Estimado Professor,
Uma viagem à Madeira nem sempre corresponde ao esperado. No meu caso seria o reencontro com um não-tão-velho amigo mas que está mais próximo de mim do que tantos outros bem mais velhos, em tempo de amizade e na própria idade do fulano. Equivale a litros de poncha, quilos de carne da boa, centenas de piadas foleiras com muito vernáculo e uma alegria enorme por estarmos juntos de novo. Soa piroso e na fronteira do homo-erótico, mas sei que compreende. No entanto, continuando o raciocínio, nem sempre destas viagens à ilha sai coisa boa. E hoje, quando entramos nas rectas finais das competições em que estamos envolvidos, cada saída de casa parece ganhar um peso ainda maior no culminar dos acontecimentos, pelo que o jogo desta noite é mais um desses calhaus no nosso caminho que queremos evitar a todo o custo.
Na estreia daquela que é a enésima dupla de centrais da temporada (deve ser um recorde, tenho de analisar mais a fundo), a somar à ausência de Varela, que aprovo seja por lesão ou apenas para descansar o rapaz, o meu caro amigo tem um biquinho de obra bem rijo. Já sabe que os fulanos jogam com garra e que em casa deles estão habituados a tentarem lixar-nos a vida a todo o custo. Não sei se o Marçal vai jogar, mas espero que sim, só para podermos ter o prazer de fazer esse estupor perder o jogo. Tenho-o numa daquelas listas de “Gajos para dizer a Satanás que pode espetar a forquilha à vontade”, por isso fico satisfeito quando o vejo pisar trampa ou perder com o FC Porto. O que lhe doer mais na alma.
Quanto a nós, é só jogar como na passada quarta-feira. Não vejo equipa em Portugal que nos aguente se jogarmos com aquela intensidade e coragem. Tenho fé em si e só espero que hoje na Choupana não apanhe nevoeiro. Peço desculpa. Eu sei, é mau demais, mas já é tarde e muda a hora…
Sou quem sabes,
Jorge