Baías e Baronis – Gil Vicente 1 vs 2 FC Porto

A gestão de expectativas é interessante quando se trata de uma equipa grande. Imaginemos que este tinha sido um jogo disputado nas épocas de Mourinho ou de Villas-Boas e todos estaríamos a louvar a capacidade de esforço e a vontade de jogar e de conquistar mais três pontos num relvado (só teórico, porque Barcelos pareceu atacado por toupeiras) complicado. Assim, podemos pensar que terá sido um jogo suado, não particularmente bem jogado mas onde estivemos sempre por cima e que apenas vencemos pela margem mínima porque mais uma vez falhamos várias oportunidades de golo claras. Mas foi uma boa vitória, vista seja por que prisma. Os jogadores nunca desistiram, esforçaram-se e trabalharam para um resultado melhor do que conseguiram. Vamos a notas, com melhor disposição que tem sido costume:

(+) Varela. Man of the match, sem dúvida, não só pelos golos mas pela forma como arrastou a equipa para a frente, muitas das vezes sem sequer conseguir levar a bola junto com ele, porque as malditas toupeiras saíam das tocas e apanhavam-lhe o esférico. O primeiro golo foi bom (Varela ANTECIPOU-SE ao defesa!!!), mas o segundo é estupendo, com um slalom a aproveitar o espaço que lhe ia sendo dado e qual Messi núbio se aprontou para um remate seco e bem colocado, sem hipótese para Facchini. Quis ver a repetição porque quase não acreditava que tinha entrado, muito menos que tinha sido o Silvestre a fazer aquela jogada toda. Bem, muito bem…pelo menos até Quinta-feira.

(+) Herrera. Cada vez parece mais adaptado e mais “presente” em campo, raramente se escondendo por detrás dos adversários e procurando activamente a bola, algo que não acontecia aqui há uns meses. Continuo a gostar de o ver a controlar a bola e a levá-la para a frente com bom critério, inteligência táctica e um estilo gingão à Alex Sandro que assusta um pouco mas que rapidamente se percebe que a bola está controlada, o espaço patrulhado e a visão aberta para o próximo passe. Tem de trabalhar um pouco mais o remate mas é actualmente o único jogador titular no meio-campo do FC Porto para lá de Fernando.

(+) Helton. Mais um par de defesas excelentes, numa mancha depois de um livre marcado (bem) muito depressa e que nos apanhou distraídos, e principalmente quando Abdoulaye se lembrou de proteger (mal) a bola em plena pequena área. Não teve culpa no golo mas as poucas vezes que foi obrigado a trabalhar esteve impecável.

(-) Mangala Um jogo off para o nosso Eliaquim. Falhou de uma forma consistente na primeira parte, com mau timing no approach a várias jogadas, passes com força a mais ou a menos mas raramente com a intensidade certa. Acabamos por não sofrer à sua custa mas foi inferior a Abdoulaye durante todo o jogo, o que é dizer muito.

(-) O senhor do (demasiado) apito. Ponto assente: Quaresma arriscou e muito quando se mandou como um puto mimado às pernas de Luís Martins e se fosse expulso não me surpreenderia nada. Mas o resto da exibição do árbitro foi exagerada nos apitos, a insistir em assobiar sempre que um jogador do Gil ia ao chão e algumas das vezes em que um dos nossos fazia o mesmo, algo que aconteceu (milagre!) menos vezes do que é habitual. Ah, e o golo do Gil é precedido de uma falta onde o avançado empurra Alex Sandro na pequena área…algo que foi assobiado tantas e tantas vezes durante o jogo. Se vai apitar a tudo…que apite a tudo.


Alguma esperança ganha depois deste jogo? Talvez. Gostei do espírito de luta e da percepção que todas as bolas eram para disputar até serem ganhas. Vamos continuar neste registo? Quinta-feira veremos.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Paços de Ferreira

Enquanto escrevo e ouço o vento lá fora a soar como se um esquadrão de 767s estivesse continuamente a rondar os céus da minha casa, questiono-me do porquê de ter saído do conforto do lar para enfrentar os elementos, empenhadíssimos em travar uma batalha sem tréguas contra a pobre raça portuguesa, e deslocar-me até ao Dragão para ver um FC Porto que semana após semana continua a exibir as mesmas dificuldades, os mesmos problemas e sem mostrar grandes soluções para os resolver. O resultado é enganador porque pode indiciar para alguém que não tenha visto o jogo que houve bom futebol, jogadas de entendimento e uma equipa que se exibiu a um nível acima da média. Desengane-se pois, caro leitor. Foi uma bela merda, mais uma vez. Notas, se o vento permitir, aqui abaixo:

(+) Herrera. Está a ser interessante ver a evolução do mexicano. Continua com alguns momentos em que lhe pára o cérebro mas intercala-os com um sentido prático apurado no meio-campo e na definição de lances ofensivos. Trabalha muito e parece querer estar sempre em constante movimentação, pressionando o adversário e ajudando a defender para tapar as subidas dos laterais (hoje apareceu várias vezes a tapar o corredor de Alex Sandro) com alguma eficiência. Quero continuar a vê-lo a jogar e mesmo percebendo que nunca será um Moutinho, ao menos que consiga ser o box-to-box que precisamos há algum tempo.

(+) Helton. Uma defesa elástica depois de um grande remate de Seri (este puto que foi nosso no ano passado, algum motivo decente para o termos despachado para Paços?! temos alguma coisa contra marfinenses?!) e mais algumas defesas de bom nível, incluindo uma mancha a remate de Bébé ainda na primeira parte. Segurou a vantagem e esteve seguro, não se pode pedir mais. Teve apenas uma falha, talvez por causa do vento e da chuva (se soo a desculpadista…ponham-se no lugar de um guarda-redes a jogar com um temporal destes e depois falamos), em que socou a bola para trás mas os defesas livraram-no de ficar com o rabo quente.

(+) Licá. É verdade que os números podem enganar, já que esteve em campo apenas doze minutos, mas a grande diferença está exactamente aí: no timing da sua entrada em jogo. Não se colou à linha e jogou numa zona mais central onde esteve mais “solto” e sem precisar de se prender a aplicações tácticas e outro tipo de nuances que, francamente, não tem mostrado conseguir assimilar. Assim é que Licá pode ser útil, recuando para ajudar no meio-campo ao mesmo tempo que joga numa espécie de “inside-forward”, no espaço criado pelas movimentações mais atabalhoadas que um adversário a perder e desesperado por tentar marcar habitualmente concede. Assim, ainda pode dar mais alguma coisa que as habituais perdas de bola e dribles infrutíferos pela linha.

(-) Josué Uma lata cheia de trampa, foi o que fizeste hoje, meu caro. Não me lembro de te ver a acertar num único passe decente a não ser para Varela num fora-de-jogo que na altura me deixou dúvidas. Passes atrás de passes com má direcção, mau discernimento do posicionamento dos colegas, força desajustada da necessidade e uma movimentação a meio-campo tão inepta que raramente recebeste a bola em condições mesmo não estando a ser marcado em cima. Em suma, como diz o Waldorf sentado ao meu lado (eu, como já devem ter percebido, posso ser o Statler), “este gajo pode ser um box-to-box jeitoso, mas nunca um organizador de jogo!”. Concordo.

(-) Uma equipa cheia de medos e vazia de ideias Três exemplos simples conseguem descrever o FC Porto de hoje: Danilo recebe a bola na lateral, vê Quintero no meio e Quaresma pela sua direita com linhas de passe fáceis e possivelmente eficazes, mas opta por procurar a zona central, envolvendo-se no mesmo percurso acidentado do costume com três adversários, um dos quais lhe tira a bola com facilidade e o defesa-direito não consegue recuperar a posição, abrindo espaço no corredor direito para o contra-ataque adversário; Abdoulaye vê Danilo na diagonal, tapado por um jogador do Paços. À imagem de Maicon aqui há umas semanas, não pode deixar de ver que se lhe tenta endossar a bola, esta vai ser facilmente interceptada por um adversário. Opta então por um passe para…you guessed it, Danilo, com a força de cinco Guaríns, que vai directamente para fora, saindo pela linha uns bons quatro metros ao lado do brasileiro; Varela, num contra-ataque em que está como de costume sozinho, enfrenta três jogadores do Paços de cabeça enfiada no chão e sente Alex Sandro uns bons vinte metros atrás de si. Progride no terreno sempre a encostar-se para a linha lateral, devagar, devagarinho, até que não sabendo o que fazer com a bola, em vez de rodar para trás e atrasar para o colega, tenta fintar os três…e não passa do primeiro. Este tipo de lances acontecem com maior frequência do que seria admissível em escalões de formação onde os putos ainda não têm sequer um mínimo brotar de pilosidade facial. Fonseca, do banco, aposto que estava a aplaudir e a incentivar os rapazes. Paulo, isto já não vai lá com palavras fofas.

(-) Quem é que vai apanhar este temporal…para assobiar?!A uma dada altura, vários segundos depois de um fora-de-jogo ter sido apontado ao ataque do FC Porto e os resmungadores oficiais terem acalmado a excitação, ouviu-se na minha bancada uma voz forte e solitária: “FODA-SE!”. Pouco tempo depois, começaram os assobios. Não sei se foi o senhor grunho que despoletou a turba, mas a partir daí foi uma parvoíce sempre que algum jogador perdia a bola. Um assobiador caseiro é tão útil num estádio de futebol como um terceiro testículo: só atrapalha.


E depois do derby da capital? Ficaremos a depender só de nós? Tem a palavra o Sporting.

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Baías e Baronis – Marítimo 1 vs 0 FC Porto

Comecei o dia na tradicional futebolada semanal com os amigos. Perdi. Cheguei a casa e fui ver o resultado do Newcastle vs Sunderland que se tinha então disputado sem que pudesse ver em directo. Perdemos e com números gordos (0-3). Com calma, continuei o meu dia e assisti ao Barcelona vs Valência na esperança que a sorte pudesse mudar. Perdemos (2-3) e perdemos bem. A partir daí, só o FC Porto poderia salvar o sábado em termos de competência futebolística. Foda-se. Há dias que mais vale não sair da cama, palavra. Vamos à nota, sem Baías e com um único Baroni que nem precisa de título:

“Entirely justified boos and abuse accompanied the half time whistle after a stunningly inept display from the home side that lacked strength, application, leadership, pace and desire. Quite simply, we did nothing properly. A raft of alleged international players not only showed little appetite and no desire to chase lost causes, but also a criminal lack of commitment and talent. Poor decision-making across a jittery back four was echoed by bone-headed attempts at crossing and passing, while the departure of our dead ball expert made free kicks and corners a total waste of time. (…) The atmosphere was apprehensive and scarcely got any better on a day when a collective uplift from the team was desperately required. Those clad in black and white though chose to post a woefully clueless performance that wouldn’t have been acceptable in a pre-season friendly, let alone a match of this magnitude.”.

Este texto (partes a bold escolhidas por mim) foi retirado de um site de apoio ao Newcastle United, em tudo parecido com o meu mas com muito mais informação e dedicação à causa do clube. Foi escrito depois da derrota de hoje com o Sunderland, rival de sempre, que mencionei acima. Espelha na perfeição aquilo que se passou hoje na Madeira, como se uma onda de mau tempo futebolístico se tivesse abatido sobre as cabeças dos adeptos dos dois clubes, como ambos somos. Tenho a certeza que um site idêntico mas com as cores blaugrana terá os mesmos sentimentos e a mesma frustração. Por cá, chegámos finalmente a um jogo em que tudo correu mal, menos os jogadores. Esses, quase não correram, nem mal e muito menos bem. Foi um jogo deprimente, digno dos jogadores que actualmente envergam aquela camisola sem que a sintam e sem enfrentar um adversário sem medo, com uma estratégia delineada que orgulhe os adeptos e que não nos envergonhe como hoje aconteceu na Madeira. Mais, não consigo compreender como é que ao fim de trinta jogos oficiais se assiste a uma partida em que não parece haver empenho da grande maioria dos jogadores no desenrolar de noventa minutos de pseudo-futebol em que a apatia é universal e onde a força, raça e determinação que é uma imagem de marca do nosso clube é atirada para a lama com uma banalidade que nos destrói por dentro. Os jogadores que hoje vi de azul-e-branco não são do FC Porto. São clones, amarrados na inspiração que não têm, presos a um futuro em que não acreditam e que se deixam desarmar e ludibriar pelo mais normalíssimo dos adversários, uma equipa que não precisa sequer de jogar muito bem para nos vencer e para o fazer sem sentir grandes dificuldades na demanda. Ver Jackson só, sem apoios, a ser obrigado a descair para o flanco para poder criar espaços enquanto espera pelos colegas…ver Danilo e Alex Sandro a facilitar na defesa e a subir sem critério, sem força, sem vontade…ver Josué mais preocupado em entradas fora de tempo e a falhar passes que um miúdo das escolas é obrigado a acertar antes de poder voltar para o conforto dos pais…ver Quaresma a tentar vez após frustrante vez uma finta com a velocidade que não tem…ver Defour totalmente fora de posição e sem conseguir tapar o mais banal ataque do Marítimo sem ser com falta…ver Varela a escorregar uma, duas, mil vezes…ver Maicon e Mangala a deixarem-se constantemente antecipar pelos adversários…ver Carlos Eduardo perdido, a atirar-se para o chão sempre que podia para arrancar uma falta e a reclamar quando o árbitro não a marcava…entre tantos outros exemplos que poderia ter citado e que se passaram em campo, foi penoso assistir ao jogo até ao final. Hoje tive vergonha de dizer que aquela malta, comandada por um treinador que pouco tem mostrado dentro e fora de campo para poder ser o líder que uma equipa de topo necessita, é a nata do plantel do FC Porto.


Há mais uma coisa que me preocupa: teremos batido no fundo em termos de moralização dos adeptos e da qualidade do futebol exibido? Espero que sim…mas temo que não.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Setúbal

É uma constante que começa a ser cansativa em largo número de jogos que vejo ao vivo no Dragão. Uma vitória por números simpáticos e bons golos, sem golos sofridos…mas a exibição peca por escassa. E digo que começa a ser cansativa porque já ocorre há tanto tempo que se tornou uma espécie de hábito triste sair daquele palácio ao futebol com uma sensação que podíamos ser tão mais do que actualmente somos. Vencemos bem, com que o Setúbal a criar uma única oportunidade de golo para a nossa baliza (que Helton defendeu muito bem), mas o futebol é fraco, com pouco discernimento e a quantidade de passes falhados e jogadas desorganizadas é tão grande que não consigo perceber o que é que se pode fazer para melhorar. Vamos a notas:

(+) Varela. Para além do golo que marcou, estupendo e tão pouco característico neste paradoxo que é o nosso Silvestre, foi a capacidade de esforço durante todo o jogo, com excelentes jogadas individuais e de envolvimento com Alex Sandro pela esquerda. É sempre estranho dizer que Varela foi esforçado e as palavras que aqui escrevo podem ser retiradas na próxima semana com uma tirada de impropérios dirigidos ao número 17, mas hoje, como aconteceu várias vezes este ano, foi o melhor jogador da equipa. Uau. Uau mesmo.

(+) Carlos Eduardo. Quando pega na bola e a leva controlada em progressão, é um dos poucos que consegue arrastar uma equipa atrás de si…e se os colegas de facto o acompanhassem na correria e lhe dessem mais linhas de passe quando cavalga pelo meio-campo adversário, poderia ser ainda mais produtivo. Defende pouco e recua muito menos que James ou Deco faziam para vir buscar a bola à zona defensiva (isto para comparar 10s), mas consegue ser muito produtivo em menos espaço de terreno e acima de tudo é um gajo prático e brinca pouco quando não precisa de o fazer. Ah, e que grande golo marcou hoje!

(+) Mangala Marcar aquele latagão do Cardozo não deve ser fácil e nem Maicon nem Mangala conseguiram a 100% parar o paraguaio, mas Mangala esteve acima do colega da defesa (que como de costume começou com a tremideira depois da primeira falha) pela forma prática e rápida com que levou várias bolas da defesa até ao meio-campo, entregando-a a um colega em tempo certo e com a força adequada. Sim, leram bem, fez bons passes e não tentou (sempre) fintar todos os adversários incluindo os que estavam no banco, apanha-bolas e foto-jornalistas. Diria que é o único central do FC Porto que merece ser titular sem termos de pensar duas vezes.

(-) Lucho. Josué, em meia-dúzia de minutos, fez mais do que Lucho no jogo todo. Não sei se bebeu um ou dois cálices de espumante para celebrar o 33º aniversário antes do jogo, mas é triste perceber que o nosso capitão está a atravessar um momento mau, tão mau que o resto da equipa perde tanto com a sua presença ausente que o meio-campo parece estar em permanente inferioridade numérica quando Lucho está em campo. Nunca foi o jogador mais agressivo dos diversos plantéis de que fez parte, mas desde há alguns meses está muito lento de movimentos e incapaz de meter o pé numa bola dividida, acabando por funcionar quase exclusivamente como uma parede que recebe a bola no centro do terreno e a faz rodar quase sempre para trás. Fosse outro jogador e não usasse a braçadeira que usa e um treinador com tomates já o tinha tirado do onze.

(-) A falta de vontade de fazer mais e melhor. Aquela primeira meia-hora da segunda parte foi terrível. Imensos passes falhados, jogadas sem imaginação, pontapés para a frente e uma deficiente capacidade de trocar a bola no meio-campo adversário sem conseguir progressão no terreno sem ser pelo envio da bola pelo ar para Jackson que, sozinho, estava mais complicadinho que o costume e perdia bola após bola. Fico deprimido quando vejo que basta ao adversário subir um pouco no terreno e pressionar os centrais e um dos laterais…e logo se começam a acumular erros por falta de confiança e por uma absurda incapacidade de manter a calma. É verdade que falta muito apoio dos médios e dos extremos (quem?) que não descaem para criar linhas de passe e se mantêm estáticos à espera que o jogo seja movimentado pelo ar ou em lateralizações de cinquenta metros. Coisas fáceis, portanto. Dá trabalho jogar bem, não dá? Parece que sim, e é exactamente isso que deixa os adeptos entediados com estas semi-exibições.

(-) O fair-play é sobrevalorizado. Há poucas coisas que me fazem ter respeito por Jorge Jesus. O cabelo, a atitude de tasqueiro, a cagança quando vence, o mau perder quando não vence e o facto de ser treinador do Benfica não o tornam uma personagem fácil de admirar para um portista. Mas houve uma coisa que a homenagem portuguesa à Bonnie Tyler disse aqui há uns anos e que eu louvo e devia ser usado também pelos nossos treinadores sem excepção: quando um jogador adversário está no chão, os nossos jogadores não devem parar o jogo para que o rapaz seja assistido. Não duvido que é pouco provável haver unanimidade nesta corrente de pensamento e é evidente que há nuances (fracturas expostas, uma orelha fora da cabeça, por exemplo…) e até nos pode voltar para morder no rabinho, mas estou farto de ver jogadas ofensivas a serem paradas porque X ou Y se lembrou de cair depois de um lance dividido. Já perdemos lances demais por inépcia, estou farto de os perder também por bom-samaritanismo.


E pronto, com maior ou menor qualidade lá conseguimos igualar o resultado dos rivais e continuámos na perseguição. E a forma prática de pensarmos que só dependemos de nós é só uma falácia que nos lixa a perspectiva e nos prepara mal para um futuro desaire. Acham que estou muito pessimista?

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Penafiel

Abençoada box com DVR que tenho ali ao lado da televisão e que juntamente com a app que tenho no telemóvel me permitiu gravar o jogo todo mais alguns programas subsequentes, porque por causa da paragem do jogo estava a ver que não conseguia ver a partida completa. Foi o jogo possível com as condições ridículas do terreno, que no fundo se resume a isto: quatro-zero, alguma eficácia, uma assistência de letra, um golo de cabeça do Quaresma e placards publicitários a voar no meio do campo. Exacto, foi isso. Notas, já já aqui abaixo:

(+) Quaresma. Marcar um golo (de cabeça, senhores, e com intenção!) no primeiro jogo depois de voltar é simpático mas acima de tudo é a forma como Quaresma encara os defesas de uma forma que poucos fazem no nosso passado recente que me faz sorrir um bocadinho. Sim, já não é o mesmo de antigamente, mas o toque de bola está lá e se conseguir meter algum respeito aos adversários que ficam a pensar o que vai sair daqueles pés…já não é mau de todo. Reservo a resposta às minhas dúvidas sobre o regresso do rapaz ao clube para o próximo Domingo.

(+) Fabiano. Pode parecer estranho dar uma boa nota a Fabiano num resultado de 4-0 a nosso favor, mas o rapaz esteve muito bem em quase todas as situações (largou uma bola depois de um livre mas tem a desculpa da bola molhada e da chuvada absurda que caía naquele momento), especialmente nas saídas rápidas a cobrir o posicionamento mais subido dos defesas. E é exactamente isso que se pede a um guarda-redes de uma equipa grande, que esteja sempre atento, rápido a sair dos postes e que não invente quando vai cortar a bola. Fabiano fez tudo isso e começa a dar-me segurança vê-lo na baliza. Helton, amigo, podes ter aí finalmente o teu sucessor.

(+) Ghilas. Trabalha imenso, este estupor, apesar de parecer gostar mais de jogar de costas para a baliza do que de frente, o que pode ser extremamente útil se jogarmos com dois avançados (Ghilas amortece para Jackson, remate, golo!) na área. Corre muito, usa bem o corpo e tem técnica suficiente para jogar mais do que cinco minutos de cada vez…mas se insistir em rematar pouco, ao contrário do que fez na pré-época, acaba por perder para o colombiano que é mais rematador e bem mais eficaz. Ainda assim, gostei de o ver e a “rabona” para o golo de Jackson é…indicador e médio juntos com o polegar a tocar nos lábios, fazer som de beijo…voilá.

(+) Jackson. Dois remates, dois golos. Um com o pé, outro de cabeça. Perfeito.

(-) Adaptar quando há outras soluções. Não gosto de ver Ricardo a lateral-direito. Não tem posicionamento defensivo adequado, tem pouco corpo para o choque directo e entende-se mal com o central que joga a seu lado, o que é compreensível mas perigoso. Apesar das várias mudanças que Paulo Fonseca fez na equipa, especialmente do meio-campo para a frente, questiono-me se não teria valido a pena deixar Ricardo no banco e Varela de fora, para Victor Garcia entrar para o lugar de Danilo. Acontece-me o mesmo quando vejo Mangala a jogar a lateral-esquerdo, por outros motivos, porque o francês sabe defender mas ataca como um urso pardo a correr atrás do último coelho da floresta, mas do lado direito temos um lateral promissor na equipa B que pode e deve ser aproveitado. A questão é: quando?

(-) As chuvadas. Assim não dá, amigos. Aposto que o animal que controla a meteorologia lá de cima olhou para baixo e pensou: “Ah, meus caros, vou-vos punir pelo jogo parvo do passado Domingo! Sorvam as minhas lágrimas, muahahahahha!”. Acho que deve ter sido qualquer coisa como isso.


Meh. Um resultado destes e a sensação de que…who really cares? Sim, é mais uma competição, mas não é nem de perto suficiente para a malta se entusiasmar por aí fora. Ainda assim, foi um jogo minimamente decente com o temporal que caiu no Dragão e a ultrapassagem ao Sporting também acaba por ser interessante para manter o FC Porto no topo do grupo. O jogo contra o Marítimo decide tudo e apesar de não dependermos só de nós, temos boas hipóteses de vencer esse jogo e esperar que o Sporting derrape em Penafiel. Mas…meh.

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