Para perceber porque é que os bons jogadores brasileiros são cada vez mais caros

retirado de FutebolFinance.com

Com o crescimento do mercado brasileiro explicado neste artigo do FutebolFinance.com podemos ter uma noção mais correcta do porquê de não conseguirmos comprar jogadores com algum nível de estabelecimento no futebol doméstico dos nossos putativos irmãos. Parece-me óbvio, através da simples análise dos valores de entrada de capital para os clubes brasileiros, constatar que um jogador que atinge algum nível de notoriedade no próprio campeonato, somando-se uma eventual chamada à Selecção nas camadas jovens ou mesmo na principal, dificilmente quererá dar o salto quando o estatuto que adquiriu já lhe permite ter uma vida diferente daquela que conseguia aqui há uns anos.

E em relação aos clubes ainda é pior, porque se até bem pouco tempo atrás se conseguiam trazer dois ou três contentores de jogadores razoáveis onde se podia encontrar uma pérola de vez em quando (como os franceses fizeram e continuam a fazer das ex-colónias em África), hoje em dia a realidade é mais complicada. Convencer um clube de topo a ceder um dos seus principais jogadores exige capacidade negocial, conversas absurdamente extensas com agentes e fundos de investimento e acima de tudo dinheiro vivo em cima da mesa.

A solução? Trazê-los jovens. Procurar cada vez mais cedo encontrar uma futura mais-valia (como Kelvin se espera que seja) e apostar na qualidade para evitar gastar uma Torre dos Clérigos de moedas de cada vez que um jogador dá nas vistas. Danilo e Alex Sandro podem ter mostrado que o investimento é seguro mas o retorno pode não ser imediato apesar das suas qualidades terem sido enaltecidas por trinta e quatro mil jornalistas. E quando há uma lesão grave…chora-se o dinheiro que se gastou e espera-se por melhores momentos.

É muito difícil gerir um clube com o grau de exigência do nosso num mercado em constante mutação, não tenho a mais pequena dúvida.

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Ouve lá ó Mister – Vitória Setúbal


Amigo Vítor,

Ahhhh…estou cansado. Aquele jogo de quinta-feira deixou-me cansado, Vitor, por isso nem imagino como hás-de estar tu depois daqueles 45 minutos de bom futebol e do resto do tempo que foi qualquer coisa perto de futebol mas não muito. Assim como um bife de soja. É, mas não é. E na quinta, assim foi. Não quero ver mais daquilo, Vitor, o meu pobre coração não aguenta, pá. Fico triste, melancólico, começo a responder mal às pessoas, durmo torto, acordo com uma disposição de arrancar cabelos à machadada e detesto isso. E hoje podes fazer com que a minha moral suba um bocadinho.

Ainda há umas semanas fui ao Dragão ver o Setúbal para a Taça da Jola. Sim, aquela parvoíce de jogo em que fecharam as bancadas de cima e me obrigaram a ir para perto do túnel de acesso e mesmo em cima do relvado, mas fui na mesma. E vi o FC Porto a fazer um jogo de treino e bati muitas palmas ao Lucho e ao Janko e foi uma alegria. Mas este é a sério, já conta para coisas importantes e temos de o ganhar. Não há desculpas, não quero saber o que vais fazer com os jogadores na palestra ou ao intervalo ou lá quando é que lhes dizes as coisas que dizes, mas a probabilidade de sairmos do Bonfim sem pontos tem de ser a mesma do Berlusconi dizer a uma gaja boa de 17 anos que não a quer papar: zero.

Não há Álvaro? Há Alex Sandro. Não há Danilo? Tens o Sapu ou o Maicon. Não tens o Hulk em forma? Põe-no ao banco. Não há equipamentos lavados? Usa os de semana passada. A bola está furada? Manda vir outra. Não há desculpas. Não pode haver.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Ouve lá ó Mister – Manchester City


Amigo Vítor,

Agora as coisas piam mais fino. Como se as coisas fossem um gentil bando de rouxinóis a esvoaçar perto de um campo de malmequeres num suave dia de primavera. Até que um gajo mais chateado com as taxas do BCE se lembra de sacar da espingarda e disparar três balázios e acertar no pássaro-pai mesmo no meio dos cornos. É isso que quero que aconteça hoje, Vitor. Quero chegar ao estádio, sentar-me na minha cadeira e olhar em frente para onze tolinhos que vão fazer tudo por tudo para que os ingleses saiam daqui com o esfíncter mais aberto que o túnel da Ribeira.

Só há uma coisa que me assusta nos gajos, pá. São os onze que vão entrar mais os sete que estão no banco. O resto não me mete medo nenhum, era só o que me faltava. Mas isso sou eu, tu és um gajo superior a este tipo de cagaços e por isso sei que não me vais desiludir. E não te atrevas a reclamar que não temos equipa para isso. Já sei que nunca dirias isso em voz alta, mas livra-te sequer de pensar dessa maneira! Que me cravem um cinzel nas gengivas se não temos equipa para mandar os gajos abaixo! O Hulk não é capaz de pôr o Clichy agarrado às pernas? O James não parte os rins ao parolo do Zabaleta? O Lucho não ganha em corpo e inteligência ao finguelinhas do Silva? O Maicon não tira as bolas de cabeça do Dzeko? O Helton não vale mais que o albino do Hart? Até aquela besta do Lescott que mais parece um refugiado Klingon não vale meio Rolando manco, Vitor! O Moutinho não é tão ou mais organizado que o Nasri e tem melhor aspecto de barba grande? E o Fernando, que nem Touré tem no nome, não chega para atrofiar as gâmbeas do genro do Dieguito?

É só isso que tens de pôr na cabeça dos nossos rapazes, pá, e convence-os que o campeonato está difícil de chegar lá e por isso esta pode ser a grande oportunidade dos gajos fazerem o primeiro grande jogo do ano! Explica-lhes que os outros não nos ligam nenhuma, que nem sabem quem são os nossos, que olham para o FC Porto com aquela puta daquela altivez inglesa que mete nojo desde que o Haroldo levou com uma seta nas vistas em Hastings.

Por isso vai aos arrumos e tira para fora o conjunto de facas que o teu sogro te deu. Afia-as bem e prepara-te para o repasto. É que hoje vamos comer bifes no Dragão.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Ouve lá ó Mister – Estoril


Amigo Vítor,

É uma verdade tão verdadeira como dizer que a Torre dos Clérigos é alta: o FC Porto está a jogar malzinho. E enquanto que alguns podem olhar para os Clérigos ao lado da Burj Khalifa e dizer: “Bah, aquilo parece um dildinho comparada com a dos árabes”, a verdade é que não deixa de ser alta. E estabeleço um largo paralelismo para a nossa equipa quando digo que apesar de não ser assustadoramente mau (Octávio-mau ou Couceiro-mau), também não é bom. Mas há uma coisa que não me escapa porque eu não sou como o oceano Pacífico e tenho memória: por esta altura aqui há um ano, as exibições não eram melhores. Estávamos a navegar em águas bem mais calmas, ainda estávamos em todas as competições mas o futebol era…meh.

Mas é isso que temos de continuar a fazer. Ganhar. Porque a moral dos adeptos só se conquista com vitórias e apesar da malta estar renitente, aposto que a parte mais difícil já lá vai. É preciso continuar a construir, a melhorar, a criar mais e melhor para entusiasmar o povo portista. Está nas tuas mãos motivar os rapazes para este jogo que pode ser dos mais fáceis que vamos ter este ano…ou não. Cuidado que os fulanos de amarelo e azul estão no cume da Orangina e prontos para preparar a subida, o que só pode querer dizer que não são mais fracos que os últimos do nosso campeonato, por isso não há que fraquejar e toca a despachar o jogo com inteligência e arrumar logo com a Taça da Liga para os poderes descansar no último jogo contra o Setúbal.

Já sei que tens de mudar um bocado o onze, mas não inventes muito. Bracali na baliza, Mangala na defesa e Kleber no ataque, tudo bem. Mas muito mais que isso é um exagero nesta altura. E se o Danilo puder jogar, deixa-o começar no banco. O rapaz tem de começar devagarinho.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Sporting


Amigo Vítor,

Devo dizer que ando com uma fome de bola que me faz parecer um puto num campo de refugiados curdos a tentar chutar um calhau só para parecer que estou num campo de futebol. São muitos dias sem ver o meu clube a jogar e sinceramente é um exagero. Mas já acabou o intermezzo, as luzes estão a acender e a apagar e é sinal que o espectáculo está de volta…e tenho umas coisinhas para te dizer acerca deste particular jogueco. Estás pronto? Toma notas, aqui vai aço.

Quero ganhar. Mas quero mesmo, mesmo ganhar. Quero que esfregues a puta da soberba daquela gente na relva de Alvalade e os deixes de tal maneira furiosos com o jogo que cheguem fogo às próprias cadeiras em vez de irem atear incêndios a dois quilómetros do vaso sanitário que chamam estádio. Quero que os fustigues com remates, quero que tapes as incursões do Capel pela ala até que o cabelo dele fique verde como o da vaca fadista. Quero que o Fernando chateie o Schaars de tal maneira que leve um pontapé para ser expulso. Quero que o Moutinho faça o mesmo ao Carriço e se ria quando o amigo fôr para o balneário a chorar. Quero que os centrais se encostem ao Van Xinksotrikel e não o deixem ganhar uma bola de cabeça. Quero que sejas expulso porque reclamaste mais uma puta duma falta mal marcada ao Belluschi e entretanto lembraste-te de te virar para o João Pereira e disseste-lhe que se ele alguma vez jogar no Barça ou no Milan é porque o Berlusconi lhe enfiou um dildo de metro e meio no recto. Quero que o Izmailov saia lesionado aos dois minutos de jogo porque tropeçou numa toca de toupeira. Quero que o Luís Duque expluda com três croquetes, meia alheira e um flut de Moët no bucho e derrame as tripas em cima dos correlegionários. Juro-te, quero tudo isto. Mas acima de tudo, quero ganhar.

Brinca com eles. Fala-lhes ao ouvido, diz-lhes o que eles querem ouvir. Motiva-os da maneira que melhor souberes. Mas este jogo, este singelo jogo que não conta mais de três pontos…é para ganhar. Esses três pontos são nossos. Já são nossos. Têm de ser nossos.

Sou quem sabes,
Jorge

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