Ouve lá ó Mister – Guimarães

Mister Paulo,

Já passou a coisinha má que nos ias dando a todos na quinta-feira. Ainda por cima, para lá de toda a emoção do estupor do jogo, acreditas que estava um fulano com toda a autoridade do mundo a ouvir o relato do que estava a ver na televisão? Vá lá, não o ouvia com o volume no máximo, mas gritou pelo menos os nossos dois últimos golos…e calou-se quando o Alex Sandro se enfiou em mais um buraco enorme e o Eintracht reduziu? Se houve altura em que me apetecesse partir as trombas a outro portista, foi aí…mas acalmei-me e continuei a sofrer por ti e pelos teus. Por ti e por causa de ti, que aquela exibição defensiva não se admite a ninguém, Paulo.

Não estou optimista para hoje, mentir-te-ia se dissesse o contrário. Continuo a ver um frangalho de uma equipa em campo, recheada de falhas defensivas, má cobertura de espaços e ineficácia ofensiva. E o Guimarães pode-nos tramar a vida de uma maneira muito fácil: enchendo o meio-campo de caceteiros (Deus sabe que moram lá alguns…) e pressionando-nos até que não consigamos mostrar um lampejo de futebol organizado. E não estou à espera que o empate que soube a vitória na Alemanha tenha voltado a injectar moral e confiança nos jogadores, por muito que tenha visto o Danilo a gritar no final da partida com o doce sabor do trabalho bem feito. Não acredito, Paulo, e é até aqui que me trouxeste nesta viagem tão atribulada. Peço-te mais uma vez: convence-me do contrário. Está tudo nas tuas mãos.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Eintracht Frankfurt 3 vs 3 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Há quem diga que o futebol é um desporto aborrecido, cheio de pequenos e grandes nadas e que os resultados acabam na maioria das vezes com um golo para uma equipa e nenhum para a outra. E até pode ser verdade…mas às vezes acontecem jogos destes, em que há incerteza no resultado, emoção a rodos e uma invulgar capacidade de sofrimento que levou qualquer portista a entrar em quase demência com a parvoíce da própria equipa, ao mesmo tempo que se excitava com a vontade de ganhar que os jogadores mostravam e que o nervosismo e a disposição táctica quase os impediam de conseguir. E daqui a uns anos posso dizer: “E aquele jogo que fomos fazer a Frankfurt? Porra, que me ia dando um enfarte!!!” Uff. Escapelizemos, então:

(+) Danilo. Esforçadíssimo, fez o flanco todo durante…o jogo todo e foi dos que nunca desistiu, o que me deixou completamente surpreendido porque já disse várias vezes no passado que acho que o rapaz precisa de incentivos permanentes e se tivermos de pagar mais algum para o moço ir ao psicanalista, podemos recuperar mentalmente um jogador que se deixa ir abaixo com qualquer infortúnio que lhe aconteça. Mas hoje, ao contrário do que é normal, Danilo tentou sempre levar a equipa para a frente e lutou com poucos para que o jogo lhe corresse bem, e correu. E quem dera que consiga manter este ânimo, esta vontade durante todos os jogos que disputa.

(+) Mangala (pelos golos). Porque até para um latagão como o francês, marcar dois golos de cabeça em plena área de uma equipa alemã não é para todos. E porque compensou as falhas atrás com uma eficácia na frente que nos valeu a passagem aos oitavos. Muito bem, Eliaquim, sempre a marcar pontos para o mercado de Verão!

(+) Aleluia! Atitude! Quaresma corria na frente, com Fernando a controlar o meio-campo atrás (Fonseca, por favor, deixa o rapaz a jogar sozinho, por favor, oh POR FAVOR!) e Varela a sprintar pela ala. Sim, continua e palpita-me que continuará a haver extraordinárias descompensações na zona do meio-campo e defesa, onde aparecem três homens a cobrir o espaço onde está a bola, abrindo linhas de passe facílimas para o adversário, mas hoje houve algo que não tinha havido na primeira mão e muito menos no Domingo: houve querer. Os jogadores do FC Porto mostraram que queriam vencer o jogo e mesmo depois de várias contrariedades (empatar depois de estar a perder por dois…para logo sofrer o terceiro, é dose) conseguiram lutar com as forças que tinham apesar da pouca cabeça que enfiaram no jogo. Ao menos isso, para que não se lhes possa apontar mais nada sem ser a adesão a um sistema táctico e a uma disciplina de jogo que, francamente, não compreendo.

(-) Jackson. Uau. Simplesmente…uau. Deve ter sido o pior jogo que Jackson fez com a nossa camisola, tal foi a quantidade ridícula (e risível, para os adversários) de bolas perdidas, mal controladas e desperdiçadas. Rematou sempre ao lado, às vezes *demasiado* ao lado para um jogador que é excelente em frente à baliza mas que está perdido quando tem de recuar e não encontra um elemento a quem possa endossar a bola, algo que acontecia frequentemente no ano passado com Lucho, James ou Moutinho, e como este ano fica abandonado na frente, procura fazer as coisas sozinho. Ui. Não. Não, Jackson, por favor não. Está em baixo de forma e nota-se na sua postura e atitude em campo. Acorda, homem!

(-) Carlos Eduardo. Mais um bom monte de merda de iaque que saiu dos pés deste rapaz, aparentemente mais preocupado em perder a bola do que de facto a criar algo de produtivo. Perdeu já a boa imagem dos primeiros jogos que fez a titular, muito por sua culpa, na medida em que o posicionamento táctico parece o que um perú algemado a chegar ao dia de Acção de Graças na América, cheio de vontade de fugir mas sem espaço para onde o fazer. O terceiro golo do Eintracht tem grande influência sua, desfazendo uma defesa que estava já inclinada para a frente com um passe fraquíssimo para o centro do terreno, facilmente interceptado pelos alemães. Se Quintero não joga agora…não faço ideia porque será.

(-) Falhas defensivas. Sai mais uma fornada quentinha de estupidez e desconcentração para a equipa do FC Porto! Se formos a compilar um worst-of dos lances defensivos desta temporada, temos um dia inteiro de videos para ver e apreciar, especialmente se não formos adeptos e/ou sócios. Apenas Danilo se safou hoje, porque Alex Sandro esteve quase sempre distraído e mal apoiado a defender e os centrais foram consistentemente ultrapassados em astúcia e altura pelos alemães. Desconcentrados, mal posicionados, sem sentido prático, fica na imagem aquele lance em que Mangala, tentando proteger a bola para Helton recolher, dá um toque mesmo antes do guarda-redes apanhar a bola…e sai mais um livre directo que é meio golo e só não foi completo por sorte. Somemos o corte em cima da linha de Varela, as IMENSAS falhas de Maicon (nos dois primeiros golos, por exemplo) a lentidão de Herrera e o mau posicionamento de Carlos Eduardo e temos aqui um caldinho maravilha. Ah, Porto, onde está a tua defesa que fez nome pela Europa fora?


E agora? Nápoles. E vamos já assumir que somos underdogs para este jogo, porque Hamsik não é Meier, Higuain não é Joselu, Inler não é Schwegler e Callejón não é Aigner. Nem falo do Mertens e do Pandev. Yeah, we’re fucked.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 1 Estoril

Ainda a subir a alameda, depois do jogo, ouvia um miúdo que caminhava atrás de mim, rodeado por um casal que estimei serem os progenitores do infante. A dada altura, num discurso excitado, o puto dizia: “Ó pai, ó pai, e quando eles começaram a cantar ‘Fonseca, cabrão, pede a demissão!’ é que foi”, para logo ser interrompido pelo pai, admoestando-o para não dizer palavrões. Talvez pela associação fácil, virei os pensamentos para Fonseca e para a forma como tem vindo a não-gerir a equipa, as expectativas e as exibições. A equipa continua desorganizada, os jogadores cabisbaixos e as exibições absurdamente más, mas palmas a partir do banco tornam tudo pior, transformando-se em imagem de chacota e levam à irascibilidade dos adeptos, incapazes de perceber como é que nada parece correr bem. É difícil ser adepto do FC Porto em 2014. Vamos a notas:

(+) Quaresma. Dos poucos que tentou, ainda que à sua maneira, fazer com que as coisas fossem um pouco diferentes do que até aí tinham vindo a ser. E não foi por culpa dele que perdemos o jogo, ele que rematou, cruzou, tentou fintar os homens do Estoril para colocar a bola em Jackson (quem?) ou Ghilas, quase sempre sem sucesso mas sem desistir. Foi a imagem da frustração transferida dos adeptos, que viam nele um dos que podia dar a volta às coisas. Não conseguiu, mas não foi por falta de tentativas.

(-) Fonseca, os ovos do Fonseca, a forma como o Fonseca pega na sertã e a omelete toda fodida do Fonseca A esperança não morre mas vai definhando ao longo de tantas semanas de mau futebol, perdendo o controlo das funções corporais enquanto se transforma uma equipa que sabia jogar (algum) futebol, por muito que pudesse ser um estilo que não agradasse a todos, mas que hoje é uma imagem parva do que outrora já foi e já mostrou que podia continuar a ser. A bola parece um corpo estranho, que dói ao toque e amedronta em posse, os adversários agigantam-se na mente dos jogadores e a desorientação em campo é tão evidente e tão confrangedora que apetece mandar todos para casa e trazer uma equipa nova, sem medos e temores mil mas com vontade de jogar. O que temos hoje em dia não é mais do que uma carcaça de uma equipa, com um treinador incapaz de se fazer ouvir, de mostrar o que sabe e de convencer um único adepto que é o homem certo no lugar certo. É certo que não temos dois jogadores essenciais que tínhamos no ano passado e que davam estabilidade à equipa (mais Moutinho que James, é certo), mas não engulo essa teoria “per se”. O plantel pode não ser forte, mas são muitos jogos exactamente como este, sem rumo, sem organização a meio-campo e sem um estilo de jogo vincado e consistente, que marcam a diferença entre um qualquer Estoril e uma equipa como tem de ser o FC Porto. Fonseca tem culpas óbvias neste estado a que chegamos. O fio de jogo é inexistente e assenta na bola pelos extremos com os laterais em fraco auxílio, lento, sem ideias, sem organização. O meio-campo é triste, preso, sem elasticidade para a marcação ou para a pressão, alta ou baixa (vi hoje várias vezes dois ou três jogadores a tentar tirar a bola sem sucesso a um adversário, deixando espaços enormes na zona recuada e jogadores livres para receber a bola), que permite que qualquer oponente consiga trocar a bola sem qualquer problema no nosso meio-campo, onde só não criam mais perigo porque a maior parte deles não sabe muito bem o que fazer com tanta facilidade por nós oferecida. O ataque é frouxo, onde Jackson está incapaz de apontar para a baliza, Ghilas parece um elemento fora do seu meio e apenas Quaresma e Varela, a espaços, conseguem algo de produtivo. E Fonseca hoje conseguiu pior que na 5a feira, onde tirou Fernando e destruiu o resto do pseudo-centro do terreno: retirou Josué, sem grande sucesso no jogo mas dos poucos que tentava lutar para a equipa subir e recuperar a bola, para introduzir Carlos Eduardo (que infelizmente nada trouxe de novo), deixando Herrera em campo, que tinha estado quase sempre ausente do jogo. Pior de tudo é a falta de crença. Os jogadores não acreditam neles, nos colegas e no treinador. Os adeptos não acreditam nos jogadores nem na equipa que os dirige. E não sei muito bem quem é que acredita que Fonseca ainda conseguirá fazer alguma coisa de positivo esta época. Eu, aqui para nós que ninguém nos ouve, também não acredito.


Não baixo os braços, nunca o faço, mas começa a ser complicado mantê-los lá no alto sem ser para fazer uma prece a qualquer Deus que me ouça para dizer: “Ajuda-me, Big Barbas!”…

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Mister Paulo,

Começo a ficar farto de ver o FC Porto a jogar desta maneira, Paulo. É frustrante para mim, para todos os adeptos mas acredito que também para ti, porque se estás todas as semanas a dizer a mesma coisa e ninguém te ouve, chega uma altura em que se tem de bater com os punhos na mesa e dizer “basta!”. E jogo após jogo a ver os mesmos erros, a mesma falta de disposição para sofrer e para encarar os problemas de frente e tentar resolvê-los, hesito em tentar perceber o que raio passa pela cabeça dos teus jogadores para não fazerem o que é preciso para limpar a mente e começar a jogar futebol de uma maneira que agrade a todos e que traga vitórias consistentes. Vitórias, pronto, neste momento já me contento com um 1-0 com uma exibição agradável.

Mas não me convences, homem. Já não me convences e temo em pensar no que pode ser do resto da temporada se continuarmos a este nível exibicional e não houver um salto à Mike Powell que nos faça pinchar deste poço para fora e traga de volta o FC Porto que sei estar aí escondido por baixo da epiderme de lixo que tem sido este ano. O Estoril, mais uma equipa “excelente”, sabe jogar à bola e não sendo um titânico adversário, neste momento é uma equipa que nos pode tirar pontos com facilidade pela simples razão de correr mais que nós, de jogar mais organizado e com sentido prático bem mais apurado. Convence-me do contrário, Paulo. Faz-me acreditar que ainda é possível.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Gil Vicente

Mister Paulo,

Anda tudo a anunciar o apocalipse que vai acontecer neste jogo. Porque vamos a Barcelos jogar num campo completamente cheio de toupeiras e com menos relva que um adolescente num Domingo depois de ter dado uma festa no Sábado para alguns amigos que trouxeram outros amigos e lá apareceram três ou quatro “amigos”. O costume. Mas em Barcelos não me parece que haja snipers nas bancadas, exércitos de Hunos ou divisões de kamikazes que atravessem os céus do estádio para se espetarem contra os nossos moços, matando-os no processo. Tento-me manter calmo quando penso no jogo de hoje, mesmo sabendo que é um campo tramado…mas que raio, não deixa de ser o Gil Vicente. Há um nome, uma honra, um princípio a defender e esse é o dos mais fortes, que qual mulher de César, têm de ser mais fortes em campo e não só em nome.

E é essa merda que me anda a moer a moleirinha nos últimos tempos. Todos os adversários agora são “excelentes equipas” ou “bem organizados” ou simplesmente “fortes”. Caralho, Paulo, que aconteceu ao majestoso FC Porto que metia medo em campos por esse país fora e que cada visita nossa só tinha uma vitória possível para o clube visitado que era na bilheteira? Estamos assim tão sub-orientados e sofremos tanto com os nossos próprios males que qualquer montezinho de estrume nos canta por cima? Neste caso…de galo? (não resisti, perdão). Já sei que não ganhamos naquela cidade há oito anos (no futebol, entenda-se), mas algum dia é para voltar às vitórias e mais vale que seja hoje. Vi que o Mikel voltou a estar na convocatória muito embora haja um jogo importante dos Bs contra o Leixões. Acho bem, é exactamente isso que quero da equipa secundária, que mostre jogadores que possam vir a ser usados nos As. E volta a pôr o Maicon na equipa, por favor, o rapaz merece.

Sou quem sabes,
Jorge

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