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Foto retirada do Record |
Rijo, duro, difícil, ultrapassado. Foi um teste muito complicado de passar e pudemos contar com a inspiração de um rapaz que começa a conquistar os adeptos. Nico Otamendi bisou em Braga, desbloqueando o resultado pretendido quando a exibição, especialmente na primeira parte, não foi famosa. Para além da organização defensiva pressionante do Braga e de alguma falta de clarividência do nosso ataque, temos a somar a implacável agressividade que os rapazes do Minho puseram em campo, com patadas, entradas de carrinho a pés juntos, provocações permanentes e um geral estado de “bate primeiro e pergunta depois” que enervou os nossos jogadores e felizmente houve auto-controlo suficiente para impedir que a permissividade de Duarte Gomes pudesse fazer com que o jogo violento continuasse não só com os pitões mas com punhos cerrados. Aborreceu-me, francamente. Notas abaixo:
(+) Otamendi E esta, heim? Se alguém apostasse que Otamendi fosse marcar dois golos fora contra o Braga e desse a vitória à equipa, chamava-lhe parvo e que não sabia o que fazer ao guito. O que é certo é que o neo-proto-líder da defesa ao lado do sempre presente Rolando acaba por ser um herói que deu alento a uma equipa que tentava furar mas que batia numa parede de pitões e joelhadas. Otamendi, com classe e oportunismo, marcou numa excelente quasi-paradinha de fazer inveja a muito colega da selecção dele. Estás em grande, rapaz, todos esperamos que continues.
(+) Fernando Voltou o “polvo” a sério. Começou mal e parecia que ia continuar a forma absurda que tinha vindo a mostrar nos últimos jogos com as ridículas perdas de bola a meio campo (és capaz de NÃO DEIXAR que a bola bata no chão antes de a disputar?!) mas rapidamente voltou a interceptar montanhas de bolas e a aplicar o princípio que faz dele um trinco muito acima da média: recebe, domina, passa. Simples, Fernando. É assim que o quero ver sempre a jogar.
(+) Helton Mais um excelente jogo do nosso capitão. Uma ou outra defesa, um voo e várias situações onde controlou a área como devia, dando confiança à defesa e permitindo que a equipa estivesse solta na zona defensiva. A não-pressão alta do Braga ajudou, mas Helton não deixou que ninguém brincasse em serviço.
(+) Fucile Sereno pode ser muito esforçado mas não tem a inteligência ofensiva do uruguaio. Algumas falhas de posicionamento que acabam por ser naturais num jogador que sobe pelo flanco mas acima de tudo houve uma superior capacidade de esticar o jogo pela ala ao contrário do que tinha acontecido nos últimos jogos por incapacidade do alentejano. É deste Fucile que precisamos para o resto da temporada.
(-) Ineficácia na frente Entre passes falhados, remates ao lado e perdas de bola, houve tanto contra-ataque perdido na segunda parte que mais parecíamos uma equipa de verde-e-branco. Se o que vimos hoje em termos de eficácia voltar a acontecer na quinta-feira por terras andaluzes, podemos estar a pôr as mãos na cabeça com ar frustrado porque não se pode falhar tanto em tão pouco tempo. Otamendi salvou o dia e ainda bem, porque os avançados estavam em dia não.
(-) Varela Inerte e enervante por essa mesma inércia. Duas ou três corridas não justificam que fique a olhar para as bolas que passam perto dele e que Varela parece nunca conseguir atingir. Esteve abaixo do que sempre espero dele e não conseguiu manter o nível da semana passada.
(-) Nervosismo de Belluschi Não podes, rapaz. Não podes abusar nas faltas a meio-campo, não podes esticar o pé a um avançado na tua própria área, não podes falhar tantos passes fáceis mesmo que sejas dos poucos que tenta as rupturas pela relva, mas acima de tudo não podes “fazer peito” ao árbitro! Homem, por muito que ele te grite aos ouvidos, tens de te acalmar porque és um jogador titular do FC Porto e muito do jogo da equipa passa por ti e pelo teu colega do lado que não está na melhor forma mas que disfarça sempre com a inteligência que mostra em campo. Tem mais calma, pronto, vai lá tomar banho descansado!
(-) Miguel Garcia e os amiguinhos Já cá faltava uma corja destas. Miguel Garcia foi o belo rosto barbudo e com aspecto andrajoso em geral de uma equipa que passou hora e meia a distribuir lenha gratuita por tudo que corria de azul-e-branco. De Sílvio a Vandinho, passando por Mossóró e pelo garboso Miguel Garcia (que levou um cartão amarelo para lá dos 90 minutos…por protestos!), este conjunto de bestas mostrou uma capacidade notável de diversificação, começando pelas entradas de pés juntos, continuando pela sempre genial patada nos gémeos e terminando com a famosa joelhada nas costas. Duarte Gomes permitia tudo isto com a passividade de um jovem a fumar uma erva agradável e a ouvir Portishead num quarto escuro, e os rapazes de vermelho e branco, quiçá inspirados em Javi e David, a dupla da bordoada legitimada pela nossa arbitragem, continuavam o recital de chuto e pontapé. Todo o jogo. Ridículo.
A pressão estava do nosso lado, depois da vitória do Benfica. A resposta apareceu com dignidade, força de vontade e garra, com uma equipa a querer dizer: “Oh minha gente, por muito que cantem as loas aos outros e desprezem o que fazemos, ainda cá estamos. E estamos no topo por mérito próprio, seus imbecis!”. Notou-se acima de tudo uma maior inteligência na troca de bola e por muito que tenham sido perdidos contra-ataques perigosos e tenhamos sido pouco eficazes na frente, o resultado final é perfeito. E agora…Sevilla!!!
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