Talvez o único comentador desportivo inteligente deste país

O FC Porto já sabe que não sai da Europa em Dezembro. O fantasma do afastamento prematuro das competições da UEFA está posto de lado , mas falta saber em qual delas vai competir na viragem do ano. A maior consequência do triunfo na Ucrânia – e a que verdadeiramente conta nesta altura – é que os dragões mantêm em aberto a hipótese de prosseguirem na Champions. Se o FC Porto estivesse a viver um momento de estabilidade emocional , dir-se-ia que só falta passar o Zenit ; mas como a realidade não é exactamente esta , é melhor dizer-se que ainda falta passar o Zenit.
Vitor Pereira e os jogadores pregaram uma valente rasteira à crise , só que é preciso esperar para se perceber se ela fica mesmo no chão. A questão , no fundo , resume-se a isto : o técnico jogava frente ao Shakhtar muito da sua sobrevivência , mas os jogadores também. No caso de Vitor Pereira arriscava o cargo , no caso dos jogadores arriscavam ficar fora da “montra”. Um falhanço seria péssimo para todos. Além do mais , após o desastre de Coimbra , ninguém lhes perdoaria um segundo fiasco consecutivo. O universo portista está habituado a tudo menos a estes desaires incompreensíveis. Pode ter residido nesta convergência de interesses e intenções o facto dos dragões terem revelado um espírito de entreajuda que , pura e simplesmente , não constou do desafio com a Académcia.
Os portistas obtiveram uma importante vitória , mesmo que não tenham feito um grande jogo. Pode não ter existido até uma particular articulação , mas houve um inquestionável empenho. Em condições adversas – dez graus negativos – e tendo pela frente uma equipa que jogava a cartada final pela manutenção europeia , o FC Porto passou por várias fases durante a partida. Sendo bafejado pela felicidade (a bola foi duas vezes aos ferros) , teve em Helton o homem-chave quando mais ninguém podia evitar o pior , lucrou com o rasgo de génio de Moutinho que abriu caminho para o golo do improvisado ponta-de-lança Hulk e recorreu ao “bombeiro” Fernando quando alguém se esquecia de apagar os fogos. Mas também revelou problemas no eixo central da defesa , sobretudo quando Luiz Adriano se lembrava de pôr a cabeça em água a Otamendi e Rolando. Seja com for , o desfecho não podia ter sido melhor. Ganhar – quando qualquer outra alternativa seria fatal – , acaba por ser uma recompensa merecida.
Falta saber , agora , o que verdadeiramente representa este triunfo em termos de curto/médio prazo. Da mesma forma que o FC Porto não saiu do mapa com a eliminação da Taça de Portugal , também não se transformou na “velha máquina” com esta vitória. O que vai ser a equipa é algo que só os próximos jogos vão determinar , começando já pela partida com o Braga. A reabilitação é viável , como se viu em Donetsk , mas isto vai depender unicamente da forma como todos souberem lidar com ela.

in Jogo Jogado
(negritos são da minha responsabilidade)

Chama-se Mário Fernando, trabalha na TSF e faz uns biscates na SIC Notícias. Uma vénia.

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Coerência

O problema é quando os responsáveis vêm a público criticar a arbitragem , aludindo exclusivamente aos lances em que foram prejudicados – e omitindo o resto – , fazendo passar a mensagem de que não ganharam unicamente porque o árbitro não deixou. Ou seja , dizem o que os adeptos querem ouvir. Isto aconteceu agora com o Sporting , tal como já sucedeu com Benfica e FC Porto. E voltará a acontecer com todos eles.

Mesmo sendo politicamente incorrecto , onde eu quero chegar é aqui : os clubes não estão verdadeiramente preocupados com o cenário decepcionante da arbitragem. A única coisa que lhes interessa é queixarem-se quando são prejudicados e assobiarem para o lado quando são beneficiados. Portanto , preparem-se para mais do mesmo : más arbitragens e discursos a condizer. 

Mário Fernando, in Jogo Jogado

 

Não há muito mais a dizer. Mário Fernando continua a ser dos poucos jornalistas desportivos coerentes e racionais neste país.

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Algumas análises ao jogo de ontem

A análise táctica ao jogo de ontem, no Zonal Marking.

O comentário de Mário Fernando, no Jogo Jogado da TSF.

A escalpelização das incidências da partida no excelente Jogo Directo.

O confronto de treinadores no Lateral Esquerdo.

A visão globalizada do Miguel Lorenço Pereira no sempre actual Em Jogo.

O lirismo perfeito de Ricardo Costa no FutebolPortugal.

A tentativa de perceber português do 101GreatGoals.

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