Aqui há uns dias recebi um e-mail onde o remetente me perguntava informações sobre uma fotografia de Pinto da Costa com uma bandeira do Benfica. Expliquei que já foi tirada há uns anos largos, que até era fácil de ver pela idade do nosso Presidente à época. Outros tempos, portanto. Depois de mais uma ou duas trocas de e-mails com o homem do outro lado da internéte, decidi fazer-lhe uma meia-dúzia de perguntas para saber como é que um angolano, nascido e criado na sua terra, desenvolveu um portismo ao nível que claramente exibia. Ficam as respostas do Américo “Meki” Rodrigues, Angolano de nacionalidade, nascido, criado e residente em Luanda, viciado em FM11 (e quem no seu perfeito juízo não o é?!), FIFA11 e PES11 e, mais importante que tudo, Portista de coração:
Porta19: Como é que surgiu essa convicção Portista tão longe do clube? Influência familiar, as vitórias, o estilo, houve algum factor que tenha tido mais relevância?
Meki Rodrigues: Apoiei pela primeira vez o Porto por causa da cor, o azul, tinha eu uns 8 anos mais ou menos, e daí fui apoiando os restantes jogos que via. Até a altura que me vi um completo adepto a torcer e alegrar-se com a vitória e a ficar triste com as derrotas. Há quem fale em mística Portista, pois é o que eu uso também para descrever o que eu sinto na equipa do Porto. O espírito de luta, sacrifício e o vir de trás, para tornar-se num dos grandes de Portugal e Europa.
Porta19: É fácil ver jogos do FC Porto em Angola? Como é que acompanhas o futebol e as outras modalidades?
Meki Rodrigues: Os jogos de futebol são fáceis de acompanhar, pela tv à cabo (dstv), principalmente os da Europa. Os da Superliga, só tendo um outro provedor de tv à cabo. Me sirvo constantemente dos blogs Portistas na net para ter as notícias e resultados dos jogos. Quanto às outras modalidades, aqui não chegam pela tv. Só passeando pelos blogs portistas para ter notícias sobre as outras modalidades.
Porta19: Sentes que há alguma relação de proximidade entre os adeptos remotos e os que vivem perto do Porto?
Meki Rodrigues: Não tinha como. O futebol é universal, e nos encontramos todos os adeptos Portistas, os remotos e os que vivem perto, a partilhar das mesmas tristezas, ansiedades e alegrias. O roer das unhas é o mesmo, o FC Porto aproxima-nos a todos!
Porta19: É impossível não falar do que se passou este ano. Como é que viste a época 2010/2011? Ficaste surpreendido com algum jogador?
Meki Rodrigues: A época foi fantástica. Ganhamos quase tudo e com recordes. Seria injusto pedir mais na primeira época do AVB. Fiquei contente com a escolha do AVB para treinador, apesar de querer antes o Jorge Costa. E depois rendi-me totalmente pelo facto do AVB ser Portista. Ter um dos nossos no “hot seat” não tem preço. Esta época com o AVB faz-me lembrar um excelente jogo no FM, em que o novato é o papa-títulos (sabes do que falo :) ). Alguém diz-me onde fomos arranjar aqueles sósias do Belluschi e do Guarin? Jogam muito pá.
Porta19: Como é a relação entre adeptos de clubes portugueses em Angola? A malta “pega-se” ou há um ambiente saudável de rivalidade?
Meki Rodrigues: Não há nenhum registo de violência entre os adeptos cá. Há mais benfiquistas e sportinguistas, e tirando umas discussões mais “acesas” que outras, o pessoal vai mais pelo ambiente saudável de rivalidade. É comum nos jogos entre os 3 grandes os bares estarem com adeptos de ambas equipas a conviverem juntos.
Porta19: Como é que vês a chegada do teu compatriota Djalma ao plantel? Achas que é um novo início para jogadores africanos no FC Porto? E já agora usa as tuas capacidades de olheiro amador: quem é que vês a jogar no Girabola e gostavas de ver a jogar no FC Porto?
Meki Rodrigues: Eu vejo o Djalma com bons olhos, acho-lhe um bom jogador e com potencial para evoluir mais um bom bocado. Se bem aproveitado, pode render-nos. Para mim é uma satisfação a chegada dele ao Porto. Espero que faça bem melhor do que o Quinzinho, apesar de que será muito mais difícil, porque estamos muito bem servidos de bons médios centros e alas.
É um orgulho ter africanos na minha equipa, mas eu primo pela qualidade. Não basta ser africano para entrar no FC Porto, tem de ser bom jogador. Para mim tem de ser primeiramente bom jogador, depois vem a nacionalidade. Daí a minha preferência em ter o Castro no plantel do que o Souza (vá lá, quem sabe próxima época ele nos brinda com a mesma dose do Guarin?!). Por isso é que não vejo nenhum jogador do Girabola a ingressar no plantel, sem querer ferir sensibilidades (se há aí angolanos a ler o blog), mas no nosso campeonato não há qualidade suficiente para o primeiro plantel do FC Porto.
Que venha a próxima época e que seja igual ou melhor que a que acabou ;)
Uma entrevista diferente, mas igualmente interessante. Fiquei tão curioso com a situação que não resisti a falar um pouco mais com este nosso co-adepto que vem de tão longe mas, como diz e bem, sofre e vibra com o FC Porto como se vivesse na Corujeira. É apenas uma pequena prova que por muito que tentem dizer o contrário, o nosso clube tem adeptos pelo Mundo todo.
Obrigado, Meki, e que te mantenhas sempre um adepto fervoroso como és agora!
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