Primeiro ponto: somos melhores que eles. Segundo ponto: somos bem melhores que eles. Terceiro ponto: vamos ter mais três oportunidades para mostrarmos que somos melhores que eles. E só nos faltou marcar um golinho, porque fizemos mais e melhor durante o jogo para conseguirmos evitar os penalties, mas mais uma vez faltou…isso mesmo. Foi um jogo feio, um jogo com demasiadas paragens e um jogo que faz com que estejamos mais um ano sem ganhar esta merda. Vamos a notas:
(+) Pressão alta e recuperação rápida. Nem parecia a mesma equipa que se estava a arrastar em campo no jogo contra o Tondela, tal foi a vivacidade e a forma física e rija como se mostraram em Braga. Pressão alta a aproveitar o 4-3-3 e mesmo com a lesão de Danilo (ou talvez “devido à lesão de Danilo”, porque houve um step-up depois da saída dele e da entrada de Óliver), o meio-campo esteve impecável a defender, forçando o Sporting a um jogo à Stoke, com Bas Crouch e Rory Coentrão a servirem como únicas forças de médio-micro-perigo que nos poderia causar alguma chatice. E só o fez num cruzamento depois de uma bola parada marcada tão rápida que a equipa estava ainda a preparar-se na área, o que mostra que os rapazes estiveram em grande durante todo o jogo, impedindo que Ruben e/ou Bruno fizessem o mínimo para justificar o ordenado. Depois da recuperação, a bola raramente era colocada em condições na frente a não ser para a corrida de Marega, mas isso são outras conversas…
(+) Marega. Foi o que menos mereceu não estar presente no sábado para tentar vencer o troféu. Trabalhou como um doido, debulhou relva e obrigou os jogadores do Sporting a alugarem sete ou oito bulldozers para o tentar parar, nem sempre com sucesso. Mas nunca desistiu, este estupendo espécimen de cimento núbio, mesmo tendo pela frente um dos jogadores mais esbofeteáveis do mundo, que merecia perder todos os jogos em que estivesse envolvido (caramba, deixem-me lá ser irracional um bocadinho, se eu não gosto do Briguel nem do Nelson Oliveira, também tenho direito de não gostar deste camelo sem me justificar, não tenho?).
(+) Ricardo. Que jogaço, puto. Mesmo apanhando com um oponente que merece que lhe puxem o prepúcio por cima da testa e o graffitem com rebites, esteve muito bem na intercepção e acima de tudo nas subidas pelo flanco, aproveitando o puxão gravitacional de dois colegas (Marega à direita pela imponência física e Sérgio Oliveira um pouco mais ao meio, pelo avantajado rabo que possui) que lhe abriam avenidas naquela linha mais-ou-menos-recta-na-diagonal-assim-vá-quase-coiso e rompia por ali fora como se estivesse atrasado para apanhar o autocarro. Merecia ter marcado numa dessas correrias doidas e era menino para me meter no carro e ir até Braga só para lhe pedir a camisola.
(+) A luta dos centrais contra o Bas Dost. Como o futebol típico de JJ contra equipas grandes se reduz em 95% dos casos a atirar a bola pelo ar e esperar que um arcanjo miraculosamente lhe atire a bola de volta para os pés de um qualquer pupilo e acidentalmente entre na baliza, os nossos centrais estiveram razoáveis. Perderam umas, ganharam outras, mas ambos estiveram rijos na luta contra o que parecia uma espécie de instrutor de Yoga vertical de barba feita. Poucos erros, muita luta, muita vontade e acima de tudo poucas faltas.
(-) Demasiadas bolas perdidas em construção. Não queria ser “that guy”, mas tenho de fazer uma achega ao Sérgio Oliveira e ao Óliver, que estiveram tão bem a defender e a pressionar mas um e outro falharam demasiado na altura da construção. O Sérgio porque tomou quase sempre a opção errada na altura de rematar, chutando quando não devia e passando quando devia pontapear; Óliver porque apesar de ser o único naquela zona com capacidade de inventar passes do nada, pareceu sempre pensar a um nível diferente dos colegas. Vou copiar o que disse aos Cavanis numa conversa aqui há minutos: “ele recebe, olha, faz os cálculos mentais setenta vezes mais rápidos que o Herrera e passa a bola perfeitinha…e não está lá ninguém.”. Herrera foi trapalhão e perdeu algumas bolas importantes e Brahimi esteve tanto tempo sem apoio dos colegas e rodeado por sportinguistas que pensei que pudesse estar no meio da claque sem se aperceber. Percebo que é utópico pensar que há pernas e organização táctica e capacidade técnica e tudo está embrulhado com uma bela fitinha azul (que a todos fica bem, hey-oooo escola primária!), mas duas em três por vezes (como hoje) não chega.
(-) Golinhos? Um? Please? Não houve assim tantos golos falhados hoje, mas houve muitas oportunidades que podiam ter chegado lá se houvesse um bocadinho mais de calma e de percepção de espaço e de presença de jogadores em melhores posições que o homem que tinha a bola. Ou então era só o Aboubakar ter levantado a bola mais um bocadinho naquele quase-chapéu…e eu calava-me.
(-) Lesão de Danilo Não faço a menor ideia se é grave. Espero que não. Rezo para que não seja. Ou por favor que não seja. Porque se o Óliver entrou bem para o jogo, não há garantias que o volte a fazer na próxima vez que seja chamado. Ou então…é altura do Sérgio Oliveira justificar a aposta nos jogos grandes e extendê-la para os menos grandes…se bem que até ao final do campeonato, todos os jogos são “grandes”, né?
Perdemos. Não perdemos bem, mas perdemos. Siga, há mais, muito mais para ganhar este ano.