BAÍAS
(+) Raúl Meireles está de volta. A sombra de Lucho parece ter passado e o agora número 3 está a voltar à forma que precisa de demonstrar para provar o porquê da titularidade no clube e na selecção. Com um jogo táctico acima da média, foi tudo o que Belluschi não conseguiu ser (ver abaixo o desancanço no argentino), passou a bola simples e com eficácia, sem inventar e a rodar quase sempre bem o jogo. Espero vê-lo mais vezes como vi hoje.
(+) Bruno Alves esteve também acima da média, coordenando uma defensiva que parecia um pouco mole mas que cresceu de intensidade à medida que o jogo ia decorrendo. Muito bem pelo ar e melhor nas intercepções aos cruzamentos, foi o patrão que precisávamos.
(+) Fernando esteve muito bem defensivamente, apenas pecando no passe para frente. Está com uma inteligência táctica cada vez maior, parecendo antecipar onde a bola vai cair para poder interceptar o esférico. Está a ficar um senhor jogador e estas exibições na Liga dos Campeões só o valorizam.
(+) A calma e controlo emocional na primeira parte (já que na segundo tempo as coisas complicaram-se, muito por culpa da falta de pernas) foram algo que não me lembro de ver este ano. Do outro lado estava “só” uma das melhores equipas do mundo, que troca a bola no meio-campo com uma facilidade que põe as outras equipas sempre em sentido, e não faz sentido estar a pressionar feitos loucos para perder a posição e abrir brechas enormes na defensiva. Daí o ponto positivo, que acaba por alicerçar uma boa primeira-parte.
(+) Anelka é um jogador de outro mundo. A maneira como domina a bola, como controla e protege o esférico, levantando a cabeça para ver onde estão os seus jogadores e os adversários, e a atitude semi-lenta com que está em campo, dando a falsa impressão que não causa perigo é assustadora. É um gosto ver estes gajos em campo, mesmo quando são da equipa adversária, e o francês é uma das razões pelas quais os jogos da Liga dos Campeões são completamente diferentes da Liga Sagres.
(+) A recepção a Deco (e numa menor escala, a Ricardo Carvalho) são algo que devem encher os portistas de orgulho. Não são muitos os que merecem ser acolhidos na nossa família, e poucos para além destes dois podem afirmar que vieram ao Estádio do Dragão e foram aplaudidos de pé. São duas das nossas grandes figuras e merecem a homenagem.
BARONIS
(-) Há algo que só consigo ver na equipa do FC Porto este ano: medo. A maior parte dos jogadores está em campo com um receio de perder a posição táctica no terreno, presos a uma estratégia habitual de contenção do adversário e que acaba por manietar a própria equipa. No ataque, principalmente, nota-se um espaçamento frustrante entre os homens da frente e os médios que deveriam dar um apoio mais próximo e servir como muletas para remates frontais e como os primeiros recuperadores de bola. Apenas Meireles (neste jogo, entenda-se) fez este papel, com Belluschi muito apagado e Fernando muito recuado, o que mostra exactamente como o nosso meio-campo está em sub-rendimento.
(-) Continuamos com um índice de passes falhados que me faz muita confusão. As coisas mais simples tornam-se complicadas quando não se consegue rodar a bola convenientemente a não ser que seja para o lado ou para trás. Quase sempre durante o jogo houve suspiros frustrados da bancada (e do banco, aposto) quando Fernando falhava um passe fácil, Belluschi tentava uma desmarcação com evidente força a mais ou Bruno Alves entrava na estupidez dos passes longos. Assim torna-se complicado.
(-) Pensava que a equipa já tinha ultrapassado esta forma ingénua de encarar os jogos europeus. Todos sabemos o dogma que refere a maneira mais permissiva dos árbitros da UEFA, onde nem todas as bichonices de faltas que cá são marcadas tem um paralelismo lá fora. Então pelo amor de Pinto da Costa digam-me o porquê da equipa entrar neste tipo de quedas forçadas, sem aguentar pressão física e a tentarem “sacar” aquelas faltinhas que era óbvio desde o primeiro minuto que o árbitro não iria marcar?! É verdade que o Chelsea tem mais corpo e mais inteligência para o usar, mas a forma como encaramos quase todos os lances foi ingénua e infantil, e custou-nos inúmeros lances de perigo.
(-) Em termos de jogadores, Belluschi esteve abaixo do que se espera, trapalhão e ineficaz na criação de jogadas ofensivas; Rolando está num mau momento e teve culpas no golo; Rodríguez continua lento;…mas consegue fazer mais que Hulk, desinspirado e sem inteligência para mais.
Foi bom enquanto conseguimos aguentar a disciplina e concentração, mas qual puto traquina acabamos por fazer cagada só porque sim. Não havia motivo para uma desagregação tal, e nem a entrada de Essien justifica tudo. O primeiro lugar já é impossível, e vamos jogar a primeira mão dos oitavos-de-final em casa, o que até pode ser bom…lembram-se de Manchester em 1997? Pois, eu também!