Há um nome que está a vários parsecs de todos os outros nesta lista: Jackson. Foi o homem-golo que apareceu depois de uma temporada em que Hulk tinha sido senhor feudal de todos os seus domínios, da ala direita para o meio, no centro da área, de fora e lá dentro. Jackson chegou, viu, venceu a Supertaça e só parou trinta e um golos depois. Foi sem qualquer dúvida o homem do campeonato dentro da área, com golos acrobáticos (aquele de calcanhar contra o Sporting no Dragão foi qualquer coisa…) e outros nascidos de perfeito posicionamento para a recepção e remate, mas trabalhou que se fartou fora da zona de assassínio de guarda-redes, servindo muitas vezes como parede para segurar a bola enquanto os colegas subiam no terreno. Tecnicamente muito acima da média, esteve em grande na Liga e a espaços também na Champions. Uma pequena nota: teve aquele pequeno AVC quando tentou panenkar o penalty contra o Rio Ave mas redimiu-se com um golo e foi humilde nas reacções. Ficou-lhe bem. O melhor dos avançados, de longe.
Atsu foi uma pequena desilusão. Começou bem a roubar o lugar a Varela, ainda coberto do hype que lhe colocaram em cima, mas foi perdendo a força das primeiras exibições e acima de tudo deixou de ser a opção primária de apoio dos adeptos, que lhe reconhecem o valor mas esperam mais. É rápido e prático mas pouco eficiente, com incessantes corridas até à linha sem produzir o suficiente para podermos dizer que ali estava um titular absoluto. Talvez tenhamos pedido demais para a primeira temporada como membro efectivo do plantel do FC Porto, mas a verdade é que me deu uma sensação do “síndroma dos extremos” que já tinha afectado tantos outros (Helder Barbosa, Vieirinha, Candeias, Bruno Gama, Ivanildo, para citar alguns nomes) que no passado prometeram muito nas camadas jovens sem se conseguirem afirmar inequivocamente na primeira equipa. Cedeu o lugar a Varela, que começou mal (como tem sido um hábito desde 2009/10, a sua melhor época), com jogos em que parecia estar fisicamente exausto e incapaz de se tornar num elemento de mínimo perigo para o adversário. No entanto, conseguiu recuperar e terminou a época como um jogador vital no onze e estranhamente influente na criação de lances ofensivos para a equipa, ajudando na defesa sempre que era necessário. Na luta Varela/Atsu, o português levou a melhor especialmente pelo photo-finish fantástico que mostrou e fez por merecer uma nota positiva.
Iturbe perdeu-se em infantilidades, amuos e pequenas grandes parvoíces para desaparecer do imaginário dos adeptos e passar a ser um menino mimado que ainda não aprendeu a jogar num futebol que lhe é alheio e que pareceu sempre ser uma espécie de mundo alienígena para o puto argentino. É um miúdo e não deixou de ser um miúdo desde que cá chegou, ao contrário de um Anderson ou até de um…James. Não sei se voltará tão cedo e pouco fez por cá para merecer o regresso com coroas de louros.
Kléber e Liedson são dois casos estranhos da temporada. Se o segundo chegou para ser um remendo que nunca deixou esperanças em muitos portistas e confirmou a incapacidade (física ou psicológica, creio que nunca viremos a saber ao certo) para ser uma alternativa credível a Jackson, Kleber esteve cá desde o início e nunca justificou a contratação e a estúpida guerriúncula com o Marítimo. Sempre nervoso, trapalhão, triste, pouco lutador e muito pouco produtivo, cheguei várias vezes a olhar para o banco e a pensar se não valeria a pena pôr lá o Vion ou o Dellatorre porque não lhe conseguia ver qualidade para ser uma mais-valia para a equipa. Não deve voltar e ainda bem, porque por vezes há que assumir as inadaptações e perceber que nem sempre se acertam as contratações, por muito pensadas que possam ser. Sebá, por seu lado, trabalhou bem nos Bs mas não lhe vi maturidade suficiente para ser um jogador importante nos As e continuo a achar que cinco milhões de euros pelo seu passe é um valor alto demais para a sua valia a curto-prazo. Talvez venha a ser uma boa peça no futuro, mas não no imediato.
Faltam os dois jogadores mais curiosos das opções ofensivas do plantel: Kelvin e James. James não teve uma grande temporada no ano em que a imprensa cedo lhe colocou o rótulo de “gajo que vai substituir o Hulk e vocês é que vão ver o que é que o moço sabe fazer a sério”. Não foi, nem tinha de ser. James é James, um dez obrigado a jogar na ala algumas vezes mas que brilhou bem mais quando foi colocado no centro, naquele híbrido táctico que Vitor Pereira criou e que nem sempre funcionou. A verdade é que o colombiano foi várias vezes genial mas muitas vezes pouco influente na criação de jogo e a lesão que o afastou dos relvados durante mais de um mês não ajudou em nada ao crescendo de forma que vinha a exibir (Outubro e Novembro muito bons, Fevereiro e Março sofríveis), mas James foi a imagem da equipa durante toda a temporada. Quando jogava bem, tudo estava bem. Quando estava em dia de desinspiração, os colegas sentiam a falta da criatividade e produziam menos. E quando um jogador tem este tipo de influência numa equipa, é natural que ceda à pressão. James fez uma boa época mas não fez a temporada estupenda que esperava. Too bad, valham os 45 milhões da transferência.
E o herói…foi Kelvin. Bem pode guardar as bolas dos jogos contra o Braga e o Benfica porque não creio que tão cedo (se alguma vez) volte a fazer igual. Foi o jogador certo na altura certa contra as equipas certas e se os jogos tivessem sido disputados durante o dia, estou certo que se veria um raio de sol a brilhar com intensidade redobrada por cima da trunfa gelificada que pauta a moleirinha do miúdo. Hesitei em dar-lhe uma nota positiva porque pouco fez durante o resto da temporada para o merecer, mas o simples facto de ter marcado aquele golo ao Benfica e de me ter proporcionado um orgasmo futebolístico ao nível do que muitos devem ter sentido em Sevilha quando Derlei enfiou o terceiro aos escoceses…só por isso merece um Baía de ouro.
Uma curta nota para Djalma, que jogou meia-dúzia de minutos na Supertaça antes de zarpar para a Turquia, longe de ser o suficiente para receber nota. Tive pena de o ver sair, merecia melhor sorte e talvez na próxima temporada regresse para fazer parte do plantel. Não me parece ser uma hipótese muito provável, mas até gosto do moço, sinceramente.
O quadro-resumo dos avançados fica abaixo:
ATSU: BARONI
ITURBE: BARONI
JACKSON: BAÍA
JAMES: BAÍA
KELVIN: BAÍA
KLÉBER: BARONI
LIEDSON: BAÍA
SEBÁ: BARONI (nos As…)
VARELA: BAÍA (por pouco)