Micael, o pensador

Ruben é um nome que se tem vindo a tornar consensual nas bancadas do Dragão desde que chegou em Janeiro de 2010. Acho que não há ninguém que não goste do rapaz, seja pela personalidade humilde ou pela forma como se apresenta dentro de campo, sem inventar muito e jogando com inteligência e com processos simples. Ainda ontem, quando entrou em campo, fez-se imediatamente notar pela forma prática como lê o jogo e tenta descobrir a melhor forma de rodar a bola pelo meio-campo.

Enquanto Belluschi, com um estilo mais agressivo e irreverente, continua a jogar em bom nível, Ruben tem vindo a ser relegado para o banco, especialmente depois da lesão que sofreu no ano passado. Mas sempre que entra em campo há qualquer coisa de diferente na maneira como joga. É inteligente, joga sempre de cabeça levantada e não sendo um génio consegue perceber os lances como poucos no nosso plantel.

Se colocarmos a questão em termos de 2006/07, Belluschi é o Anderson e Ruben é o Lucho. Ou em 2003/04, enquanto que Belluschi é o nosso Alenitchev, Ruben é o Deco. Ainda mais para trás, em 1994/95, Belluschi seria o nosso Latapy, com Ruben a fazer o papel de Kulkov.

Cada um destes binómios se complementaram e formaram, com a ajuda de um ou outro médio defensivo (fosse Fernando, Paulo Assunção, Costinha ou Emerson), cada um deles fazia parte de um ponto fulcral na criação de estratégia ofensiva de uma equipa de topo: o meio-campo. E nesse sector temos, teoricamente, o melhor punhado de jogadores desde Mourinho.

Se a estes três (Fernando, Belluschi e Ruben) juntarmos Moutinho, Souza, Castro e até um renovado e aparentemente mais calmo Guarín…acho que podemos dizer que estamos bem servidos naquela zona!

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Baías e Baronis – FC Porto vs Beira-Mar

Foto retirada do MaisFutebol

Depois daquilo que já se vai tornando um hábito, o encontro com o Vila Pouca no Porta29 (vinte e nove, não dezanove como o blog), segui para o meu lugar. Estava tranquilo e motivado talvez pela calma de um Domingo pacífico, não me preocupava muito com o resultado porque sabia que seria um jogo simples. Acertei. O FC Porto soube tornar o jogo mais simples do que poderia esperar contra uma equipa bem organizada mas com pouco talento. Em destaque, Falcao, mais uma vez, o que nos lixa um bocado a vida: e se ele se lesiona?…Pois. Vamos a notas:

(+) Falcao Marcou dois e deixou mais três por festejar. É o melhor avançado a jogar em Portugal e está a passos largos a regressar à forma que mostrou no ano passado. O primeiro golo é digno de livros de estudo sobre a movimentação de um finalizador na área e o segundo é mais uma concretização eficaz, como mandam as regras. Falcao luta todo o jogo e é obrigado a descair para as alas quando é preciso, o que faz na perfeição. Continua a dominar bem a bola e se jogasse com outro jogador ao lado poderia quiçá ainda ser mais produtivo. Impecável, espero que continue assim!

(+) Belluschi Não fez o melhor jogo que já o vi fazer, mas teve a atenuante de estar a jogar fora da posição habitual graças à lesão de Ukra. No entanto, para um médio centro que foi obrigado a alinhar como extremo, safou-se muito bem e só lhe falta melhorar no último passe (o que é estranho para um médio criativo) para ser mais produtivo. O livre em que marcou o segundo golo foi perfeito e pergunto-me: porque é que Belluschi não é chamado mais vezes a marcar livres? No ano passado tivemos inúmeras oportunidades em que Bruno Alves estourou bola atrás de bola para a bancada…

(+) Ruben Micael Já no ano passado notava-se que era um jogador diferente dos outros. Nota-se na forma como joga de cabeça levantada e como lê bem o jogo. Marca a diferença para Belluschi na qualidade de passe, perde na irreverência. Ruben é certinho, é inteligente, é simples e é bom. E se não jogar mais vezes é muito bom sinal, quer dizer que temos outros rapazes em melhor forma, mas quando entra em campo há logo uma diferença bastante grande. Continuo a achar que é a melhor escolha para jogar ao lado de Moutinho, mas Belluschi está a jogar bem por isso compreendo a decisão do treinador. Mas lá que gosto do Ruben, lá isso gosto.

(+) Helton Continua seguríssimo tanto pelo ar como no chão. É tudo o que se pede a um guarda-redes. Helton tem mantido o FC Porto com zero golos sofridos e é impossível pensar em tirá-lo da baliza neste momento.

(+) Villas-Boas Começo a achar que Villas-Boas lê muito melhor o jogo do que pensava. A entrada de Ruben foi perfeita para equilibrar o meio-campo e a gradual transformação de 4-3-3 para 4-5-1 acabou por determinar a marcação do terceiro golo e matar de vez o jogo. Gostei de ver a forma como a equipa se soltou e creio que Villas-Boas terá de rever a opção dos três jogadores no meio-campo contra equipas deste género, que defendem com um “overload” de jogadores no centro, impedindo a rotação da bola por essa zona.

(-) Varela Continua a não ser o mesmo Varela do ano passado. A lesão pode estar ainda a afectar a coordenação mas o facto de ter Álvaro atrás dele sempre a ajudar a subir coloca-o mais pressionado para jogar bem porque não tem desculpa de falta de apoio. Está muito trapalhão e a tomar as decisões quase sempre erradas. Tem de subir ao nível do ano passado para continuar a ser titular indiscutível, especialmente numa altura em que tantos extremos estão indisponíveis.

(-) Desconcentrações defensivas Já no jogo contra o Genk tivemos exemplos de alguma descoordenação entre Rolando e Maicon e hoje essas falhas foram mais uma vez notórias. Com o resultado em 1-0, o Beira-Mar pegou um pouco na bola e conseguiu ir para a frente com alguma vontade e notou-se que havia alguma tremideira no centro da defesa. Helton conseguiu defender todas as bolas que foram ter com ele mas notava-se das bancadas que nem Maicon estava seguro nem Rolando ajudava a melhorar a insegurança. Não são maus jogadores, têm as suas falhas como qualquer um. É preciso tempo para criar rotinas e hábitos de jogo mas enquanto as coisas correre bem e não sofrermos golos, tudo bem. O problema vai surgir quando um resultado mau tiver como culpados os centrais…e aí os adeptos vão desestabilizá-los ainda mais. É preciso melhorar a coordenação e evitar as falhas que temos visto.

Quando saí do estádio, o que mais ouvia cá fora era malta a dizer “Já temos 6 de avanço!”. Não vejo as coisas assim. O facto do Benfica estar um pouco atrás na classificação é sinal que estão a começar mal, mas lembrem-se que estamos na segunda jornada. “Segunda” como em ainda faltam 28. Nós vamos perder pontos, eles vão perder pontos, todas as equipas vão perder pontos. Mas uma coisa é certa e ninguém nos tira (preparar para frase Lapalisseana: se perdermos menos pontos que os outros…seremos campeões! :)

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Memória Azul – Nº 3 – Equipa 1999/2000

foto retirada da Record “Apresentação da época 1999/2000”
Foto da equipa que se apresentou aos adeptos em jogo particular frente ao Standard Liége (vitória por 3-0 a 27 de Julho de 1999) no arranque para a temporada 1999/2000, onde tínhamos o objectivo de chegar ao hexa-campeonato…e que acabou por ficar para a (minha) história como “a temporada em que Fernando Santos conseguiu perder o campeonato mesmo tendo Jardel, Drulovic e Capucho na equipa”.
De notar a presença desse ídolo das massas na equipa, no canto inferior direito: Alessandro.
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Baías e Baronis – KRC Genk vs FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Não foi um jogo fácil, claramente. A ausência de Hulk teve um peso grande na performance da equipa que se começa a habituar em demasia a jogar com ele e especialmente a depender dele, e quando não o tem as coisas complicam-se. Felizmente conseguimos dar a volta por cima e com a ajuda dos rapazes do Genk, com vontade e empenho mas pouco mais, lá chegamos a um resultado que só uma catástrofe superior ao jogo contra o Artmedia é que nos punha fora da fase de grupos. Vá lá, rentabiliza-se o Dragon Seat. Vamos a notas:

(+) Helton. Não tem havido pai para este rapaz desde o início da época. Esteve brilhante, defendeu tudo o que lhe apareceu à frente, com saídas destemidas aos pés dos adversários, deixando os desgraçados dos Belgas a pensar que estaria um super-herói na baliza dos tipos de amarelo. Evitou, acima de tudo, a chatice de sofrermos um ou mais golos e termos de facto de trabalhar para passar a eliminatória. Resto dos meninos do plantel, ponham os olhos no vosso capitão. Foi o único, a par dos rapazes aqui nos próximos dois parágrafos, que não dormiu em sentido.

(+) Fernando. Para ter sido um jogo perfeito só faltou um golo. Roubou pelo menos 10 bolas aos adversários, com cortes perfeitos, passes perfeitos, posicionamento perfeito e empenho perfeito. Parecia, a dada altura, que os dois colegas do meio-campo é que eram os toscos e que ele era o talentoso, o Fernando, o nosso Fernando, o gajo que não consegue passar uma bola a 20 metros sem rezar à santa para não acertar no treinador com muita força. Já disse que foi perfeito?

(+) Souza. É como se tivessem clonado o Guarín com as devidas alterações genéticas para lhe dar mais uns milhões de neurónios a funcionar. Sai muito bem do meio-campo com força e bom domínio de bola e parece que joga sempre com a cabeça levantada. E aquele golo é um portento, se descontarmos o entusiasmo do José Manuel Marques, que relatou um “grande golo” e o “momento da noite” com toda a euforia de quem está a cortar as unhas antes de ir para a cama. Gostei, quero ver mais.

(-) Permissividade defensiva. Foi algo que ainda não se tinha visto este ano. Vercauteren viu bem que Maicon tem a velocidade de uma tartaruga manca e aproveitou para colocar os avançados a fazerem-no correr pelo ordenado. Pois o nosso rapaz lixou-se e depois de uma primeira parte razoável acabou por ser quase sempre papado por quem quer que lhe aparecesse à frente. Álvaro também não cobriu a zona defensiva como devia, a somar à pouca força do meio-campo Moutinho-Belluschi, que só começou a ganhar bolas e a sair para o ataque quando ficamos a jogar contra 10. Villas-Boas esteve bem (talvez tenha experimentado demais quando ainda estava 1-0, mas compreendo dado o ritmo quase de treino) e “tapou” a zona com Souza. Melhorou mas não muito, então toca de inventar um 4-5-1 só mesmo para ver se colava. E colou, Ruben ajudou a bloquear qualquer hipótese de ataque decente do adversário a não ser pelas laterais. Ficou-me no entanto a impressão que contra 11 rapazes que saibam jogar à bola, podemos ter aí alguma chatice.

(-) Varela. Falei cedo demais depois do jogo contra o Benfica. Ainda está com ritmo lento e nota-se perfeitamente que não tem discernimento para ajudar na defesa, sabendo que não vai conseguir recuperar para pressionar no ataque. Mais uma vez muito trapalhão.

(-) 4-3-3 sem Hulk. Não vou falar de “Hulkodependência” ou qualquer chavão absurdo que a imprensa gosta de inventar. O que é certo é que a equipa perde sem Hulk em campo, e o 4-3-3 não é tão explosivo e dinâmico, especialmente com um meio-campo ainda sem ritmo. Ukra esteve nervoso todo o jogo e Varela, como disse acima, ainda não rende o que pode. Se calhar o 4-4-2 não está assim tão longe de ser uma realidade, pelo menos nestes próximos tempos…

(-) Genk. Juro que pensei que o Genk desse mais luta. É verdade que o penalty (onde não percebo que dúvidas haverá, palavra que não) não ajudou e a expulsão também não (mais uma vez, justíssima), mas estava à espera de mais da equipa que lidera o campeonato na Bélgica. Se estes estão em primeiro…como serão os que vão atrás?!…

Não estava à espera de um jogo fácil e houve alturas em que me enervou a displicência nalguns lances, mas estivemos bem. Uma vitória por 3-0 num jogo europeu é sempre positivo e retira pressão para a segunda mão. Lá estarei a bater palmas, mas antes…venha Domingo e o Beira-Mar!

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