Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Setúbal

É uma constante que começa a ser cansativa em largo número de jogos que vejo ao vivo no Dragão. Uma vitória por números simpáticos e bons golos, sem golos sofridos…mas a exibição peca por escassa. E digo que começa a ser cansativa porque já ocorre há tanto tempo que se tornou uma espécie de hábito triste sair daquele palácio ao futebol com uma sensação que podíamos ser tão mais do que actualmente somos. Vencemos bem, com que o Setúbal a criar uma única oportunidade de golo para a nossa baliza (que Helton defendeu muito bem), mas o futebol é fraco, com pouco discernimento e a quantidade de passes falhados e jogadas desorganizadas é tão grande que não consigo perceber o que é que se pode fazer para melhorar. Vamos a notas:

(+) Varela. Para além do golo que marcou, estupendo e tão pouco característico neste paradoxo que é o nosso Silvestre, foi a capacidade de esforço durante todo o jogo, com excelentes jogadas individuais e de envolvimento com Alex Sandro pela esquerda. É sempre estranho dizer que Varela foi esforçado e as palavras que aqui escrevo podem ser retiradas na próxima semana com uma tirada de impropérios dirigidos ao número 17, mas hoje, como aconteceu várias vezes este ano, foi o melhor jogador da equipa. Uau. Uau mesmo.

(+) Carlos Eduardo. Quando pega na bola e a leva controlada em progressão, é um dos poucos que consegue arrastar uma equipa atrás de si…e se os colegas de facto o acompanhassem na correria e lhe dessem mais linhas de passe quando cavalga pelo meio-campo adversário, poderia ser ainda mais produtivo. Defende pouco e recua muito menos que James ou Deco faziam para vir buscar a bola à zona defensiva (isto para comparar 10s), mas consegue ser muito produtivo em menos espaço de terreno e acima de tudo é um gajo prático e brinca pouco quando não precisa de o fazer. Ah, e que grande golo marcou hoje!

(+) Mangala Marcar aquele latagão do Cardozo não deve ser fácil e nem Maicon nem Mangala conseguiram a 100% parar o paraguaio, mas Mangala esteve acima do colega da defesa (que como de costume começou com a tremideira depois da primeira falha) pela forma prática e rápida com que levou várias bolas da defesa até ao meio-campo, entregando-a a um colega em tempo certo e com a força adequada. Sim, leram bem, fez bons passes e não tentou (sempre) fintar todos os adversários incluindo os que estavam no banco, apanha-bolas e foto-jornalistas. Diria que é o único central do FC Porto que merece ser titular sem termos de pensar duas vezes.

(-) Lucho. Josué, em meia-dúzia de minutos, fez mais do que Lucho no jogo todo. Não sei se bebeu um ou dois cálices de espumante para celebrar o 33º aniversário antes do jogo, mas é triste perceber que o nosso capitão está a atravessar um momento mau, tão mau que o resto da equipa perde tanto com a sua presença ausente que o meio-campo parece estar em permanente inferioridade numérica quando Lucho está em campo. Nunca foi o jogador mais agressivo dos diversos plantéis de que fez parte, mas desde há alguns meses está muito lento de movimentos e incapaz de meter o pé numa bola dividida, acabando por funcionar quase exclusivamente como uma parede que recebe a bola no centro do terreno e a faz rodar quase sempre para trás. Fosse outro jogador e não usasse a braçadeira que usa e um treinador com tomates já o tinha tirado do onze.

(-) A falta de vontade de fazer mais e melhor. Aquela primeira meia-hora da segunda parte foi terrível. Imensos passes falhados, jogadas sem imaginação, pontapés para a frente e uma deficiente capacidade de trocar a bola no meio-campo adversário sem conseguir progressão no terreno sem ser pelo envio da bola pelo ar para Jackson que, sozinho, estava mais complicadinho que o costume e perdia bola após bola. Fico deprimido quando vejo que basta ao adversário subir um pouco no terreno e pressionar os centrais e um dos laterais…e logo se começam a acumular erros por falta de confiança e por uma absurda incapacidade de manter a calma. É verdade que falta muito apoio dos médios e dos extremos (quem?) que não descaem para criar linhas de passe e se mantêm estáticos à espera que o jogo seja movimentado pelo ar ou em lateralizações de cinquenta metros. Coisas fáceis, portanto. Dá trabalho jogar bem, não dá? Parece que sim, e é exactamente isso que deixa os adeptos entediados com estas semi-exibições.

(-) O fair-play é sobrevalorizado. Há poucas coisas que me fazem ter respeito por Jorge Jesus. O cabelo, a atitude de tasqueiro, a cagança quando vence, o mau perder quando não vence e o facto de ser treinador do Benfica não o tornam uma personagem fácil de admirar para um portista. Mas houve uma coisa que a homenagem portuguesa à Bonnie Tyler disse aqui há uns anos e que eu louvo e devia ser usado também pelos nossos treinadores sem excepção: quando um jogador adversário está no chão, os nossos jogadores não devem parar o jogo para que o rapaz seja assistido. Não duvido que é pouco provável haver unanimidade nesta corrente de pensamento e é evidente que há nuances (fracturas expostas, uma orelha fora da cabeça, por exemplo…) e até nos pode voltar para morder no rabinho, mas estou farto de ver jogadas ofensivas a serem paradas porque X ou Y se lembrou de cair depois de um lance dividido. Já perdemos lances demais por inépcia, estou farto de os perder também por bom-samaritanismo.


E pronto, com maior ou menor qualidade lá conseguimos igualar o resultado dos rivais e continuámos na perseguição. E a forma prática de pensarmos que só dependemos de nós é só uma falácia que nos lixa a perspectiva e nos prepara mal para um futuro desaire. Acham que estou muito pessimista?

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Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira

Mister Paulo,

Não me venhas lá com saudosismos e nem deixes que te levem para esse beco cheio de prostitutas intelectuais, que te puxarão pelas ilhargas até à exaustão dos materiais, naquela fugaz tentativa de te fazer sentir pena dos gajos. Não há piedade, nem pode haver. E antes que penses que estou a juntar-me a toda aquela turba nojenta que já começou a atirar para o ar as teorias que chegar a Paços como Jesus a entrar em Jerusalém (o do cabelo de cor natural e com barba, não a versão Bonnie Tyler tasqueira que trabalha no Seixal), saudado com palmas e dezenas de Marias Madalenas a jorrarem de molho de amor por ti, a verdade é que não estou. Não acredito em boas recepções dentro do campo. Não acredito, pá, a sério que não. Nas bancadas, até pode ser, o povo bate palmas, até te podem cantar uma música ou duas. Mas o resto, é guerra.

Dado o aviso, devo dizer que já vi a lista de convocados e fico surpreendido, mais uma vez. Nem Marat, nem Varela, nem Iturbe. Hmm. Desculpa a curiosidade, mas a dois dias de fechar o mercado, um gajo começa a ficar nervoso. E ainda por cima vendo que o russo ainda não calçou a sério esta época…hmm. Hmm, repito. Mas confio em ti, e o Ricardo parece que fez um jogaço na semana passada pelos bês, por isso até concordo com a convocatória, especialmente para campos pequenos e com algum espaço. Sem o Mangalho, a opção é pela experiência. Sem o Varela…já estamos há algum tempo e por agora as coisas vão funcionando.

Desejo-te um bom jogo. Vai estar um calor de assar testículos, por isso bebe muita água e não canses muito os rapazes. Mas ganha o jogo, dê por onde der!

Sou quem sabes,
Jorge

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Capilaridades

Acredito que não vamos trocar de treinador. Para além de toda a inerte polémica que põe a jornalistada toda aos saltos, estou convicto que Pinto da Costa vai anunciar não tarda nada a renovação de Jesualdo por mais um ano. E qual a razão mais óbvia para tal acontecer? O cabelo. Não se façam de desentendidos. O FC Porto tem uma política capilar clara (lembram-se dos dreadlocks de Anderson e da metafórica tesoura do Co?) e nem é preciso ir muito atrás para nos apercebermos que os treinadores do FC Porto tem habitualmente cabelos curtos, sem exigir grandes trabalhos, de combate. Esta é a condição fundamental. Em alternativa são grisalhos, mas o ideal é mesmo cumprirem-se as duas condições. Se analisarem um pouco da nossa história recente, vão concerteza reparar que as escolhas do nosso presidente, boas ou más, são baseadas em não pequena parte, no cabelo. Desde Oliveira que não temos um treinador com mais que um pequeno jardim de relva na nuca, veja-se Fernando Santos, Octávio, Mourinho, Del Neri, Fernandez, Couceiro (apenas cumpria a segunda condição…e vejam onde é que chegou no clube…), Adriaanse, Jesualdo. Veja-se o Special One, o treinador mais metrossexual do mundo a seguir ao José Mota, apenas espetava um naco de gel na trunfa e seguia para o treino. Isto quando não o rapava!

Jesualdo enquadra-se neste perfil como uma luva. Cabelo rasteirinho e grisalho (à homem), o que lhe permite olhar para o treino e analisar melhor as situações da equipa e das circunstâncias do jogo. Já por isso questiono a veracidade de muitas notícias que surgem na imprensa considerando Jorge Jesus para nosso treinador. Primeiro, aquele cabelo já não ficava bem à Bonnie Tyler à época, quanto mais no futebol moderno. Para além do mais, aquilo não é bem grisalho. É branco. É uma versão da Gwen Stefani em rouco. Não faz sentido.

Assim, aposto que Jesualdo vai manter-se no leme. A não ser que faça extensões.
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