Baías e Baronis – FC Porto vs Académica

 

O meu habitual intervalo no Dragão passa por um telefonema para o meu pai. Isto quando ele não está lá comigo, como é lógico, senão era deitar dinheiro fora e não estamos em tempos dessas coisas. Mas de qualquer maneira a conversa nos últimos tempos tem sido qualquer coisa como:”Oh pá, estes gajos são uns nabos! Aqui na televisão estão tão lentos, parece que não querem saber disto! Que vergonha!”. O meu pai é um pessimista, é verdade. Mas eu também sou, e estas primeiras-partes deitam-me abaixo com muita facilidade. Chamem-me homem de pouca fé, mas não acredito em dar avanço às outras equipas, pronto. A diferença é que este FC Porto pode subir de produção quando quer contra equipas deste calibre e tem aliado a sorte à vontade de marcar, ao nível de um campeão quase anunciado. Vencemos com facilidade depois de um ou outro susto mas não fomos coerentes ao longo de todo o jogo. Notas abaixo:

 

(+) Belluschi O mais inconformado dos nossos rapazes. Entregou-se ao jogo com tudo que tinha e voltou a agarrar um lugar que lhe tinha fugido há alguns jogos, com a chegada de rompante de Guarín ao onze. Belluschi continua a ser um abnegado de trabalho este ano e dá a entender que se dá muito bem com Otamendi porque parece que descobriu as entradas de carrinho para recuperar as bolas defensivas. O rapaz luta, dá energia e motivação à equipa e é um jogador fundamental no FC Porto. Só continua a precisar de melhorar o último passe…

(+) Fernando Foi o único jogador clarividente na primeira parte portista. Para além de tapar a grande maioria dos lances de ataque do adversário, tentou sempre sair com a bola controlada para o ataque. Só teve um problema: é que poucos se mexiam à sua frente para criar linhas de passe minimamente decentes para ele conseguir furar pelo pouco espaço que tínhamos no meio-campo da Académica. Saiu quando era preciso outro jogador para rodar a bola e porque o adversário já não criava perigo por aquela zona. Gostei de o ver, mais uma vez.

(+) Fucile Subiu bem pelo flanco e ajudou na defesa sempre que pôde. Hoje foi menos brincalhão do que é costume e ainda bem, porque com Addy na primeira-parte ia-se vendo lixado da vida. Subiu de produção na segunda parte (mais um) e criou um flanco direito com Belluschi e Varela que desfez a defensiva da Académica.

(+) Subida de produção na segunda parte Parece fácil a forma como o FC Porto consegue crescer em velocidade, em agressividade, em força e em futebol. Contra uma Académica que esteve menos mal na primeira parte mas que só causou chatices por inépcia nossa, a segunda parte foi novamente o oposto da primeira, com a subida de Guarín, a velocidade de Varela e a irreverência de Belluschi a rodarem a bola 20 metros à frente do que tinham feito antes. A Académica nunca mais conseguiu passar do meio-campo com organização. Point-Set-Match.

(+) Público Mais de quarenta e seis mil espectadores (com a particularidade da malta que escolhe o último número ter adivinhado que Guarín iria ser o marcador do primeiro golo) estiveram hoje no Dragão. Aposto que muitos, como eu, usaram os dois convites gratuitos que estão incluídos nas benesses de quem tem Dragon Seat. Vi o jogo noutra bancada (longe da Porta19, admito) e reparei em muitas caras novas. É uma boa forma de trazer gente à bola e espero que o povo goste de ir ao Dragão. Quem é que não gosta?!

 

(-) Primeira parte de avanço, mais uma vez Sei que é a Académica. Sei que os nossos rapazes andam cansados e que este era o terceiro jogo em sete dias. Sei que o campeonato está quase ganho. Mas também sei que detesto olhar para o resultado no Dragão e ver que os gajos da direita tem um algarismo mais alto que os da esquerda. E custa, rapazes, custa muito. Se a culpa fosse nossa, se fôssemos uma equipa fraquinha, ainda percebia. Mas só podemos descansar DEPOIS do jogo estar ganho. Malta, vamos lá, não custa assim tanto e o povo fica contente!

(-) Hulk Não está num bom momento, é verdade. Corre muito mas as fintas e os passes não saem. Nem remata tantas vezes como dantes, vejam lá. Mas precisa de acalmar, o nosso super-herói. Precisa de meter na cabeça que não é com lances como o que teve na segunda parte com o resultado em 2-1, quando rematou de letra quando podia tê-lo feito com o pé direito. Não está a ser eficaz como o foi no início da temporada e a equipa ressente-se disso. Rapaz, relaxa, as coisas vão melhorar!!!

(-) Maicon Parabéns pelo golo, Maicon, foi um bom salto e uma excelente cabeçada. O resto do jogo? Uma sucessão de jogadas nervosas, domínios de bola periclitantes, passes forçados e mudanças de flanco ridículas. À imagem do compatriota pseudo-verde, não parece conseguir acalmar enquanto está em jogo e as jogadas parvas sucedem-se uma atrás da outra. Parece estranho que este seja o mesmo jogador que o que começou a temporada, mas é o que temos. Rolando é o melhor central do FC Porto e depois vem Otamendi. Muito atrás estão Maicon e Sereno. É a minha opinião.

 

 

Faltam 3 pontos (ou apenas um, dependendo da performance do Benfica em Paços) para confirmarmos o campeonato. Parece que ainda ontem estávamos a começar a temporada e cautelosamente anunciava o meu apoio à contratação de Villas-Boas mas sempre colocando as vírgulas em termos da qualidade do plantel e sobretudo da organização que seria necessária implementar num plantel que estava moralmente desfeito, que tinha acabado de perder algumas peças-chave e que poderíamos precisar de remendos urgentes ou então de uma recuperação demorada. Hoje, apesar da primeira-parte fraca (talvez devido à primeira-parte fraca e à subida na segunda), vi que temos equipa. Vi que os jogadores sabem quando crescer, quando subir, quando parar, quando acelerar. Vi que temos estrutura montada e que apesar de não praticarmos um futebol extraordinário, temos um jogo estabilizado e seguro. E por agora, está muito bem.

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Ouve lá ó Mister – Académica

André, felizardo!

Esta semana nunca mais acaba, homem! Quando é que tu descansas? Com 3 jogos em 7 dias nem tens tempo para ir comer um belo brunch à beira-mar, olha que ali em Gaia a zona da marginal está duma categoria, rapaz, nesta semana que aí vem já vais poder dispôr de uma ou duas horitas para o relax, por isso se te apetecer ir mamar umas cervejolas vê lá se dizes qualquer coisa.

A semana deu trabalho mas deu lucro do bom. Três pontos em Leiria e uns quartos-de-final europeus não são de deitar fora, não é? E hoje ainda vai ser melhor, porque o estádio vai estar cheio de gente que quer apoiar a equipa antes dos primeiros grandes confrontos do mês de Abril. Olha que até eu, que fui levantar os meus convites, vou aproveitar e vou ver o jogo de um sítio diferente do costume! É verdade, pá, amanhã se olhares do banco para trás de ti, pode ser que me vejas. É estranho, sabes, são tantos anos a ver o jogo de frente para os treinadores que agora olhar para os rapazolas a deslizar pela relva de outro ângulo até vai ser uma maneira curiosa de ver este espectáculo que tenho a certeza que vais proporcionar ao povo. Sim, ao meu povo!

Se calhar este jogo é que podias usar para descansar alguém. Já reparaste, de certeza, que tens três laterais em risco de ficarem de fora na Luz, e não dava jeito nenhum. Já sei que não gostas muito de inventar, mas que tal o Mariano à direita (só para o pessoal se rir um bocado) e o Álvaro à esquerda? Assim descansavas o Fucile e deixavas que o destino se degladiasse pelos nossos amarelos e caso tivéssemos azar com os dois, para a semana tínhamos sempre o Otamendi (que como encostaste às boxes já descansa e entrava o Sereno ou o Maicon) para a direita e o Jorginho para a esquerda. O resto da malta? É usar o Ruben e talvez o Cebola a titular, só para não desanimarem e para ganharem ritmo.

É para ganhar e empurrar o Benfica para trás. Queremos chegar à Luz com todas as hipóteses de sermos lá campeões! Se vamos ou não conseguir…isso são outros meios-milhares!

Sou quem sabes,
Jorge

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Votação: Sapunaru ou Fucile na direita?

Villas-Boas tem tido um excelente problema para resolver. Ambos os jogadores dão garantias, pois com Sapunaru temos um defesa mais estável, mais seguro, que sobe pouco no terreno mas que pode ajudar ao centro porque joga bem de cabeça, ao passo que em Fucile temos explosão, correria louca, acelerações e tabelas para a linha e uma empatia com os adeptos como poucos no plantel. Qual deles escolher? Fossem todos os problemas iguais a esse, certo? O pessoal votou assim:

  • Fucile: 66%
  • Sapunaru: 34%

Sapunaru tem vindo a fazer a melhor época desde que cá chegou, mas a malta continua a gostar mais do Jorge. Não de mim, do outro, do tolo que fala de Hondas e Kawasakis e que sobe pelo flanco com fogo no rabo e que adora cair em cima dos alas adversários e de fazer carrinhos e de cruzar para a bancada. Também me incluo no grupo de fãs de Fucile, por muito que apeteça dar-lhe dois estalos naquelas trombas quando põe cara de gozão para os árbitros. Desculpa, Sapu, mas o rapaz tem qualquer coisa de especial.

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Baías e Baronis – FC Porto vs CSKA Moscovo

 

Ao contrário do jogo da passada segunda-feira, em Leiria, que fez um filme de Manoel de Oliveira parecer uma obra de Jerry Bruckheimer tal foi a lentidão dos processos e movimentações dentro de campo, este foi um espectáculo muito mais intenso, com futebol diferente e que apenas não enervou mais os jogadores porque as alterações tácticas de Villas-Boas conseguiram parar a velocidade do ataque russo à custa do FC Porto mais defensivo e controlador da temporada. O que interessa nestes jogos não é propriamente o bom futebol, não são as jogadas vistosas que dão vitórias nem os remates em arco que fazem passar eliminatórias. É o esforço, a atenção ao pormenor e, por muitas vezes, a capacidade de conseguir impedir um adversário que não sendo mais forte, acabou por nos dificultar muito a vida. Ganhámos bem, passámos bem e venha o próximo. Vamos a notas:

 

(+) Fernando Para mim, o jogador da noite. Aposto que os russos, ao chegarem perto da área, pensavam logo: “Oh, pronto, lá vem esta besta roubar-me a bola!”. Sempre atento, sempre rijo, sempre a interceptar e quase sempre a sair bem com a bola controlada, o Patrick Vieira de Goiás fez mais um jogo a grande nível e mostrou o porquê de ser titularíssimo na nossa equipa.

(+) Defesas centrais Fizeram ambos um jogo incomparavelmente melhor do que tinha acontecido em Moscovo. Agressivos e bastante mais concentrados, tanto Rolando como Otamendi foram quase perfeitos a defender a zona frontal da área. A equipa russa raramente jogou pelo ar (a não ser depois da entrada de Necid, por diante conhecido como “o armário checo”) mas tanto Rolando como Otamendi estiveram impecáveis no corte e na antecipação. Continuo a pensar que Otamendi terá que melhorar o passe curto e Rolando o passe longo, mas se continuarem a defender desta forma já não me chateio muito.

(+) Guarín Produziu pouco a nível ofensivo mas usou sempre o corpo para vencer as bolas no meio-campo. O golo foi algo fortuito mas é valiosa a subida no terreno, apesar de quase não ter rematado à baliza durante todo o jogo. Mas lutou, ajudou a defender a zona central, fez vários passes extraordinários (mudanças de flanco com o pé esquerdo a 30 ou 40 metros, para dar um exemplo. Sim, foi Guarín que as fez. Não estou a inventar, foi mesmo ele!), sacou várias faltas ao adversário e sempre que pegava na bola era o único, juntamente com Hulk, que obrigava os russos a descer no terreno. Muito útil, confirma-se que rende muito mais na posição 8 do que na 6.

(+) O exemplo do segundo golo Uma obra 100% colombiana, com James a aproveitar a atrapalhação de Akinfeev depois de um atraso do defesa russo. James, inteligente, a não desistir e a conseguir um cruzamento largo que Falcao não chegou mas Guarín apareceu no sítio certo para enfiar a bola na rede. Tudo porque o puto não desistiu, lutou contra a natural inércia de recuar para a sua linha e o seu posicionamento natural e esforçou-se aquele bocadinho extra, aquele pequeno nada que foi tanto. É nestas atitudes que se faz um jogador, que se ganham afectos da bancada e que se conquistam vitórias.

(+) Villas-Boas À imagem do que tinha feito noutros jogos, Villas-Boas soube ler o jogo e perceber que o facto de ter entrado com a mesma equipa para a segunda-parte não iria funcionar porque o CSKA começou a pressionar ainda mais alto e as bolas perdiam-se uma atrás da outra. O nosso treinador pode ser inexperiente mas sabe que estes jogos se decidem por pequenos pormenores, por isso decidiu (e bem) colocar mais um elemento no meio-campo, retirando um ala que estava a ser inoperante. O jogo mudou e os 32 mil no Dragão viram o FC Porto mais defensivo da época, a estruturar um 4-3-3 que era mais um 4-5-1, com Hulk a defender a ala direita e Belluschi na esquerda, matando o jogo. O CSKA nunca mais conseguiu criar perigo e o jogo foi ganho nesse momento. Boa leitura de jogo.

 

(-) James Continuo a não gostar de o ver a jogar na ala. Não é rápido, distrai-se facilmente, não tapa o flanco, não acompanha as subidas do lateral adversário e não tem força para avançar ombro-a-ombro contra o defesa que lhe aparece à frente. Hoje foi exactamente isso, um jogador inócuo, sem efeitos práticos, com excelente toque de bola mas pouca produtividade. Nota-se que está mais solto, com maior vivacidade e com a confiança em alta, mas não chega para substituir Varela. Para Domingo, apostava em Rodríguez no seu lugar.

(-) Falcao Lento, exageradamente previsível, nunca conseguiu ser uma mais-valia muito por culpa da pressão do meio-campo defensivo e dos centrais adversários, já que sempre que conseguia receber a bola era rapidamente rodeado por dois ou três fulanos de branco que não brincavam em serviço e faziam a desfeita de lhe roubar a redondinha. Não era justo, pensaria Radamel, mas o que é certo é que nunca teve apoio para soltar rapidamente a bola. Lutou, mas não foi possível usá-lo na estratégia natural do FC Porto porque não estava a resultar e a substituição era previsível.

(-) Fucile Antes do jogo, mandou uma piada ao seu estilo. Qualquer coisa como “pode vir o Honda, o Kawasaki, o Mitsubishi”. Ora não foi o Honda que marcou o golo, mas esteve envolvido na jogada e o nosso Jorginho, que quando abre a boca normalmente sai uma tirada porreira como esta, apesar de estar a defender dois rapazes dada a inoperância de James (que estava à sua frente mas que não fechava o flanco) bem tentou recuperar e subiu de produção na segunda parte. Mas fica ligado (só por culpa dele) ao golo que Helton sofreu ao fim de umas largas centenas de minutos e devia levar um par de estalos do brasileiro. Ou então obrigá-lo a ouvir música brasileira durante 4 dias seguidos, que talvez seja punição suficiente.

Despachamos o segundo CSKA da época para chegar aos quartos mas ainda podemos apanhar pelo menos um russo ou um ucraniano, a somar a dois portugueses (não quero nenhum, obrigado), um espanhol e dois holandeses. Ou seja, lendo as coisas da minha maneira, não havendo alemães, italianos ou ingleses e se os espanhóis não forem o Real ou o Barca…há sempre hipótese de vencer a prova. Estamos a jogar bem mas acima de tudo estamos com uma estrutura tanto táctica como individual que nos permite pensar em vencer qualquer adversário que nos apareça à frente. Mas…primeiro temos um campeonato para ganhar. No Domingo vem aí a Académica e alguns destes rapazes vão ter de descansar um bocadinho porque a seguir vamos dar um saltinho a Lisboa. Pois.

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Ouve lá ó Mister – CSKA Moscovo

André, tovarishe!

The Russians are coming!!! Vai ser bonito, vai, andar aí atrás do Bágner Lâbe e do resto do exército vermelho (e azul) outra vez…temos de ter muito cuidadinho na defesa e só espero que tomes a melhor decisão quanto ao onze que vai entrar em campo. O jogo contra o Leiria deixou os teus meninos mais descansados porque tiveram de se cansar tanto como o Armando Vara num centro de saúde.

Mas parece que te ouço a pedir-me a minha opinião. André, meu caro, cá vai ela!

Na defesa, Sapunaru e Fucile nas alas, Rolando e Otamendi ao meio. Rijos mas não hirtos, duros mas não brutos, atentos mas não medrosos. Precisamos deles em forma, trata disso.

Meio-campo: Fernando, Moutinho e Belluschi. Acredito que tens todos os motivos para pôr o Guarín em campo porque o rapaz realmente tem andado cheio de força e a marcar golos e agora já nem tropeça nem nada…mas eu apostava no meio-campo do costume. O Guarín pode ficar no banco a roer-se para entrar e depois na segunda parte mandas o louco para dentro de campo e ele acaba de arrumar com a russalhada. Siga.

Ataque: O Varela está a jogar a um nível parecido com o meu aos sábados de manhã com os meus amigos. Eu apostava no Cristian, desde que ele aguente o físico e a cabecinha. Caso contrário, se cheirasses que essa solução não é a melhor, que tal Falcao e Hulk lá na frente com o James atrás? Lixavas as transições dos gajos com o cagaço que eles ficavam ao ver o Rámes ali solto.

É só uma ideia, como de costume. O que interessa é mesmo ganhar. Passando a piada dos ex-soviéticos: AVANTE!

Sou quem sabes,
Jorge

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