamos ter ido para cima deles com tudo depois do 2-1 e quando estávamos a jogar com mais um. Com mais dois então é que era! Mas não me importei de ver os jogadores a trocarem a bola em segurança, sem inventar passes loucos e sem entrar em correrias malucas pelo flanco. Álvaro para Defour, para Belluschi que tabela com Moutinho, roda para Otamendi que desvia para Fucile, siga para Varela que roda para trás, Fucile dobra para Moutinho que faz a bola chegar a James e este entrega a Álvaro, back to square one e os outros ainda estão lá atrás, deixem-nos estar que nós temos tempo. Lembram-se dos jogos de Mourinho em que aos 80 minutos o central simplesmente parava com a bola nos pés à espera que o adversário a viesse tirar? Pois é, e esse moço ainda parece que treina por aí. É assim que se ganham jogos, é assim que nos temos de comportar contra boas equipas, sendo práticos e eficazes. Se conseguirmos fazer isso em frente à baliza, ainda melhor.

 

(-) Fucile Decepcionou-me a defender, porque os cruzamentos no ataque já se sabe que raramente saem decentes. Willian fazia o que lhe apetecia sem pressão contrária porque Fucile com um misto de cagaço e pouca agressividade dava tempo e espaço em demasia ao brasileiro que tem bons pés e excelente arranque, deixando o nosso treze para trás em jogadas consecutivas. Melhorou na segunda parte mas continuou a levar alguns nós do adversário. Ainda bem que não lhe cravou os pitões nas coxas, valha-nos isso.

(-) Ineficácia no ataque Kleber ainda está verdinho para estas andanças e continuará dessa forma durante alguns tempos, como será expectável. A questão é que as jogadas são criadas mas raramente saem com perigo para a baliza, por muito que os remates surjam para cima ou para o lado das redes. Não questiono a maneira como a bola é rodada entre os nossos médios e avançados, porque gosto do estilo de jogo, mas hoje houve dois vectores de falhanço quase completo: os remates de longe sem preparação e o excesso de adorno. A primeira porque vá-se lá saber porquê, alguns jogadores inventam uma espécie de regra de jogo passivo e depois de boas trocas de bola a procurar espaços para furar, lá se lembram de estourar uma pazada numa direcção qualquer, sem o mínimo de preparação nem afinco técnico. A segunda porque as tabelinhas são bonitas e tal como a canção do beijinho, faz mais uma e depois faz outra e ora faz mais uma que só dois são poucas…e ninguém se lembra de rematar quando está quase na pequena área. A melhorar.

(-) Bolas paradas defensivas Cada vez que a bola era colocada no quarto-de-círculo com a bandeira ao lado…era um abanão mental que os adeptos recebiam. Cantos e cruzamentos têm sido até agora uma tarefa quase impossível de defender porque o posicionamento zonal não está a funcionar. Maicon e companhia estão quase sempre presos à relva por um qualquer íman que atrai lentidão e a bola aparece sempre perfeitinha para a cabeça de um jogador contrário que parece surpreendido pelas facilidades que lhe são dadas. A rever, urgentemente.

(-) Helton Custa mas tem de ser. Até agora tem sido quase perfeito em todos os jogos mas até os grandes guarda-redes têm falhas e hoje o nosso capitão teve uma em grande, como Guarín no Mónaco, Bruno Alves em Manchester ou Secretário em Alvalade (sim, sim). Nestes jogos este tipo de azares têm consequências graves e tem de agradecer aos colegas a capacidade de elevar o nível de jogo e conseguir a vitória. Esquece isso agora, rapáis, já passô!

 

Ninguém pensava que ia ser um jogo fácil. Talvez meia-dúzia de adeptos que não conheciam o Shakhtar (a melhor equipa brasileira, como já ouvi dizer) poderiam imaginar que eram só mais uns gajos com nomes acabados em -inksi que vinham cá passear num final de tarde quente e que não liga nada a fases de grupos da Champions. Pois bem, foi preciso jogar a sério e com toda a calma, inteligência e capacidade de sofrimento, para que pudéssemos sair do Dragão com os três pontos na mala. Tramados, os laranjinhas, com trocas de bola prática e talento individual para mostrar e vender por muitos milhões, só com nove em campo deixaram de criar perigo para Helton, mas há que salientar a forma como o FC Porto conseguiu dar a volta a uma situação negativa depois de confirmar a sina que nos apanha sempre em jogos europeus: quando se falha, sofre-se. E tem sido sempre assim, há anos e anos. Mérito então para os rapazes que conseguiram levantar a cabeça depois de um penalty ao poste e um golo sofrido com azar e seguiram para cima dos ucranianos até passar para a frente…e depois descansar, com o trabalho completo.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Vitória Setúbal

Passavam para aí quinze minutos e dei comigo a chatear-me com o miúdo ao meu lado. “Este treinador já me está a meter nojo, só inventa,!”. Levantei a voz numa atitude paternalista que é tão rara quanto estranha e reclamei com ele para ter calma, que isto não pode ser assim, já estar chateado quando a equipa ainda nem tinha assentado o jogo. Mas cá dentro, só pensava: “Porra, que o homem arriscou muito, espero que se dê bem com a aposta!”. A verdade é que correu muito bem, em particular a segunda parte, onde o esquema de “James e os Três Anões” funcionou como um relógio suíço em frente a uma equipa que tem muita experiência no meio-campo mas que raramente assustou. Diria que o povo ficou mais preocupado por poder sofrer um golo com uma perda de bola do Maicon do que propriamente com um ataque objectivo do Setúbal. Mas a vitória fica-nos bem e Vitor Pereira ganhou a aposta aos pontos. Vamos a notas:

 

(+) Vitor Pereira Louvo a audácia de Vitor Pereira, apesar de ter estado renitente durante uma boa parte do jogo. Retirar Varela da convocatória para descansar (corpo e mente), apostar numa equipa sem Hulk e Moutinho de início, incluir Cebola e Defour que por motivos diferentes seria pouco previsível serem titulares e trocar Fernando por Souza…tudo num jogo. É um risco, decerto calculado mas sem dúvida um enorme risco. E começou por não correr muito bem, porque o meio-campo estava preso e não fosse James a iludir os defesas adversários e o fio de jogo teria sido fraco. As três bolas ao poste, por muito espectaculares que tenham sido, não escondem que houve poucas mais situações de perigo durante 45 minutos. Ao intervalo, a aposta subiu de tom. Double the blinds, all-in, go for broke. Tira o trinco e espeta um meio-campo que à míngua de bolas aéreas do adversário se podia dar ao luxo de ter uma média de 1,71m de altura, qual Xavi, Iniesta e um filho dos dois. Foi brilhante a segunda parte, com combinações excelentes e bom futebol. Mérito para Vitor Pereira, especialmente na escolha de Defour e explico porquê. Já há alguns anos que vejo o FC Porto em casa e é raro o dia em que um estreante na nossa casa recolhe tantos aplausos e unanimidade positiva como o belga hoje recebeu. Moutinho foi exemplo disso no ano passado, mas poucos mais houve do género. Vitor Pereira hoje não só ganhou o respeito de muitos portistas como também ganhou mais um jogador, para ele e para os adeptos.

(+) James Esses pés, miúdo! Confirmou que o jogo de Leiria não foi só uma noite de sorte e provou mais uma vez que é ali no meio, na posição que subtrai nove ao número que tem na camisola, que joga melhor. O campo foi dele e já se nota que os adversários ficam na expectativa para perceber o que é que vai sair dos pés dele, porque a tabelinha alterna com o passe picado e a transição de flanco cruza-se com o remate pronto com a facilidade que está ao alcance dos predestinados. Continua, puto, continua!

(+) Defour Só depois do jogo começar percebi que Moutinho não estava em campo, mas tive de olhar para o número na camisola. Defour tem de agradecer a Vitor Pereira a aposta, mas acima de tudo é dele o mérito de conquistar os adeptos ao primeiro jogo. Joga simples, raramente falha um passe e integrou-se muito bem no ataque, cmo bons cruzamentos e excelente visão de jogo. Na segunda parte esteve ainda melhor e conseguiu jogar na posição de trinco (que já tinha feito várias vezes no Standard) na perfeição. Foi rijo no contacto, duro na disputa de bola, agressivo na recuperação e milimétrico no corte pela relva. Fiquei fã.

(+) Belluschi Fez um jogo melhor que tinha feito contra o Leiria por vários motivos: aguentou o jogo físico no meio-campo, falhou menos passes e foi mais consistente em todos os noventa minutos que esteve em campo. Já tem algum capital de confiança com os adeptos e o pessoal já lhe perdoa algumas parvoíces porque vê que está ali um jogador de grande nível. Está a tirar o lugar a Guarín neste início de época, o mesmo que perdeu para o colombiano em Outubro de 2010. Com todo o mérito.

(+) Moutinho Num jogo em que só participou em metade acabou por fazer a melhor exibição da época. Entrou com força para um meio-campo diferente, rápido, de toque inteligente e perspicaz, prosseguindo o trabalho de Defour mas subindo o nível do passe vertical e da leitura de jogo. Moutinho é mais audaz que o belga e nota-se, porque conseguiu marcar e transformar um meio-campo que parecia mortiço numa festa de tabelinhas e passes a cruzar a relva. Muito bem, João, estás de volta.

 

(-) Maicon Se não viram o jogo, eu descrevo a cena: perto do final da primeira parte, depois de três bolas ao ferro, o nosso jovem central decide que se sente possuído pelo espírito de Ronald Koeman e vendo a baliza a uns meros QUARENTA metros, escolhe a opção mais lógica na sua cabeça: o remate. O estádio ficou a olhar para os postes de cada lado de Diego, guarda-redes do Setúbal, e tenta procurar onde estarão os gajos que levantam as bandeiras em jogos de rugby. Não havia. Era mais provável ver o Mira Amaral ali a ver o jogo vestido de cheer-leader a montar um rinoceronte amarelo do que o remate de Maicon ir à baliza. Mais que esse lance absurdo, confirmo o que diz o Vila Pouca no Dragão até à Morte quando fala da noção que está incutida já no público sempre que a bola vai ter com ele, porque parece que se sente o suster da respiração colectiva. Não vai ser fácil safares-te desse selo, rapaz.

(-) Trocas de bola nos primeiros dez metros de terreno Já vejo o Helton ali de luvas calçadas desde 2005. Há seis anos que o homem é nosso guarda-redes e por isso já me habituei à imagem do gajo a querer fintar avançados. É uma tara, entendo, mas desagrada-me. Acima de tudo pelas razões óbvias: basta uma falha ou o esticar do remo de baixo do adversário e pumba, bola na rede. Mas se somarmos a isso a inépcia técnica e lentidão dos nossos centrais, alvos principais das peladinhas radicais do nosso keeper, temos uma situação exageradamente perigosa e que me enerva. Parem lá de brincar, por favor.

 

Há jogos em que há pouco a dizer e é preciso ir ao fundo da mente para criar metáforas parvas e rebuscadas para caracterizar a partida. Este não foi um desses jogos. Já lá vamos com quatro jogos e doze pontos, algumas pernas descansadas e a noção de dever cumprido. Temos mais opções, jogadores que vão ganhando minutos em alturas da temporada que provavelmente não pensavam que iriam estar tão interventivos e acima de tudo parece que estamos a consolidar o jogo. É notório que o FC Porto consegue subir de ritmo quando precisa e hoje notou-se que Hulk faz sempre falta mas talvez não faça tanta falta como no ano passado. Já Falcao é outra história, até porque Kleber ainda precisa de mais jogos, muitos mais jogos para chegar ao nível de Radamel, se alguma vez lá conseguir pôr os pés. Tenho confiança no brasileiro e sinto que o pessoal também a tem, particularmente quando vê que o resto dos colegas no ataque conseguem gerar uma quantidade parva de jogadas bem feitas e que podem dar em golos fáceis. Terça-feira estamos outra vez em jogo, mais uma oportunidade para provar algumas teorias e contradizer outras. Venham os ucranianos!

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Baías e Baronis – União Leiria 2 vs 5 FC Porto

foto retirada de MaisFutebol

O jogo teve um bocado de tudo: bons golos, excelentes jogadas, escuridão imprevista, pontapé para a frente, corridas loucas, remates no ar, falhas defensivas, distrações aéreas, concentração guardarredística e alguma emoção. Serviu acima de tudo para provar que a equipa está em construção mas que já temos hipótese de alterar algumas peças do onze-base e não sofrer (muito) com isso. É evidente que houve falhas defensivas e continuamos a cometer os mesmos erros que me lembro de ver desde 2004, porque esse foi o último ano que me lembro que a primeira coisa que uma equipa faz quando está a trocar a bola na zona defensiva é garantir que a pressão do adversário não vai incomodar porque a velocidade de execução é mais alta que a do adversário. E esse foi dos poucos pontos menos bons do jogo. Ora neste caso interessa-me mais falar da boa resposta dada pelos jogadores, acima de tudo do meio-campo para a frente. Ah, e o Kleber marcou, finalmente, e logo dois golos à ponta-de-lança. Vamos a notas:

 

(+) James Quem reler os B&Bs do início da temporada passada pode perceber melhor a evolução do puto desde essa altura. James, acabado de chegar do campeonato argentino, era um jovem com medo da relva, da bola e ainda mais dos adversários, que se encolhia ao contacto e que passava curto e sem grande chama. A meio da época começou a crescer, a habituar-se a um futebol mais rápido, com mais pressão e maior intensidade e foi evoluindo até chegar ao Mundial de Sub-20 e brilhar pela sua selecção. Hoje mostrou que está melhor, mais rápido, mais inteligente e muito mais jogador. Para além dos dois golos que marcou, quais deles o melhor, a imagem do passe longo de Álvaro que o levou a sprintar até à linha para ainda conseguir cruzar para Kleber e ganhar um canto foi a que me ficou na retina. É este o James que vamos ter em 2011/2012? Quem dera que sim.

(+) Kleber Dois golos e mais uma ou duas excelentes oportunidades falhadas por pouco. Não muda desde que começou a jogar de azul-e-branco e mostra esforço durante todo o jogo, que hoje foi finalmente recompensado. É isto que precisa de fazer, ser moderadamente eficaz em todos os jogos, porque um ponta-de-lança nunca marca em todas as oportunidades que tem, mas precisa de tentar sempre e com a moral em alta os golos acabam por ser naturais. É jeitoso e apesar de ainda não ter mostrado aquele instinto que Falcao tem e que nos enfeitiçou, espero que seja o início de uma longa lista de números com uma bola de futebol em clipart no topo da tabela.

(+) Helton Mais uma vez sem defesas muito vistosas mas sempre eficientes. Quando os jogadores do FC Porto pareciam querer relaxar e esperar já pelo jogo de sexta-feira contra o Setúbal, foi Helton que agarrou quase todos os cruzamentos que foram constantemente bombeados por Shaffer ou Ivo Pinto (jeitoso a atacar, o puto, só é pena não saber defender em condições) e limpou montes de jogadas de perigo para a nossa baliza.

(+) Defour Chegaram meia-dúzia de toques na bola para perceber o estilo. Joga simples, prático, sem inventar passes à Belluschi que tanto podem correr muito bem ou muito mal, mas sempre com a noção do espaço que ocupa e do timing certo para subir no terreno em apoio ao ataque. Gostei de ver aquela que vai ser a alternativa a João Moutinho durante a temporada.

(+) Fernando Rápido e grosso: não sabe fazer mais que aquilo que fez hoje, como já mostrou há muito tempo. Mas se o fizer com a eficácia que mostrou hoje na Marinha Grande, quando Moutinho e Belluschi consistentemente falhavam no apoio físico ao Sr.Reges, já vai chegando.

 

(-) Fucile Não gostei da regressão ao Fucile que está distraído e constantemente a olhar para a frente sem perceber se tem um adversário nas costas. Tem a atenuante de não ter tido quase nenhum apoio de Hulk durante todo o jogo, mas tem de entender que não pode falhar um passe parvo no meio-campo quando tem a rectaguarda desprotegida. Sapunaru é menos explosivo mas é mais certo, e custa-me muito dizer isso.

(-) Maicon Continua a queimar oportunidades para ser titular absoluto. Com Otamendi fora, podia ter brilhado e acabou por fazer mais um jogo fraco, com falhas absurdas na defesa (aquele segundo golo do Leiria é ridículo, porque numa equipa como a nossa que defende cantos à zona, Maicon não pode estar passivo, expectante, parado enquanto o jogador adversário ataca a bola com todas as facilidades possíveis. Otamendi é titularíssimo na equipa.

(-) Falta de agressividade no meio-campo Fernando foi o único rapaz que conseguiu impôr o físico no centro do terreno e somou a isso algumas excelentes intercepções que cortaram lances perigosos do Leiria. Moutinho está em baixo de forma e demora muito tempo a executar, enquanto que Belluschi continua a alternar entre o óptimo e o sofrível. É preciso mais consistência, maior velocidade de execução e melhor coordenação motora para enfrentar equipas de outro nível como vai já acontecer na próxima terça-feira. Pode ser que ainda faltem pernas, mas essa desculpa tem um prazo de validade cada vez mais curto.

 

Cinco batatas lá dentro e a noção que a equipa está a começar a mostrar algum futebol mesmo com todas as condicionantes que apresentou hoje na Marinha Grande. Com Sapunaru, Otamendi e Guarín de volta, as opções alargam-se e se o jogo de hoje é alguma prova da eficácia ou não das deambulações no mercado, os sinais são positivos. Nem sempre é preciso ter um homem de área que faça coisas do outro mundo: é preciso gente à volta dele, ou imediatamente atrás e ao lado, que lhe coloquem a bola direitinha para que um rapaz esforçado como Kleber consiga marcar. Hoje, Belluschi e Álvaro mostraram que os melhores pontas-de-lança são aqueles que empurram a bola para a baliza depois de uma jogada de equipa. Kleber e os adeptos agradecem.

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Ouve lá ó Mister – Leiria

Amigo Vítor,

Estamos de volta! Já fechou o mercado, as pechinchas já foram e vieram, despachámos alguns rapazes simpáticos e ficamos com outros para as encomendas, mas o que interessa é que acabou a folia e estamos prontos para continuar com as festividades a sério. E hoje é um dia grande.

É grande por três motivos, que passo a enumerar:

  • Tens a oportunidade de nos pôr outra vez na liderança;
  • Vais poder mostrar que o nosso plantel tem mais opções que no ano passado e que não precisamos de depender de algumas peças-chave para formar uma equipa que dê garantias;
  • É o primeiro jogo depois do mercado e das notícias todas que dizem que o day after está a ser caótico, e acredita que a resposta dentro de campo é bem mais importante que as frases bombásticas nas conferências de imprensa;
Para além disso vais apanhar uma equipa que arrasta tantos adeptos como o S.Pedro da Cova em dia de chuva. Juro que não percebo como é que estes tipos continuam ano após ano na primeira divisão, porque costuma dar para contar o número de pessoas naquelas bancadas do estádio onde costumam jogar. Hoje, ainda por cima, nem em casa jogam. É um jogo fora para ambas as equipas, a fazer lembrar aqueles jogos ridículos de algumas equipas que iam fazer o jogo em estádios maiores só para terem melhores bilheteiras…mas neste caso é ao contrário, que já nem surpreende.
No final do dia, o que interessa é ganhar. E continuar com cem por cento de vitórias, porque estes primeiros jogos do campeonato têm de ser despachados com paciência e nem me importo se não jogamos muito bem, o que interessa é ganhar. Já sabes que depois deste temos mais um jogo na sexta-feira e outro na terça, por isso vais precisar de gerir as pernas dos moços para não começares já a ter chatices com lesões. Por isso faz o que sabes, obriga-os a fazer o mesmo e a vitória sairá naturalmente. Porque para cada Hulk tem de haver um James, para cada Otamendi um Maicon, para cada Guarín um Belluschi. E tenho confiança que vais escolher os melhores.

Sou quem sabes,
Jorge

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É com estes que vamos atacar o título!

1 – Helton
4 – Maicon
5 – Álvaro Pereira
6 – Fredy Guarin
7 – Fernando Belluschi
8 – João Moutinho
10 – Cristian Rodríguez
11 – Kleber
12 – Hulk
13 – Fucile
14 – Rolando
15 – Emídio Rafael
17 – Varela
18 – Walter
19 – James Rodríguez
20 – Djalma
21 – Cristian Sapunaru
22 – Eliaquim Mangala
23 – Souza
24 – Beto
25 – Fernando
26 – Alex Sandro
27 – Juan Manuel Iturbe
30 – Nicolás Otamendi
31 – Rafael Bracalli
35 – Steven Defour
41 – Kadu

 

Algumas considerações sobre o final do mercado de Verão:

  • Não entrou nenhum avançado. Honestamente pensei que ainda fôssemos buscar alguém para a frente de ataque porque Kleber ainda não me dá a confiança que gostava de ter mas parece que a aposta está em estabilizar o rapaz e apontar-lhe os holofotes. Pode também significar que o esquema do FC Porto se vai versatilizar para um jogo com dois avançados mais móveis…ou então Walter pode ter mais uma oportunidade de mostrar serviço, caso Kleber não render o que é preciso. Fico sem saber a que se deveu a não-aquisição de um avançado. Terá sido:
    • opção do treinador?
    • falta de opções válidas que dêem garantias de qualidade?
    • hiper-inflação dos preços dos passes?
  • Álvaro fica. Ainda bem, porque gosto de o ver jogar e porque é uma posição para a qual costuma ser complicado arranjar malta em condições. Espero que esteja no FC Porto com a cabeça no sítio.
  • Fernando fica. Não terá grande margem de manobra com os adeptos porque ninguém gosta de ver um jogador a dizer que gostava de sair para depois acabar por ficar sem ter mudado de opinião. Se voltar a jogar ao nível do que fez antes de se lesionar e deixar Guarín entrar na equipa, fico satisfeito. Caso contrário, a aposta em Souza tem de ser rápida e forte, ou optar por outras alternativas.
  • Cristián Rodríguez fica. Aqui é uma pequena surpresa. Contava que fosse vendido ou emprestado especialmente pela quantidade de jogadores que temos para aquela posição. É um rapaz esforçado, pode ser que consiga subir o nível do ano passado.
  • Beto fica. What?! Lá se vai o Europeu, não é, rapaz?
  • Houve uma quantidade absurda de negócios em que perdemos algum dinheiro. Jogadores como Rui Pedro, Yero, Diogo Viana, Orlando Sá ou Rabiola foram apostas perdidas e acabam por sair do clube quase sem terem oportunidade de mostrar serviço no plantel principal. Na sequência do post que já fiz sobre isto (aqui), só me custa ver que os escalões de formação estão a servir para formar jogadores para outros clubes sem que o FC Porto tire grandes benefícios financeiros dessas transacções. Repare-se que a maioria dos jogadores que saíram do plantel foram a custo zero e o contraste com o negócio de Falcao, para dar um exemplo, é gritante. Por outro lado, muito talento a ser emprestado para dentro e fora do país, com perspectivas de regresso para alguns. Creio que o conjunto de jogadores que pertencem aos nossos quadros apresenta um equilíbrio melhor de qualidade do que tinha antes, resta saber se alguma vez será aproveitada.
  • Recuso-me a falar sobre empresários. O lodo pelo qual arrastam os seus clientes em nome do vil metal é enojante e mascaram-se por trás de um perfil digno e frontal que esconde os cifrões que têm nos olhos. Sempre que leio uma declaração do empresário nunca sei o que é que o jogador está mesmo a pensar, por isso até estou disposto a ouvir os rapazes a falar, passar à frente todos os clichés e tentar perceber se de facto é isso que eles sentem/querem. Caso contrário não quero saber.
  • Continua a parvoíce de não surgirem notícias no site oficial. Addy, Diogo Viana (que descobri hoje por mero acaso), Rui Pedro, Orlando Sá, Kieszek…onde estão? Li pelos jornais, porque no site, nicles. Não me resigno, vou continuar a protestar.
  • A especulação da imprensa é extraordinária e podem ver os efeitos finais na página do Mercado de Verão 2011 que está ali em cima do lado direito. Ao todo foram falados (pelo menos) 65 jogadores para o FC Porto, em jornais, blogues ou outras fontes de informação online/radiofónica/televisiva, e ao todo foram contratados…9, com atenuantes evidentes como o facto de Iturbe, Kelvin, Djalma e Kleber já serem nomes comuns aos Portistas desde Março ou Abril. Nesta janela de transferências a imprensa portuguesa então parecia em permanente estado pré-orgásmico sempre que atirava com mais um nome para cima da mesa, tal era a vontade que fosse disputado com o Benfica ou até o Sporting. Não é por acaso que surgem nessa lista nomes como Witsel, Onyewu, Guardado, Ansaldi, Salvio, Funes Mori, Bendtner, Pavlyuchenko, Coates ou Lukaku. O belga (este último) ainda por cima com o barro a ser atirado à parede com a força de um molotoff velho, porque era impossível POR LEI que o rapaz viesse para cá. Jornalistas, pfff. Que fique por isso a lição para quem arranca cabelos com as especulações: até aparecerem confirmações oficiais, ou no caso do FC Porto, como parece usar o site como loja online em vez de veículo de notícias para os seus sócios, até verem os rapazes a treinar…não levantem cabelo.
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