Adeus e até sempre, Professor!

É oficial. Jesualdo sai do comando.

Digno, correcto e educado. Jesualdo é na saída exactamente o que mostrou ser durante 4 anos à frente do FC Porto.

Fiquei satisfeito com o que li no site oficial. Nunca temi que pudesse haver uma separação pouco amistosa mas é sempre bom verificarmos que a saída se efectua com a sensação de agradecimento a um homem que, apesar de ter os seus defeitos (don’t we all?), sempre procurou encher os adeptos de orgulho e que, contabilizados 4 anos de trabalho no clube, nos deu três títulos na Liga, duas Taças de Portugal e outras tantas Supertaças, com três presenças nos oitavos e uma nos quartos da Champions. É obra.

Para além das peças que acrescentou ao futuro Museu, fica um obreiro reconstrutor de equipas sempre desfalcadas nos inícios de época, apenas falhando nesta temporada com uma conjugação de fracas performances individuais, lesões a mais, castigos a mais e alguma falta de talento para suprir falhas deixadas pelas ausências forçadas pela política de gestão de activos da SAD, financeiramente proveitosa mas arriscada.

Em nome pessoal, Professor, fica o agradecimento pelo bom trabalho, pela sua postura e pelos títulos conquistados, e o desejo que tenha sorte no seu próximo desafio. E que o próximo rapaz a calçar os seus sapatos faça com que não tenhamos saudades suas.

Link:

O colectivo de treinadores

Cá vai a lista (não ordenada) dos treinadores que foram ligados por diversas fontes da imprensa ao FC Porto para eventualmente substituir Jesualdo:

  • Paulo Bento
  • André Villas-Boas
  • Domingos
  • Jorge Costa
  • José Peseiro
  • Carlos Carvalhal
  • Carlos Queiroz
  • Avram Grant
  • Michel Preud’Homme
  • Vicente Del Bosque
  • Gerard Houllier
  • Laszlo Boloni
  • Mano Menezes
  • Alberto Malesani
  • Gian Piero Gasperini
Se quiserem acrescentar nomes à lista, vão bater a outra porta. 
Aqui não vou especular sobre quem deveria ser o próximo treinador caso Jesualdo saia. Se tal acontecer comento na devida altura. Até lá a discussão é tão inócua como o Fernando a rematar de longe.
Link:

Baías e Baronis – 2009/2010 – Treinador


Na terceira iteração pelo resumo da temporada, chegamos à fase do treinador. Foi uma temporada com muita conversa, alguma indecisão e bastante controvérsia, em grande parte focada no treinador, que por muitas vezes teve de dar a cara pelas suas decisões, boas ou más. Vamos a isso:

BAÍAS
(+) Taça de Portugal. Mérito terá de ser dado ao treinador por trazer a Taça para a invicta por dois anos consecutivos. A vitória frente ao Sporting por 5-2 no Dragão foi dos melhores momentos da temporada e ambos os percursos (2008/09 e 2009/10) foram bons, sem grandes percalços (tirando o interminável desempate por penalties frente ao Belenenses) e com alguma confiança. E uma vitória é sempre uma vitória!
(+) Adaptação rápida de Álvaro e Falcao. É um facto bem assente e que recolhe concordância de todos os sectores: Jesualdo todos os anos teve de reconstruir equipas, fruto da política de venda de activos da SAD. Este ano teve a tarefa inegavelmente mais difícil de todas, com as saídas de Lucho e Lisandro, esteios da equipa desde os tempos de Adriaanse e cujas saídas impossibilitaram uma transição sem problemas para a actual temporada. No entanto, Álvaro e Falcao destacaram-se dos demais pela sua qualidade e algum mérito terá de ser dado a Jesualdo na sua adaptação rápida, já que se tornaram imprescindíveis para a equipa e ganharam já o apreço dos adeptos.
(+) Algum novo sangue jovem na equipa. Hesitei em colocar este ponto como Baía e não como Baroni, mas fui pela primeira opção. Para todos os efeitos, Jesualdo deu minutos na primeira equipa a diversos jovens dos escalões de formação (Yero, Alex, Ricardo Dias e Sérgio Oliveira, a somar a algum tempo de “banco” a Abdoulaye e Claro), o que não pode ser dito sobre muitos outros treinadores de clubes de topo em Portugal. Muitos dirão que poderia e deveria ter dado mais oportunidades aos mesmos ou a outros, mas a decisão de apostar nos seniores menos utilizados foi pesando e a sua própria teimosia acabou por limitar a escolha a estes rapazes.

(+) Defesa do clube e do balneário. Deu a cara pelo clube quando mais ninguém o fez. Na época em que foi expulso duas vezes, quando nunca o tinha sido em toda a sua carreira, Jesualdo fez conferências de imprensa onde foi quase saco de areia para as investidas venenosas de muitos jornalistas, com perguntas perniciosas e cheias de segundas intenções, e quase sempre se saiu bem. Até quando pareceu mais nervoso e agitado esteve bem, mostrando que não é preciso ter sentido a camisola desde pequenino para ser profissional e mostrar indignação quando era necessário. Foi um defensor sempre presente dos seus jogadores (às vezes até demais) e notava-se que os jogadores sentiam isso, o que é sempre bom no seio de uma equipa de algumas pseudo-vedetas com egos inflamados.

BARONIS

(-) Teimosia. Será talvez a grande questão que tanto tem dado que falar durante todo o percurso de Jesualdo no FC Porto. As opções pessoais do treinador são sempre passíveis de serem questionadas pelos adeptos, pela comunicação social, e dos barbeiros aos donos de cafés, passando pelos arquitectos e pelos engenheiros, toda a gente tem opiniões formadas sobre um ou outro jogador. Jesualdo teve, como muitos treinadores habitualmente aparentam ter, alguns jogadores de estimação que muito enervaram os adeptos pela inépcia técnica e táctica, o que em nada ajudou a relação do treinador com a massa associativa. Apesar de a espaços ter provado que afinal tinha razão em apostar nos seus “patinhos feios” como em Mariano no final da época passada ou em Guarín no fim da que agora termina, houve muitos e longos períodos em que a opção recaía invariavelmente nos mesmos intérpretes sem que bons frutos viessem dessas escolhas.




(-) Indefinição táctica. Esta época começou bem definida a nível táctico, apoiada sobre castelos de areia em altura de maré cheia e continuou assim até ao fim. Falcao “fazia” de Lisandro mas raramente descaía para as alas sem baixar a produtividade; Hulk começou nas alas até que passou a jogar no meio, atrás de Falcao; Varela foi o extremo salvador da equipa em muitas ocasiões, até se lesionar; Mariano substituiu-o com o pouco que sabe, esforçado como sempre mas nunca chegando a ser indiscutível. No meio disto tudo houve uma mudança de filosofia táctica, obrigatória pelo castigo a Hulk e pelas lesões de Varela e Rodríguez, com o crescimento de forma de Guarín e Belluschi, mais bem adaptados à nova posição depois do 4-3-3 se transformar num 4-4-2 mais elástico e menos preso a movimentos laterais de pouca profundidade. O que tiro disto tudo? Uma salgalhada, onde os jogadores nunca pareciam à-vontade onde jogavam.


(-) Futebol “feio”. Todas estas hesitações que mencionei no ponto anterior levaram, como seria previsível, a um fraco entendimento entre os jogadores que compunham o onze da equipa. Ainda sem comando do meio-campo, onde Meireles foi um paupérrimo substituto para Lucho, não houve ninguém a pautar o jogo ofensivo da equipa até à chegada de Ruben Micael em Janeiro. Eram jogos aborrecidos, sem chama nem fulgor, com alguma luta mas com a equipa a alinhar quase sempre extremamente retraída no terreno, lançando em fugazes contr
a-ataques os desgraçados Varela, Hulk e Falcao, que raramente tinham apoio dos centro-campistas. O jogo no Dragão frente ao Leiria é um exemplo evidente da forma como o FC Porto jogou durante boa parte da temporada, apoiando-se em inseguras vantagens por um golo para tentar aguentar o tempo restante até terminar a partida, levando os sócios ao bocejo e à indiferença.









(-) Pouca disciplina. O jogo da final da Taça da Liga no Algarve foi a gota de água que fez transbordar o proverbial copo. A atitude de alguns jogadores, com Bruno Alves ao leme, foi durante grande parte da época motivo de discussão entre adeptos, com a incredulidade perante as opções permanentes pelos mesmos jogadores que pareciam andar a arrastar-se em campo com pouca ou nenhuma vontade de jogar com a garra e o empenho (tenho de mudar de expressões, porra) que os tinham vindo a caracterizar durante as épocas transactas. No caso de Bruno Alves, foi o excesso de garra, a ultrapassar os limites do razoável, que colocaram uma mancha na carreira do nosso capitão durante esta temporada. Jesualdo assistiu a isto impávido e sereno, sem punir aqueles que não honraram a camisola numa ou noutra circunstância.





(-) Londres. É inegável que foi um dos piores momentos de sempre do FC Porto europeu. A derrota por 5-0 frente ao Arsenal tem poucas atenuantes, tal foi a miserável mostra de não-futebol com que nos apresentamos no Emirates Stadium. Fizeram de nós o que quiseram, com Helton a salvar muitas vezes um quarteto defensivo absurdo, Fucile em particular; com Nuno André Coelho atirado aos lobos sem saber muito bem o que fazer numa posição que não é a sua; com um meio-campo facilmente permeável e a dar a ideia de ser a primeira vez que jogavam futebol a nível profissional; com uma frente de ataque inócua, desmotivada e sem chama…foi assim que Jesualdo, inventando mais uma vez como é seu timbre, saiu de cócoras, obrigando-nos a engolir muitas piadinhas com indicativos de telefone.


Link:

Baías e Baronis – 2009/2010 – Competições Europeias

Passemos agora para os nossos jogos na Liga dos Campeões. Depois de uma fase de grupos interessante e diria até relativamente acessível, surgiu um dos maiores descalabros do clube fora de portas, com uma derrota humilhante em Londres perante o Arsenal. Escalpelizemos:




BAÍAS

(+) Fase de Grupos e primeira mão dos Oitavos-de-Final. Depois de um jogo bastante razoável em Stamford Bridge (apesar da derrota), seguiram-se 3 vitórias consecutivas, quase garantindo a passagem aos oitavos. A segunda derrota com o Chelsea acabou por ser natural mas a réplica voltou a ser boa, e a última vitória fora contra aquela que veio a ser a equipa vencedora da Óroliga foi uma manifestação de força pouco vista durante toda a época. Vencer 3-0 fora de portas é sempre bom, na Europa ainda melhor, por isso quando nos saiu em sorte o Arsenal, muito embora cientes das dificuldades, pensei que se o jogo em casa corresse bem, poderíamos passar a eliminatória. Acabamos por vencer num jogo estranhíssimo, com dois golos oferecidos pelo guarda-redes Fabianski e pelo árbitro, mas o golo sofrido deixava a equipa à mercê de um Arsenal que é sempre temível a jogar em casa…escrevi na altura: 

Não foi mau, mas não foi excelente. 2-1 é sempre um resultado instável nestas competições, e precisamos de um jogo como o de ano passado em Manchester para conseguirmos sacar no mínimo um empate.”…






BARONIS







(-) Segunda mão dos Oitavos-de-Final. Chegamos a Londres depois de uma derrota humilhante em Alvalade e um empate caseiro frente ao Olhanense para apanharmos cinco golos no bucho. Numa das piores exibições defensivas do FC Porto desde que comecei a ver futebol, com Bruno Alves, Raul Meireles e especialmente Fucile a fazerem um jogo para nunca mais esquecerem, tão mau que foi. Pouco mais havia a dizer, e na altura ficou o meu testemunho


O Arsenal troca bem a bola, joga muito bem, é verdade. Mas joga ainda melhor quando está a enfrentar o equivalente futebolístico de 11 ecopontos azuis.”

Link: