Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 CS Marítimo

Cheguei cedo ao estádio. Já com dois cafés no bucho depois das 18h, encontrei dois dos meus amigos/colegas de bancada em conversa intercalada com bocejos lá íamos debatendo as últimas novidades nas nossas vidas, passando o tempo até entrarmos pela porta (dezanove, claro) de entrada para o Dragão. Tinha dormido mal e estava cheio de sono, o dia de trabalho foi rotineiro e pouco entusiasmante depois de uma semana intensa. Cansado, ensonado, subi a interminável escadaria na companhia da malta boa que comigo se habituou a ver o jogo, mas desta vez ia mortiço. Precisava de algo que me acordasse…e a brilhante pentângulação do primeiro golo foi o primeiro estalo que levei nas bochechas, logo se seguindo aquela obra de arte do rapaz que hoje jogou com o número dezassete e que tantas vezes tem feito por merecer as minhas críticas. Hoje, vergo-me perante ele e perante a equipa, porque me despertou e fez um dos melhores jogos do ano. Não há nada a dizer de negativo, há que aproveitar o descanso de uma grande exibição e dar os parabéns à equipa. Vamos a notas:

 

(+) A dinâmica da equipa A maior mais-valia do FC Porto actual vê-se quando James se junta a Lucho e Moutinho no meio-campo e começam a trocar a bola com um rendilhado difícil de igualar e com resultados visíveis. A jogada do primeiro golo é trabalhada, treinada, e fruto de um misto de rotina com inspiração que um equipa com um avançado como Jackson está a mostrar ser, letal. É isto que os adeptos pedem a Vitor Pereira, que dê hipótese a que os jogadores gostem de jogar juntos, que se enquadrem num plantel que tem opções múltiplas, umas melhores que outras como em todos os plantéis, mas que quando as mais válidas e talentosas estão em campo possam pôr na relva tudo o que os coloca no topo da lista. Hoje, como já vimos noutros jogos este ano (contra o Guimarães ou o Paris Saint-Germain, por exemplo), fomos muito melhores porque fomos unidos, inteligentes e criteriosos no passe, na retenção da bola e na busca do cenário certo no momento certo. E os adeptos agradecem, aplaudem e sorriem.

(+) James Sim, o segundo golo foi um lance de sorte, mas foi das poucas situações em que a sorte ditou o que James produziu, já que o resto foi tudo dele. Muito boas desmarcações e excelente a descair do flanco para o centro quando a equipa precisa de rodar a bola com inteligência e capacidade técnica e visão global de jogo, nem sempre é pelo meio que cria mais perigo, mas é certamente por aí que faz com que o jogo flua com mais intensidade e progressão ofensiva. Está a conseguir uma posição na equipa que o está a transformar numa das principais figuras da equipa não só pelo nome e pelo potencial mas pelo futebol jogado em campo. E isso é bem mais importante que vários Sequins de Ouro da bola mundial.

(+) Jackson Já me convenceu. No início tive dúvidas quanto ao seu valor pela aparente falta de mobilidade e entrosamento com os colegas, até porque o investimento tinha sido alto e estava à espera que fosse uma questão cesariana de chegar, ver e vencer. Mas percebo agora que é um jogador diferente de Falcao, menos goleador “à boca do golo” e diferente na movimentação na área e em progressão. Ambos os golos que marcou são fruto de inteligência posicional e facilidade técnica no controlo da bola e do corpo perante a bola, especialmente pela forma como se movimenta na última linha de defesa do adversário e sempre a centímetros do fora-de-jogo, como um Filippo Inzaghi núbio com sotaque espanhol. Gosto do moço.

(+) Varela Não há dúvida nenhuma na minha cabeça que Silvestre Varela é, por mérito dos últimos jogos em que esteve em alta, titular absoluto do FC Porto. E é-o porque é mais jogador que o novo pretendente ganês que ganhando pontos pela juventude e irreverência, perde em experiência e discernimento táctico para o português. Hoje, Varela esteve em bom plano pelo jogo que fez e pela agressividade que colocou em campo ao serviço da equipa, pela luta que travou com tudo que lhe aparecia pela frente e por nunca desistir quando achava que tinha hipótese de triunfar. E marcou um golo que fica na memória de todos que hoje estiveram no Dragão. Bom jogo, rapaz.

 

(-) Marítimo e a complacência da arbitragem Não fosse o resultado ter-se avolumado facilmente e o jogo podia ter caído para as profundezas de um inferno de pancadaria caso os jogadores do FC Porto perdessem a cabeça com as entradas do adversário que começaram a enervar os adeptos. Quando a defesa do FC Porto é composta por nomes como Mangala, Otamendi e Abdoulaye, juntamente com um Defour que hoje parecia ter bebido sete latas de Coca-Cola antes do jogo tal foi a vontade com que entrou para acertar em alguém, um ou dois pequenos incidentes podem descambar em estupidez generalizada e sangue quente a mais. Não aconteceu (mérito aos nossos moços) e Cosme Machado teria culpas se tivesse acontecido, tal era a displicência com que lidava com algumas patadas que os madeirenses acertavam em James ou Lucho. Vá lá, correu bem.

(-) As lesões Maicon, Fernando, Helton e depois Lucho. Parece azar demais para ser verdade mas não houve uma única substituição táctica na equipa do FC Porto hoje à noite já que todas elas foram fruto de lesões dos titulares que tiveram de sair para dar lugar aos colegas que se colocaram nos mesmo sítios, com as mesmas características mas estilos bem diferentes. E não sei porque é que Lucho continuou em campo, porque pareceu-me ver Vitor Pereira e Nelson Puga a mandarem o rapaz sair de campo ou, no mínimo, encostar-se à direita em troca com James para que não tivesse de percorrer muitos metros com uma possível lesão. Não sei se algum recuperará para Kiev, mas é um motivo de preocupação para todos. Imaginam um onze na Ucrânia com Fabiano, Miguel Lopes, Otamendi, Abdoulaye e Mangala, Defour, Danilo e Moutinho, Varela, James e Jackson? Uau.


Do jogo de hoje sobrressai ainda uma nuance mais evidente: quando o FC Porto joga perante uma equipa que não se fecha lá atrás no casulo da sua própria rede defensiva, os resultados são brilhantes. Há alturas em que parece estarmos a ver um grupo de rapazes genuinamente entusiasmados com o estilo de jogo que apresentam e crescem à medida que o jogo vai avançando. Para lá da excelente visão de James, do instinto de Jackson ou do esforço de Lucho em terminar um jogo com dores, a questão coloca-se: porque é que não jogamos sempre desta forma? Não sei explicar, mas hoje também não quero. Só quero apreciar esta charutada que demos aos nossos amigos madeirenses. Pum. Vezes cinco. Soube muito bem.

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Baías e Baronis – Estoril Praia 1 vs 2 FC Porto

Ainda há-de haver um jogo fora do FC Porto nesta liga em que não me dê um pequeno fanico a meio. Não sei o que se vai passando pela cabeça dos jogadores quando optam por não entregar o corpo nem a alma até que cheguem a uma situação que possa trazer instabilidade para o resultado final e os ponha de forma a que um feijão não consiga caber no esfíncter de cada um. E temi que nos acontecesse o mesmo que em Vila do Conde ou em Barcelos, mas acabamos por ter a mesma sorte (conquistada graças a uma boa meia-hora na segunda parte) que tivemos em Olhão. Mas custa-me ver que basta acelerar um bocadinho para conseguir marcar um golo…mas mal nos apanhamos na frente, logo volta a passividade e entregamos a bola ao adversário para continuar a sofrer voluntariamente até ao final do jogo. Talvez os adeptos sofram mais que os jogadores, mas há sofrimento, pelo menos para mim. Notas abaixo:

 

(+) Jackson Parece mais rápido, mais prático e mais solto que quando cá chegou. Melhor, portanto, na linha do que seria de esperar depois de algumas semanas de adaptação. E estou a gostar do que vou vendo no colombiano, com boa noção de baliza, inteligência para servir como pivot no centro do ataque e acima de tudo com um posicionamento muito bom e sempre atento às movimentações dos colegas. Um dos centrais do Estoril sacou-lhe um golo feito depois de um lance de Varela, ainda na primeira parte, mas a desmarcação a antecipar o passe do colega foi exactamente o que espero de um ponta-de-lança. Foi o melhor em campo do FC Porto, para lá do golo da vitória.

(+) Otamendi Gostei muito de Otamendi na zona defensiva, a jogar muito prático, sem passes parvos a 40 metros e a levar a bola para a frente sem correrias loucas a fintar meio-mundo. Falhou um golo que era mais fácil de marcar mas salvou várias bolas no centro da área (não teve culpa no golo, para lá de estar envolvido no marasmo que é a nossa defesa em bolas paradas…ver abaixo) e tapou bem as subidas de Mangala que tentou o que pôde, como pôde, quando pôde. Otamendi é um jogador que não vai parar de oscilar ao longo de toda a sua carreira, alternando o perfeito com o excesso de confiança até ser velhote. É o que temos.

(+) O apoio dos adeptos portistas Muita gente portista hoje a apoiar a equipa, nunca desanimando e a dar uma amostra do que Pinto da Costa conseguiu fazer ao longo dos seus mil jogos (uma vénia, NGP!) como presidente do FC Porto: agora temos muita gente em todo o país que apoia o clube nas suas deslocações, algo que era impensável nestes números aqui há uns anos. Parabéns à malta que lá esteve, só espero que não tenham ficado muito chateados com a primeira parte.

 

(-) Passividade Chateia-me que um jogador do Estoril chegue primeiro à bola que um do FC Porto. Chateia-me que um ressalto seja conquistado por um jogador do Estoril porque um do FC Porto não meteu o pé à bola. Chateia-me que um jogador do FC Porto não consiga dar três passos sem se ver rodeado por adversários de amarelo só porque os colegas não se mexem para receber o passe. Mas o que mais me chateia é mesmo ver que temos de estar a perder para que haja uma reacção visível e activa contra as forças do infortúnio. É verdade que podíamos ter marcado vários golos e que os próprios jogadores pareceram mostrar, na entrada para a segunda parte, que estavam interessados em jogar a um ritmo mais elevado que tinham feito na primeira, mas chateia-me dar 45 minutos de avanço ao adversário. Fazemos isto vezes demais para que possa considerar uma situação ocasional e é o principal ponto que Vitor Pereira terá de analisar com o ponto de vista de melhorar a atitude competitiva. Nem todos os clubes são o Benfica ou a Juventus, o Bayern ou o Barcelona. Mas num campeonato, é contra estas equipas que se constroem as pontes que nos permitem encarar esses jogos com mais tranquilidade. E este ano já lá foram quatro pontinhos para o demónio porque os jogadores não se mentalizaram que todos os jogos são para vencer. Chateia-me e devia chatear Vitor Pereira.

(-) As bolas paradas defensivas Parece que não adiantou o jogo contra o Dínamo, porque apesar deste Estoril não ter um rapaz que marque cantos como o Miguel Veloso, parece tão fácil marcar golos contra o FC Porto neste tipo de lances que me espanto não haver equipas que tentem com todas as forças sacar canto atrás de canto contra nós. As marcações são lentas, nada incisivas, e a táctica do “vou ficar a olhar para ele para o distrair com a minha capacidade de telecinésia”. Não funciona, meus caros, parece que vão mesmo ter de saltar e atacar a bola antes que o adversário o faça. E não consigo entender como é que ninguém ainda se apercebeu disto, tantos têm sido os lances de perigo que deram em golo (ou quase) na nossa baliza. Ah, espera, já se aperceberam. Só que ainda não deram a volta a isto. A resposta? Practice, practice, practice!


Correndo o risco de discordar com a minha própria introdução, a verdade é que conquistámos três pontos num campo complicado, com os nossos adeptos a irem em grande número para apoiar a equipa, que apesar de não ter feito um jogo excepcional conseguiu fazer com que nos safássemos de 40% das deslocações ao sul com vitórias. Ficam a faltar três jogos abaixo do Mondego e o resto fica cá por cima ou na Madeira. Olha, por falar nisso, na sexta-feira vem cá o Marítimo ao Dragão. Espero que o jogo seja mais calmo que o de hoje.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 2 Dinamo Kiev

Pensei que ia ser um jogo tranquilo, mas rapidamente percebi que já não há jogos tranquilos com este FC Porto. Toda a partida foi disputada a um ritmo tão lento, vagaroso, com fraca qualidade de passe e rotação, jogadores constantemente parados à espera que a bola lhes chegasse aos pés e uma enervante incapacidade de manter o esférico no relvado. Não vi vontade de jogar para ganhar, para arrumar o jogo cedo e chegar a três vitórias noutros tantos jogos. Hoje, os jogadores não estavam para aí virados e insistiram em cometer erros infantis e displicências de um amadorismo inexplicável. Conseguimos vencer o jogo porque a eficácia, outrora tão ausente dos nossos pés, hoje fez uma aparição na altura certa e no lugar certo pelos…pés de Jackson e de Lucho, talvez os únicos que se safaram com notas positivas. Enfim, valeram os três pontos. Notas abaixo:

 

(+) Jackson Finalmente, golos normais, de ponta-de-lança, a aparecer no momento certo a receber os passes dos companheiros e a desmarcar-se na perfeição para acertar na baliza em condições, ao contrário do que tinha feito em Zagreb. Parece estar mais habituado ao nosso estilo e tem razões de queixa dos companheiros porque por diversas vezes conseguiu controlar bolas pontapeadas sem grande preocupação de pontaria por Helton ou Maicon…e não tinha ninguém para quem as passar. Se o primeiro golo é um excelente movimento para um avançado, a aguentar a carga do central ucraniano e a passar a bola por baixo do guarda-redes, o segundo é exactamente o que se pede a um ponta-de-lança: estar no trajecto da bola em condições de marcar. Salvou a equipa, quase sozinho.

(+) Lucho Correu que se fartou e teve ainda de aguentar o jogo inteiro, ele que não deve ter assinado contrato para jogar mais de 70 minutos por jogo foi um dos poucos que esteve ACIMA do ritmo dos colegas, o que é obra tendo em conta a habitual passada lenta do argentino. Duas assistências e muitas tentativas de animar a equipa fizeram dele uma das figuras do jogo, mas surpreendeu-me mais pela pressão alta que continuava a fazer no meio-campo contrário. Bom jogo.

 

(-) A lei do menor esforço Devo dizer que Vitor Pereira me surpreendeu quando a equipa surgiu sem alterações para a segunda parte e ainda mais quando vi que no final apenas tinha rendido três dos seus homens de campo. Digo isto porque a ideia com que teria ficado, caso não soubesse que o jogo contava para a terceira jornada da fase de grupos da Champions League, era que o Dínamo tinha vindo à Invicta para um particular a meio da temporada e ia ser um daqueles jogos chatos em que se muda meia-equipa ao intervalo e os onze que terminam não são os que a começam. Porque foi um jogo inteiro de esperar que o adversário fizesse alguma coisa para que a equipa pudesse espevitar (ma non troppo) e procurar marcar um golo para fechar o jogo. Mas só um, que trabalhar faz calo e isto até se está bem aqui sem cansar muito. James andou perdido grande parte da partida (vêem agora porque é que quando um “10” está em baixo a equipa sente ainda mais que ele?), Danilo raramente conseguiu subir pelo flanco, Mangala não sabe subir pelo flanco (faz lembrar Maicon no ano passado a jogar à direita, faz o que pode), Varela pouco mais fez para lá do golo e até Fernando perdeu algumas bolas por atitudes displicentes. Foi fraco, muito fraco para quem estava claramente a subir de produção até ao jogo com o Sporting e não me convenço que foi a paragem competitiva que lhes tramou a confiança. Foi preguiça, só isso, preguiça. Foi a falta de vontade de mostrar ao Dínamo, como tiveram contra o Paris Saint-Germain, que quem manda somos nós e mandamos porque somos muito melhores. Equipas como esta de Kiev (como o Rio Ave antes dela, com as diferenças ajustadas para a competição em que as defrontamos) arriscam-se a ganhar pontos ao FC Porto quando os nossos rapazes se acham superiores a terem de sujar os calções para vencer um jogo. Não gosto de arrogância prematura quando há muito ainda para provar e por isso não gostei do jogo de hoje.

(-) Moutinho Um jogo totalmente off do João. Falhou mais passes hoje à noite que em toda a época 2010/2011 e nunca pareceu confiante em levar a bola para a frente ou criar linhas de passe em movimento. Displicente a receber a bola, fraco nos passes de retorno e inconsequente nas desmarcações, foi pouco mais que uma parede a três dimensões que passeou pelo relvado a ritmo de treino sem nunca conseguir entrar no jogo. Saiu bem, apesar de Defour pouco ter trazido de novo ou de muito mais produtivo.


É verdade que ainda podemos não nos qualificar para a próxima fase, o que seria injusto mas perfeitamente ao alcance de uma equipa de duas caras como esta do FC Porto de Vitor Pereira. Quem este ano apenas tiver assistido aos dois jogos do FC Porto no Dragão a contar para a Champions, devem pensar que o equipamento secundário traz com ele uma dose de calmantes e uma garrafa de brandy, porque comparar a partida de hoje com o que se fez contra o Paris Saint-Germain é pura brincadeira. Não consigo entender como é que se entra em campo tão motivado a não fazer quase o mínimo exigível para uma equipa que quer ser grande mas que insiste em ter performances abaixo do que pode e sabe fazer. Não consigo entender, palavra.

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Baías e Baronis – CCD Santa Eulália 0 vs 1 FC Porto

O jogo foi fácil, que ninguém tenha dúvida acerca disso muito embora o resultado possa parecer que houve luta. Não houve. Os rapazes do Santa Eulália tentaram com muita vontade mas pouca qualidade técnica e ainda menos discernimento, o que era perfeitamente expectável tendo em conta a diferença entre as duas equipas. Mas não era expectável a quase total ausência de vontade por parte de vários jogadores do FC Porto que parecem padecer de uma condição estranha neste tipo de jogos contra equipas teoricamente mais fracas e que os leva a serem lentos, a arrastar o jogo, a ficarem à espera que os minutes passem até se esgotar o tempo de jogo e poderem ir para casa de novo. Vitor Pereira não quis falar depois do jogo e compreendo que não o faça. Mas passa por ele tentar e conseguir mudar esta mentalidade tão portuguesa e infelizmente tão portista há muitos anos, não pode amuar e assumir que nada há a mudar. Espero que no balneário tenha falado. E muito. E com vernáculo. Notas abaixo:

 

(+) Kelvin e Atsu Foram talvez os poucos que tiveram o mínimo de discernimento para furar uma defesa com pouca organização e um meio-campo que se valia da quantidade em vez da qualidade para travar os ataques do FC Porto. Kelvin melhor que Atsu na primeira parte, com excelentes pormenores de controlo de bola, rotações para criar desiquilíbrios e condução da bola pelos sítios certos com bom tempo de passe. Na segunda Atsu esteve melhor, mais incisivo a aproveitar a quebra física do adversário e apesar de pouco eficaz no último passe foi talvez o melhor jogador do FC Porto.

(+) O golo de Danilo Se alguém tiver a pachorra de colocar Danilo numa sala e lhe fizer uma pergunta muito simples: “gostas de jogar a defesa direito?”, enquanto o tortura continuamente com uma corda e um CD do Mickael Carreira, a resposta vai ser: “não, prefiro jogar no meio-campo”. sempre, mesmo quando a música estiver alta e a corda ensanguentada. E o rapaz prova isso a cada jogo que faz, porque sempre que pode descai para o centro e aparece pronto para rematar à baliza ou fazer passes como o do passado Domingo contra o Sporting que deu o golo de Jackson. Marcou um excelente golo exactamente nessa posição em que apareceu no apoio, mas não gostei tanto de o ver a jogar no centro quando Vitor Pereira o colocou lá a meio do jogo. Espero por outras oportunidades em jogos secundários porque não creio que consiga tirar o lugar a Lucho ou a Moutinho…

(+) As desmarcações de Rolando Ver Rolando a jogar a trinco é tão natural como ver-me a usar um vestido de majorette e a dançar nas marchas populares da Madragoa. Mas foi curioso ver que a capacidade técnica de Rolando, particularmente na tentativa de furar a defesa com passes certeiros e que só não deram mais frutos porque, sinceramente, não parecia haver ninguém que quisesse mesmo marcar golos. Lento demais para ocupar aquela posição contra clubes com menos de duas divisões de diferença do FC Porto, ainda assim esteve bem.

 

(-) A mentalidade dos que têm algo a provar Que tal aconteça com jogadores credenciados e sem nada a provar, até compreendo. Não aceito, mas compreendo. Agora quando vejo jogadores como Iturbe, Kleber ou Castro a jogarem a um nível tão baixo, tão ausente e tão desinteressado, custa-me perceber o que raio passa pela cabeça desses fulanos. Vejo isto a acontecer há anos e até hoje ainda não vi nenhum treinador que conseguisse pegar numa equipa e a motivasse de uma forma tão francamente intensa que levasse a que os menos utilizados exibam a garra que os consiga fazer subir na consideração de sócios, adeptos e acima de tudo da sua própria equipa técnica. Talvez não haja salvação. Talvez estejamos presos a uma realidade em que os jogadores talentosos vêem que não têm hipótese de “roubar” a titularidade aos colegas mais credenciados e nem tentam. Mas não consigo perceber como é que alguém no início da sua carreira já consegue pensar assim dessa forma. Enfim, não consigo perceber que Castro não jogue rápido de pé para pé e prefira passes longos para lançamento lateral do adversário. Não entendo como é que Iturbe não percebe que fintar seis ou sete jogadores pode não ser a melhor opção. Não me cabe na cabeça como é que Kleber…existe no nosso plantel, porque continua a não mostrar qualidade para isso. São todos novos demais para desistirem tão cedo. Desiludem-me estes e alguns dos outros como Varela ou Miguel Lopes, que têm já um nome a defender e entraram para o marasmo como os outros. Muito fraco.


Os resultadistas dir-me-ão que o que interessa é a qualificação para a próxima ronda e na verdade é mesmo isso que conta. Mas custa-me ver jogadores que têm talento para isso e desperdiçam oportunidades de brilhar, de pressionar as opções do treinador e de convencer os adeptos que são opção para todos os jogos e não só estes da taça. Não compreendo como se atiram estas opções ao vento, palavra que não entendo. Enfim, venha de lá o Dínamo porque este não deu sequer para aguçar o apetite. Parabéns ao Santa Eulália. Quase que tinham sorte.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Sporting CP

foto retirada de desporto.sapo.pt

Perto do final do jogo, já depois do segundo golo ter finalmente entrado na baliza do Sporting, as claques começaram a entoar a música do costume. “Outra vez, outra vez, campeonato c’o caralho outra vez…”, e o estádio cantou, como quase sempre faz quando o Sporting nos honra com a sua visita e sai daqui habitualmente a pedir almofadas para sentar o rabinho dorido no autocarro. E cantei com eles, com alegria, até que um dos meus colegas de bancada disse a melhor frase da noite: “É mesmo verdade, as músicas clássicas são as melhores!”. Pumba, embrulha. Dá sempre gosto vencer um clássico, mas este teve o dom adicional de enervar um estádio inteiro pela nossa falta de capacidade de impôr um ritmo consistente e forte de início a fim contra uma equipa que está muitos níveis abaixo da nossa. Custa-me ver brincadeira e um quase desprezo pelo adversário quando o resultado está a um lance fortuito de passar de positivo a negativo. Ainda assim foi uma boa vitória, com menos brilho que na quarta-feira contra o PSG mas ainda assim uma vitória com todo o mérito. Notas abaixo:

 

(+) Otamendi Quase perfeito nos cortes e nas intercepções, fez com Maicon e depois Mangala uma dupla praticamente intransponível no relvado do Dragão. Estava em todo o lado pelo chão e pelo ar, ajudou a pressionar à frente e tapou o que era preciso com o vigor habitual que por vezes é exagerado mas hoje esteve na medida certa. Firme na saída com a bola controlada, foi no lado direito da defesa que melhorou quando Vitor Pereira (bem, depois de ver que Mangala não se estava a adaptar bem a ocupar a mesma zona de Maicon) o trocou para essa posição e foi o melhor em campo do FC Porto.

(+) Helton Mais uma vez, como tinha feito em Faro e Zagreb, foi o guarda-redes que uma equipa grande precisa, porque está poucas vezes em acção mas fê-lo sempre com segurança e impediu que o Sporting marcasse sem ser merecido mas que poderia ter colocado dificuldades indesculpáveis à nossa defesa. Duas grandes defesas e várias saídas da baliza marcaram-no como pivotal na vitória de hoje.

(+) O golo de Jackson Começo a achar que marca os golos mais difíceis e falha os fáceis, mas mais uma vez fez uma obra de arte digna de passar em todas as televisões do Mundo acima de qualquer golo de Ronaldo ou Messi. O controlo da bola na coxa, a inflexão do corpo e o calcanhar em pleno voo foram inesquecíveis para quem tiver estado hoje no Dragão. Se ao menos conseguisse fazer o mesmo em jogadas…vá, normais…e tínhamos aqui uma pérola. Assim…ainda tem muito que provar.

 

(-) Baixar o ritmo cedo demais O jogo de hoje deixou-me nervoso sem necessidade e esse é o pior tipo de nervosismo que posso ter durante um jogo para lá de um ou outro jogador lesionado e a chuva que me pode molhar no regresso a casa. É aquela atitude de “cagão”, como se diz no Norte, de quem olha de cima para baixo sem o respeito que o adversário merece e não procura chegar a um patamar de qualidade que seja condizente com o valor das duas equipas, é essa arrogância negativa que me chateia. Porque um bom resultado de um a zero rapidamente se transforma num infeliz empate graças a um remate fortuito ou um lance azarado do guarda-redes, e ainda há uma semana tivemos um excelente exemplo disso mesmo, em Vila do Conde. E a culpa não pode parar nos jogadores, porque Vitor Pereira não conseguiu colocar os rapazes a jogar com a intensidade que mostraram na passada quarta-feira contra o PSG durante mais que os primeiros vinte minutos, em que estivemos novamente bastante bem. Das duas uma: ou Maicon é o líder espiritual da equipa e quando não está em campo há um relaxamento natural graças à falta do “pastor”, ou os gajos olharam para o Sporting e não o temeram. Mas têm sempre de temer o adversário, ou no mínimo darem-lhe o benefício da dúvida. Hoje fomos arrogantes e tomamos o jogo como ganho antes disso acontecer. Não gostei.

(-) Danilo Está-me a começar a preocupar o rendimento de Danilo na lateral-direita. Constantes desconcentrações no flanco, persistentes falhas no passe e pouca audácia a subir no terreno colocam uma pressão extra na utilização do brasileiro em detrimento de Miguel Lopes que é menos jogador mas muito mais consistente e lutador. Danilo tem de subir a produtividade sob o risco de começar a ser “queimado” pelos adeptos e já sei por experiência que não será fácil recuperar a imagem perante os adeptos.

(-) Sporting É fraquinho, este Sporting, e nem as perenes reclamações contra arbitragens lhes safa a imagem de uma equipa desorientada, com poucas ideias e com jogadores sub-aproveitados. A um meio-campo forte em nomes mas fraco em produtividade e um ataque que pouco cria apesar da velocidade de Carrillo, o posicionamento de Wolfswinkel e a técnica de Pranjic juntam-se dois centrais com mais corpo que inteligência e dois laterais que sobem o suficiente para intimidar mas nunca passam da mediania. Cedric talvez seja o melhor jogador deste Sporting, o que é dizer muito.


E agora, mais uma paragem para selecções e duas semanas sem jogos do meu clube. Chateia-me, mas é assim que o campeonato está estruturado. Talvez funcione para a recuperação de Maicon e Alex Sandro, titulares indiscutíveis neste FC Porto 2012/2013, e deixe descansar alguns jogadores que passaram uma semana intensa com as nossas cores. Que não haja lesões e o desgaste das viagens seja colmatado por um regresso em condições à competição. Por agora descansemos. As emoções voltam em breve.

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