Mini-rescaldo do I Encontro da Bluegosfera

Esperei alguns dias para fazer este pequeno post. Preferi aguardar para que alguns comentários fossem colocados nesta nossa grande interweb e a malta que lá esteve falasse do que se passou. E quem apareceu ao Encontro, falou bem.

Porque quem esteve no passado Sábado no Auditório José Maria Pedroto passou uma boa tarde. Foi uma manifestação honesta e digna de um portismo militante que se quer sempre vivo e que só depende dos próprios portistas para se manter activo e dinâmico. Conversou-se muito e bem, sobre vários temas que foram propostos a quem lá apareceu, uns mais delicados e emotivos misturados com outros bem mais descontraídos. Falou-se da relação do clube com os adeptos, dos blogs e das modalidades. Os temas foram analisados, escalpelizados e discutidos entre portistas, como deve ser. Fomos poucos, pensei. Mas as dezenas que lá estiveram foram intervenientes, activos, com opiniões fortes e vincadas, que deixaram a esperança para continuarmos com este tipo de eventos num futuro próximo.

Fica o apontamento que passou no Porto Canal sobre o evento:

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Reconsiderando Addy

Uma das peças em dúvida para o FC Porto 2012/2013 é David Addy. Chegou no inverno de 2010 vindo de um inverno dinamarquês que por sua vez estava no outro extremo do que será um tradicional inverno na sua terra natal, o Gana. Rápido, agressivo, deixou a imagem de um típico lateral africano com correrias loucas pelo flanco, hábitos defensivos pouco enraizados e uma propensão excessiva para subir no terreno e deixar o seu sector sem cobertura. O dono daquele lugar era já Álvaro Pereira e apesar de Addy apenas fazer um jogo (em casa contra o Rio Ave nas meias-finais da Taça de Portugal), a malta gostou do que viu. Na altura, escrevi:

É aquilo que estava à espera. Com vontade de jogar e fazer as coisas simples, é o típico lateral africano, com velocidade e empenho, a atacar bem melhor que a defender, mostrou que precisa de mais ritmo e mais minutos nas pernas para se aperceber da melhor forma de jogar em campeonatos que exijam um pouco mais que o dinamarquês. Cresceu durante o jogo, fez o público gostar dele (o que, convenhamos, não é fácil de conseguir no Dragão) e pode ser um bom jogador para o futuro.

Tapado por Álvaro, Fucile e Emídio Rafael, foi emprestado à Académica para jogar e crescer em 2010/11 mas a época não lhe correu bem. Fez apenas 16 jogos e recebeu a bonita soma de cinco cartões amarelos e três vermelhos (um por acumulação), muito à imagem do seu então colega de equipa Abdoulaye, ficando desde logo com um belo rótulo de “caceteiro à Porto”. Ora nem sempre sendo um estigma que me desagrade, a verdade é que o rapaz parecia não evoluir para um patamar que se pretendia suficiente para ser, no mínimo, alternativa a Palito no nosso plantel que então contava com Emídio Rafael como melhor alternativa, que começou a entrar na equipa para depois se lesionar gravemente em Barcelos num jogo para a Taça da Liga.

O ganês fez a pré-época de 2011/12 com o plantel principal mas acabou por ser emprestado ao Panetolikos da Grécia…onde pareceu melhorar o comportamento em campo, fazendo 25 jogos e recebendo sete amarelos e um vermelho, acabando por descer de divisão.

A questão principal é: terá Addy lugar no plantel para a próxima época?

Talvez. Neste momento temos quatro jogadores para uma posição onde é complicado arranjar um único jogador decente. Considerando que na equipa B ficarão Victor, MBola e David Bruno (que poderia lá jogar apesar da posição de raíz ser no outro flanco), ficam nos As nomes como Álvaro Pereira, Alex Sandro, Emídio Rafael e David Addy. Há condicionantes:

  • Álvaro está mais fora do clube que dentro (até confirmação oficial de uma putativa venda continua a ser “nosso”, mas até quando?);
  • Alex Sandro vai estar nos Olímpicos até meio/fim de Agosto;
  • Emídio Rafael não parece conseguir recuperar da lesão em condições e mesmo que o faça…poderá ser opção válida?

Addy é neste momento talvez a melhor solução para ficar no plantel. Não sei se Vitor Pereira confia no rapaz ao ponto de lhe entregar o lado esquerdo da defesa no caso de Álvaro sair, mas enquanto Alex Sandro – talvez a maior aposta de risco de todo o plantel, tendo em conta a valia do seu antecessor – estiver ausente, não vejo alternativas válidas. Depois…a palavra é de Vitor Pereira.


Outros posts de retrospectiva dos nossos emprestados em 2011/2012:

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Primeira ausência forçada

Não devo conseguir ver o jogo de hoje contra a equipa dos aguadeiros finos, por isso o mais provável é não haver B&Bs hoje e amanhã o timing perde-se.

De qualquer forma, boa sorte para a malta. Não se lesionem, passem a bola em condições e continuem com a pressão alta, pelo menos até o Lucho aguentar das pernas.

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Dragão escondido – Nº12 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

 

Nada de extraordinariamente dificil desta vez, certo? Certo. Mais ou menos. Ljubinko Drulovic foi uma das grandes figuras da equipa durante os anos 90 e esteve presente neste jogo, a final da Taça de Portugal 93/94 contra o Sporting, vencida na mítica finalíssima que terminou com aquele belo espectáculo com João Pinto de Taça em riste a apontar para os simpáticos adeptos leoninos que procuravam praticar o jogo da malha com a cabeça do nosso capitão a funcionar como meco. Bonito.

Entre as tentativas falhadas que o povo fez para acertar no nome do rapazola:

  • Domingos – Muita malta atirou com o nome do Mingos pelo simples facto da equipa não ter nenhum jogador como ponta-de-lança. Ora lá está, o truque era esse, até porque jogaram três esquerdinos (Timofte, Folha e Drulovic) no ataque, a somar a Rui Jorge na defesa. Não é normal mas uma final tem sempre nuances diferentes…;
  • Kostadinov – Também fazia parte do plantel mas não esteve presente no Jamor;
  • Paulinho Santos – Hipótese improvável por duas simples razões: não era omnipresente e também está na fotografia, ao lado do “escondido”…;
  • Rui Barros – Não fazia parte do plantel naquela temporada e andava ainda pela Côte D’Azur a jogar pelo Marselha;
  • Rui Filipe – Esteve no banco e entrou para o lugar de André aos 87 minutos. Foi o antepenúltimo jogo oficial que fez pelo FC Porto, infelizmente;
  • O próprio Lion-O – Uma inacreditável falha do FC Porto no mercado de transferências, Lion-O não foi contratado para jogar pela primeira equipa. Acabou a jogar no CD Candal a defesa-esquerdo. Ou não.

O primeiro a apostar correctamente foi o Dragão de Coimbra, às 7h05, mas a primeira aposta 100% correcta (com jogo e tudo) foi do Donnie Darko às 11h38. Com ou sem batota ;)

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Tempos modernos

No sábado à noite, depois de terminado o jogo e enquanto esperávamos que os jogadores se vestissem, retocassem a pintura que ostentavam nos respectivos focinhos, pintassem os focinhinhos dos filhos e sacassem as bandeiras de todos os cacifos onde as guardam religiosamente (ou talvez não, talvez tenham dado um salto ali a Mouzinho da Silveira ao cimo da Rua de S.João e compraram a do seu país com o orgulho estampado no rosto…é bom sonhar, não é?), íamos conversando nas bancadas, a única coisa que podíamos fazer até a festa per se começar. Não me interessam minimamente as performances dos miúdos que aparecem no relvado para brilhar com os pom-poms todos em riste e os vestidos fúcsia brilhantes nas luzes do estádio…todos esses deprimentes sucedâneos que têm tanto de futebol como eu de artista plástico. Fiquei até ao fim para prestar a minha homenagem a jogadores e treinadores, aos que me fazem deslocar ao estádio para os ver, que me põem rouco com gritos de incentivo e que de facto fazem de mim portista.

Estava em boa companhia, devo dizer. Amigos portistas de longa data, tinha na minha presença o meu passado e presente de vida azul-e-branca. O puto que comigo foi puto e que também comigo ia até às Antas no início dos mil-nove-e-noventas para criticar Ivic e aplaudir Robson estava lá comigo, numa reunião que teve tanto de nostálgica como de natural. O meu amigo “do costume”, companheiro de tantas andanças da bola, colega de chuvadas mil e o primeiro abraço depois do golo azul-e-branco. E junto a estes dois de sempre mais um, o meu companheiro em Dublin que este ano finalmente se decidiu a comprar o lugar anual e lá está sempre perto para a conversa do costume. Boa gente a marcar bons momentos. E maus, quando aparecem.

Falávamos da festa, da diferença desta festa para as antigas. Naquele tempo em que os jogos que terminavam a temporada eram vividos como uma festa do povo e o povo era outro. Há palcos pré-fabricados com publicidade no tampo; stewards na altura só se fossem bombeiros ou polícias e nada de cordas a separar o público dos seus heróis. Havia poucas danças, pouco fogo-de-artifício, nenhum efeito cénico e artístico. E a nostalgia lá mostrou a cara de novo e recordávamos como o campo parecia inclinado durante os últimos cinco minutos, a pender para o lado do túnel como um verdejante prado numa encosta solarenga…com um túnel perto de uma das suas laterais. Os atletas, fortes, autoritários, vedetas, encolhiam-se para perto da trajectória mais curta para uma rápida fuga para o balneário, para longe dos adeptos loucos que cedo correriam pela relva onde minutos antes tinham visto os ídolos a desempenhar a função que pagavam para ver. Uns lá conseguiam a recordação na forma de uma camisola, uma chuteira ou um par de meias. Ou só uma, qualquer coisa servia para levar para casa e mostrar à família. Era ver jogadores de cuecas, balizas partidas, redes desfeitas, jovens com pedaços de relva nas mãos e placards publicitários calcados. Era uma festa orgiástica de simbiose de mentes e almas, de união entre adeptos e jogadores com a luxúria da proximidade ao êxito a extravasar por todos os poros. Era belo, era humano, era vida.

Hoje em dia o espectáculo é bonito mas estéril. Grandioso mas frio. Produzido mas distante. É um enorme circo feito para shares de facebook e malta que aparece uma vez por ano para bater palmas e que não faz ideia quem joga nas outras vinte-e-nove (ou serão 33?) jornadas.

Tive a sorte de poder viver as duas situações. E quem como eu também o fez, aposto que gostava mais da maneira antiga.

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