Já sei quem é o central que vem aí…

Chegou ao meu conhecimento, através de fontes extremamente bem colocadas, que o FC Porto está a negociar com um defesa-central bem conhecido da nossa praça e que joga num dos campeonatos de topo mundial.

Não direi quem é o fulano, mas posso avançar que tenho as minhas reservas quanto à capacidade de se impôr como titular na nossa equipa.

Enfim, se as negociações chegarem a bom porto, logo se verá. Das duas uma: ou a minha fonte me está a pregar uma bela duma couraça, ou então é mesmo o jogador de que me falaram!

É a vantagem de não ter de divulgar as sms entre amigos à CMVM…

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Villas-Boas dixit

A disputa de um troféu é sempre importante para o F.C. Porto. Vamos entrar obviamente para ganhar. A partir daí tiraremos as ilações no pós-jogo. A equipa está forte, está a habituar-se a uma nova forma de jogar, a um novo líder. Mais tarde ou mais cedo, ou já, as coisas estarão como queremos. Encaramos o jogo com a certeza que estamos preparados para o ganhar.

É este o discurso. É isto que temos de pensar. É esta atitude que os adeptos têm de ter, a pensar na vitória mantendo a noção que ainda há muito caminho pela frente.

Assim torna-se mais fácil.

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Milão ou São Petersburgo?

Acabei há pouco tempo de ler um bom livro sobre futebol focado na sua envolvência socio-económica, particularmente focado na econometria estatística. Para os que ainda estiverem acordados depois deste excitante prélio, aconselho comprarem o “Why England Lose” (ou “Soccernomics“, na versão americana), da autoria de Simon Kuper e Stefan Szymanski.

No livro, para além de muitas teorias baseadas em pura indução estatística, há uma secção inteira dedicada à forma como o futebol europeu, depois de muitos anos em que os clubes vencedores eram provenientes de cidades industriais da Europa democrática nos tempos mais recentes e das capitais dos países com uma liderança política totalitária nos primeiros tempos das competições profissionais (com exemplos como Manchester, Liverpool, Barcelona, Milão, Turim, Dortmund, Munique e Porto no primeiro grupo, juntando-se Madrid, Lisboa e Bucareste do segundo), os centros principais do futebol estão a alterar, muito em função das mudanças sociais que se verificam. Cada vez mais as cidades industriais estão a definhar, ao passo que as grandes cidades europeias mais orientadas ao aculturamento, ao cosmopolitismo e ao interesse crescente dos indivíduos nos melhores prazeres da vida.

Segundo a teoria de Simon e Stefan, aplicado à nova realidade do futebol moderno, vemos que uma grande maioria dos clubes que surgem como possíveis grandes do futebol são clubes que surgem das “novas” grandes cidades, como Londres, Istambul, Moscovo e … São Petersburgo, estas que são algumas das maiores urbes da Europa. Londres foi a primeira “new city” a crescer para lá da importância que tinha no meio do século passado, onde estava isolada fisica e mentalmente, com uma atitude de “não, não, já disse que não!” perante a malta de fora da ilha, para se transformar numa cidade moderna, cosmopolita, vibrante e com uma multiplicidade de estilos e culturas que a tornam mais apetecível para pessoas de todos os cantos do Mundo. Não foi de estranhar que Abramovich tenha decidido, por impulso, comprar um clube exactamente em Londres e não nos centros de futebol mais intensos, como Liverpool ou Manchester, cidades mais frias e menos apelativas para outsiders.

Com as mudanças que vão surgindo, é natural que os bons jogadores se sintam também atraídos por estas “novas” cidades. Há muito tempo que os grandes clubes de Istambul começaram a atrair estrelas da bola com futuros promissores ou de créditos já firmados (este ano chegaram Guti e Quaresma ao Besiktas, Stoch ao Fenerbahce, Juan Pablo Pino e Lorik Cana ao Galatasaray, mas quem se esquece de Roberto Carlos, Kewell, Anelka, Baros, Carew, Jay-Jay Okocha, Hagi, Popescu, Kostadinov, Van Hooijdonk, Kezman, De Boer, Elano, Taffarel, Ribery e até, porque não, Jardel e tantos outros), o que não seria previsível que pudesse acontecer nos anos 80 tornou-se um hábito nos tempos que correm. Houve um aumento de confiança, uma mudança nos hábitos e na cultura que já permite a um profissional pensar em mudar-se para um país com um estilo de vida que já não é tão diferente assim. A adaptação é mais fácil e as próprias famílias dos jogadores já podem ir com eles, desaparecendo assim o estigma do “jogador emigrante”, sozinho e abandonado.

É evidente que o prestígio de um Zenit ou de um Besiktas (ainda) não é o mesmo de um Milan ou um Liverpool. Mas alguém se lembra do Chelsea pré-Abramovich? Tinha vencido uma Taça das Taças e pouco mais, na Liga Inglesa ficava-se pela primeira metade da tabela e nem pensaria em ser o clube que é agora. O Arsenal pré-Wenger também sofria do mesmo mal, recordo. O Zenit (que venceu a Taça UEFA em 2008) ou o CSKA (vencedor da mesma competição em 2005), pode vir a ser um destes novos clubes que dominará o nosso futebol num futuro não muito distante.

Assim sendo, não estranhemos que daqui a alguns anos, a par dos tradicionais Barcelona, Inter, Man Utd ou Bayern, se confirme cada vez mais a ascenção do Chelsea e do Arsenal e comecem também a aparecer os Zenits, os Besiktas e os CSKAs. E se nos quiserem comprar as estrelas como o Zenit acabou de fazer com Bruno Alves…que se cheguem à frente. Porque se há algo que não muda, é o dinheiro.

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Órfãos?

Nesta teia de relações em campo há jogadores que são um pouco como os ‘pais’ dos outros. Os defesas-centrais, voltam a ser o exemplo. Há sempre um que na dupla cresce sob a ‘asa’ do outro. Não é um drama. É, até, natural, num plano técnico e humano de complementaridade sem comparação com outros lugares do campo. Pensamos num e logo imaginamos o outro. É o melhor que pode acontecer a uma equipa ao analisar os seus centrais.

Por isso, para o FC Porto perder Bruno Alves é perder mais do que um mero central. Sai, também. o ‘pai’ do outro… central. Gritando com todos, colegas e adversários, fazendo de cada corte uma afirmação de carácter, a seu lado qualquer central, mesmo saído do berço, se sente maior. Rolando foi o último exemplo. Sem esse seu ‘capitão natural’, perde-se uma base do ADN dos onzes azuis-e-brancos desde há décadas. Um traço que dá condições (primeiro mentais, depois técnicas) para os outros jogadores crescerem e serem melhores até do que verdadeiramente são.

Luís Freitas Lobo
in Expresso

O principal problema em perder Bruno Alves é este. A questão que se coloca é: quem virá para ser o novo “pai”?

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