Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Trofense

Foi um jogo demasiadamente simples para ser interessante, mas ainda assim teve vários pontos que mereceram atenção, especialmente pela utilização de vários jogadores novos, que puderam começar a experimentar o que é usar aquela camisola. A malta gosta é de futebol a sério e de jogar ao ataque e de força e subidas pelos flancos e remates e outros apontamentos de ataque permanente, mas até compreendo que não tenha havido grande incisividade do ataque durante quase todo o jogo. Malta nova, algo nervosa, com pouco ritmo e menos rotinas. Enfim, podia ter sido melhor mas não me preocupa que não o tenha sido. Notas, rápidas, seguem abaixo:

(+) A fácil integração dos novos. Victor Garcia foi o único jogador dos Bs, mas a quantidade de vezes que Carlos Eduardo, Ricardo, Kelvin e Reyes têm vindo a jogar pela segunda equipa fizeram com que o onze fosse descaracterizado em relação ao normal. E apesar disso não se notou em grande escala a diferença, o que diz muito da forma como os As jogam por estes dias mas também revela que temos alternativas a considerar com alguma importância. Carlos Eduardo pareceu rijo e disposto a mostrar que serve para esta posição diferente do habitual; Victor Garcia e Ricardo estiveram bem, como podem ler abaixo; Reyes mostrou-se seguro e com uma técnica individual acima da média; Ghilas não esteve mal e Quintero, apesar de exageradamente individualista, mostra que consegue encontrar espaço onde não cabe um feijão. Terão todos novas oportunidades no futuro.

(+) O flanco direito. O venezuelano pareceu sempre muito confortável na lateral e apareceu muitas vezes na frente de ataque ao lado de Ricardo, com bons overlaps e acima de tudo com uma facilidade notável de recuperação física e de pique rápido. Ricardo continua a ser uma boa surpresa. É rápido, prático, inventa pouco mas faz tudo a uma velocidade alta demais para muitos dos nossos adversários e pode ser extremamente útil para desatar nós górdios em tantos jogos que por aí vêm.

(-) Olhar pouco para a baliza. Foi o que mais chateou a malta e até acabo por compreender. Aliás, tem sido uma das lanças apontadas à equipa nos últimos tempos e aí compreendo mesmo. Parece haver alguma renitência na altura de criação de lances ofensivos e especialmente há uma estranha incapacidade de rasgar defesas adversárias com os entendimentos a serem feitos em zonas demasiado recuadas para causarem perigo, o que acaba por transformar a grande maioria dos ataques em organizações andebolescas. Compreendo que enfrentemos defesas fechadas em demasia, com gente colocada excessivamente perto da baliza, mas esta é uma realidade que já nos habituámos a ver desde há muitos anos a esta parte e este ano parecemos lentos demais, mais ainda que na criação sonolenta do jogo de Vitor Pereira em 80% dos jogos. Vejo vezes demais Alex Sandro a romper para o centro, para recuar a bola até Fernando que segue para Defour, que sem espaço para subir joga para um qualquer central…que joga de novo para Danilo e tudo se trava, tudo se desfaz e vamos começar de novo ao mesmo ritmo. Esta é a marca de uma equipa sem ideias, mais preocupada com a estrutura do que com a finalização. São jogos disputados com esta intensidade que estão a fazer com que o pessoal fique irrequieto no assento e que se aborreçam de ver a equipa a jogar…e criticam à primeira oportunidade. Há que ser mais, há que ser melhor, há que produzir mais. Nem que a merda da bola vá por cima, ao lado, ao poste ou direita ao guarda-redes, mas precisamos de chegar mais vezes à baliza.


Não há muito a dizer porque o jogo não foi muito exigente. Foi fácil demais, tanto que a equipa pareceu mais interessada em criar rotinas entre jogadores menos utilizados em vez de aumentar a vantagem. Na terça-feira, contra o Zenit, o nível é diferente e a equipa também vai ser. Ai dela.

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Ouve lá ó Mister – Trofense

Mister Paulo,

Os ingleses, pelo menos alguns dos que escrevem nas internetes, chamam a este período “Interlull”. É mais uma daquelas atitudes curiosas e cheia de pequenos duplos-significados que os bifes adoram usar (e fazem-no diariamente nas capas de jornais e nas televisões, tanto que os amaricanos agora fazem o mesmo) e que no fundo quer dizer qualquer coisa como “o intervalo entre jogos a sério que dá sono de tão entediante e não-competitivo”. É assim que me sinto durante estes períodos sem jogos do FC Porto. Seco, frio, infeliz, de ombros caídos, sem alma e sem vida. Mas hoje, felizmente, regressamos à bola, ainda que numa competição que só é grande porque o Benfica ainda não foi eliminado.

Já percebi, pela convocatória, que optas por poupar alguns rapazes que têm jogado mais (perguntou-me um amigo que se diz portista: quem é o Victor Garcia?! Herege, é o que és!). Não te aconselho grandes exageros até porque o FC Porto tem tendência para facilitar a mais nestas tralhas (pergunta ao Jesualdo e ao Fernando Santos o que acontece quando brincam em serviço), mas aprovo que dês minutos a alguns moços que também merecem. Fabiano, Reyes, Ghilas, Carlos Eduardo e talvez Kelvin podiam entrar no onze, mas não mudava mais ninguém. Mantém o meio-campo forte com o Fernando e o Defour, espeta com os laterais do costume e tenta matar o jogo depressa para descansares para terça-feira. Mas não sacrifiques um resultado positivo por uma melhor preparação para um futuro encontro. O que conta é este e não sendo preciso entrar com todos, entra com o suficiente para garantir que não levam todos uma assobiadela no final.

Não vou lá estar em corpo nem devo ver o jogo em directo, mas amanhã voltaremos a falar. O tom da conversa depende de ti.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Atlético Madrid

Mister Paulo,

Ninguém tem ilusões quanto a este jogo. Sim, está bem, demos-lhes cabo do canastro várias vezes nos últimos anos, mas o FC Porto que temos visto nos últimos tempos não parece capaz de empalar o Atlético das últimas jornadas, como todos gostaríamos de ver amanhã metaforizado no relvado do Dragão. É uma vida de merda esta, Paulo, quando olhamos para um adversário que nos habituámos a mutilar com o prazer de um predador a quem atiraram um naco de carne. E estamos esfomeados mas parece que não temos dentes à altura da ocasião.

Os últimos jogos têm sido mauzinhos a roçar o muito mauzinhos. É verdade que desde o jogo em casa com o Gil que temos três vitórias e um empate, mas estou cada vez mais apreensivo especialmente depois da segunda parte contra o Guimarães. Foi muito fraquinho, Paulo, e apanhando os cabrões dos mini-Simeones que cá vão estar logo à noite, temo pela minha saúde cardíaca quando começar o jogo e vir que não conseguimos aguentar a pressão. Vejo-nos muito hesitantes, pá, muito tristes com a bola, sem ideias…ou talvez com ideias a mais e sem as conseguir organizar em condições dentro daquelas cabeças cheias de gel e fumo das seringuinhas eléctricas dos tatuadores. É hoje, Paulo? É hoje que vamos pegar nesta merda pelos cornos e dizer ao mundo: “ouçam lá, ó parolos! a malta parece que anda aqui a brincar mas quando for para jogar a sério, vai ser um espectáculo que põe o cirque de soléi ao nível de um atl!”.

Mas não sonhemos alto demais. Vai ser um jogo tramado, mas tu sabes perfeitamente que é para ganhar. Jogos em casa, é para ganhar. Os que formos jogar fora…logo se verá. Hoje, Paulo, quero uma alegria. Bora lá.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Austria Viena

Mister Paulo,

Vai ser o teu quinto primeiro. Passo a explicar. O teu primeiro primeiro (a estreia) foi no Olival contra o Valadares. O primeiro de todos, entre amigos, sem problemas, sem chatices. O segundo primeiro (o oficial) foi em Aveiro contra o Guimarães, onde estiveste bem e sacaste mais um primeiro mas não destes primeiros. Aqui falo de jogos, não de canecos. O terceiro primeiro (o do campeonato…se já estiveres cansado, ainda vem aí outro) foi em Setúbal contra o Vitória e também te safaste bem. O quarto primeiro (em casa) foi no Dragão, contra o Marítimo, e a malta ficou satisfeita. E este, caríssimo, é o teu quinto primeiro. E que primeiro, naquele estádio que nos puxa pelas memórias mais históricas que todos, novos e velhos, temos cá dentro do nosso coração que só se pinta de azulebranco, a cor mais portista do mundo.

Por isso é que o pessoal está assim para o renitente. É que todos sabemos que o Áustria não é um nome de meter medo, mesmo com o peso da cidade por detrás, só que este particular primeiro é tramado por ser na estranja. Não estamos habituados a ver o Porto fraquejar nestas alturas e há um medinho particular que me atravessa os poros e me faz pensar que se calhar ainda nos vamos ver lixados para mandar abaixo estes moços. Mas quero que saibas que estamos todos à espera de uma vitória, com mais ou menos dificuldades. Já sei que és novo nestas coisas e tens alguns moços na equipa que também não têm assim grande experiência a este nível. Mas não te preocupes com jogos bonitos, simpatias, truques de magia ou lances acrobáticos. Pensa nos três pontos. É só isso que um gajo quer trazer para casa. E se puderes passa lá na baixa e saca uma Sachertorte que é munta boa e vai-te saber pela vida no avião de regresso à Invicta.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Gil Vicente

Mister Paulo,

Escuta bem. Põe o ouvido esquerdo junto ao solo e olha para o horizonte. Há um som que se propaga, que foge pelas entranhas dos automóveis que passam nas estradas à volta do Porto, que envolvem o corpo e amaciam a alma. Reconheces? Consegues perceber o que milhões de sinapses disparam na tentativa de buscar o sentido da sua própria existência? Então? Nada?

É isso, Paulo, estás a ouvir ao longe o eterno suspiro dos portistas de todo o Mundo, porque os rapazes voltaram das selecções (só para voltar à carga nacional lá para Outubro…os fulanos que fazem o calendário bem que podiam ir todos levar no reguinho) e já cá estão todos ao teu dispôr. Quase todos, porque um ou outro há-de ter chegado meio a mancar das pernas ou da cabeça. E acabou o mercado há que tempos, temos a Champions à porta e só o caralho do Verão é que parece que não passa para estarmos chegadinhos ao Outono. E a única coisa que ainda me safa é que posso ir ver o jogo só de camisola. É parvo, não é, um gajo a pensar só nestas merdices de saúdes e afins, mas é o que temos. Mas falemos do jogo.

Não espero grande espectáculo, porque os rapazes devem vir cansados, temos jogo em Viena (de Áustria, como dizem) a meio da próxima semana e é preciso não estourar o povo. Se fosse a ti não mudava muito, mas tentava acabar com o jogo bem depressinha. Limpar os gajos a meio da primeira parte dá descanso e põe a malta bem disposta. Mas também te digo que gostava de ver o Ghilas e o Carlos Eduardo darem uma perninha, só para os ver ao vivo pela primeira vez. Pois foi, pá, não te lembras que falhei a apresentação? E depois disso…só na TV. Mas acima de tudo, ganha o jogo. Vou estar na bancada, com uma bifana e uns finos no bucho. E o bucho vê-se bem, como já desconfias.

Sou quem sabes,
Jorge

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