Passaram todos pelo mesmo, mas só alguns se safaram

Desde que comecei a ver futebol ao vivo, no início da última década do século passado, muitos têm sido os motivos de crítica dos diversos treinadores que passaram pelo FC Porto:

  • Carlos Alberto Silva foi criticado pelo estilo taciturno e pelo futebol aborrecido;
  • Tomislav Ivic foi criticado por ser demasiado defensivo;
  • Sir Bobby Robson foi criticado pelas más contratações e pelas substituições tardias;
  • António Oliveira foi criticado pela excessiva rotatividade da equipa-base;
  • Fernando Santos foi criticado por não conseguir manter as estrelas sempre motivadas;
  • Octávio Machado foi criticado pelo estilo de jogo duro e sem beleza;
  • José Mourinho foi criticado (sim, até Ele!) pela arrogância e pelo excessivo pragmatismo;
  • Luigi Del Neri foi criticado pela introdução à força de tácticas revolucionárias para o clube;
  • Victor Fernandez foi criticado pela incapacidade de saber lidar com os egos do plantel;
  • José Couceiro foi criticado pela fraca qualidade do futebol;
  • Co Adriaanse foi criticado pela rigidez das regras internas e pelas tácticas hiper-ofensivas;
  • Jesualdo Ferreira foi criticado por ser benfiquista e por falhar na Europa;
  • André Villas-Boas foi criticado pela inexperiência e pela pouca rotação de um plantel curto;
  • Vitor Pereira foi criticado pelo discurso fraco e pelo futebol enfadonho.

A grande diferença entre a maioria destes nomes e o de Paulo Fonseca é que salvo uma ou outra ocasião, via-se um semblante de uma táctica, de uma estratégia de jogo. Com melhores ou piores jogadores, mais ou menos motivados, havia um fio de jogo planeado, um reconhecimento em campo do trabalho que se faz durante a semana. Hoje em dia, Paulo Fonseca arrisca-se a ficar na história pelo seguinte:

  • Paulo Fonseca foi criticado por fazer com que o FC Porto deixasse de jogar futebol.
Link:

Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Estoril

Continua a ser difícil ver o FC Porto a jogar sem ficar extremamente nervoso e a entrar num remoinho de insatisfação e desespero geral pelo estado do nosso futebol. Hoje foi mais um exemplo de uma equipa desconexa, com pouca inspiração individual e uma confrangedora falta de motivação, agressividade e vontade de praticar um futebol consistente, inteligente, prático, digno do clube que todos aqueles jogadores representam. Salvaram-se alguns do fogo que parece lavrar continuamente por debaixo dos rabinhos colectivos e a passagem às meias-finais aparece caída de um lance quase perdido em que Ghilas aparece finalmente numa zona de finalização, ele que passou o pouco jogo que teve encostado a uma das alas. Não vejo quase nada que me motive no FC Porto actual. A notas, que se faz tarde:

(+) Quaresma. Todos sabemos que gosta de jogar sozinho, que opta pelo lance individual em virtude do enorme talento que tem e que assume os lances na pele porque acredita que consegue ser a mais-valia que todos queremos que seja. Mas hoje trabalhou para o grupo, para o colectivo, mantendo a veia individualista que o caracteriza mas tentando entender-se com Danilo (desentendendo-se várias vezes) mas sempre a procurar a baliza e a produtividade acima da baixíssima média da equipa. Esforçou-se e merece aplausos por isso.

(+) Herrera (na segunda parte). Há qualquer coisa de estranho e fascinante no jovem Hector, que de um momento para o outro um jogador lento que se arrasta em campo e falha simples passes de dez metros se transforma num rápido box-to-box que recolhe a bola em zonas recuadas e percebe as deambulações dos colegas para lhes endossar a bola de uma forma correcta, com passes pesados e dirigidos na perfeição e que ajuda a movimentar o jogo ofensivo de uma forma simples e prática. Se durasse um jogo inteiro a esse nível seria titularíssimo.

(+) Danilo. Esforçou-se e há que lhe dar mérito por isso. Surgiu várias vezes em zonas adiantadas pronto para rematar e tentou corrigir alguma falta de entendimento com um dos jogadores mais complicados de agregar em tarefas colectivas que temos e tivemos nos últimos dez anos. Falha muitos passes e perde bolas em demasia no approach ao ataque, mas se melhorar nesse aspecto podemos finalmente ter um defesa lateral direito que suba no terreno em condições.

(-) Mais uma vez, onze gajos, zero equipa Começo a compreender um bocadinho sobre futebol ao passar dos treze anos, quando Carlos Alberto Silva comandava então os nossos destinos em campo. Segui com a segunda vinda de Ivic, admirei a chegada de Robson, tentava perceber as opções de Oliveira, as hesitações de Fernando Santos, a ultra-defensividade de Octávio e a rigidez táctica de Mourinho. Estranhei a chegada de Del Neri, agoirei a saída de Fernandez, cuspi veneno com Couceiro e enervei-me com Adriaanse. Aborreci-me com Jesualdo, exultei Villas-Boas e quase adormecia com Vitor Pereira. Mas este FC Porto, esta pseudo-equipa que vejo semana após semana com as nossas camisolas, consegue colocar-me num estado de ansiedade do qual dificilmente sairei até que consiga ver algum lampejo de estrutura, de futebol organizado e em que os jogadores estão de facto a interpretar um guião teórico através do talento que todos têm e que parece andar fugido como um católico na Inglaterra da virgem Isabel. Somos um pedaço de gelatina num ventoso e lacrimejante dia de Outono, em que o sabor dos componentes se perde ao primeiro sinal de contrariedade, onde um jogador vale por si e poucos fazem com que o grupo valha como tal. Fracos. Somos fracos de corpo e mente e não tardará muito até os azares começarem e os resultados falarão por si, como até agora têm vindo a fazer.

(-) A contínua escolha de Licá como “extremo” O rapaz não é extremo, Fonseca. Não é. Por muito que o queiras usar como tal, não é. Não consegue receber a bola na linha e controlá-la para prosseguir a jogada. Não é bom no 1×1, não cruza bem e claramente não faz diagonais com a bola dominada. Estar sempre a colocá-lo nesses impróprios lugares é desfazer a imagem do jogador que luta sem produzir e apanha assobiadelas sem merecer.


Benfica na Taça. Benfica na outra Taça, se nos deixarem jogar. Benfica no campeonato. Raios, até podemos apanhar o Benfica na Liga Europa. É Benfica a mais, sinceramente.

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Dragão escondido – Nº16 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

 

De todos os jogadores que acompanhei nos meus primeiros passos nas bancadas das Antas, Ion Timofte era o que me dava mais prazer. Um génio no passe, não era daquele tipo de gajos que brincava com a bola como queria, nem era lutador como tantos homens que passaram pelo nosso clube. Era classe, era nível, era uma capacidade inacreditável de colocar a bola onde queria, no momento que era necessário, fosse à distância que tivesse de ser. Passes de quarenta, às vezes cinquenta metros, eram tradicionais nos pés do romeno, que marcava livres directos como poucos e que teve a honra (pois claro que sim) de ser um dos poucos jogadores que me lembro de aplaudir quando nos visitou com uma camisola de outras cores, na altura em que jogava pelo Boavista. Um nome que nunca esquecerei e que sempre respeitei.

O Marco Sousa colocou o seguinte comentário que vale a pena reler para voltarem vinte e dois anos atrás no tempo em condições, como se estivessem num DeLorean azul-e-branco:

“Essa foto é de 1991 quando ganhámos o troféu Teresa Herrera, que teve a particularidade de ser a 1ª vez que o troféu era feito em ouro.
Ganhámos na final ao Depor por 1-0 com golo de Aloísio após termos vencido o Real Madrid por 2-1.
Outra curiosidade foi o cachet de 15 milhões de pesetas terem sido passados em cheque não bancário, avulso, sem nome do titular da conta e que Pinto da Costa fez questão antes da final de receber um cheque normal ou em cash senão não comparecíamos.
Conclusão, trouxemos o troféu em ouro e uma saca com os 15 milhões! :)”

Entre as tentativas falhadas que o povo fez para acertar no nome do moço:

  • Domingos – Era a hipótese alternativa com mais força pela fisionomia e a presença habitual no ataque ao lado do gajo teoricamente à sua direita. No entanto, tendo em conta que Mihtarski ali aparece no onze, a quota de dois avançados naquela táctica de 5-3-2 de Carlos Alberto Silva já estava completa. Não sei se o rapaz estava lesionado ou se foi simplesmente por opção do treinador, mas a verdade é que não era ele;
  • Folha – Tendo em conta a posição que faltava na equipa que está representada na equipa (médio/ala esquerdo), o António “Richard Gere” Folha ganharia consistência…mas era bem mais pequeno que o romeno…;
  • Liedson – O levezinho ainda nem devia andar a repor latas de feijão num qualquer supermercado brasileiro…nem imaginava que ia passar tantos anos em Portugal…;

Disse que era fácil porque ao verem o Teresa Herrera ali na relva, numa altura em que os troféus amigáveis ainda tinham algum significado, pensei que se lembrariam da única vez que o vencemos e fossem rapidamente procurar o onze que jogou a final. Enfim, o primeiro a adivinhar (yet another surprise fucking surprise) foi o Dragão de Coimbra, às 7h53. Desta vez em forma de pergunta, com menos assertividade do que é normal…estás a fraquejar, meu caro!

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