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Baías e Baronis – União Leiria vs FC Porto

Nem o talento de cinquenta Shakespeares intensamente drogados com substâncias que expandem a mente conseguiriam transmitir emoção sobre este jogo. Foi um jogo-treino num relvado que parecia musgo contra uma equipa paupérrima, a defender no máximo 4 ou 5 metros para lá da sua área, que contou com a perspectiva de um descanso do adversário que já estava a pensar no próximo jogo de quinta-feira para a Europa League. Safámo-nos, depois de muitas não-jogadas, passes falhados e em geral uma peladinha a campo inteiro, através da pata, mais uma vez, de Guarín. Um petardo de fora da área ajudou a acabar o jogo aos 59 minutos. Ponto. Pouco mais se passou no resto da partida e deu para descansar com bola. Limpinho, direitinho. Notas abaixo:

 

(+) João Moutinho Tanto a “8” como a “6”, foi o melhor jogador em campo. Sempre com tino a passar a bola, sempre com a perspectiva quase perfeita da criação de jogo ofensivo pausado e bem construído, como de costume. Não é brilhante como Belluschi, nem extraordinário como Hulk. Mas é o fiel da balança do nosso meio-campo e lidera a equipa como vi poucos homens a fazer no FC Porto.

(+) Laterais Num jogo em que um extremo do Leiria era apenas mais um médio-ala defensivo, tanto Fucile como Álvaro estiveram muito presentes e sempre pressionantes. Fucile foi mais eficaz que o colega do outro lado e apesar de tanto um como outro terem falhado vários cruzamentos, o facto de estarem em permanência no meio-campo contrário ajudou a empurrar ainda mais (o que era quase impossível) a equipa da casa para a sua área. Gostei.

(+) Belluschi Continua a ser o contra-peso não literal de Moutinho, já que os dois numa balança não devem chegar ao número que marca naquela infeliz peça de tecnologia quando eu lá me ponho em cima. Falha passes a mais, inventa fintas para enfiar a “cueca” aos adversários e nunca conseguirá ser um jogador consistente. Mas quando atina com os passes a rasgar e as desmarcações dos colegas, é bonito de ver. Há um passe para Falcao lá para o meio da segunda parte que o nosso nove não consegue meter a bola na baliza que é uma coisa linda de ver.

(+) Guarín Não fez um jogo ao nível de Moscovo, mas foi seguro no meio-campo. Esteve bem no campo físico e quando passou a jogar no vértice direito do losango da segunda-parte, cedendo a posição recuada a Moutinho, mostrou muito mais serviço e acabou por marcar um golaço ao seu estilo. Titular? Depende do jogo.

(+) Adeptos do FC Porto Noite fria, chuvosa, estádio demasiadamente arejado e qualquer coisa como 39 adeptos do Leiria, incluindo o banco de suplentes. O resto? Portistas, sempre a cantar e a apoiar a equipa. Foi bonito de ver e não fossem os habituais e perenemente absurdos petardos, tinha sido perfeito.

 

(-) União Leiria A inovadora táctica de 9-1-0 adoptada por Pedro Caixinha deixa qualquer adepto de futebol a salivar com a perspectiva de um festival de futebol de ataque. Se somarmos a esse audaz esquema a inépcia técnica dos rapazes que entraram em campo com camisolas todas brancas, qualquer cego veria que o jogo ia ser emocionante. Fraquíssimo. São estas equipas que fazem do nosso campeonato uma prova fraca a nível europeu.

(-) Maicon Fez pouco, é verdade. Mas de cada vez que um leiriense se acercava dele, tremia como um chihuaha à chuva na Islândia e deixou-se quase sempre antecipar pelos fracos avançados contrários. Não compreendo a titularidade.

(-) Varela Mais uma nulidade do nosso Silvestre hoje em Leiria. Não está a conseguir atinar nem com a bola, nem com o relvado, nem com os cruzamentos, nem com o mais simples bloco de construção do futebol: o passe. Muito fraco, não está a merecer a titularidade.

O jogo foi um tédio, é verdade. Mas nem todos os jogos podem ser entusiasmantes como o do CSKA, principalmente porque do outro lado estava uma pseudo-equipa que entrou em campo para não perder. Onze rapazes atrás da bola não serão o melhor adversário para uma formação que pretendia vencer sem se cansar e estar fresca (dentro do possível) para o jogo importante de quinta-feira contra os russos. Esse sim, é o jogo vital da semana. Quanto ao resto, os 13 pontos de avanço no campeonato tratam de fazer com que cada jogo até ao FC Porto ser matematicamente campeão seja uma demonstração de relax excessivo e muito pouco apelativo para o público. Por isso venham daí os moscovitas!

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Baías e Baronis – FC Porto vs Vitória Guimarães

 

Enervei-me hoje ao fim da tarde no Dragão. Uma das primeiras partes mais ineptas dos últimos meses, com uma gritante incapacidade de ruptura do meio-campo e do ataque através de uma estrutura branca que parecia uma estação de recolha dos STCP. O Guimarães veio ao Dragão simplesmente para não perder e tentou conseguir o objectivo à custa de fita, traulitada e tranca no meio-campo. Não o conseguiu e nem me lembro de ter feito sequer um remate à baliza de Helton, mas lixou-nos a organização ofensiva de tal forma que ao final da primeira parte pensei que não íamos conseguir ganhar o jogo. Depois…apareceu James e Falcao, Guarín e Varela, Álvaro e Rodríguez, Fucile e Ruben. A história foi diferente, fomos muito mais agressivos sobre a bola e empurramos o adversário para trás, com os laterais finalmente a fazerem o flanco todo e os dois avançados das pontas a recuarem para o centro do terreno e a criarem os espaços que precisávamos. Ufa. Vamos a notas:

 

(+) James Excelente jogo do puto, principalmente na segunda parte. Mostrou, como já tinha feito em Olhão, que rende muito mais quando joga atrás do avançado do que encostado à linha. Mais solto, mais inteligente e mais prático, está a crescer em forma e confiança. Nota-se bem a evolução táctica e no passe para o primeiro golo é evidente que o rapaz sabe o que está a fazer e fá-lo muito bem. Mexeu com a equipa e Villas-Boas usou a substituição na altura perfeita para criar empatia com os adeptos que começam a ficar convencidos que temos ali um jogador que já tem presente mas que terá um futuro muito interessante.

(+) Guarín Preparem-se, porque esta frase muito raramente podem ler em qualquer local. Prontos? Cá vai: Guarín foi o responsável pela estabilização do jogo ofensivo e sem ele o meio-campo do FC Porto nunca poderia ter ganho a consistência que mostrou nos últimos 30 minutos do jogo. O que é mais interessante nesta frase é que é tudo verdade, mesmo não parecendo. Guarín entrou decidido, com confiança, a rematar cheio de garra e de força e conseguiu em 10 minutos o que os outros colegas não fizeram no resto do tempo. Foi o desiquilibrador de serviço. Não se riam, é verdade! Grande jogo.

(+) Fernando É fácil descrever o jogo do “polvo” hoje à tarde no Dragão. Simples, directo, prático e eficaz. Não inventou, não se meteu em buracos de onde não podia sair, limitou-se a rodar a bola e a interceptar muitas jogadas de perigo dos adversários com carrinhos perfeitos e antecipações dignas de um Desailly. Excelente.

(+) Villas-Boas Ainda que possamos questionar a opção por Maicon em vez de Otamendi na equipa inicial, é inegável que hoje Villas-Boas esteve quase perfeito. As substituições foram perfeitas e ao agrado dos sócios o que é quase impossível de acontecer porque o pessoal não se impressiona facilmente. Tirou Belluschi que estava a ter a produtividade de um cacto ao sol e colocou em campo Guarín que fez um jogão; retirou Varela, exausto, e enfiou em campo um Rodríguez que parecia o mesmo que chegou ao Dragão em 2008; tirou James para trinta e seis mil aplausos e colocou em campo Ruben que fez a assistência para o segundo golo. Melhor só mesmo se tivesse entrado em campo para dar dois estalos no Jorge Ribeiro e calcando-lhe a traqueia dizer-lhe: “Oh minha besta, porque é que não fazes um favor a todos e vais jogar para o Chipre? Qualquer coisa para não ter de cheirar o teu hálito a lixo, verme nojento!”. Se calhar era pedir demais.

(+) Todo o flanco esquerdo É um luxo ter Álvaro Pereira na equipa. Se soubesse apontar os cruzamentos para os avançados em vez de os enviar em balão, tínhamos um jogador quase perfeito, mas enfim…agora se somarmos um Varela muito esforçado e produtivo ao contrário dos últimos jogos e um Rodríguez que entrou com um fogo no traseiro como já não o via há muito tempo, temos uma capacidade de criação de lances ofensivos que rivaliza com Evra/Giggs. Pronto, pronto, talvez não tão bom, mas pelo menos ao nível de Cissokho/Michel Bastos. Sim, bem melhor.

 

(-) Belluschi Um rotundo e completo zero. Menos que zero, um cinco negativo. Falhou no passe, no controlo de bola, na pressão, na ruptura em movimento, no remate e na postura. Desaminou muito rapidamente e fez lembrar o Belluschi de ano passado que fugia das bolas e que não conseguia acertar um passe se a vida da sua filha recém-nascida (parabéns, puto!) dependesse disso. Há jogos assim e esta exibição não mancha a boa época que tem vindo a fazer, mas hoje foi mau demais para ficar em campo para lá do que lhe foi permitido.

(-) Qualidade de passe. Outra vez. Mais uma vez. É um tópico recorrente aqui nos Baronis e não o vou largar até ver melhorias. É uma vergonha perceber que a equipa principal do FC Porto tem em média a capacidade técnica de um iaque paralítico. O que nos vale, felizmente, é que compensam a inépcia com o esforço e com alguma qualidade táctica e de desenvoltura, porque se dependêssemos apenas de cruzamentos ou de passes curtos a vida tornar-se-ia muito complicada. Vi Fucile, Varela e Belluschi, três jogadores de topo em Portugal, a trocar a bola pelo ar sem a conseguir baixar para o relvado e, em consequência, a deixarem-na sair do campo; vi Maicon repetidamente a pontapear a bola para a bancada…quando tentava passes longos; vi cruzamentos de Álvaro a embaterem no primeiro gajo de branco que aparecia à frente porque nenhum deles teve como objectivo a cabeça de Falcao ou de outro colega; vi um contra-ataque que chegou a ser 5×1 a transformar-se num 3×2 e a terminar num remate para a bancada porque Ruben não conseguiu dominar a bola em condições. Vi o que vejo vezes sem conta: um grupo de rapazes inteligentes, tacticamente disciplinados e esforçados mas que se tivessem de acertar num poste de electricidade a 30 metros para evitar que o Dragão explodisse, tínhamos de alugar o Bessa para os jogos em casa.

(-) Apanha-bolas do Dragão Ainda me têm de explicar o porquê de termos apanha-bolas que não conseguem segurar uma bola em condições. Hoje vi um rapaz, que não podia ter mais de 8 ou 9 anos, descansado da vida e sentado provavelmente a pensar na data em que orgulhosas pilosidades começarão a florescer da sua renovada púbis, enquanto Álvaro Pereira desesperadamente procurava uma bola para efectuar um lançamento lateral. Só quando o estádio o alertou com o som de quarenta camionistas em marcha lenta é que o puto se mexeu, para espanto da audiência. É ridículo que um clube profissional do nosso estatuto “empregue” estes miúdos que não ligam pevide ao que se está a passar em campo e é confrangedor ver jogos lá fora em que os dinâmicos rapazes entregam a bola de imediato aos seus jogadores (e até aos da outra equipa, vejam lá) e olhar para os nossos, indolentes, adormecidos, parvos. Por favor mudem os rapazes ou ponham placards de publicidade mais altos para ver se as bolas não saem tantas vezes do recinto de jogo.

(-) Critérios de arbitragem Jorge Sousa hoje ainda conseguiu manter o seu critério até Jorge Ribeiro, ele que é uma pobre desculpa para um jogador de futebol em forma de monte de estrume humano, começar a arruaça. A partir daí foi um festival de erros, más decisões tanto dele como dos fiscais-de-linha, especialmente o rapazola que jogou do lado da minha bancada que trocava pontapés de baliza por cantos, lançamentos ao contrário e uma incapacidade geral de ser normalzinho. Jorge Sousa conseguia ver como normais os lances em que Edgar ou qualquer outro anormal vitoriano espetava os cotovelos no peito de Maicon, mas uma pressão um pouco mais forte pelas costas que levava a um arremesso directo para a piscina de um senhor de branco…prriiiiu. Anedóticas são também as declarações de Manuel Machado depois do jogo, a contestar os amarelos que recebeu. Nelo, desculpa lá, rapaz, mas foram bem dados. E ainda faltaram alguns.

 

No final do jogo, em conversa com o autor do Revolta Azul e Branca que tive o prazer de conhecer antes da partida, discutíamos o sofrimento que ambos sentimos. Foi um jogo de nervos e se o golo de Falcao não tivesse entrado naquela altura acredito que ainda tinha sofrido mais. A subida de rendimento na segunda parte foi fundamental mas como já aconteceu no passado voltamos a entrar lentos, previsíveis e incapazes de imprimir a velocidade que o jogo exigia. A defesa está sólida (mesmo com Maicon) e não vem mal ao mundo esperar pelas segundas-partes para resolver, mas o exemplo do jogo contra o Sevilha mostra que nem sempre as coisas correm bem. Ainda faltam mais 8 jogos para acabar a Liga e não podemos falhar. Não duvido que essa pressão está a afectar os rapazes, mas estou a gostar do empenho, mesmo que não seja bem orientado durante alguns períodos do jogo. Temos de ser mais constantes e coerentes com o talento e a posição que ocupamos para evitar chatices até ao final…

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E um líder em campo?

Ontem dei comigo a pensar que para além do talento que temos à nossa disposição, por vezes precisamos de um líder dentro de campo. Qualquer coisa como este rapaz na fila de cima, o segundo a contar da esquerda, que hoje abandonou o futebol. Ou até o da fila de baixo, tanto o segundo a contar da esquerda como o segundo a contar da direita, que não falta muito para ter o mesmo destino. Líderes.

Ontem, enquanto Maicon e os colegas desciam ao poço do seu próprio inferno, fez falta um rapaz que desse dois berros aos colegas e dissessse: “Mas que raio de parvoíce é esta?! Vocês são homens ou formigas?! Lutem, carago, lutem!”, e que fizesse parar a quantidade de disparates que se foram acumulando nos noventa penosos minutos a que assisti.

Ontem fez falta um rapaz desses. Bem mais do que Falcao.

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Baías e Baronis – FC Porto vs Benfica

Qualquer portista que foi hoje ao Dragão ou assistiu ao jogo via SportTV estará neste momento frustrado e triste. Mas desengane-se se pensam que vão ler aqui uma tirada de insultos ao treinador, presidente, estádio, camisolas, relva, enfim, as habituais diatribes exageradas que saem da boca de quem analisa as coisas a quente. O que fica deste jogo é um não-jogo. É o não-jogo que a nossa equipa fez, que mostrou uma inesperada falta de estaleca emocional para dar a volta por cima a uma situação de desvantagem técnica e de dificuldade táctica. O Benfica entrou a pensar em não sofrer golos, agressivo, a tapar bem os espaços e a pressionar alto, e ao contrário do que aconteceu ainda esta época em Viena, ninguém conseguiu acalmar os ânimos e jogar com inteligência e cabeça fria. Falhas individuais sucederam-se, levaram a falhas colectivas e desfizeram uma equipa que nunca pareceu tão igual à que jogou na Grande Implosão do Emirates Stadium. Com todos os clichés no mundo à minha disposição, vou usar o tradicional “é preciso levantar a cabeça e seguir em frente”. Porque se vamos ficar a pensar muito no que se passou, a depressão está ao virar da esquina. Vamos, calmamente, a notas:

(+) Varela  De longe o melhor do FC Porto esta noite. Seguiu para a frente pelos dois flancos (direito na primeira parte e esquerdo na segunda) e tentou sempre puxar pelo apoio dos colegas da frente e do lateral que o apoiava, já que o meio-campo fazia apenas figura de corpo presente. Varela tentou muito e acabou o jogo de rastos. Não havia muito mais a fazer.

(+) Sereno  Quando o vi a começar a aquecer, pensei que Jesualdo tinha regressado. Uma invenção em jogos grandes normalmente dá borrada, mas neste caso não foi por aqui que a porca torceu o proverbial rabo. Sereno fez hoje mais jus ao nome que em todos os outros jogos em que tinha alinhado desde Julho, agressivo q.b. e a tentar sempre arrastar a equipa para a frente. Só não fez mais porque não sabe o suficiente.

(+) Sapunaru  Muito mais coração que cabeça, foi dos poucos que tentou rupturas a arrancar pelo flanco, subindo para ajudar Hulk quando o sentido táctico da equipa era pouco mais que inexistente. Com resultados práticos nulos, diga-se, mas não foi por falta de vontade.

(+) Sentido prático do Benfica  Jesus foi o treinador que mais “inventou” no Dragão hoje à noite, especialmente pelo uso de um 4-2-3-1 amarrador, colocando César Peixoto no centro e usando-o para tapar Belluschi ao lado de um Javi Garcia que prendia Moutinho. Com Cardozo a receber muito jogo pelo ar e a prender o amorfo Maicon ao centro, o jogo era facilmente aberto para Sálvio ou Gaitán ou até para Saviola que apareceu muitas vezes na “terra de ninguém”, qual Aimar. O Benfica apareceu para não sofrer golos e não só o conseguiu como enervou os defesas do FC Porto ao ponto de levar a falhas inadmissíveis e produzir um resultado muito bom para a segunda mão. Quando assim é, e mesmo não tendo feito um jogo admirável, há que congratular os vencedores. E acreditem que custou muito dizer isto.

(-) Maicon  Com este é o terceiro jogo grande em que Maicon fica ligado a lances que dão golo do adversário ou que levam à sua expulsão e abanam a equipa. Em Alvalade caiu no engodo de Liedson e foi expulso; na Turquia deixou que o avançado o ultrapassasse e foi expulso; hoje, foi a pior exibição de sempre com a nossa camisola, fazendo o suficiente para que Secretário fosse perdoado pela assistência perfeita a Beto Acosta aqui há uns anos. Facilitou não uma vez mas DUAS vezes perante um jogador que nunca desiste dos lances como Coentrão e está ligado aos dois golos do Benfica. A somar a essas duas parvoíces temos mais uma data de erros, de ridículas trocas de bola com Rolando e atrasos permanentes para Helton, levou todos os adeptos a puxar os cabelos de fúria quando perdia bolas fáceis e sentiu-se permanentemente pressionado. Não libertou a pressão e continuou a jogar mal. Muito, mas muito mal.

(-) James  Verde. Muito verde para estes jogos que exigem de um jogador uma capacidade de aguentar a pressão acima da média. Depois do tremendo falhanço na área do Benfica foi incapaz de conseguir levantar a cabeça e aparecer em jogo. Passou penosos minutos a olhar para a bola, não tapou o flanco nem apoiou o avançado nem os médios que estavam tapados e desesperadamente à procura de uma mísera linha de passe, deixando-se enredar na malha defensiva do adversário e perdendo duelo após frustrante duelo com Maxi Pereira. Tem de amadurecer muito.

(-) Hulk  Não foi o principal culpado da má exibição, mas não ajudou. Aqui culpo um pouco Villas-Boas, como já disse no passado, pela colocação de Hulk no centro, que se assemelha não a um “caçar com gato”, mas a um “caçar com um ornitorrinco manco e leproso” quando enfrenta uma equipa que sabe tapar os espaços. Raramente conseguiu a margem que precisava para arrancar e perdeu-se em infindáveis fintas e fintinhas que enervavam o Papa. O João Paulo, não este rapaz que lá está agora. Na memória fica uma simulação simplesmente absurda que lhe valeu (bem) o amarelo, depois de ganhar espaço a Luisão e decidir voar para a relva. Ah, e perdeu a bola umas 6 ou 7 vezes para o César Peixoto. Não para o Ashley Cole, para o César…Peixoto. Shame, dude.

(-) Letargia e o baixar de braços  O principal factor que levou à mais pobre exibição da era Villas-Boas foi a incapacidade mental da equipa. Quando entrámos em campo e o jogo arrancou, cedo se percebeu que ia ter de ser um jogo de paciência, de rotação de bola e de libertação demorada da pressão alta do Benfica. O primeiro golo, fortuito e oferecido, abanou a equipa e começou a cavar a profunda sepultura em que a força de vontade para dar a volta foi enterrada. Quando surgiu o segundo golo, a sepultura foi invadida pelo equivalente moral da tuneladora do Metro do Porto. Nunca mais a equipa se encontrou e começou, ao contrário do que era minimamente exigível, a tentar fazer tudo depressa e, consequentemente, mal. Helton a pontapear bolas para a cabeça de Belluschi; Fernando, tratando a bola como se estivesse descalço a chutar um ouriço a romper passes rasteiros direitinhos a Luisão; Hulk a perder a bola para César Peixoto (não me canso de repetir esta destruição da ordem natural das coisas) e Belluschi a passar a bola para o lado sem olhar. Foi confrangedor ver jogadores que deveriam ter maior capacidade emocional de reagir a adversidades sem pegar no revól
ver e iniciar um jogo de roleta russa com 6 balas na câmara.

Perder contra o Benfica não é nenhuma tragédia, mas a forma como aconteceu deixa qualquer portista infeliz. É fácil, depois do jogo e das decisões tomadas, atacar Villas-Boas pelo critério do não-ponta-de-lança ou da escolha de Sereno em vez de Fucile. Mas há que perceber que o resultado surge depois de uma exibição pobre cheia de nervosismo e com pouca inteligência emocional de uma equipa que já mostrou que é capaz de muito melhor que isto. Villas-Boas, na conferência de imprensa, disse que não espera reflexos desta derrota no próximo jogo do campeonato contra o Rio Ave. Não sei se concordo mas espero pelo próximo Domingo para ver se é ou não verdade…

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Baías e Baronis – Gil Vicente vs FC Porto

Foto retirada de desporto.sapo.pt

Se analisarmos o jogo pelo jogo, pelo espectáculo de futebol que se praticou hoje no Estádio Cidade de Barcelos, a jogatana foi interessante. Uma equipa de uma divisão inferior conseguiu submeter o líder do campeonato do nível superior a um empate que foi pouco mais que infeliz. A nossa equipa, teoricamente mais forte, não conseguiu impôr o futebol que deveria ser mais forte, mais prático, numa palavra: melhor. Não conseguiu. O pior é que tentou. E o simples facto de o ter feito, de ter atirado o que tinha para cima do adversário na busca da vitória e essa mesma vitória não ter sido alcançada é motivo para preocupação. Notas abaixo:

(+) A genial assistência de Guarín É um momento para ver e rever. Quando Guarín recebe a bola no centro, pronto para rebentar uma bojarda colombiana daquelas que metade das vezes vai acertar num pano da claque e o resto das vezes acerta no interior das redes…eis senão quando Fredy, o nosso Fredy, apercebe-se que Rafa está à sua esquerda e coloca-lhe a bola limpinha e prontinha para marcar um bom golo. Foi um momento mágico, uma inspiração momentânea que faz do futebol o melhor desporto do mundo. Parabéns, Guarín!

(+) Rafa (a marcar)  Segundo golo pelo FC Porto, segundo golo na Taça da Liga. Sobe bem e parece estar muito mais motivado para surgir no ataque em apoio ao extremo à sua frente e o facto de surgir na área em posição de remate faz dele um elemento útil até ao final da época, especialmente quando foi pré-convocado por Paulo Bento para a Selecção. Ah, esperem, a época de Emídio Rafael terminou hoje em Barcelos. Porra.

(+) Sereno  É difícil escolher um bom elemento no jogo de hoje. Tendo em conta o meu histórico de críticas ao rapaz, é ainda mais complicado conseguir dizer bem dele, mas é merecido. Foi dos poucos que tentou remar para a frente com garra suficiente para investir pelo flanco dele (pelo esquerdo na primeira parte, no direito na segunda) e arriscar o que era preciso para arrastar o jogo para o meio-campo do Gil Vicente. Não foi muito produtivo mas gostei de o ver a tentar.

(-) A lesão de Rafa  Desde o Alverca vs FC Porto que não via uma lesão tão grave a resultar de um lance tão inocente. Quando vi Anderson a ser ceifado por Katsouranis, percebi que tinha sido grave. Quando vi Jorge Costa a tentar torcer-se para acompanhar Owen num FC Porto vs Liverpool, reparei na gravidade da torsão do joelho. Hoje, quando Rafa “dobrou” o pé, o meu cunhado só olhou e disse: “ei. foda-se.” Chegou para perceber. Custou ver e deve ter custado muito mais ao rapaz. As melhoras, puto.

(-) Passividade  A infeliz lesão que sofreu não o salva da crítica. O segundo golo do Gil é culpa quase completa da passividade da defesa. Desde Maicon até Rafa, passando por um meio-campo que deveria ter mais consciência da equipa que lhes dá a oportunidade de ostentar as suas cores, toda a equipa mostrou uma passividade que não se pode admitir ao nível que estamos. Compreendo Villas-Boas quando faz alinhar uma equipa secundária, mas como Jesualdo contra o Fátima, apesar do resultado deste não interessar quando comparado com o outro, continuo a achar que as segundas escolhas só se conseguem integrar na equipa quando introduzidos em pequenas quantidades e não em granel à força. O que me custa mais é ver que há esforço mas não há talento. E isso ainda me preocupa mais.

(-) Frente de ataque inoperante  Creio que a partir deste jogo não haverá mais ninguém que diga que é melhor jogar com Walter ao meio em vez de adaptar Hulk à posição de ponta-de-lança. Walter e os esforçados mas pouco produtivos Rodríguez e Mariano nunca conseguiram mostrar o porquê de serem elementos do plantel do (que esperamos vir a ser) futuro campeão nacional. Fracos, ineficazes, parvos, sem chama, sem talento. Mau demais.

Perdemos, pelo quarto ano consecutivo, a oportunidade de vencer a Taça da Liga. Desde o Fátima, passando pelo Sporting e pelo Benfica, foram quatro troféus que desperdiçámos e que nos atrasam na estatística desta competição. Se nenhum portista prima pelo amor a esta Taça, ninguém desdenharia um triunfo na mesma, por muito que a menosprezem quando perdemos. Não foi para este ano. Será para o próximo! Agora…venha a outra Taça. Para lá do troféu, o que conta na meia-final que aí vem é o prestígio mesmo.

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