Na estante da Porta19 – Nº21

 

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De volta ao mundo das camisolas de futebol, uma visão interessante é dada pelo livrete “Picking Up the Threads: The Colours of World Football” que pode ser considerado um livro de bolso para malta que gosta de usar calças muy justas ao pacote. John Chandler leva-nos pelas mini-historietas, umas interessantes, outras nem tanto, que estão por detrás da escolha de tantos formatos e cores de equipamentos por esse mundo fora, mostrando que nem sempre a história de um clube é definida com traços feitos ao longo do tempo. E se há as tradicionais histórias de homenagens às cores ou padrões de uma região ou país, por vezes tudo acontece com uma notável aleatoriedade , como um choque de cores com um clube rival ou pelo tingimento das camisolas originais levaram a que se mudasse a indumentária para um dado jogo. Não está lá o FC Porto, infelizmente. Hereges!!!

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Boavista

foto retirada do zerozero

Meh. É o pior que se pode dizer de um derby, que apesar do festival surreal de VAR na relva, acabou por ser mal jogado e não mostrou um FC Porto capaz de se aguentar das pernas e da cabeça durante muito mais tempo. Ainda bem que temos agora uma pausa porreira para selecções (sim, sou mesmo eu a dizer isto) que apesar de não descansar toda a gente, é capaz de retirar um pouco a pressão com um ou outro amigável a servirem para os rapazes se acalmarem e voltarem em grande. E que falta fazem Soares e Danilo mas especialmente Telles e…*suspiro*…Marega. Notas abaixo:

(+) Ricardo Pereira. Foi o melhor em campo com uma distância que só devia ser medida em unidades astronómicas. Jogou em três posições e em todas elas esteve bem, quer no início a fingir que era um sucedâneo de Marega com metade do peso e a mesma velocidade, como à direita a servir como tampão/seta pelo flanco ou mesmo como lateral direito depois da saída de Maxi. Foi sempre “o” gajo para quem olhava e pensava: “este gajo tem pilhas diferentes dos outros!”.

(+) A canalhada na rodinha. Foi giro, não foi? Ver a miudagem toda a ir ter com os pais, a fazer parte da rodinha como se fossem crescidos, ali com os moços todos ao lado. Fez-me regressar ao passado longínquo (futebolisticamente falando e com o meu referencial de tempo) dos anos 90, onde os miúdos apareciam sempre em campo a correr, fossem ou não filhos dos jogadores, enquanto iam celebrar uma qualquer vitória e pedir as camisolas aos rapazes. Argh, a paternidade está a tolher-me o juízo, caramba…

(-) Dificuldade a sair com a bola. Herrera e Sérgio Oliveira não conseguiram ser o que tinham sido no pré-Paços e foram lentos, trapalhões e incapazes de receber, rodar e impôr algum tipo de movimentação consistente no nosso meio-campo, cedendo à pressão que o Boavista colocou na relva. E a bola acabava quase sempre por passar directamente dos centrais para os avançados, numa espécie de homenagem ao futebol inglês dos anos 70/80, com a diferença que lá na frente, em vez de dois canastrões de invejável composição física, cada um com o seu puxão gravitacional, tínhamos um anão brasileiro e um camaronês que está com uma forma física parecida com a minha. E assim foi quase impossível criar perigo em condições, não fosse o parvinho do guarda-redes do Boavista ter entregue o segundo golo à malta (vêem, meus amigos, como é complicado cuspir para o ar? por vezes cai mesmo na testa…), teríamos muita dificuldade em matar o jogo em lances de futebol corrido.

(-) Otávio. Voltaste à borrada de jogo, não voltaste, moço? Quando Sérgio entra em campo com Ricardo a fazer de Marega, via-se que Otávio estava meio perdido sem conseguir decidir se fica na linha ou apoia ao centro. Resultado? O Boavista subia pelo flanco esquerdo sem que houvesse um mínimo de oposição da nossa parte, por isso toca de mandar para lá o Ricardo e o Otávio para o meio. E…nada. Nada. Nadinha. Zerinhos. Otávio não só esteve ausente do jogo como sempre que a bola lhe chegava aos pés acabava por desaparecer num misto de inépcia e incapacidade de luta e de combate pela bola. Jogo horrível.

(-) Mais uma vez, não se percebe nada do VAR. Não me refiro ao critério, porque se no penalty realmente o rapaz dá dois toques na bola e o árbitro não reparou, é bem aplicado. Mas o vermelho parece-me mais parvo. O árbitro acabou de ver o lance e deu o cartão na hora. Ou seja, teve oportunidade de voltar atrás para verificar o que se passou e depois de rever as imagens acabou por ficar com remorsos do que fez e, lá calha, voltou atrás. E eu nao percebo como é que a jogada que o homem ACABOU DE VER À FRENTE DOS OLHOS pode parecer diferente depois de ver na televisão, por muito que o ângulo seja diferente. Outra coisa é o facto de continuar a não se perceber nada do que se passa em campo. Estão dezenas de milhares de pessoas nas bancadas a tentar inferir as razões pela paragem súbita e assume-se que o VAR está envolvido…mas não se faz ideia do porquê. É algo que tem de ser revisto com urgência para bem do futebol e de quem assiste ao vivo.


Faltou qualquer coisa a este derby. Teve emoções parvas ao pontapé, mas faltou algo para ser um derby em condições. Se não tivessem tirado o vermelho, talvez…

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Ouve lá ó Mister – Boavista

Camarada Sérgio,

Fui a Paços e como deves imaginar não saí de lá muito bem disposto. Foi uma experiência tão agradável como se me tivessem enfiado um atiçador de lareira pelo recto e me fizessem cócegas nas axilas pelo lado de dentro. Ou seja, nada que queira repetir nos próximos tempos. Não a deslocação em si ou a companhia que tive (malta boa, azul e branca das orelhas aos fungos nos pés) mas o resultado e a exibição. Não pode voltar a acontecer e acredito que não voltará.

Hoje a história tem de ser diferente e vai ser diferente. Esta malta é fraquinha porque, como sabem, são uma rotunda. E nós temos uma rotunda que vai sempre ao banco, pelo que consta. Por isso imagina a forma como tratamos as nossas rotundas e vamos proceder a tratar a outra rotunda da mesma maneira, talvez um bocadinho pior, sim? Já sei que o Alex ainda está de perna esticada no sofá e o Soares se calhar também não vai dar. Homem, há Gonçalo. E já há Herrera outra vez (e eu agradado com isto, só para veres como as sortes e as formas de pensar mudam) por isso só te proponho que tenhas calma a criar o onze e que penses em duas coisas: continuas em primeiro e queres continuar em primeiro. Só isso.

Make it happen, son.

Sou quem sabes,
Jorge

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Jornada 35 – Póver

Se achávamos que o anterior Cavani tinha sido difícil de gravar, este foi pior. Enquanto as torrentes de ouro e diamantes não jorram para que os Cavanis não precisem de trabalhar…eh pá, não é que a malta precisa mesmo de trabalhar?! Assim sendo, atrasou-se o Cavani e atrasou-se a análise do Paços, do Paixão, do Mário Felgueiras, dos bloggers estúpidos e do Costa Monteiro. Ainda tentamos passar por cima do Boavista mas optamos por deixar a tarefa para os jogadores. Afinal as rotundas são para isso mesmo, não? Não? Oh raios, lá se foi mais um eixo com todo este póver!
Quem quiser continuar a ouvir pelo site, tranquilo, é só usar o leitor que está embutido no post de cada episódio. Quem ouvir usando uma app, seja iTunes, Podcast Addict, Pocket Casts, Podcast Republic ou tantas outras que por aí andam, pode encontrar o Cavani aqui: Feed RSS: http://aculpaedocavani.porta19.com/feed/mp3/ iTunes: https://itunes.apple.com/pt/podcast/a-culpa-%C3%A9-do-cavani/id1276400376 ou através da store YouTube: https://goo.gl/QH46Ux PlayerFM: https://player.fm/series/a-culpa-do-cavani-1512907 Stitcher: https://www.stitcher.com/podcast/jorge-bertocchini/a-culpa-e-do-cavani

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Baías e Baronis – Paços de Ferreira 1 vs 0 FC Porto

foto retirada do twitter oficial do FC Porto

No primeiro e potencial único jogo desta época que vejo fora do Dragão, uma banhada. Literal e metaforicamente, porque à chuvada que apanhei até chegar a Paços, enquanto estive em Paços e no regresso de Paços, somo a chuva de lances idiotas, mau futebol, um treinador teimoso, uma assustadora incapacidade de se adaptar a um relvado difícil, um adversário manhoso e um árbitro impossível de suportar. Perdemos pela primeira vez na Liga e não espero que volte a acontecer até ao final da época. Ai deles. Notas:

(+) O apoio nas bancadas. Vários milhares encheram Paços de Ferreira numa noite fria, chuvosa, ventosa, com música nas gargantas e vontade de ver a equipa a vencer. Estive lá e continuo a admirar a malta que se sacrifica para acompanhar o clube onde quer que ele vá jogar, esteja o tempo que estiver, seja para a Taça da Liga ou para a Champions. Eu, que me sinto sempre um outsider nestas situações, fico orgulhoso de haver tanta gente que se predispõe a enfrentar o inverno nos olhos e de o mandar para o mesmo sítio que naturalmente manda qualquer Bruno Paixão, gritando-o como se fosse o último jogo da sua vida. Mas não é, porque na próxima quinzena voltará à estrada. Bem hajam, rapazes.

(-) Defesa? Olha um alívio para o ar. Olha parece que está vento, é melhor dominar a bola ah espera que anda cá carago pronto já a perdi. Olha este gajo parece mais forte que eu deixa-me lá ver se ele não me tira a oh pronto já lá vai. Olha, o gajo está sozinho na área. Olha golo. Foda-se.

(-) Meio-campo?. André André e Sérgio Oliveira não têm culpa. Afinal, seria uma dupla que no arranque da época colocaria aí na nona posição de duplas possíveis no meio-campo do FC Porto, logo atrás da oitava opção, um maravilhoso duo mexicano: “Herrera / Diego Reyes”. A diferença entre eles e a dupla titular (Danilo/Herrera) é tão grande em termos de cobertura de espaços, discernimento e audácia com a bola e pressão alta sem ela que atenua a sua culpa. Mas não atenua o facto de terem sido engolidos pelo adversário e mesmo em inferioridade deviam ter sido uma barreira mais imponente. Ou até uma barreira, ponto.

(-) Ataque? Sem Marega nem Soares, Abou e Waris foram os escolhidos. E Abou falhou, como de costume, mas desta vez não tinha Marega para as segundas bolas mas um jovem ganês que insistia em mostrar que era rápido, mas tão rápido que os colegas procediam a enviar-lhe bolas vinte e trinta metros para a sua frente, achando que o homem voaria sobre a relva para as apanhar. Quando de facto conseguia receber uma bola, não produziu. Aliás foi este o produto do ataque do FC Porto, porque apenas Brahimi a espaços e depois Gonçalo conseguiram ser minimamente perigosos. Corona? Não o vi. Ninguém viu, mais uma vez.

(-) Banco? Pá, Sérgio, és um teimoso. Sim, já sei que preferes o André ao Óliver, mas ainda não viste que o homem não aguenta isto? Que ele não quer ou não sabe o suficiente e não traz mais-valia nenhuma ao conjunto, rapaz? Vá lá, experimenta um dia destes não colocar o gajo a jogar e escolhe outro. Ah, outra coisa que te queria dizer. Mexe na equipa quando aquilo está a correr mal. Estava a correr mal e continuou a correr mal e tu ficaste à espera que as coisas corressem pior e quase que acontecia. E aquela conversa com o Sérgio Oliveira também tem de te ter feito comichão, não tenho dúvida. Põe lá os tomates de volta ao rapaz que ele pode vir a precisar deles, anda lá. E vê lá se voltas a dar força aos rapazes que me pareceram tristonhos, mesmo com o cabrão do Paixão a lixar-lhes o juízo. Quero ver indignação como vi na Feira, carago!

(-) Adversário? Estimo que desçam, como fiz para o Setúbal no ano passado. Este nível de gente, que se indigna todo quando se falam dos “pequenos” mas são os primeiros a agir como se fossem crianças em idade de pré-escolar quando se lhes rouba um brinquedo. Se queimar tempo é uma arte, o guarda-redes do Paços é uma espécie de Michelangelo parolo, rodeado de todos os seus minions que faleciam de cada vez que havia mais uma falta inventada pelo flasher de apito. Adversário foram todos. Do relvado ao árbitro, da bota de Brahimi ao cabrão do guarda-redes do Paços que inventou literalmente faltas tiradas do ar e enganou (oh, le pauvre) Bruno Paixão várias vezes. Espero poder lá jogar no próximo ano mas apenas com a B. Que assim seja.


Tínhamos cinco. Ficamos com dois. Não há mais brincadeira, meus meninos, senão acabam-se os doces. Ai a minha vida.

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