48…49…?

Amanhã, no Dragão, podemos chegar ao 50º jogo consecutivo sem perder na Liga Portuguesa. Não sou particular fã de grandes marcos estatísticos porque são só pequenas vitórias para a jornalistada tentar apanhar um soundbite foleiro e espetar um númbaro no rodapé do jornal que dura mais do que deve para falar de assuntos que não precisa.

Mas era giro, porra. Ainda por cima porque é ridículo começar e acabar uma série destas com empates frente ao Olhanense. Parece mal.

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Talvez o único comentador desportivo inteligente deste país

O FC Porto já sabe que não sai da Europa em Dezembro. O fantasma do afastamento prematuro das competições da UEFA está posto de lado , mas falta saber em qual delas vai competir na viragem do ano. A maior consequência do triunfo na Ucrânia – e a que verdadeiramente conta nesta altura – é que os dragões mantêm em aberto a hipótese de prosseguirem na Champions. Se o FC Porto estivesse a viver um momento de estabilidade emocional , dir-se-ia que só falta passar o Zenit ; mas como a realidade não é exactamente esta , é melhor dizer-se que ainda falta passar o Zenit.
Vitor Pereira e os jogadores pregaram uma valente rasteira à crise , só que é preciso esperar para se perceber se ela fica mesmo no chão. A questão , no fundo , resume-se a isto : o técnico jogava frente ao Shakhtar muito da sua sobrevivência , mas os jogadores também. No caso de Vitor Pereira arriscava o cargo , no caso dos jogadores arriscavam ficar fora da “montra”. Um falhanço seria péssimo para todos. Além do mais , após o desastre de Coimbra , ninguém lhes perdoaria um segundo fiasco consecutivo. O universo portista está habituado a tudo menos a estes desaires incompreensíveis. Pode ter residido nesta convergência de interesses e intenções o facto dos dragões terem revelado um espírito de entreajuda que , pura e simplesmente , não constou do desafio com a Académcia.
Os portistas obtiveram uma importante vitória , mesmo que não tenham feito um grande jogo. Pode não ter existido até uma particular articulação , mas houve um inquestionável empenho. Em condições adversas – dez graus negativos – e tendo pela frente uma equipa que jogava a cartada final pela manutenção europeia , o FC Porto passou por várias fases durante a partida. Sendo bafejado pela felicidade (a bola foi duas vezes aos ferros) , teve em Helton o homem-chave quando mais ninguém podia evitar o pior , lucrou com o rasgo de génio de Moutinho que abriu caminho para o golo do improvisado ponta-de-lança Hulk e recorreu ao “bombeiro” Fernando quando alguém se esquecia de apagar os fogos. Mas também revelou problemas no eixo central da defesa , sobretudo quando Luiz Adriano se lembrava de pôr a cabeça em água a Otamendi e Rolando. Seja com for , o desfecho não podia ter sido melhor. Ganhar – quando qualquer outra alternativa seria fatal – , acaba por ser uma recompensa merecida.
Falta saber , agora , o que verdadeiramente representa este triunfo em termos de curto/médio prazo. Da mesma forma que o FC Porto não saiu do mapa com a eliminação da Taça de Portugal , também não se transformou na “velha máquina” com esta vitória. O que vai ser a equipa é algo que só os próximos jogos vão determinar , começando já pela partida com o Braga. A reabilitação é viável , como se viu em Donetsk , mas isto vai depender unicamente da forma como todos souberem lidar com ela.

in Jogo Jogado
(negritos são da minha responsabilidade)

Chama-se Mário Fernando, trabalha na TSF e faz uns biscates na SIC Notícias. Uma vénia.

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Baías e Baronis – Shakhtar Donetsk 0 vs 2 FC Porto

 

foto retirada de UEFA.com

Dois pontos prévios: 1) não vamos com este resultado pensar que tudo está bem, o mundo é um mar de rosas sem espinhos e os glúteos mantém-se sempre firmes com a idade. Não está e temos ainda muito que melhorar. 2) A vitória foi nossa depois de um jogo muito difícil contra uma equipa tecnicamente muito acima da média, numa cidade com frio de bater dente e após uma exibição que pareceu a tempos trôpega, noutras alturas enérgica e ainda noutras trapalhona. Houve pressão alta mas foi atabalhoada. Houve muitos remates mas quase todos tortos. O que houve, e já não via há muito tempo, foi espírito de entre-ajuda e solidariedade entre os jogadores, a cobertura de sectores desguarnecidos pelo colega mais próximo e não fosse a incapacidade de fazer mais de três passes seguidos quando os jogadores estão pressionados e o jogo teria sido menos sofrido. Gostei do que vi e só espero que não tenha sido uma vez sem exemplo mas que seja o fim do início do nosso anunciado fim. Notas abaixo:

 

(+) Hulk O que o rapaz correu!!! SOZINHO!!! COM TRINTA E CINCO UCRANIANOS ATRÁS DELE!!! Vamos lá com calma, peço desculpa pela exaltação. Hulk correu por três avançados, até porque hoje para vermos Djalma – esforçado mas pouco mais – e James – ver abaixo – tínhamos de olhar para Hulk e recuar quarenta metros. Marcou o golo numa situação em que pela primeira vez, ao fim de 79 minutos, surge sozinho…mas a vinte metros da baliza e sem adversários pela frente. Foi lutador, abnegado, esforçado, um verdadeiro jogador à FC Porto, como há semanas (meses?) não via. Fica-me memória aquele lance na linha final depois do canto mesmo aos 89 minutos, em que é pressionado por dois ucranianos e sai da marcação para construir a sequência de eventos absurdos que deu o segundo golo. Continua assim, Hulk, por favor.

(+) Helton Mais não podia fazer o nosso capitão hoje na Ucrânia. Defendeu tudo o que pôde e o que não pôde, tratou o poste. Muito em jogo, especialmente com os pés, não teve uma única falha e segurou quase todos os remates de longe que chegavam à baliza do FC Porto, especialmente no início do jogo. Se tivéssemos sofrido um golo no arranque da partida, o mais provável é que nesta altura estaríamos a lamentar a nossa sorte, o que mostra que um guarda-redes seguro é meio caminho andado para uma clean-sheet. E não se pode dizer que tenha tido muita ajuda dos defesas…

(+) Fernando Tapou bem a zona central do meio-campo e quando se tem de olhar para trás e ver um Nico Otamendi que só se lembrava de mandar charutos para o céu e passar a bola à queima com vários adversários em cima, era difícil conseguir fazer mais que servir como penúltima barreira (tantas vezes última, infelizmente). Foi rijo, duro, viril e, como de costume, uma bosta no passe. Tem de melhorar muito nesse sect…e já digo isto há tanto tempo que perdi a esperança, sinceramente.

(+) Defour na primeira, Moutinho na segunda O belga foi sempre inteligente com a bola nos pés, conseguiu fazer mais e melhor do que Moutinho também fruto de um posicionamento mais avançado que lhe permitiu servir como a primeira linha de pressão do meio-campo. Na segunda parte, Moutinho pegou mais no jogo e conseguiu pautar o jogo como gosta de fazer, com calma, tranquilidade e a saber o que fazer e, ainda mais importante, quando o fazer. O passe do João para o primeiro golo é perfeito.

 

(-) James Inerte, inconsequente, passou a vida a deslizar pela relva. Literalmente, porque patinava como um Pluschenko colombiano no relvado da Donbass Arena. Lento demais na decisão do passe, parecia estar a treinar sozinho no Olival tal era a displicência com que brincava no meio-campo, o que lhe fez perder várias bolas de possível contra-ataque e deixou Hulk a correr sozinho na frente porque nunca lhe deu o apoio que era necessário. Está-me a desiludir bastante.

(-) Otamendi O puto colombiano pode-me estar a desiludir um pouco, mas Otamendi está a ser uma enorme desilusão. Não consigo perceber a quantidade absurda de passes ridículos, falhas na marcação e hesitações com a bola que o argentino mostra jogo após jogo e é muito mau para quem estava nos meus planos para ser o próximo líder da defesa portista. Vejo-o consistentemente com um perede nervosismo quando tem a bola nos pés e parece optar quase sempre pela pior escolha. Rolando, que continua a ser um rapaz simpático mas que nunca seria titular no FC Porto aqui há uns anos, é actualmente ao lado de Otamendi um tipo estável, de confiança, a quem se pode entregar a chave do cinto de castidade da filha primogénita. Não sei o que terá de acontecer para o rapaz melhorar, sinceramente.

 

Ufa. Falta uma vitória para o apuramento e este grupo, tornado difícil não só pelo equilíbrio entre as equipas mas pela capacidade defensiva do APOEL e da nossa paupérrima forma no Chipre e na Rússia, afinal ainda está pronto para ser ultrapassado. Só dependemos de nós e era o mínimo exigível para uma equipa como a nossa, que quer marcar, que quer ganhar e que acima de tudo precisa de estabilidade e de vitórias como o Duarte Lima de alibis. Teremos ganho algum equilíbrio emocional na Ucrânia tal como aconteceu em 2008? No domingo já o podemos confirmar.

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Ouve lá ó Mister – Shakhtar


Amigo Vítor,

Raios partam a puta da minha vida, Vitor. Já não me bastava estar com uma constipação que me põe os olhos a meia-haste e faz atravessar o equivalente do Rio Trancão cheio de muco nasal pela penca. Já não me chegava apanhar trânsito de morte todos os dias, com camiões atravessados na VCI e as estradas mais molhadas que as cuecas da Carolina Salgado quando vê um maço de notas. Já não estava suficientemente chateado com a minha vizinha de cima que aparentemente deixa a miúda fazer maratonas dentro de casa de tacão alto calçado. E ainda me tenho de chatear com o Fêcêpê a embrulhar três mangalhos da Académica?! Não pode ser, pá, não pode ser.

Isto tem de mudar, homem, e já estamos nesta conversa há mais um mês. Começa a ser difícil defender-te e apelar à calma quando olhamos para as nossas exibições e vemos a borrada que os teus rapazes andam a fazer. Não lhes consegues pôr a mão em cima e massacrar-lhes a carola para que façam o que sabem? Eles dizem-te alguma coisa? Reclamam contigo? Levantam a voz? Ou ouvem caladinhos e aceitam as críticas? Estão entusiasmados? Revoltados? Furiosos com a vida? Porra, Vitor, vamos lá calcar os calos dos meninos e mostrar quem é que manda, homem!

Não há ucranianos que nos resistam se estivermos a jogar ao nosso nível. Não há. É assim temos de olhar para este jogo, porque se o futuro próximo dos rapazes que estão lá dentro pode não depender deste jogo, o teu…já não garanto, e tu sabes disso. Até Pinto da Costa, que sabe o que faz, tem de estar a ficar chateado com o estado da naçom. E a causa das coisas, pelo menos a mais fácil de trocar…és tu. Faz pela vida, Vitor.

Sou quem sabes,
Jorge

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A rock and a hard place

Por um lado, vejo a equipa sem vida, sem alma, sem moral, sem futebol.

Por outro lado, vejo os mesmos jogadores que no ano passado tanta alegria me deram com vida, alma, moral, futebol.

Por um lado, o actual treinador conhece os jogadores e os métodos de trabalho que tiveram sucesso comprovado na época passada.

Por outro lado, o actual treinador não era o líder do grupo que teve o sucesso da época passada.

Por um lado, estamos em primeiro lugar no campeonato e temos todas as hipóteses de passar aos oitavos da Champions.

Por outro lado, nenhum portista acredita que conseguiremos algum destes objectivos se as coisas se mantiverem neste estado.

Por um lado, acredito que o treinador é um treinador competente, honesto e trabalhador.

Por outro lado, sem carisma e uma liderança firme não chega ser competente, honesto e trabalhador para vingar num clube de topo.

Por um lado, despedir o treinador a meio da época raramente resulta.

Por outro lado, manter o treinador até ao final da época pode enviar a equipa para uma fossa de onde é difícil sair.

 

Uma coisa é certa: só há um lado para quem vai decidir. Se houver decisões a tomar, claro.

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