As contas de Moutinho

  • Julho 2010: Comprado ao Sporting por 10 M€ (sim, só 10, porque os 11 milhões do negócio eram equivalentes a 10M€ mais o passe de Nuno André Coelho, avaliado em 1M€).
  • Outubro 2010: Vendido 37,5% do passe por 4,175 M€.
  • Agosto 2011: Comprado 22,5% do passe por 4 M€.
Se temos agora 85% do passe, caso vendêssemos Moutinho teríamos direito a 34 M€. Tendo em conta que o Sporting tem direito a 25% de uma futura mais-valia (ou seja, saindo pela cláusula daria 25% de 34-10 = 24 M€, ou seja, 6 M€. Antes, com 65% do passe, receberíamos 25 M€ e o Sporting encaixava 25%, ou seja 25-10 = 3,75 M€. No fundo, entre Outubro e Agosto ficamos sem 15% do passe por “apenas” 175 mil euros, os de Alvalade valorizaram um eventual retorno em 2,25M€ e nós passamos um eventual lucro líquido de 11 M€ para 18 M€, se somarmos as parcelas todas, claro está.

Em resumo: preparar um bom negócio tem quase tanto mérito como de facto concretizá-lo.

PS: se me enganei nas contas, por favor não hesitem em fazer as correcções necessárias juntamente com os insultos devidos.

Link:

Até podiam ser 30 milhões

“O caso Roberto, que “gerou” fluxo financeiro de 17ME sobre o qual conviria reflectir, é um case study da estupidez natural da pasquinagem lusitana. Podiam ser previdentes, noticiarem só a venda – já em si uma boa notícia para “eles” – sem fazer cálculos, pouparem-se ao ridículo de veicularem informações em que ninguém de bom senso acredita. Já não se acreditou nos 8,5ME de há um ano – um empate de dinheiro, de resto sem dividendos desportivos e com a consequente perda financeira, que não dá lucro algum a não ser nas cabeças simplórias. E sabem os pasquins nacionais de jogadores, vários, anunciados por 900 mil, 1 milhão, 5 milhões e por aí fora que foram mentira. Mas é esta a natureza da coisa: falsa. E com cheiro a mofo.”

Zé Luís, in Portistas de Bancada.

Assino por baixo, sublinhado a vermelho, porque é a côr da moda.

O que é mais interessante neste negócio é mesmo a forma como se esconde à vista de todos o que é um bom negócio do ponto de vista desportivo mas uma falácia financeira. Enquanto houver gente que pensa pela sua própria cabeça e não engaveta as manchetes de jornais que não arranjam tamanhos de fonte maiores para as parangonas mentirosas que apregoam, este tipo de negociatas não passam incólumes.

Fossem todas as notícias fáceis de comentar como esta:

“O Saragoça está em insolvência, tem uma dívida de 93 milhões de euros e recorreu voluntariamente à administração judicial para combater o risco de falência e conseguir chegar a acordo com os seus credores. Mesmo assim, na passada sexta-feira, o emblema da I Liga espanhola recebeu o cobrador do fraque, que pretendia cobrar dívidas antigas ao presidente do clube, Agapito Iglesias, durante a apresentação do avançado mexicano Efraín Juárez. Três dias depois, o Benfica anunciou à CMVM a venda de Roberto ao Saragoça por 8,6 milhões de euros, mais 100 mil euros do que havia pago ao Atlético de Madrid pelo passe do guarda-redes espanhol.

Depois de voltar à I Liga e ter sofrido para segurar a permanência, Agapito pôs em marcha – em Maio de 2010 – o plano de reestruturação financeira para combater a crise económica e impedir o crescimento da dívida, mas sem efeito. Na última terça-feira, em representação da sociedade anónima desportiva do Saragoça e por ordem do presidente e máximo accionista, os advogados do clube apresentaram a documentação necessária no tribunal, assumindo a insolvência. Em paralelo, o clube foi construindo a equipa para a próxima época. E contratou ontem o guarda-redes Roberto.”

in Público, 2 de Agosto de 2011

Vale e Azevedo, numa qualquer espreguiçadeira no Pacífico Sul, estará a pensar: “Se fosse eu atiravam-me outra vez para a choça por fraude. Se me apanhassem, claro! (inserir riso comicamente maquiavélico)”

Link:

All great things have small beginnings

Ainda é muito cedo para começar a tirar conclusões sobre o que será o “novo” Porto Canal, mas devo dizer que gostei do estilo. Sóbrio, sem hipérboles nem exageros, informativo e directo ao assunto. O Super Flash funciona bem como bloco informativo e o Somos Porto, apesar de não ter mostrado o que virá a ser no futuro, mostra potencial para ser um programa com comentário inteligente.

Pinto da Costa esteve bem, calmo, a focar-se bem mais no FC Porto que nos outros e a debitar alguma informação interessante, particularmente no que diz respeito à política de transferências e de formação. Gostei da forma como nos distanciou desde já do modelo seguido por muitos outros clubes e especialmente do Benfica, com o canal a funcionar mais como ponto de vergonha de uma instituição que merecia ter uma cobertura menos acintosa do dia-a-dia das suas equipas. Foi talvez das entrevistas mais bem conseguidas para quem como eu se interessa mais no bem do meu clube que no mal dos outros.

O projecto arrancou. Vamos deixá-lo crescer, melhorar e daqui a uns meses volta-se a fazer um ponto de situação.

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 2 Olympique Lyonnais

foto retirada de olweb.fr

Quem começa um jogo de treino como este com um golo sofrido contra o fluxo ofensivo que se via na altura, consegue recuperar, marcar o golo do empate e passa o resto dos quase 80 minutos a tentar marcar o segundo com jogadas bem estruturadas, excelentes trocas de bola e conjugando incisividade no ataque com inteligência e rigidez na defesa, não merecia perder. Mas é o que acontece quando se falham muitos e muitos golos contra uma equipa que tem estaleca de Champions’, quem falha, morre. E se somarmos a esta eficácia mortífera algumas distracções de rapazes que têm de melhorar os níveis exibicionais em vários degraus, as coisas complicam-se. A derrota não me preocupa absolutamente nada, nem deve preocupar nenhum portista que tenha visto o jogo. Porque, meus amigos, hoje jogámos muito e bem. Vamos a notas:

 

(+) Fucile Um jogaço. O flanco esquerdo foi sempre dele e ajudou Varela (que pareceu melhorzinho no início mas acabou por perder força rapidamente) a pressionar o adversário. Ganhou montes de lances pelo ar (sim, estou a falar a sério) e foi o melhor jogador da equipa, o mais estável e mais consciente que o jogo podia ser a brincar mas era aqui que ia marcar pontos para ser titular. Enquanto Álvaro continua de férias, Alex Sandro na Selecção e sem termos noção da sua valia, Addy a saltar à corda ou seja lá o que fôr que o impede de ser opção e David ainda muito verde para este nível, Fucile é por mérito próprio titular do lado esquerdo. Alguém quer honestamente abdicar deste rapaz, desta garra e força de vontade aliada à versatilidade, por muito que às vezes apeteça esbofeteá-lo quando se arma em Dani Alves? Eu não. Fica, rapaz.

(+) Hulk Está a falhar muitos golos mas os remates parecem estar a ir mais vezes à baliza. Continua fortísismo nos arranques e a técnica individual está no ponto, Hulk tem tudo para continuar a ser o elemento desiquilibrador do nosso ataque. É quase audível o tremer nas pernas dos laterais adversários quando o rapaz lhes aparece pela frente, e a facilidade com que remata de qualquer lado com uma potência absurda é uma mais-valia que dá campeonatos.

(+) Souza Está diferente, não há dúvida. Mais prático, com melhor posicionamento (apesar do golo de Lisandro ter sido parcialmente culpa dele, porque ainda não percebeu que tem de acompanhar um avançado com a facilidade de remate do Licha especialmente quando se dirige para a entrada da área, nada que duas vergastadas não resolvam) e acima de tudo uma melhor noção de quando transportar a bola e quando a passar. Caso Fernando continue a jogar ao nível de um Fernando Aguiar lobotomizado, é o titular naquela posição para o início da época.

(+) Pressão alta Sou um apoiante céptico das vantagens da pressão alta e contínua. Por um lado é excitante ver a nossa equipa a carregar com a vontade e raça que hoje mostraram, a chatear os jogadores adversários em permanência e a forçar bolas recuadas para o guarda-redes e a obrigar ao erro na outra equipa. Por outro lado, é extremamente exigente a nível físico, tem de ser seguido por eficácia no contra-ataque para ser rentável e acima de tudo não pode resultar num “meiinho”. Até agora tem resultado e as perdas de bola da equipa contrária têm aumentado exponencialmente, mas há espaço para melhorias, especialmente na estrutura de pressão que tem de deixar de ser individual ao jogador e transformar-se numa zona pressionante em bloco. O que é que é preciso para isso acontecer? Tempo e trabalho. As bases, pelo que vejo, estão bem lançadas.

(+) Lisandro Marcou um bom golo, facilitado pela ausência de Souza que estava sem dúvida distraído por um qualquer bando de pássaros que esvoaçavam nos ares de Genebra (deixem-me pensar que foi por causa disso e não por ainda se estar a adaptar à posição), e não festejou. É daqueles pequenos gestos que não custam nada e que valem muito. Continuas a ter um fã aqui no Norte de Portugal, Licha.

 

(-) Fernando Não querendo entrar pelas cansativas teorias que apontam Fernando como mais um desertor e traidor à pátria-azul-e-branca, vou optar por um avanço diplomático. Postulo que o rapaz que ocupou a posição “6” nos últimos três anos, não tendo desaprendido toda a evolução desde que chegou ao FC Porto, não está bem. Admito que seja em parte por motivos físicos devido à entorse que o tem impedido de treinar continuamente nos últimos tempos, mas por outra parte talvez haja qualquer motivo psicológico que o esteja a afectar, porque nesta pré-época já acumulou mais erros ridículos que em dezenas de jogos consecutivos que fez com a nossa camisola. Depois da estúpida perda de bola no jogo contra o Rio Ave que levou ao penalty e golo do adversário, hoje dominou a bola directamente para os pés do adversário. Perceber que Souza comete menos erros que Fernando nesta altura da temporada e que é um candidato mais adequado à titularidade deveria ser o suficiente para que o 25 se aperceba que caso não seja vendido até 31 de Agosto vai ser difícil recuperar o lugar. Porque neste momento, Fernando nem no banco devia estar.

 

Foi um bom ensaio para a Supertaça. É verdade que perdemos e que houve uma ou outra falha que podem comprometer a integridade defensiva e que vão dar a bloggers não-portistas um verdadeiro “field day” em piadas e insinuações quanto à forma como os golos foram sofridos e como há tremuras incompreensíveis na nossa até agora impecável armadura. Se não viram o jogo, qualquer um desses comentários é parvo e malicioso. Não há vitórias morais, como se sabe, mas esta derrota foi um belo treino físico, táctico e acima de tudo mental, que confirmou o onze-base para o primeiro jogo oficial da época e que deu a Vítor Pereira um novo crédito: as coisas não mudaram muito desde o ano passado. E no Domingo, em Aveiro, vamos confirmar esta premissa com o primeiro troféu. Força, rapazes!

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