Quase 48 mil pessoas no Dragão. 20 graus de temperatura, ambiente quente e as duas melhores equipas do campeonato a enfrentarem-se cara a cara. Foi um grande jogo, emotivo e bem disputado, com incerteza no resultado e qualidade de jogo acima da média. Entrei bem disposto e saí ainda melhor, com uma vitória muito sofrida mas merecida (se bem que o empate não ficava mal a ninguém) e a noção que apesar de continuar a haver muito trabalho a fazer, a equipa mostrou o que ainda não tinha sido preciso mostrar: capacidade de sofrimento e de dar a volta a um resultado negativo por duas vezes, contra um Braga que joga muito e bem. Notas time:
(+) Hulk Quem foi ao Dragão hoje à noite não pôde deixar de sofrer com o brasileiro com nome de bicho verde. Vê-lo exausto no final do jogo, a correr para ir buscar as bolas que os companheiros lhe colocavam em desespero, a sprintar ao lado de Rodríguez e a arrastar o jogo para a frente quando o resto da equipa, também cansada, o via ao longe…foi uma prova da luta constante de Hulk durante todo o jogo. Enfrentou Elderson e deu cabo da cabeça ao nigeriano. Marcou um, deu outro a marcar e foi aplaudido de pé por toda a gente no final do encontro. Excelente.
(+) Falcao O que se nota mais no jogo de Falcao é a inteligência com que está em campo. Mesmo em jogos que não marca, como hoje, a forma como se posiciona, como domina a bola e ganha espaço para os colegas, como muda de velocidade sem que o adversário esteja à espera, tudo são exemplos de um avançado completo e em forma. Imaginem isto tudo com mais alguns golos. Quase perfeito.
(+) Varela O jogo que fez não foi excelente. Porra, nem sequer foi bom. Mas marcar dois golos ao Braga, numa noite como esta, merece nota positiva. Mas no resto das dezenas de minutos ficou a dever algumas jogadas à malta.
(+) Fernando Excelente na cobertura defensiva, menos bem quando sobe. Foi uma das unidades mais importantes na segunda parte depois do 3-2, quando o Braga apertou com a defesa e Hulk estava a jogar a 20%. Fernando subiu ainda mais de produção nessa altura e continua a ser bem melhor como trinco do que quando joga mais à frente.
(+) Maicon A par de Rolando, esteve muito bem. É uma pena que venha a ser o escolhido para sair da equipa para a entrada de Otamendi, até porque precisamos de um central com um estilo mais ofensivo parecido com (Deus me perdoe) David Luiz, que saia com a bola controlada e cause pânico nas marcações do meio-campo adversário. Hoje esteve muito bem e safou-se com quase 100% de eficácia.
(-) Helton Que me lembre não fez uma única defesa digna de registo durante todo o jogo. Se no primeiro golo não me parece ter responsabilidades (o livre é marcado no meio e demorou um pouco a chegar à bola mas não era fácil), o mesmo não posso dizer do segundo. Muito adiantado, voltou aquele belo problema de épocas passadas, o excesso de confiança. Ainda teve tempo para pôr os adeptos arrepiados com um pontapé para a frente que bateu num fulano do Braga e por sorte não foi para a baliza. Acho que tinha perdido o estado de graça se essa bola entrasse…
(-) Sapunaru Continuo com a mesma opinião. Sapunaru é certinho e defende com mais segurança que Fucile…mas não chega. É menos audaz e enerva-me quando não mete o pé à bola em disputas directas com os adversários. Dá-lhes muito espaço e parece nunca saber quando pode ou não subir. Tem de se entender melhor com o extremo à sua frente e com o médio que cobre o seu flanco e ganhar confiança para subir mais no campo. Ou, sei lá, era melhor jogar o Fucile.
(-) Medo na primeira parte O problema nem estava tanto na defesa, apesar do golo sofrido. Notava-se que a equipa jogava contra o Braga como os adeptos querem que qualquer equipa jogue contra nós: com medo. Compreendo, o Braga tem um contra-ataque muito bom, com Lima e o fiteiro do Alan, Paulo César e Luís Aguiar. E compreendo também que Villas-Boas diga o que disse na conferência de imprensa, que se a equipa fosse como louca para a frente o mais provável era mesmo termos sofrido o segundo golo. Mas também sou da opinião que o facto de termos sofrido o primeiro golo foi um corolário lógico do temor com que os nossos rapazes entraram em campo. Era notório o receio de arriscar, de subir muito no terreno, de fazer um passe rasteiro de ruptura, de apoiar Falcao no centro do ataque, tudo com o intenso cagaço da possibilidade da bola ir parar a Vandinho ou a Salino (dois excelentes médios-centro, já agora) e daí sair um contra-ataque que causasse perigo. A lentidão enervava os adeptos não pela pura natureza do estilo mas pela incapacidade de mostrar a justa arrogância de quem se tem obrigatoriamente de sentir superior. Há que jogar mais forte, com ritmo mais intenso, mais em cima dos adversário e com melhor cobertura dos espaços. Hoje correu bem, noutros dias o remate de Varela podia ter ido por cima ou Elderson podia não ter escorregado no segundo golo. E um destes dias esse cenário vai acontecer, podem ter a certeza.
Quatro jogos, quatro vitórias e os primeiros golos sofridos. Até agora não houve deslumbramento nem facilitismos, os jogadores estão empenhados e a fazer força por continuar a lutar para estar em primeiro até ao fim. Nota-se que os adeptos estão com a equipa e que algumas das exibições menos boas estão a ser compensadas com golos e bons resultados. O meio-campo continua perro? Vamos ganhando. Varela está lento? Marca golos. Falcao não marca golos? Abre espaços para os outros marcarem. Os centrais são lentos? Cortam as bolas quase todas. Estamos bem e continuamos a vencer. E isso é o que importa.
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