Baías e Baronis – FCP vs Académica


(foto retirada do MaisFutebol)

Ontem escrevi aqui no blog que o jogo ia ficar 1-0. Não me enganei e parecia haver boas razões para tal acontecer. O jogo, no entanto, surpreendeu-me. Foi vivo, dinâmico e apesar de nem sempre ter sido bem jogado acabou por ser um bom espectáculo com a Académica a fazer uma exibição cheia de personalidade, estrutura táctica (ao contrário dos anfitriões) e atrevimento ofensivo, completamente diferente do que tinha feito no campeonato aqui há uns meses. E só nos safou o doido do Mariano que se lembrou de fazer um remate perfeito perfeito e colocar o seu clube na sua primeira final da Taça da Liga. Vamos lá então a notas:

BAÍAS
(+) Mariano. Quando disse depois do jogo contra o Sporting que a bracadeira do FC Porto tem poderes mágicos, estava numa de ser jocoso. Mas começo a acreditar em cristais e em reiki e no poder curativo do Professor Bambo quando vejo golos como o de ontem. Mariano, até à saída de Bruno Alves, tinha sido não um mero espectador, mas um parcial destruidor das jogadas ofensivas da equipa. Num nível acima de Guarín (era complicado), conseguia falhar passes e perder bolas infantis, dando a iniciativa ao adversário. Sai Bruno, muda a bracadeira para Mariano, pling! É correr pelo flanco direito, são remates fortes, é a garra que volta e um golo de execução magistral que acaba por ser merecida. Mariano é um jogador emocional, que substitui o talento pelo esforço e que não desiste mesmo quando as coisas não lhe correm bem, o que acontece quase sempre. Ontem deu-nos 500 mil euros. Já lhe paga o salário para uns largos meses.
(+) Ricardo Carv…perdão, Nuno André Coelho. Esteve muito bem e provou que afinal não está na lista dos dispensáveis. A forma subtil com que se colocava perante o ataque adversário e roubava a bola dos outros rapazes fazia lembrar o agora jogador do Chelsea, com quem já por diversas vezes foi comparado noutros tempos.
(+) Nuno. Apesar de apenas conseguir agarrar a bola à segunda, esteve bem, seguro e salvou várias chances de golo da Académica. Foi a par de Mariano o responsável pela qualificação.
(+) Ruben. Notou-se claramente que a partir da sua entrada a equipa mudou. Guarín estava a ser o principal responsável por levar a equipa para a frente com o seu estilo…a sua ausência de estilo a ser um handicap tremendo. Ruben joga mais, muito mais, mais simples, mais prático e mais eficiente. Conseguiu um feito tremendo: pôs os adeptos a chamar por ele ao fim de 4 jogos, o que é complicado num clube como o FC Porto. Parabéns.
(+) Académica. Da equipa hiper-mega-defensiva que vi a jogar cá para o campeonato só sobraram as camisolas. Villas-Boas conseguiu introduzir uma estrutura táctica que não abana, a mostrar saber e astúcia na colocação dos jogadores em campo e a encostar os ingénuos jogadores do nosso meio-campo para terrenos que não sabem calcar. Valorizou a nossa vitória e merecia um pouco mais, mas no final quem ganha é quem marca…
BARONIS
(-) Guarín. Este rapaz está a ultrapassar Mariano nos meus pequenos ódios de estimação. Ao passo que Mariano é um jogador que eu gosto de criticar porque é um jogador à minha imagem (ou melhor, é um tipo que joga tanto quanto eu e tem o mesmo perfil: pouca inspiração e muita transpiração), Guarín é só mau. Mau tacticamente, mau tecnicamente, mau quando perde a bola e imediatamente ceifa as pernas do adversário, mau na visão de jogo, mau no passe, mau na organização defensiva…só se safa o remate forte, que só não é mau porque um em cada vinte deles vai em direcção à baliza, e em termos de rácio no FC Porto, não é fraco, infelizmente. Guarín está mais uma vez a perder para Tomás Costa por culpa própria. Não se adaptava a trinco, não se adapta a médio-ala e não se adapta a interior. Acho que de facto não se adapta ao FC Porto.
(-) Belluschi. Mais um jogo, mais um desperdício. Falha passes demais, continua muito hesitante e está a ser uma tremenda desilusão para os adeptos.
(-) Experiência táctica. O 4-1-3-2 falhou redondamente, mais uma vez. Quiçá com outros jogadores (Meireles e Ruben a titulares) poderia ter sido um pouco mais eficaz, mas a forma como Valeri e Belluschi andaram a passear em campo, juntamente com Guarín que parecia achar que o jogo decorre à velocidade de um pique do Moniz Pereira (parabéns pelos 89 anos!), minaram a estrutura e deixavam Tomás Costa a voar de um lado para o outro a tentar tapar os buracos que eram deixados. Jesualdo quis experimentar mas mal viu que as coisas não estavam nada bem reverteu para o 4-3-3 com Varela, e as coisas ficaram melhor. Como era evidente.
Uff. Este já está, estamos na segunda final do ano (Supertaça em Aveiro já cá canta) e é, como todas as finais, para ganhar. Só tenho pena que seja no Algarve, senão muito provavelmente tentaria ir ver o jogo, mas assim sendo torna-se menos viável. De volta ao campeonato agora, está aí o jogo contra o Leixões que é essencial vencer, com um golo do Mariano à entrada da área ou com uma bicicleta do Falcao ou até com um cabeceamento do Miguel Lopes, de qualquer forma são três pontos que terão de ficar do nosso lado!
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A Besta


Não tem sido normal fazer posts sobre jogadores de outras equipas, mas este rapaz merece uma pequena excepção. Seria sem qualquer dúvida omisso da minha parte deixar passar os eventos de ontem na meia-final da Taça da Liga entre Sporting e Benfica sem comentar devidamente.

Quem me conhece sabe a que nível coloco o já-não-tão-jovem jogador do Sporting, João Pereira. Formado no Benfica, cresceu em Braga e ganhou nome no futebol português como um lateral rápido, agressivo, que luta pela vitória e que coloca tudo em campo. Acabado o louvor ao rapaz, sigo do prélio para o motivo desta pequena análise: João Pereira é, sem grandes rodeios, uma besta.
Mas então…luta, esforça-se, deixa a pele em campo, blá blá, e é uma besta? Sim, uma besta.
Comparo muitas vezes João “A Besta” Pereira ao nosso Jorge Fucile. São similares em estilo, ambos bastante agressivos e lutadores, algo displicentes quando acham que não é preciso correr tanto (“se calhar até dá para fintar este, oh porra que já perdi a bola, cá vai um toquezinho no calcanhar e espero que o árbitro não veja, oh porra amarelo agora tenho de ter cuidado”) e acima de tudo são laterais que transfiguram o jogo de uma equipa pelas suas próprias características, aparecendo a fazer o overlap muitas vezes durante o encontro, arrastando defesas adversários e criando espaços nas alas. João e Jorge são parecidos, mas não iguais. Fucile também sofre de alguma Pereirite em excesso, mas controla-se, especialmente nos jogos grandes. João não.
Como o Inter com Materazzi, o Manchester United com Vidic ou o Corinthians com Roberto Carlos, João Pereira é um risco para a sua equipa, uma liability, se quiserem. Jogar com João Pereira é arriscar a qualquer altura ficar com 10. E quando se apanha um Benfica em forma, é o mesmo que entregar o ouro ao bandido.
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Só um!


Recorrendo rapidamente à estatística, vamos rever todos os jogos realizados no Dragão a contar para a maravilhosa competição que é a Taça da Liga:

2008/09:
vs Setúbal, 2-1
vs Académica, 1-0
2009/10:
vs Leixões, 1-0
O meu prognóstico para amanhã: uma vitória por um golo. Já me chega.
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Baías e Baronis – FCP vs Naval


(foto retirada d’A Bola)

Não foi genial, mas cumprimos o objectivo. Recuperamos 2 pontos para o Benfica, ficamos mais 3 à frente do Sporting e ficamos à espera de saber se o Braga amanhã consegue manter a vantagem. Num jogo que tinha tudo para ser mais fácil do que foi, a equipa acaba quase sempre por complicar quando deve simplificar, recuar quando deve pressionar e relaxar quando deve acelerar. Enfim, o costume. Notas time:

BAÍAS
(+) Falcao, de novo. É inegável que está a atravessar um excelente momento de forma, marcando em vários jogos consecutivos e acima de tudo funcionando como um pivot quase perfeito para os outros avançados e médios ofensivos surgirem no espaço. Mais um golo pleno de oportunismo e capacidade de colocação na área, a somar a uma assistência para o golo de Varela. Tem um pormenor delicioso onde saca um cartão amarelo a Daniel Cruz que me vai ficar na memória.
(+) Helton mostrou hoje como se deve exibir um guarda-redes de uma equipa de nível mundial. Tocou poucas vezes na bola, mas sempre que tal aconteceu fê-lo com segurança e a mostrar aos companheiros da defesa que estava lá se fosse preciso. Evitou o 1-1 por diversas vezes e a defesa que fez depois de remate de Simplício acabou por deixar um grande marco no jogo. Caso não o tivesse feito, o jogo teria sido bastante diferente. Obrigado, Helton, pelos três pontos!
(+) Fucile esteve de novo em grande nível. Foi um tampão a muitas jogadas da Naval pelo seu flanco, recuperando sempre com grande velocidade e com a agressividade suficiente para roubar muitas bolas aos avançados e servindo para a frente com certeza no passe.
(+) Tomás Costa marcou um golo merecido e apesar de nalguns períodos da primeira parte ter parecido meio perdido em campo, cedo recuperou o posicionamento e foi muito importante na cobertura a Ruben e especialmente a Belluschi, que nunca sabia onde devia estar.
BARONIS
(-) Infelizmente esta época já está conhecida como a época do relax pós-intervalo. Continua a acontecer consecutivamente, numa altura em que o FC Porto está à frente no marcador, acaba por tentar descansar cedo demais e arrisca sofrer um golo que pode ser vital para a equipa adversária. Não estamos em alturas de facilitar um minuto que seja, porque numa desatenção defensiva, um passe transviado, um cruzamento sem olhar ou uma descoordenação a meio-campo podem ditar perdas de pontos, que nesta altura poderiam ser fatais.
(-) Belluschi esteve mais uma vez absurdamente mal. Passes falhados a rodos, lentidão e indecisão depois de passar o meio-campo acabam por transformar um crescendo de forma aparente num pico que parece já ter passado. Espera-se pelo regresso de Meireles.
(-) Varela esteve abaixo do normal. O golo acaba por salvar uma exibição fraca, trapalhona e com pouca clarividência. Continua a marcar e a fazer jogar mas parece estar em baixo fisicamente e a equipa pode-se ressentir disso num futuro bem próximo. Se ao menos tivéssemos Hulk para ir jogando, mas nem isso…
(-) A equipa da Naval é mais uma das que devia descer de divisão já este ano, juntamente com mais umas 6 ou 7. Enquanto o jogo esteve empatado, defenderam com 11 jogadores. OK, é normal, dirão. A perder por 1, continuaram a defender com 11. A perder por 2 e por 3…também. É fraco demais, é mesquinho e pobre. Inácio, que já foi campeão nacional uma vez como treinador principal e algumas como adjunto, já tem experiência para saber que não tem nada a perder se jogar para ganhar. Porque jogar para não perder tende a dar nisto. E ainda bem.
Três pontos conquistados, dois recuperados e algumas dúvidas. Ao intervalo falei com o meu pai e aparentemente pela TV o jogo estava a ser bem agradável e activo. Ao vivo, fiquei com a mesma ideia que tenho vindo a criar sobre a equipa: estamos melhor, mas não o suficiente para me convencer que estamos prontos para mostrar futebol a sério. Mas uma coisa já dá para notar, a equipa está a jogar algum futebol que era incapaz de fazer aqui há dois meses e muita dessa mudança se deve a Ruben. Vamos ver quando regressarem Meireles, Rodríguez e especialmente Hulk. Até lá temos um jogo para ganhar na quarta-feira!
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Transferência?

(in O Jogo)
Tenho-me mantido aparte destas controvérsias todas porque fundamentalmente gosto de futebol e acredito que lutar contra metafóricos moínhos de vento é uma perda de tempo. Ainda que possa haver uma campanha deliberada para abater o FC Porto (e por arrastamento o Braga) como alegam muitos blogs portistas, opto por não me envolver nestas questões porque não ajuda nada à qualidade do jogo no terreno, o que verdadeiramente interessa.
Ainda assim, achei piada ao lapso na nota de culpa ao Sapunaru. Eles são tantos processos disciplinares que um gajo até se engana. Se eu me quisesse juntar aos teóricos da conspiração, cá ia mais uma acha para a fogueira. Como não o faço, limito-me a achar que Renato Dias Santos é um senhor ingénuo que não relê o que escreve.
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