Baías e Baronis – FCP vs Marítimo



(foto retirada do MaisFutebol)


Quem se atrasou na entrada para o estádio, talvez para fugir à chuva ou até porque estava a comprar umas amêndoas de última hora para o almoço Pascal, terá estranhado que aos 29 segundos o Marítimo estivesse na frente. Apesar desse percalço, o FC Porto recuperou bem e acabou por vencer com justiça, pese embora a quantidade enorme de lances de perigo perto da nossa baliza, quase todos encontrando um Helton seguro. Destaque da noite, principalmente Falcao pelos golos (o primeiro então, meus amigos, valeu a pena) e Hulk, com uma exibição muito boa. Adelante a las notas:

BAÍAS
(+) Falcao. O primeiro golo é uma obra de arte. Com um movimento que teve tanto de leve como de perfeito, o colombiano fez um pontapé de bicicleta de levantar o estádio, aparecendo na zona fulcral, na primeira clara oportunidade de golo, a marcar pontos na luta pelo melhor marcador do campeonato, somando mais um tento na segunda-parte. É uma mais-valia na equipa, sem dúvida, pela luta e pela eficácia, algo que não parecia ter no início do campeonato.
(+) Hulk. Aquela jogada em que desfaz o defesa-esquerdo do Marítimo e arranca um balázio que Peçanha ainda deve estar a lamentar o calor nas mãos com que ficou depois de o defender…seria um golo de antologia. Não entrou esse mas entrou outro, mais banal, ao contrário do rapaz que o apontou. Hulk mostrou que nestes jogos contra equipas mais pequenas, com defesas menos habituados a marcar jogadores de força e velocidade como ele, é muito importante e é daquele tipo de jogadores como Ronaldo e Messi, que não podem sair do jogo porque a dada altura podem criar desiquilíbrios que decidem uma partida. Hulk está de volta, e este Hulk parece diferente do que vimos no primeiro terço do campeonato. Está confiante, joga com alegria e assim é muito mais útil.
(+) Helton. Segundo Baía seguido para Helton, depois da boa exibição no Restelo, a mostrar que continua a ser a melhor opção para a baliza portista. Algumas defesas em bom estilo, incluindo uma que aposto que ainda está a pensar como é que a bola foi ter direitinha a ele, mas o que mais fica na retina são as bolas que, ao contrário de outros tempos, agarra tranquilo. Continua a falhar um pouco na reposição para o contra-ataque…mas não é o único culpado, já que a maioria da malta parece ficar apática à espera que Helton coloque a bola directamente na baliza adversária…

BARONIS

(-) Fernando. A época de 2009/10 está a ser bem mais fraca que a anterior, e isso reflecte-se no jogo da equipa. Fernando parece mais apático e acima de tudo bem mais nervoso, como hoje se viu no lance do golo do Marítimo, onde entregou o proverbial ouro ao bandido ainda durante o primeiro minuto de jogo. Levou um amarelo por uma falta ridícula, em que todo o estádio se apercebeu que o brasileiro ia entrar a varrer, o que condicionou a actuação durante o resto do jogo. Continua a ter grandes dificuldades em fazer passes verticais e se não fosse o facto de ser o único trinco natural do plantel, já merecia descansar uns joguitos. Continua a ser um bom jogador mas sem ter a cobertura que Meireles lhe dava no ano passado, Fernando perde bastante na ocupação de espaços e no comando do meio-campo defensivo que, convenhamos, não tapa os espaços como devia…

(-) Cobertura do meio-campo defensivo. …e depois é o que se vê. Qualquer pessoa que vê um jogo do FC Porto rapidamente se apercebe do espaço que os jogadores adversários têm para jogar dentro do nosso meio-campo. É absurdo que possamos deixar os oponentes galgar terreno à vontade, metros atrás de metros percorridos sem um semblante de pressão defensiva, sem uma tentativa séria de interceptar a bola, com a linha defensiva a recuar constantemente e o meio-campo, mal posicionado, a deixar jogar. A táctica que Jesualdo tem usado nos últimos jogos, um híbrido de 4-5-1 a defender e um 4-4-2 assimétrico a atacar, deveria ajudar a cobrir a defesa, aliás como se viu razoavelmente bem contra o Belenenses, mas o que de facto aconteceu hoje foi que depois da saída de Meireles, o nosso meio-campo ficou entregue a Fernando (muito próximo dos centrais), Guarín (no mundo do lá lá lá como de costume) e a Belluschi, que corre muito mas nunca no sítio certo. A entrada de Tomás Costa não ajudou, e Valeri então nem se fala. É o factor mais importante a corrigir actualmente no FC Porto, bem mais que as subidas destravadas de Miguel Lopes ou a ausência de apoio a Falcao no centro do ataque.


Foi até agora um fim-de-semana tranquilo, tenho pena que o Guimarães não tenha conseguido sacar pelo menos um pontinho em Braga, mas o destino não quis. Continuamos a lutar até ao fim, e hoje vi mais engenho que empenho e mais arte que suor, mas ainda assim vencemos sem grandes preocupações, com eficácia e jogo simples. Tivesse sido sempre assim…

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A parte pelo todo

Ponto mais positivo da entrevista de ontem a Pinto da Costa? Vamos ter um museu!

O resto foi mais do mesmo, como era expectável, até pelo castigo que PdC ainda está a cumprir e que o impede de proferir declarações sobre o campeonato em si…e que creio ter sido furado. Enquanto ia ouvindo o nosso presidente a fazer exactamente aquilo que na minha opinião não deveria ser feito, fiquei com a impressão clara que a entrevista, não tendo corrido mal até porque Judite de Sousa não foi propriamente agressiva na maior parte das pergunta, mas não serviu para levantar a moral à nação Portista como outras entrevistas no passado tinham servido (lembro-me de uma a Margarida Marante e Miguel Sousa Tavares que até me deu novas forças para encarar o mundo).

Ao mesmo tempo que zurzia no CD da Liga, PdC optou pela defesa do grupo (bem) e do treinador (igualmente bem), mas como de costume atirou as culpas para adversários externos, coerentemente seguindo a política que tem vindo a ser alinhavada desde que os túneis se transformaram em tudo o que há de mais importante no futebol, esquecendo-se o que de facto se joga dentro das quatro linhas, e que é mau. Tudo o resto é folclore.

PS: só hoje de manhã é que tive oportunidade de ver a entrevista a Ricardo Costa e nada na sua postura me surpreendeu. Muito menos a inenarrável arrogância.

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A triste realidade da nossa Liga

Numa pequena nota off-FCP, ma pessoa olha para estes números que surgem no MaisFutebol e não sabe se há-de rir ou de chorar. Se não fossem as transmissões televisivas, muitos destes clubes já tinham fechado portas, e sinceramente não sei se valerá a pena aguentarem “ligados à máquina” desta forma…

Se um bilhete para um jogo da Naval custa em média 20€, multiplicando isso pela média de cerca de 1200 pessoas que o clube tem durante esta temporada, dá cerca de 24 mil euros. Até agora, então, tendo disputado 12 jogos em casa, o clube arrecadou a gigantesca quantia de 288 mil euros. Para um clube da Liga Sagres, teoricamente o topo das competições profissionais portuguesas.

É muito pouco para se manterem à tona, quanto mais para contratações sonantes e/ou manter escalões de formação em quantidade e qualidade…

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