Depois do final da partida, enquanto os jogadores agradeciam no relvado, o povo gritava que queria ser campeão. A descer as escadas da bancada o povo gritava que queria ser campeão. A subir a Alameda, um puto ao meu lado gritou que queria ser campeão. Queremos todos ser campeões e queremo-lo com tanta vontade porque depois de tantos anos de vitórias consecutivas, começamos a acreditar que está bem perto e…sentimos a pressão. Oh se sentimos. Estivemos perto de perder, perto de ganhar por mais, num jogo finalmente equilibrado contra esta malta. Ah, e o Coentrão empurrou um bombeiro. Com ou sem razão, o homem empurrou um bombeiro. Fuckin’epic. Vamos a notas:
(+) A vitória. Não me lembro de um jogo que me tivesse desgastado tanto este ano e mesmo no ano passado não creio que tivesse saído do Dragão com um misto de felicidade e cansaço que me deixou fora de combate durante dias. Porque também eu senti que este se tinha tornado num momento importante, que podia ajudar a decidir o resto da época. Daí ter ficado grande parte do estádio no final do jogo a aplaudir os rapazes, porque isto não foi só um Porto-Sporting. Foi um Porto-Sporting que correu bem apesar de ter sido mal jogado, mas foi um jogo que salvo qualquer estranho fenómeno, afastou o Sporting do campeonato. E que bem que soube.
(+) Casillas. Não é complicado perceber a influência que um guarda-redes pode ter numa equipa. Iker é mais que um guarda-redes pelo histórico que tem, mas podia ignorar o peso que pode transmitir a um grupo de malta que é um misto tão estranho de juventude e sub-experiência naquilo que conta. Não o faz e tenta ser líder, mostrando a todos o caminho para o sucesso, ele que já o experienciou tantas vezes. Na altura mais complicada do jogo, quando Marega se lesionou e a equipa parecia demente em campo, Iker reuniu toda a gente no meio do relvado para uma conversa final antes do jogo entrar na fase decisiva. Não tendo tido o impacto que queria (ainda houve situações de perigo causadas pelo destrambelhamento dos colegas da defesa), ficou a imagem e o grito de união. Ah, para lá de ter safo várias bolas, uma das quais numa defesa extraordinária numa mancha a um remate de Montero, que ainda se dignou a deixá-lo no chão sem o ajudar a levantar. Perdoa-lhes, Iker, é gente estranha.
(-) O jogo. Não foi mau. Ou melhor, foi fraquinho mas não foi muito mau porque ganhamos. E só porque ganhamos, porque apesar do adversário não ser completamente imbecil no que diz respeito às artes da bola, a verdade é que nos três jogos anteriores tinham sido pisados com botas da tropa e sem grande misericórdia. E não acredito que os rapazes não fossem capazes de fazer o mesmo desta vez, mas bateu-lhes o nervoso, como a mim, como a muitos na bancada. Não há melhor exemplo desta descida ao inferno da instabilidade colectiva que a entrada de Corona em campo, que aprovei na altura porque Otávio estava a falhar na sua dedicada missão de marcar Coentrão com os olhos. Corona, desde que entrou, fez merda. Nem quero inventar outros eufemismos porque não vale a pena e é melhor dizer as coisas da forma mais directa possível. Só fez merda. E alguns dos outros que estavam já atolados em estrume (Herrera indeciso, Marega perdulário, Marcano hesitante e Maxi assoberbado) não conseguiram dar a volta por cima, com o mexicano a enfiar-se ainda mais no buraco que criou, fazendo-me questionar nalguns lances se teria sido lobotomizado mesmo antes de entrar em campo. Trememos muito sem necessidade. Percebo mas não me agradou nada.
E agora, ufa, Liverpool. Uma espécie de jogo-treino para a Luz? Please?
PS: Este atraso deveu-se, como já disse no início, ao facto do jogo me ter destruído e não me ter deixado forças para fazer o meu “trabalho” como é costume. Somemos a gravação e edição do Cavani e tempo de qualidade passado com a família e…eh pá, não preciso de me justificar, como é lógico, mas senti que seria simpático explicar. Afinal, podiam pensar que tinha sido empurrado pelo Coentrão.