Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira

Camarada Sérgio,

Vou a Paços. Não ia a um jogo fora do Dragão desde o Bessa no ano passado e podes imaginar a minha excitação por poder estar perto de vocês num terreno far far away. Sim, tudo que seja longe do Dragão é far far away, mesmo uma cidade como Paços de Ferreira que fica aqui tão perto. Ainda assim vou estrear-me em jogos fora e não espero menos que uma vitória. E eu também sei que tens meia equipa partida, outra meia cansada e ainda outra mei…nah, já são demasiadas meias, certo? Já dava para calçar um gajo bem avantajado com tantas meias, não dava? Piada demasiado badalhoca, não foi? Ora pois claro que foi.

É para veres o quão pito-aos-saltos estou para o jogo. Não quero sair de lá desiludido, triste, com vontade de me enfiar numa taberna e sair de lá quando o tanque de cerveja já cheirar a morto. Quero sair feliz, sorridente, mesmo que a equipa jogue mal, quero vencer o jogo. Quero que o treinador deles vá à flash com o boné da JCA e diga qualquer coisa como “é muito complicado lidar com talento deste nível, especialmente quando estão em dia bom e com a vontade de serem campeões que mostraram aqui neste campo. Mas estamos orgulhosos da nossa prestação apesar da derrota.” É por aqui que quero que as coisas corram.

Vou a Paços. Lá nos veremos, rapaz.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Liverpool 0 vs 0 FC Porto

foto retirada do twitter oficial de Iker Casillas

Foi um amigável engraçadito este que hoje se jogou em Anfield. Giro, com rapazes novos, que serviu para um treino competitivo, com uma ou outra tentativa de ganhar o jogo mas acima de tudo com a mentalidade firme de não fazer má figura. A ideia era essa, a abordagem foi simpática e acabou por servir o objectivo que eu queria: treinar para futuras chatices no campeonato e ao mesmo tempo limpar um pouco a imagem. Check e check. Da notes, right here:

(+) O público portista. Uns milhares de moços e moças a cantar pelo Porto durante noventa minutos. Múltiplas imagens de adeptos portistas a divertirem-se pelas ruas de Liverpool sem distúrbios ou pelo menos sem distúrbios que façam capas de jornal. Cânticos de fãs, simpatizantes, adeptos, sócios, de tanta gente que sabia que a equipa tinha apanhado cinco pazadas nos dentes aqui há umas semanas e que foi a Anfield na mesma para apoiar a mesma equipa (com nomes diferentes mas a mesma identidade) com força, ânimo e boa disposição. Fomos eliminados, sim, mas esta malta ganhou o dia. Não ganhou o jogo mas o clube fica a ganhar com esta gente.

(+) Iker. Mais uma exibição quase perfeita, com uma defesa extraordinária (depois de se precipitar na saída, ainda conseguiu corrigir a trajectória e tirar a bola da baliza) e umas sete ou oito bolas agarradas com maior ou menor dificuldade. A liderança e a tranquilidade que transmite à defesa parece ser grande e repito o que já disse várias vezes: é o nosso melhor guarda-redes e está no sítio de onde não devia ter saído a não ser por motivos especiais. E como parece que os houve, saiu com o critério do treinador e terá voltado também pelo mesmo critério, ou talvez não. Seja como for, está lá. E não vou juntar-me a toda a gente ao querer que fique, porque acho caro demais para um clube à rasca para pagar a Estoris e afins, mas quero que saia campeão. E acredito que ele concorda comigo.

(+) Juventude. Gonçalo, Dalot, Bruno Costa. Vários rapazes saídos da formação e que mostraram hoje que estão prontos para isto, ainda que verdes nalgumas circunstâncias. Gonçalo continua à espera que lhe marquem faltas; Bruno teve muito tempo longe do jogo apesar de um papel complicado que o fez tremer na primeira parte mas subir de produção na segunda; Dalot teve uma falha grande e continua nervoso mas nota-se que está a melhorar de jogo para jogo. Estes são alguns dos valores que temos ao nosso dispor, uns confirmados e outros na rampa para lá chegarem, que podemos e devemos aproveitar. E há mais na B (não muitos, mas há), outros emprestados e outros ainda a aparecer muito em breve. Talvez comecem a convencer as pessoas que o talento forma-se mas é preciso ser trabalhado, burilado, aperfeiçoado e acima de tudo testado a este nível.

(-) Gostava que o Henderson se montasse num cacto. A somar a uma cada vez mais longa lista de jogadores que me causam urticária, eis que há mais um nome a somar à lista. Jordan Henderson, um filho da puta que tem nome de género ambíguo que tanto pode ser capitão do Liverpool como cheerleader num liceu em Bridgeport, Connecticut, é um imbecil que merece ser carjacked e deixado no meio de um carreiro de cabras que lhe larguem fezes líquidas directamente na boca. A forma arrogante deste filho de novecentas éguas sifilíticas jogar e fazer body slams a tudo que mexia, com braços em cima, por baixo, ao lado, empurrando e agindo como uma aberração em geral, fez com que entrasse directamente para uma lista selecta com nomes como Fábio Coentrão, Neno, Carlos Martins e, como é óbvio, Briguel. Se pudesses, Deus, eras capaz de fazer com que sempre que este cão sem nome abrir o cacifo dele no balneário seja polvilhado com um spray de framboesas podres nos dentes? Obrigadíssimo, fico a dever-te uma.


Adeus, Champions! Perdão, até para o ano, Champions! (figas…)

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Ouve lá ó Mister – Liverpool

Camarada Sérgio,

Diria que as leis da probabilidade seriam afectadas com o impacto de novecentas bombas nucleares norte-coreanas se conseguíssemos passar esta eliminatória. É possível que vários peta-mega-uber-colhonários fossem criados ao fim de duas horas se conseguíssemos passar esta eliminatória. Os céus abrir-se-iam e setenta e sete asteróides com a cara do Rui Santos romperiam a atmosfera, prontos para abafar o planeta numa nuvem de fumo, poeira e gel para o cabelo…se conseguíssemos passar esta eliminatória. E só por isso, só mesmo para evitar esta catástrofe de uma tal magnitude que faria os scousers cantar “we’ll always walk alone after these fuckers came here”, só por isso é que provavelmente não vamos passar.

Mas não significa que não tentemos ganhar o jogo, heim? Não significa que não possamos usar este jogo como uma espécie de tábua de pinchamento para os próximos confrontos. Nada do que se passou há umas semanas no Dragão significa que tenhamos de entrar em Anfield com os cornos e os cantos da boca em baixo, sem pensar em dar água pela barba aos ingleses. No sir. É entrar, marcar, ganhar e mostrar que a primeira mão foi um acaso. Um acaso com fundamento teórico mas que na prática não voltará a acontecer.

Vamos a isso que para o ano, correndo bem, há mais disto para todos.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Sporting

foto retirada do twitter oficial do FC Porto

Depois do final da partida, enquanto os jogadores agradeciam no relvado, o povo gritava que queria ser campeão. A descer as escadas da bancada o povo gritava que queria ser campeão. A subir a Alameda, um puto ao meu lado gritou que queria ser campeão. Queremos todos ser campeões e queremo-lo com tanta vontade porque depois de tantos anos de vitórias consecutivas, começamos a acreditar que está bem perto e…sentimos a pressão. Oh se sentimos. Estivemos perto de perder, perto de ganhar por mais, num jogo finalmente equilibrado contra esta malta. Ah, e o Coentrão empurrou um bombeiro. Com ou sem razão, o homem empurrou um bombeiro. Fuckin’epic. Vamos a notas:

(+) A vitória. Não me lembro de um jogo que me tivesse desgastado tanto este ano e mesmo no ano passado não creio que tivesse saído do Dragão com um misto de felicidade e cansaço que me deixou fora de combate durante dias. Porque também eu senti que este se tinha tornado num momento importante, que podia ajudar a decidir o resto da época. Daí ter ficado grande parte do estádio no final do jogo a aplaudir os rapazes, porque isto não foi só um Porto-Sporting. Foi um Porto-Sporting que correu bem apesar de ter sido mal jogado, mas foi um jogo que salvo qualquer estranho fenómeno, afastou o Sporting do campeonato. E que bem que soube.

(+) Casillas. Não é complicado perceber a influência que um guarda-redes pode ter numa equipa. Iker é mais que um guarda-redes pelo histórico que tem, mas podia ignorar o peso que pode transmitir a um grupo de malta que é um misto tão estranho de juventude e sub-experiência naquilo que conta. Não o faz e tenta ser líder, mostrando a todos o caminho para o sucesso, ele que já o experienciou tantas vezes. Na altura mais complicada do jogo, quando Marega se lesionou e a equipa parecia demente em campo, Iker reuniu toda a gente no meio do relvado para uma conversa final antes do jogo entrar na fase decisiva. Não tendo tido o impacto que queria (ainda houve situações de perigo causadas pelo destrambelhamento dos colegas da defesa), ficou a imagem e o grito de união. Ah, para lá de ter safo várias bolas, uma das quais numa defesa extraordinária numa mancha a um remate de Montero, que ainda se dignou a deixá-lo no chão sem o ajudar a levantar. Perdoa-lhes, Iker, é gente estranha.

(-) O jogo. Não foi mau. Ou melhor, foi fraquinho mas não foi muito mau porque ganhamos. E só porque ganhamos, porque apesar do adversário não ser completamente imbecil no que diz respeito às artes da bola, a verdade é que nos três jogos anteriores tinham sido pisados com botas da tropa e sem grande misericórdia. E não acredito que os rapazes não fossem capazes de fazer o mesmo desta vez, mas bateu-lhes o nervoso, como a mim, como a muitos na bancada. Não há melhor exemplo desta descida ao inferno da instabilidade colectiva que a entrada de Corona em campo, que aprovei na altura porque Otávio estava a falhar na sua dedicada missão de marcar Coentrão com os olhos. Corona, desde que entrou, fez merda. Nem quero inventar outros eufemismos porque não vale a pena e é melhor dizer as coisas da forma mais directa possível. Só fez merda. E alguns dos outros que estavam já atolados em estrume (Herrera indeciso, Marega perdulário, Marcano hesitante e Maxi assoberbado) não conseguiram dar a volta por cima, com o mexicano a enfiar-se ainda mais no buraco que criou, fazendo-me questionar nalguns lances se teria sido lobotomizado mesmo antes de entrar em campo. Trememos muito sem necessidade. Percebo mas não me agradou nada.


E agora, ufa, Liverpool. Uma espécie de jogo-treino para a Luz? Please?

PS: Este atraso deveu-se, como já disse no início, ao facto do jogo me ter destruído e não me ter deixado forças para fazer o meu “trabalho” como é costume. Somemos a gravação e edição do Cavani e tempo de qualidade passado com a família e…eh pá, não preciso de me justificar, como é lógico, mas senti que seria simpático explicar. Afinal, podiam pensar que tinha sido empurrado pelo Coentrão.

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Jornada 34 – Câmara hipercólica

Um dos Cavanis mais complicados de criar, depois de inúmeros problemas técnicos e de um cansaço generalizado, físico e mental, decorrente do jogo contra o Sporting. Estes três estóicos Maregas submeteram-se à árdua tarefa de analisar o jogo com o Sporting com a divergência natural de forma e algum conteúdo a levar a uma conversa curiosa e a alguns termos não menos interessantes. Achamos nós, está claro. Some-se um Corona maluco, um Marega partido e um Liverpool que até pode ser útil e passou-se uma hora quase sem notar.


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