Uma festa é sempre bonita quando a celebração do título é feita em nossa casa. E contra o Sporting ainda parece que acrescenta qualquer coisa à alegria, porque ver aqueles moços a fazer pela vida dá-me uma vontade enorme de ganhar o jogo e empurrá-los para fora da Champions, como aconteceu. Que diabos, se fizeram uma carreira tão vistosa na Liga Europa, com um ferrolho tão grande como as portas do templo de Salomão, para o ano vão ter hipótese de repetir a piada. Quanto a nós, continuaremos na prova onde merecemos estar, mas não a 100%. Para ser uma equipa de Champions temos de ser muito melhores, mais consistentes, mais fortes, mais eficazes, mais…tanta coisa. James e Varela têm de ser mais dinâmicos. Alex Sandro mais atento. Janko mais eficaz. Otamendi mais certeiro. Hulk mais prático. Mas não foi mau, especialmente num jogo em que houve mais tinta branca na cara dos nossos moços que nos bastidores do Batatoon. Enfim, vamos às penúltimas notas da época:
(+) Hulk Sete golos nos últimos quatro jogos, uma dinâmica incrível dada ao ataque, alguns assobios, dezenas de sprints, outras tantas de bolas perdidas, assistências para golo, remates fortes…the works. É o grande jogador do FC Porto 2011/2012 a vários quilómetros de todos os outros e continua a fazer por merecê-lo. É curioso perceber que Hulk tem a noção correcta da influência que tem perante os sócios que o apoiam e vaiam em momentos distintos do mesmo jogo e só precisa de tentar encontrar um melhor equilíbrio entre o timing certo para rematar e para passar. Nem sempre o consegue e perde várias jogadas de perigo dessa forma…mas depois sai-se com golos como o segundo de hoje, pleno de inteligência e capacidade física depois de 80 e muitos minutos a jogar em alto nível, a rasgar pela depauperada linha defensiva do Sporting como se fosse um berbequim a furar gelatina. Grande jogo.
(+) Maicon Perfeito no corte, no controlo da zona defensiva e no autoritarismo com que lidou com Van Frunkelstrinkel. Manteve-se constantemente atento, vivo, mexido, ágil e agressivo nos momentos certos com posicionamento perfeito, intercepções atempadas e domínio de bola prático e eficiente. Para quem não percebeu e pensa que estou a gozar com a tropa, esta secção refere-se ao número quatro do FC Porto, Maicon de nome, defesa-central de posição. Está a melhorar muito em relação ao Maicon do ano passado e é talvez o melhor produto saído das mãos de Vitor Pereira. Uma espécie de anti-Varela, pronto.
(+) A saída de Fernando depois da expulsão O maior. Foi uma simbiose perfeita com os adeptos, que cantam o seu nome depois de um início de temporada que enervou toda a gente pelo desconhecimento da sua permanência ou não no plantel. Para quem não viu ou não reparou, depois de Fernando ser expulso (bem, apesar do primeiro amarelo ser completamente escusado pelos protestos exagerados) mandou um pontapé na bola para a bancada e procedeu a sair de campo a incentivar o público para continuar a gritar e a apoiar, gesticulando como se estivesse a dançar com uma data de miúdos num ATL. Brincou, o nosso Fernando, ao contrário do que fez em campo, onde fez mais um bom jogo, firme e seguro contra um meio-campo adversário bem mais dinâmico e mexido. Aplaudi-o de pé. Mereceu.
(-) A frustrante e contínua incapacidade técnica É uma enorme frustração ver que jogadores do nível dos nossos, que são campeões (alguns bi, outros tri, até chegar a um que é hexa, vejam lá!), titulares de uma das maiores equipas de Portugal e da Europa…e tratam a bola como se ela fosse um daqueles maços de ferro antigos com esferas cheias de picos. Sei que todos os homens são iguais mas uns são mais iguais que outros por isso apercebo-me que nem todos podem ser Messis. Mas não precisamos de tantos Marianos, porra! Fernando raramente consegue controlar a bola de primeira, Varela insiste em fazê-la saltar doze vezes antes de a colocar na relva, Otamendi passa a bola com mais força que Belluschi a rematava e Janko não acerta na baliza a mais de três metros da linha. Só com treino é que se vai lá, teoricamente, mas começo a perder a esperança de alguma vez poder ter uma equipa tecnicamente ao nível da de Mourinho em 2004. Será pedir demais? Talvez. mas continuo a pedir.
Mais um jogo para acabar esta treta. Em Vila do Conde estaria disposto a ver uma equipa com Kadu, Iturbe, Djalma, Kleber, Mangala, Danilo…e mais alguns juniores. Estes rapazes não fizeram a melhor temporada da vida deles mas já podem ir de férias. O dever foi cumprido, com maior ou menor brilho, e ainda hoje conseguiram dar a imagem de uma equipa lutadora, empenhada, séria. E o que é certo é que marcamos dez golos nos últimos cinco jogos e sofremos…zero. Vencemos 14 pontos em 18 possíveis contra os “grandes”. É um resultado muito bom e é a marca de uma equipa que se conseguiu erguer e ser mais consistente que as outras. E os campeonatos ganham-se assim.
Link: