A Culpa é do Cavani – Jornada 31 – Analidades

Poucas dezenas de horas depois de termos sido violentados a sangue-frio no molhadíssimo relvado do Dragão por uma horde de scousers vermelhos que nos enfiaram um murro no baço pelo lado de dentro, os Cavanis juntaram-se para tentar perceber o que aconteceu, como aconteceu e se é possível voltar a acontecer. Entretanto, olhos já postos no próximo jogo e na forma natural e/ou tremida como a equipa vai recuperar para o futuro próximo. O tempo, mais que os Cavanis, opinará.

Jornada 31 – Analidades


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Jornada 31 – Analidades

Poucas dezenas de horas depois de termos sido violentados a sangue-frio no molhadíssimo relvado do Dragão por uma horde de scousers vermelhos que nos enfiaram um murro no baço pelo lado de dentro, os Cavanis juntaram-se para tentar perceber o que aconteceu, como aconteceu e se é possível voltar a acontecer. Entretanto, olhos já postos no próximo jogo e na forma natural e/ou tremida como a equipa vai recuperar para o futuro próximo. O tempo, mais que os Cavanis, opinará.


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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 5 Liverpool

A caminho de casa lembrei-me dos tempos em que ouvia Mark Knopfler, aqui há qualquer coisa como uma data de anos, lembro-me de uma música que dizia “Sometimes you’re the windshield, sometimes you’re the bug”. Oh, minha gente, e que bug fomos nós hoje, ao chocarmos direitinho contra uma espécie de windshield mutante, com vidro que se molda a qualquer estrutura e que varre todos os bugzinhos que lhe aparecem pela frente, esmagando-os com firmeza por muito que tentem, e bem, soltar-se. Uma derrota épica e tão perto estivemos de poder, sei lá, vencer mesmo esta merda. Não, não estou a brincar. Vamos a notas:

(+) O Dragão no pós-jogo. Custou a todos, mas não tenho a menor dúvida que quem saiu mais derrotado do Dragão não foram os adeptos mas sim os jogadores. Porque se viram atropelados por uma máquina de futebol a quem tudo correu bem e que, apesar de bem oleada e mecanizada para este estilo de parte-jogo-quebra-meio-campo-siga-corre-chuta-bol, acabou por ter sorte nos momentos-chave. E os jogadores do FC Porto, com todas as suas falhas e ineficácias, não mereciam sair com o peso de uma derrota tão grande. E o público reconheceu isso, tentando transmitir um pouco de carinho, de colo, de ombro para que percebam que nós, cá fora, também sofremos e também não percebemos muito bem é que tudo correu tão mal. E sentir o estádio de pé a aplaudir o esforço e a entoar cantigas de incentivo…foi um bom momento, dos poucos bons momentos de uma noite memorável pelos piores motivos.

(+) A estratégia até ao primeiro golo. Foi cautelosa mas interessante. Tapar o jogo pelo centro, impedindo que os médios recebessem a bola e obrigando o Liverpool a abrir para as alas, com Otávio e Soares lado a lado a bloquear jogo central. Recuperando a bola, trocas rápidas pelo meio para que um lateral (normalmente Ricardo) conseguisse subir no momento certo para receber a bola (e seguro, só quando Mané estivesse controlado e a descer) e assim criar uma linha de passe ou desequilibrar o esquema do Liverpool. Tudo parecia assentar bem, apesar da pouca audácia na recuperação de bola, balanceada com um bom jogo interior. Só houve um problema: o golo deles estragou tudo e a equipa nunca mais foi a mesma.

(+) Um Liverpool rijo, prático, directo. Pois. São bons que se fartam, estes estupores, e correu-lhes tudo bem. Mas é tudo assente numa capacidade pragmática de luta, sentido prático e correria daquele trio de ataque que deve dar suores frios a qualquer equipa que os apanhe pela frente. Mané, Salah e Firmino foram terríveis pela velocidade de execução, de desmarcação e acima de tudo pela capacidade de aplicar uma filosofia do mais eficaz e simples que há no futebol: corrida sem bola, passe rápido e remate pronto. Consta que o treinador é alemão e os rapazes não são ingleses de gema. Blimey, they sure fucking looked like it.

(-) A implosão. Blammo, scrammo, sámmo. Encontrei um adepto contrário no WC do café onde fui beber uns finos antes do jogo e no meio de uma conversa semi-alcoolizada (se acham que é complicado perceber o sotaque, experimentem entender scouse arrastado pela cerveja…) diz-me o idiota qualquer coisa como: “eh pá, mas nós somos uma equipa, pá…3-1 ao intervalo com o City e só ganhamos 4-3! fuckin’ell, amirite?”. Yes, mate. Fuck off, mate. Porque o principal culpado desta derrota não são eles, somos nós. Porque nós é que achamos que conseguimos manter a posse de bola no meio de pernas enormes e gajos rijos que comem perús inteiros ao pequeno-almoço. Porque nós é que ficamos a pedir faltas ao árbitro que não marcou uma única falta por agarrõezinhos e empurrõezinhos, ao passo que os outros continuavam a correr, mesmo puxados e empurrados. Porque nós é que temos um guarda-redes que tinha de falhar naquele momento quando não podia falhar. Porque nós é que acabámos vários ataques com golos sofridos depois de perdermos a bola sem terminar o ataque com um remate nem que fosse para a nossa senhora das couves galegas queimadas pela geada. Porque nós é que perdemos bolas porque parecemos ter perdido a capacidade de tapar o adversário e impedir que ele nos roube a bola. Porque nós é que falhámos golos que o Liverpool, na mesma situação, não hesitou nem tremeu nem falhou. Porque nós deixamos que a ansiedade tomasse conta de nós e desmanchamo-nos todos depois do terceiro golo deles. Sim, eles são melhores. Corrijo: são muito melhores. São mais caros, mais maiores, mais grandes, mais enormes. E tinham caído como as torres do Aleixo se nós tivéssemos tido mais pernas, mais força e acima de tudo mais cabeça.


Eliminatória perdida e um jogo em Anfield que, como todos, é para ganhar, se possível por seis! What? Achavam que ia dar isto por perdido? Foda-se, era só o que me faltava agora ir cumprir calendário seja onde for!!!

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Ouve lá ó Mister – Liverpool

Camarada Sérgio,

Ora então seja muito bem vindo de volta ao troféu que todos gostaríamos de voltar a conquistar! Não estou com isto a colocar já o pé na linha de arranque, pronto para zarpar a caminho de Kiev (Kyiv, Kyev, Kiyev, decidam lá a forma de dizer isto antes que o meu rebranding pessoal comece a chamar aquilo “cidade onde o Chanov mamou um do Celso e outro do Gomes”) e conquistar tudo o que nos apareça pela frente, atenção. Mas que estamos nos dezasseis melhores, lá disso ninguém tenha dúvidas, portanto há que começar a trabalhar para chegar aos oito melhores e por aí fora.

O Liverpool não mete medo a ninguém. Pá, desculpa mas não mete. E até podemos sair da eliminatória vergadíssimos a um resultado gordo ou até frustrados pela eliminação tangencial, mas também podemos fazer o mesmo aos gajos! Podemos, pois! Tenho confiança em ti, tenho confiança nos teus rapazes e tenho acima de tudo confiança que vão estar em campo com a mesma mentalidade e querer que têm vindo a mostrar até agora. E não tenho motivo nenhum para não pensar que hoje aí por volta das 21h30 vou estar a sair do Dragão com um sorriso enorme e a pensar: “arre, que não esperava isto! ganda vitória!”.

Oupa. Quando mais não seja…são vermelhos, pá!

Sou quem sabes,
Jorge

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A Culpa é do Cavani – Jornada 30 – Visão de jogo de Schrödinger

Mais uma voltinha e mais uma vitória a ser analisada com as três lupas mais analíticas de toda a história da Análise. Se somarmos a redenção de Sérgio Oliveira que voltou do aeroporto para nos alegrar o coração, a flutuação orgânica de Otávio e a forma como o Iker ainda vai jogar a final da Champions pelo FC Porto, temos um programa que se situa no pós-Chaves e pré-Liverpool. Ah, pois é, que nós jogamos em todólado!

Jornada 30 – Visão de jogo de Schrödinger


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