Quando comecei a assistir a jogos do FC Porto ao vivo, com o meu cartão de sócio ainda fresquinho no inverno de 1991, lembro-me de ver a dupla de avançados que na altura jogava na frente: Kostadinov e Domingos. Eram dois atacantes que se complementavam, com o instinto do português a fazê-lo jogar mais perto da baliza a enquadrar-se na perfeição com o deambular nomádico do búlgaro a fazer arrastar os defesas e a criar espaços bem aproveitados pelo colega. Desde que D.Jardel, o Goleador, aterrou na Invicta, o sistema alterou-se pelas mãos de Oliveira e o esquema com dois avançados deu lugar ao tridente ofensivo, com dois extremos a alimentarem o único ponta-de-lança. Entretanto, apesar de muitas nuances tácticas que já vi apresentadas por treinadores do meu clube, desde os três defesas do Co até ao falso avançado-centro (Derlei) de Moutinho, passando pelos dois médios criativos (Deco e Zahovic) de Oliveira ou apenas um (Lucho) de Jesualdo, o único factor que se manteve constante foi a existência de um único homem de área na zona central. Jardel deu lugar a Pena, depois a McCarthy, Postiga, Derlei, Jankauskas, Fabiano, Adriano, Lisandro, Falcao e agora até ver será Kléber, por entre muitas tentativas falhadas, como Esnaider, Pizzi, Kaviedes, Romeu, Hugo Almeida, Sokota, Edgar ou Rentería, para não voltar aos tempos de Mogrovejo, Paulinho César ou…guess who…exactamente: Baroni.
Alguma vez voltaremos a ver regularmente uma dupla no ataque do FC Porto, numa altura em que a maioria das equipas por esse mundo fora parece querer privilegiar sistemas com um único avançado? Será que ainda há espaço para esse tipo de esquema táctico no futebol actual?
Link: