Foto retirada de Desporto.Sapo.pt |
Enervei-me várias vezes durante o jogo. Já sabia que não ia ser fácil, que o Sevilha tem bons jogadores apesar do jogo colectivo não ser particularmente forte. Ainda assim, não gostei. Não gostei porque não fomos um FC Porto eficiente no passe, porque nos deixámos recuar bastante e porque nos pusemos a jeito de um lance com mais sorte sair direitinho às redes. Não gostei de perder tantas bolas no meio-campo porque parecíamos entorpecidos pela velocidade do adversário com ou sem bola. Não gostei dos comentários na SIC, onde perdi o resto do pouco respeito que tinha pelo João Rosado já que os outros…já lhes perdi o respeito há muito. Não gostei de ver que os passes para a frente raramente saíram em condições porque ou iam com muita força ou com força a menos. Não gostei do árbitro e dos jogadores do Sevilha porque pareciam uma equipa de Carlos Martinses, em que nunca fazem uma falta, “Oh senhor árbitro, por favor, acha mesmo que fui eu que pontepeei aquele indivíduo? Nunca!”. Não gostei porque estava à espera que conseguíssemos manter a pressão (por muito que tivesse sido atabalhoada, estava a ser razoavelmente bem feita) dos primeiros 15 minutos durante mais que 15 minutos, porque os centrais eram tão azelhas que mais uma correria para lá do meio-campo e um recuo extra para o Palop fá-los-ia explodir de vergonha pela inépcia que iam perder mais bolas para nós. Gostei do resultado mas não gostei da exibição, estava à espera de bem mais. Y ahora, vamos a las nuetas:
(+) Fucile Para mim foi o homem do jogo. Apanhou com um flanco desprotegido quando Varela por lá andou e semi-protegido quando estava James na cobertura, com a nuance do jovem colombiano gostar de perder bolas fáceis e deixar o Jorge à rasca. Com Navas pela frente e tantas vezes Rakitic e a versão uruguaia do Sérgio Ramos no apoio, Fucile safou-se muito bem, raramente caindo na finta curta e quase irresistível do espanhol, defendendo em toda a linha, subindo para apoiar o ataque quando possível (mais na primeira do que na segunda) e a mostrar toda a garra e a determinação que vimos no Mundial. Onde andava este Fucile na primeira metade da época? Who knows…só espero que se mantenha igual a este e não ao Fucile que vi no Dragão contra a Naval…
(+) Helton Quase perfeito. Voou várias vezes mas foi sempre eficaz nas saídas, defendeu muitas bolas para frente com dificuldade natural a remates fortes e o único ponto em que esteve mal foi na recolocação da bola em jogo. Houve um lance em que enviou a bola com a mão para João Moutinho, no meio-campo, disputar a bola de cabeça. Pediu-lhe desculpa quando, obviamente, o puto perdeu o lance. Tem de pensar melhor no que vai fazer nessas situações.
(+) Belluschi É interessante perceber que o jogo que fez hoje é muito similar ao que fez em Braga, mas a forma como ajudou a defender tanto no meio como em ambos os flancos fez dele um elemento fundamental no meio-campo do FC Porto. Esforçadíssimo, falhou montes de passes por isso saliento a capacidade defensiva e a entrega que mostrou em todos os lances em que esteve envolvido.
(+) Estrutura defensiva fora da área É verdade que o Sevilha criou perigo mas a grande maioria das vezes em que avançou no terreno fê-lo sempre pelas alas e raramente conseguiu entrar pelo meio. Com os dois centrais “amarrados” a Fabiano e Kanouté, Fernando tapava bem e tanto Moutinho como Belluschi varriam a zona defensiva como guerreiros. Guerreiros que não acertavam um passe se lhes estivessem a despejar colheres com azeite a ferver nos testículos, mas ainda assim guerreiros.
(+) Kanouté Gosto imenso dstes gajos que jogam de uma forma Anelkiana, sem se fazerem notar mas a dominar todas as bolas que recebem na perfeição, a jogar e a fazer jogar, quase sempre de costas para a baliza mas sempre com uma capacidade incrível de rodar, de distribuir jogo, de rematar e de marcar. Kanouté é um jogadorzaço. Zíssimo, até.
(-) Varela Varela parece nos últimos tempos incapaz de manter um nível exibicional coerente. Incrivelmente lento com a bola nos pés e distraído na defesa do flanco, nunca conseguiu acelerar o jogo como devia e perdeu muitas bolas porque demorava tempo demais a dominar e a conseguir fazer o que quer que fosse com o esférico nos pés porque imediatamente lhe caía um rapaz do Sevilha em cima e lhe roubava a bola com extrema facilidade. Fraco.
(-) Hulk Na primeira parte, zero. Um rotundo zero. Lento, previsível, incapaz de se mostrar aos defesas e a nunca conseguir aproveitar a azelhice dos centrais adversários, que são tão fracos que não deviam ter prendido Hulk na rede. Subiu de produção na segunda parte e o livre que marcou foi um míssil que causou muito perigo mas foi obrigado a defender por si e por Rodríguez. Não pode jogar no meio, não pode.
(-) Qualidade de passe Falando com o meu pai ao intervalo e depois do final do jogo, discutíamos a técnica de passe de ambas as equipas. Uma diferença abismal. Continuamos a não conseguir fazer mais de 3 passes consecutivos sem que um tolinho de azul-e-branco se lembre de atirar um pseudo-remate para o flanco ou um atraso para o adversário. É algo que começo a perder a esperança de ver melhorado, ainda para mais numa altura em que o nosso meio-campo criativo tem menos bola que no início da temporada, mas é por vezes muito difícil perceber como conseguimos ganhar tantos jogos a passar tão mal a bola.
(-) Lentidão com a bola Já por várias vezes nesta fase da temporada reparei que os jogadores estão muito lentos com a bola, parecendo perder-se em daydreams quando a recebem, ficando a pensar no que vão fazer, para onde rodarão a bola, por quem é que deverá passar o jogo ofensivo, quem era o nome da personagem daquele doutor simpático do Lost, que rei inglês assinou a Magna Carta, sei lá. Não se pode parar tanto tempo para pensar e executar, há que
continuar a mecanizar a equipa ou pelo menos obrigar os rapazes a proteger a bola antes que lhes caia um adversário em cima.
(-) SIC É quase um pleonasmo dizer: “Os gajos da SIC são facciosos!”, mas hoje (ou)viu-se de novo a mesma história. Se José Augusto Marques e Nuno Luz acabam por representar o bacoquismo individual, com tiradas como “O BATE Borisov jogou hoje em casa na Ucrânia” e afins, já João Rosado teria a obrigação de fugir da mediocridade dos comentários daquela estirpe, e mais uma vez não o consegue. Não sei se o farão de propósito ou sequer se se apercebem da forma como comentam mas hoje, como de costume, conseguiam falar mais do Sevilha do que do próprio FC Porto e desculpavam quase todos os lances do clube português com erros e falhas. No primeiro golo do FC Porto estava fora-de-jogo e nem era difícil ver; já no golo do Sevilha a falta era quase impossível para os árbitros verem (sim, todos os 5 não conseguiram perceber que ) e para além do mais o Kanouté é muito alto e é natural que salte…mas no ano passado com o Bruno Alves era sempre falta, ladraria o Marques; o Cristian Rodriguez devia sair mal entrou, para o Rosado; o Luz a tentar atirar-se para ser biógrafo do Ronaldo porque falou nele mais de 5 vezes o jogo todo; e o segundo golo do FC Porto, que para o Rosado ao invés de sair de uma jogada em que os nossos rapazes não desistiram, só podia surgir com uma paralisia da defesa do Sevilha. É um serviço podre que prestam ao futebol, é um serviço podre que prestam à sua estação de televisão e enoja-me saber que esta gente ganha dinheiro (e bom, aposto) para fazer e dizer este tipo de barbaridades.
É verdade que vencemos um adversário de topo num estádio difícil. É verdade que temos uma margem suficiente para nos assegurar que jogando ao nosso nível não teremos grandes dificuldades para passar à próxima fase. É verdade que continuamos a jogar sem Falcao e continuamos a vencer. Mas também é verdade que o jogo não foi famoso, que a organização defensiva foi razoavelmente sólida mas que tem falhas (ai as bolas aéreas…) e também foi verdade que não conseguimos manter o jogo controlado na altura exacta em que precisávamos de o fazer. Na quarta-feira, a meio da tarde na Invicta, temos de subir o nível para evitar chatices…é que o Navas e o Kanouté metem inveja a qualquer equipa…