Ouve lá ó Mister – Rio Ave


Amigo Vítor,

Em primeiro lugar, deixa-me dar-te os parabéns como portista. Cento e dezanove anos é uma data que todos merecemos festejar com a pompa e circunstância que a velhice…perdão, a experiência de um qualquer Manoel de Oliveira pode experienciar na pele, o fausto de mais de um século de tradição, história e alegrias que todos partilhamos e queremos continuar a partilhar. Um marco, é o que é. Voltarei a isto mais tarde, talvez para a próxima semana, porque o que interessa agora é manter a equipa mais representativa dessas paletes de anos no primeiro lugar do campeonato.

Olho para a convocatória e vejo estabilidade no meio da mudança. Reparo que chamaste os velhotes, os idosos do plantel, os decanos Fernando e Luís. Esses séniores no meio da canalhada, prontos a transmitir a experiência de vários anos de FC Porto e para preparar as gerações vindouras e mostrar-lhes que os genes do Dragão vivem sempre nas suas almas. Algum exagero da minha parte, dirás? Mentira, Vitor, e sabes disso. Lucho traz inteligência ao meio-campo, um jogo tranquilo e com o ritmo certo, ao passo que o Sr.Reges tratará de pôr ordem no meio-campo. Hmm. Será que vais manter o centro como na semana passada? Olha que o Defour tem vindo a jogar muito bem e não sei se vai levar a mal ficar de fora, mas o problema é teu e não é mau de todo. Já viste se só tinhas gajos como o Tomás Costa e o Valeri como o Jesualdo? Pois é, pá, és um sortudo! E dou-te os parabéns pela conferência de imprensa, estiveste muito bem na forma como deste a volta ao James jogar ou não a 10. Aposto que vais voltar ao ataque de James/Varela/Jackson e não te critico se o fizeres. Mas tem cuidado, porque o Rio Ave pode ser matreiro quando lhes apetece e não me custa nada dizer que o jogo vai ser difícil. Arranja bem as peças para não ficarmos atrás do Benfas que lá se safou na Mata.

Acima de tudo queremos uma vitória pacífica para celebrarmos os 119 da melhor maneira que pudermos. Com James a 10, a 19 ou a 45, o que interessa é que jogue a sério e com vontade de fazer o melhor possível. E se o Kleber insistir em marcar um golinho para continuar a fazer crescer o mito que só marca fora nos Arcos…faz-lhe a vontade.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Foi uma boa semana, Vitor. A vitória em Zagreb não foi brilhante, esteve longe de ser uma exibição que nos possa confirmar como o principal candidatos à vitória na Champions. Mas vi coisas boas, pá, e depois de combater opiniões contrárias com catanas e alguns cactos bem colocados nas cadeiras de alguns colegas de trabalho, consegui mostrar por A+G (porque A+B já não cola) que a equipa pode mesmo estar num bom caminho. E para lá daquele conceito que ninguém acredita que diz que o Porto está mais forte sem Hulk, a verdade é que está diferente. Para melhor, não sei, mas vi diferenças. Só que é preciso levar as coisas ao próximo nível, como num bar às três da manhã quando a gaja já está meia tocada e não nota que és um abrolho com um inchaço na coxa. Tira a imagem da cabeça. Vamos lá.

A convocatória surpreendeu-me, especialmente na zona recuada. Tiras o Nico e o Rolas e espetas lá o Abdoulaye? Admiro a tua coragem, rapaz, mas tem cuidado com as rotações do plantel tão cedo. Sei que achas que tens um ano de experiência e isso já te permite saber o que os moços te podem dar…só que os adeptos querem esquecer o ano passado para só se lembrarem do caneco. Acho que não deves abusar das rotações, especialmente quando vais ter um meio-campo todo comido por lesões e lutos. Sem Lucho e sem Fernando as coisas podem ser diferentes e se o Defour deu conta do recado na Croácia e o João “El Nuevo Catalán” Moutinho está sempre lá para as encomendas, estou curioso para saber quem é que vais mandar calçar para jogar a oito. O Geimes parece estar a melhorar, mas tens sempre o Danilo, que nunca o vi a jogar ali e até gostava de perceber se vale mais no meio-campo ou a lateral. Hmm. Não sei, como te disse nunca o vi. A frente é que tem de mudar, homem, o Varela parece que joga sempre de sabrinas e o Atsu está com fome de bola, pá. Troca os dois. Pumba. O resto deixo contigo, continua a mandar confiança para o povo que a gente aprova. Ah, e ganha o jogo. Três pontos, pá. Três pontos. Nada menos que isso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Dínamo Zagreb


Amigo Vítor,

Há duas coisas que estão aqui entre nós como o proverbial elefante no meio da sala. Uma é verde e grande; a outra ainda não sei o que é, mas sei que vais ser tu que me vais dizer, quer me telefones ou me mandes um e-mail, ou então se decidires mostrar-me em campo, também não te levo a mal. Se ainda não me estás a perceber, que compreendo porque estás com mais coisas na cabeça para estares a ligar ao que raio eu te estou aqui a ganir ao ouvido, quero falar sobre duas coisas: o Hulk e aquele-que-vai-substituir-o-Hulk. Espero que não tenhas ficado muito triste por ele ter saído, mas cheira-me que já devias estar de sobre-aviso. Ainda assim é uma perda grande, até porque lhe deves bem mais que um abraço ou um prato de tremoços com um chouriço assado em aguardente. Deves-lhe, em grande medida, o título de campeão nacional, e sabes disso. Foi em grande parte à custa dele que conseguiste no ano passado conquistar o campeonato, por isso fazes favor de o convidar para uma dourada escalada em tua casa ou no Pescador em Espinho que presumo seja perto da tua casa. Vá lá, ele merece. E agora, vamos ao segundo tema.

Este jogo, tendo em conta o facto de já não poderes escolher o Hulk como opção para o ataque, acaba por fazer subir mais um grau de importância ao nosso jogo de estreia na Champions’ League 2012/2013. Lembras-te no ano passado como é que correu esta porcaria? Lembras-te? Lembras-te do jogo em Donetsk? E do APOEL no Dragão? É que foi sempre o Hulk que nos salvou o coiro nos momentos difíceis, para não falar de vários jogos do campeonato, que agora não interessa para ninguém. Hoje dás o primeiro passo sem Hulk, como um menino a quem tiraram as rodinhas da bicicleta e lançaram a descer a estrada da Senhora da Graça. Não há lugar a hesitações, é altura de escolheres as peças que vais pôr no tabuleiro e avançar com o cavalo ou com os peões que te apetecer. Dou-te o benefício da dúvida como dei ao Fernandez depois de sair o Deco, ou ao Fernando Santos sem o Jardas. Vida de treinador é fodida, não é?

Força, Vitor. Re-estreia-te em grande!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Olhanense


Amigo Vítor,

Ainda estamos todos a respirar fundo depois do último dia do mercado e quando percebi que o João e o Givanildo iam ficar no plantel pelo menos até Dezembro, houve um grande peso que se levantou das minhas costas. Tenho pena de ver sair o Sapu, mas um dia destes ainda me hás-de explicar o que se passou para vocês não se entenderem. Ou para alguém não se entender com ele. Ainda por cima deve ser um gajo porreiro para ir prós copos, homem. Mas disso falamos mais tarde, hoje o que importa é que joga o FC Porto, com ou sem mercado.

O Olhanense não me mete medo. Para te falar a verdade, poucas coisas me metem medo para lá de um ou outro cão vadio e o inevitável armagedão que se aproxima. O Otamendi dar barraca também me mete algum medo, ou uma das “cuecas” do Fernando aos adversários, talvez até uma saída em falso do Helton que, não sendo Deus, também tem as suas falhas de vez em quando. Mas estou à espera de um jogo à imagem do último e não do penúltimo. Quero que os nossos rapazes vão para cima do Olhão com tudo o que têm para mostrar que estão aqui, firmes, prontos para serem campeões. Quero ver o João a jogar bem no meio-campo, o Hulk a raspar relva com aquele corpanzil que assusta qualquer defesa. Quero ver a mesma fibra, a mesma vontade, a mesma inspiração do jogo do passado sábado, por muito que o jogo seja longe cá do burgo.

E na ausência do Fernando…eu dava uma hipótese ao Castro. Não quero mal ao Defour, espero que o Steven compreenda, mas apesar do Castro não ser trinco, acho que tínhamos bastante a ganhar em ter um pouco mais de agressividade no meio-campo especialmente porque do outro lado vai estar gente que não tem problema em zurzir em canela alheia. É só uma opinião, tu fazes o que quiseres.

Seja como fôr, entra para ganhar. Mata o jogo e depois vê-se o que é preciso fazer para gerir. Devia ser sempre assim, não é?

Sou quem sabes,
Jorge

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Uma grande diferença

Quando no passado Sábado vi Varela a acabar de aquecer e a aproximar-se do quarto árbitro para entrar, pensei que estava tudo bem. O Hulk estava talvez no jogo da despedida, se calhar o Vitor queria dar a oportunidade do povo de saudar o rapaz com uma salva de palmas das grandes para que soubesse que vai sair mas fica sempre nos nossos corações – se sair, porque se ficar é só uma questão de voltar a jogar como no ano passado para que ninguém lhe aponte o dedo e lhe chame mercenário como fazem a outros – e até ficava bem. Mas não foi o 12 a sair, mas o 27. E em boa hora também, porque Atsu já estava a começar a mostrar algum cansaço e não era preciso estar a queimar as pernas do rapaz que têm de estar sempre em boas condições porque vamos precisar dele a breve prazo. E quando Varela entra…há uma espécie de sono intenso que se abate pelo flanco esquerdo do ataque, que nem Alex Sandro conseguia mandar abaixo com as correrias, ele que também já estava em modo de descanso.

Gosto do Silvestre mas o rapaz está a perder as qualidades que fizeram dele um dos alvos dos meus aplausos. O mesmo Varela que se lançava por cima dos laterais em 2009, que chegou com uma fome tremenda em 2010 e ajudou (e de que maneira) a cascar no Benfica na Supertaça, tem vindo em trajectória descendente desde há uns anos. Ainda se nota algum fogo nos olhos, alguma vontade, mas a velocidade não é a mesma, o sentido prático parece estar afastado e a forma como tropeça na bola faz-me lembrar o…sim, adivinharam, o Mariano.

É verdade que Atsu é o “jogador da moda” para quem gosta de futebol, ao passo que James continua a ser o “menino da moda” para todas as meninas (ouviram os guinchos quando entrou? pensei que estava num concerto dos Jonas Brothers tal foi a gritaria em timbre agudo), mas Varela não me oferece uma alternativa ao ganês quando está no banco. A mudança entre os dois não foi visualmente intensa, porque para além de serem parecidos ao longe, até as camisolas acabam em “7”. Mas se Atsu é o 27 e Varela o 17, a diferença em velocidade, ritmo e produtividade é sensivelmente a mesma dos números que usam nas costas. É como mudar de água para vinho, ou neste caso – e perdoem-me a piada rasca – é como mudar de um excelente verde tinto daqueles que deixam marca na malga…para um maduro tinto pobre em taninos e com sabor a rolha.

Desculpa, Silvestre, mas neste momento não acredito em ti. Prova-me o contrário e não me ponhas a gritar o que o meu douto colega do lado disse durante o jogo contra o Guimarães, onde se lembrou do seguinte: “Ao Varela só se tinha de dizer que se ele não jogasse em condições, começávamos a tirar-lhe peças para pôr no Atsu!”. Não ia tão longe. Mas prova-me o contrário, faz-me olhar para ti como uma opção válida, rapaz. Está nas tuas mãos.

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